A FLORA DA CHAPADA DO ARARIPE COMO PATRIMÔNIO AMBIENTAL DÁ HUMANIDADE É TEMA DA MOSTRA CARIRI 2023



Em mais um ano, o Cariri será palco de um dos maiores encontros culturais do Brasil, a Mostra Sesc Cariri de Culturas. O evento soma-se ao caldeirão cultural da Região, levando ao público uma programação que valoriza uma cultura plural e de tradições, sem deixar de voltar o olhar para os territórios culturais cearenses. 

Com o tema A flora da Chapada do Araripe como patrimônio ambiental dá humanidade, a Mostra acontece de 24 a 27 de agosto, com apresentações em todo o Cariri e em três cidades do Centro-Sul: Iguatu, Icó e Orós.

O evento vai proporcionar, nesses quatro dias, um verdadeiro intercâmbio de territorialidade, levando para o Cariri e para o Centro-Sul um pouco do que foi a Mostra Sesc HQ de Pacoti, realizada no Maciço de Baturité, e a Mostra Sesc de Artes Visuais de Sobral, no Vale do Acaraú. Dessa forma, os artistas cearenses vão circular de um território para o outro, abrindo espaço para diversas trocas.

“Com isso, vamos gerar não apenas o intercâmbio cultural e artístico dos territórios do Estado, mas também formação de plateia tendo acesso à cultura do povo cearense. Dessa forma, ampliamos a compreensão de que a missão cultural da Mostra está consolidada na política cultural que o Sistema Fecomércio, através do Sesc, vem desenhando para o Ceará”, explica o gerente de cultura do Sesc Ceará, Alemberg Quindins.

Neste ano, através do Sesc, o evento contará com 192 grupos, 337 ações nas linguagens de Artes Cênicas, Artes Visuais, Audiovisual, Biblioteca, Expressões da Tradição, Literatura, Música e Oficina de Formação Artística e 1.828 artistas, músicos, escritores, mestres e brincantes da tradição.

O Senac chega com oficinas, palestras, rodas de conversas, desfiles, aulas de gastronomia, turismo ecológico, apresentação de atrações artísticas e culturais representativas da região, ações educacionais, dentre outras.

A programação é gratuita, contando apenas com o ingresso solidário para o show de abertura, com a cantora Baby do Brasil, no dia 24 de agosto, às 20h, no Parque de Exposição do Crato. Para garantir o ingresso, basta doar 2kg de alimentos não perecíveis nas unidades do Sesc e Senac de Crato e Juazeiro, Educar Sesc Juazeiro e na Fundação Casa Grande, em Nova Olinda.

Durante o evento, o Sesc inaugura o Museu Orgânico Terreiro Cultural da Mestre Maria de Tiê, no dia 25, a partir das 17h. Será o 14º museu orgânico de uma rede de fomento à tradição e um reconhecimento à figura de Maria de Tiê, liderança comunitária e mestra responsável por manter viva a Dança do Coco e o Maneiro-Pau na Comunidade Quilombola dos Souza, localizada no Sítio Vassourinha, em Porteiras-CE. Os Museus Orgânicos, projeto do Sesc Ceará, em parceria com a Fundação Casa Grande, valoriza o saber popular, transformando a casa dos mestres da cultura em lugar de memória.

“A Mostra proporciona ao público diversas vivências culturais, sendo uma importante incentivadora das nossas mais diversas manifestações populares, que marcam a identidade do povo nordestino e que permanecem vivas, sendo abraçadas pelas novas gerações. Ao mesmo tempo, o evento também celebra o que há de contemporâneo na cultura, por isso, ele está consolidado como um dos maiores projetos de difusão das artes e da cultura brasileira”, comenta o superintendente de Ações Integradas do Sistema Fecomércio e diretor regional do Sesc Ceará, Henrique Javi.

Riqueza patrimonial da flora-A base da cultura é o patrimônio material e imaterial de seu povo e o Cariri é reconhecido por ser uma vitrine de tradições. Em 2019, o Sesc iniciou a campanha de reconhecimento da Chapada do Araripe como Patrimônio da Humanidade e, até o momento, foram realizados três seminários, que vêm destacando o potencial da Chapada do Araripe como “patrimônio dá humanidade” em seus valores mistos culturais e ambientais.

Nesta Mostra, a riqueza patrimonial da flora da floresta nacional do Araripe será evidenciada. Para isso, foi escolhido como olhar observador para construir a identidade visual do evento o trabalho do fotógrafo e músico cratense Pachelly Jamacarú que, além de uma exposição de artes visuais, fará o show de encerramento da Mostra, no dia 27, a partir das 21h, na praça Siqueira Campos, no Crato.

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ADERALDO LUCIANO LANÇA LIVRO ESTRADAS ENGENHOS SINAS NESTA TERÇA (22), EM NATAL

O professor Aderaldo Luciano, mestre e doutor em Ciência da Literatura lança nesta terça-feira (22), em Natal, Rio Grande do Norte, o livro Estradas Engenhos Sinas. O evento acontece na Estação do Cordel, às 16hs. A escritora Janaína de Castro Azevedo Silva,  Mestre em Linguística pela UEPB, professora e elaboradora de projetos culturais escreveu texto quando do lançamento do livro em Areia Paraíba, terra natal do autor. CONFIRA:

Minha mãe, hoje, me deu a seguinte missão: “Escreva um texto bem bonito sobre Aderaldo Luciano. Ele merece!”. Essa missão quase me fez desistir de vir aqui apresentar o novo livro de Aderaldo, que recebi há dois dias e li, de chofre, em poucos minutos. Leitura fluida e boa. Vou ficar devendo o belo texto, nunca o afeto e a gratidão pela honra do convite. Venho de uma família de ansiosos e, amanhã, serei madrinha de casamento do meu primeiro sobrinho. E, como ser madrinha de casamento será o mais perto que cheguei e chegarei de um altar, estou eu tão nervosa quanto a noiva. Pois bem, apresentado o motivo real pelo qual vocês não ouvirão esse belo texto, vamos a ele: o texto.

Sobre o livro, falarei depois, porque o autor é figura deveras instigante. Seguindo o conselho do escritor, na orelha do livro: “Quanto a mim, quem quiser saber mais dos meus desencantos, jogue meu nome na busca da internet.” Assim o fiz. Quase sem fim, a busca. Em suma, louvam o Mestre e Doutor em Ciência da Literatura, pela UFRJ, poeta, músico, cantor e um dos maiores nomes no estudo da poética nordestina. Mas, querido Aderaldo, li muita coisa e, creio, que sabemos mais dos seus desencantos que todos os navegadores de busca, nós, os amigos de sempre. Uma amiga querida me disse outro dia: “Eu não entendo Aderaldo Luciano”. Ao que respondi: nem você, nem ele, nem eu. Nem nós.

Mas apresentadora elegeu um leque de adjetivos para sua alma inquieta e para quem quiser entender Aderaldo Luciano. Aderaldo, o inquieto, o polêmico, o performático, o inteligente, o saudosista, o satírico, sarcástico e lírico, ao mesmo tempo. O sensível, o corrosivo, o lúcido, o louco, o provocador, o conciliador, o avesso do avesso. Um belo verso de pé quebrado, talvez lhe seja uma boa definição. O verso de pé quebrado é aquele que fere a métrica ou o ritmo do poema, mas para alcançar melhor o sentido. Aderaldo sempre grita porque sempre careceu de gritar para ser ouvido. Como disse Clarice: “como atingir sem exagerar? Sem exagerar, como conseguir?”. Por isso, ele superou aos outros, ao meio e a si e serve de modelo e exemplo para quem veio antes e depois dele.

Passando por cima do autor, vamos à obra: Estradas, Engenhos, Sinas.

Talvez a escolha da pessoa para apresentar a obra tenha sido devido ao afeto, de há muito tempo, entre mim e ele: cursamos algumas disciplinas no Curso de Letras da, hoje, UFCG. Já naquela época, ele armora um levante para exigir a saída do professor de Crítica Literária, considerado terrível, pois só duas alunas (eu e outra) teriam pago a disciplina e deveria haver outros motivos mais.

Aderaldo, o notívago insone, a fazer a ronda noturna, acompanhando os vigias, quando havia os poéticos vigilantes pelas ruas enladeiradas. Aderaldo, o que largou tudo e, de repente, estava bem instalado no RJ, para a surpresa dos amigos. O que casou, fundou editora, largou tudo e foi pra SP. O que vai e vem sempre, porque é ser de fluidez absoluta.

Deixemos o autor em paz. Vamos ao texto.

Não tenho sido autoridade quando o tema é a poesia popular, o maravilhoso cordel. Nunca soube contar bem sílabas poéticas e cédulas reais, sou também um verso de pé quebrado no poema trágico que é a vida.

Pois bem, vamos tentar fazer o melhor com o pouco que temos. A apresentação é um texto perfeito, são 8 itens explicativos, como sinalizadores da forma escolhida, da história de Sebastião e seu lugar. São sextilhas, seis estrofes, versos de sete sílabas poéticas (aqui o ritmo é que manda) e rimas soantes, são as que levam em conta a identificação sonora entre as vogais até a última sílaba tônica do verso. E, claro, os bem vindos versos de pé quebrado, que desobedecem as ordens estabelecidas. Tal qual o autor do texto. Assim, somos apresentados à leitura  da história de Sebastião e à paisagem brejeira, aos Engenhos de fogo Morto, às estradas sinuosas e simpáticas que ligam Pilões, Serraria, Areia, aos famigerados temporais. Sim. Tudo é Areia.

Aderaldo é um homem de sua terra, o telurismo, o amor à terra natal perpassa todos os versos. Amar um lugar nunca é amor contínuo, segue exatamente como são as batidas irregulares do coração, vezes amor, outras puro ódio, outras devoção. Amar Areia e seus arredores não é amor fácil. Todos sabemos disso. Mas li de um autor que nada é mais significativo que o lugar em que a gente nasce e a pessoa a quem a gente ama. Não há nada mais importante que isso.

Pois bem, a forma perfeita, o lugar imperfeito são o cenário, para a história de Sebastião, um cambiteiros dos Engenhos, como chamados aqui. Sebastião e o cenário descritos pelo autor me lembraram os personagens de José Lins do Rego e me levou um pouco mais longe: a Juca Mulato, de Menochi dele Picchia, lá de 1922, leitura amada na adolescência, do caboclo que cisma e passa a se sentir inadequado desde que, ali, a filha da patroa começa a lhe dirigir olhares. Aqui, em Aderaldo, a própria patroa. O desfecho é perfeito: sem amores perfeitos, ele volta apenas como observador que não julga, apenas observa e louva e aceita, altivo, o seu destino:

Suas certezas estavam

Claramente definidas:

Um momento é um momento,

Pode ou não mudar as vidas.

Os detalhes vêm na estrada,

Nas léguas todas vencidas.

Ainda no fim do texto, os dísticos (as parelhas, estrofes de dois versos) perfeitos, que resumem, todo o telurismo e o amor â terra, pretendidos pela obra: toda estrada só nos leva ao lugar que mais amamos. É a certeza.

Por fim, as ilustrações feitas pelo artista plástico areienses Severino Ramos vão narrando, junto com as sextilhas, a história de Sebastião, e dos meeiros, cambiteiros, agregados que ainda compõem o repertório do nosso lugar. Meus desenhos eleitos são as  duas primeiras ilustrações porque são imagens eternizadas desde a primeira infância.

Parabéns, Aderaldo. Obrigada, Aderaldo. Fico devendo o Belo texto.

(Texto: Areia Paraíba 14 dezembro de 2022. Janaína de Castro Azevedo Silva,  Mestre em Linguística pela UEPB, professora, Secretaria de  Educação de Areia Paraíba, é  escritora, elaboradora de projetos culturais)

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AGRICULTURA FAMILIAR É DESTAQUE NO CORTEJO KARIRI DA CULTURA

A Federação das Entidades Comunitárias do Cariri realizou no sábado, 19, em Crato o Cortejo Kariri da Cultura 2023. No Parque de Exposição Pedro Felício Cavalcanti aconteceu solenidade de abertura que contou com a presença do prefeito do Crato, José Ailton Brasil (PT).

De acordo com José Domingos, presidente da FEC a ideia é unir os movimentos comunitário e cultural e divulgar esses movimentos, refletir sobre temas de interesse das comunidades e debater os direitos do povo.

O cortejo saiu da Praça São Vicente, cortou ruas do centro do Crato e terminou no parque de Exposição.

Uma feira de artesanato e comidas típicas, além da Casa da Farinha movimentou o evento.


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TEMPERATURAS MÁXIMAS AUMENTARAM ATÉ 3 GRAUS EM ALGUMAS REGIÕES DO BRASIL

Um mapa com as tendências das temperaturas máximas diárias observadas nos últimos 60 anos no Brasil aponta que já houve aumento de até 3 graus em algumas regiões. A análise considerou dados registrados entre os anos de 1961 e 2020. O mapa foi elaborado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), unidade vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

“O resultado é uma evidência das alterações nos padrões de temperatura”, avalia o cientista climático, Lincoln Alves.

O pesquisador do Inpe salienta que diversos trabalhos científicos têm apontado a mudança do clima como um dos principais responsáveis por essas alterações. Contudo, fatores como urbanização e mudanças no uso e na cobertura da terra também contribuem para o aumento das temperaturas. “A mudança climática já está afetando todas as regiões do Brasil de muitas maneiras”, complementa.

De acordo com o mapa, na maior parte do território nacional foram observadas alterações de até 1,5oC, que estão sinalizadas nas cores amarelo claro e escuro. Bolsões em vermelho mais escuro, que indicam aumento das temperaturas máximas entre 2,5oC e 3oC, preponderam no interior do Nordeste e no noroeste da região Norte. No Centro-Oeste e no Sudeste também aparecem regiões com aumento acima de 1,5oC.

O pesquisador ressalta que os resultados apresentados são importantes para compreender as alterações no Brasil e corroboram com as conclusões dos relatórios mais recentes do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC). “Em nível regional, o aquecimento é por vezes muito maior que a média global. E não só no Brasil, mas em várias outras partes do mundo, o que potencialmente amplifica os efeitos da mudança do clima”, explica.  

As análises envolvendo mudanças climáticas consideram longas séries de dados para obter maior robustez. Outro aspecto envolve as incertezas associadas, inerentes a qualquer análise, que, neste caso, estão relacionadas às regiões que historicamente possuem poucas informações, mas que de uma maneira geral não modifica o padrão espacial dos resultados.

Mundo mais quente-O mês de julho deste ano registrou recordes de temperatura média global, conforme divulgado pela Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês) e pelo observatório europeu Copernicus. O fenômeno El Niño, um aquecimento anômalo das águas superficiais do oceano Pacífico equatorial, de intensidade moderada, contribui para os recordes de temperatura no verão do Hemisfério Norte.

“As mudanças que estamos observando aumentarão com aquecimento adicional, principalmente tornando os eventos climáticos extremos, incluindo ondas de calor, mais frequentes e severas”, conclui Alves.

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LÍDER DO MST DIZ QUE USO DE VENENO NA FRUTICULTURA IRRIGADA DO VALE DO SÃO FRANCISCO VAI PREJUDICAR EXPORTAÇÕES


Em depoimento à CPI do MST, um dos líderes nacional do movimento, João Pedro Stédile, avaliou na terça-feira (15) que foi um "erro" a invasão a terras da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Pernambuco.

Stédile afirmou, no entanto, que cada acampamento do MST tem autonomia para decidir como agir.

De acordo com a chefe-geral da Embrapa, Maria Auxiliadora Coelho de Lima, a área ainda segue produtiva e serve à realização de pesquisas sobre as espécies forrageiras e nativas da caatinga.

Joao Pedro Stedeli também fez uma avaliação pessimista para a fruticultura irrigada no Vale do São Francisco. Ao criticar o uso de veneno, agrotóxixo que, segundo ele, ainda é usado como defensivo agrícola nas produções.

Stedeli afirmou que a exportação de frutas da região do ficará comprometida e é preciso mudar a realidade.

De acordo com Stedeli as rutas exportadas estão repletas da substancia quimica GLISOFATO, herbicida utilizado no controle de plantas daninhas.

Até 2026 isto terá que mudar, disse o lider do MST.

Quanto ao MST, João Pedro Stedeli, destacou que um dos princípios que norteia a atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é a coexistência entre a manutenção da biodiversidade existente no meio ambiente, a produção de alimentos saudáveis e as populações tradicionais, como indígenas, ribeirinhos e quilombolas, e suas práticas. 

Em outras palavras, isso significa uma interação entre o ser humano e o meio ambiente pelas vias sustentáveis de produção, além do respeito aos saberes tradicionais.  Stédile critica a permissividade com que se prolifera no Brasil o uso de agrotóxicos já proibidos em outras partes do mundo por sua agressividade ao ambiente e à saúde. 

Na CPI, eles destacou que pesquisas que associam o veneno agrícola ao crescimento da incidência de doenças como câncer de próstata, de mama, mal de Parkinson e a problemas de infertilidade. Alerta que, no cigarro, a má fama fica com a nicotina, “que só vicia – o que mata são os produtos químicos usados, sobretudo, no cultivo do fumo”. E que a produção em larga escala de cana-de-açúcar levando o veneno também para a aguardente: “Pode largar mão de tomar pinga. No Brasil se bebe cachaça há 400 anos, mas antigamente não tinha veneno, e agora tem”.

"O modelo do agronegócio é apenas um modelo de se ganhar dinheiro. Se o único objetivo é ter lucro, não importa se vão destruir a natureza, se vão usar venenos, se desempregam pessoas", disse Joao Pedro Stedeli.

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RIO SÃO FRANCISCO: O HOMEM CHEGA E JÁ DESFAZ A NATUREZA, TIRA GENTE E PÕE REPRESA

Sucesso na voz de Sá & Guarabyra, "Sobradinho" embala a abertura da novela "Mar do Sertão", numa versão inédita de Chico César. A novela mais uma vez coloca em destaque a Barragem de Sobradinho, Bahia.

"O homem chega, já desfaz a natureza tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar/ O sertão vai virar mar dá no coração o medo que algum dia o mar também vire sertão/ O Rio São Francisco, lá pra cima da Bahia diz que dia menos dia vai subir bem devagar e passo a passo vai cumprindo a profecia do beato que dizia que o sertão ia alagar/ Vai ter barragem no salto do Sobradinho e o povo vai-se embora como medo de se afogar...Adeus Remanso, Sento Sé, Casa Nova, Sobradinho, Pilão Arcado"...

Histórias. Sentimentos mais humanos. Sem elas, não há uma boa canção. Todos os bons cantores e compositores deveriam contar os bastidores de suas canções.  A música “Sobradinho” provocou a questão ecológica na música brasileira. Sá e Guarabyra ergueram a voz contra a injustiça e olhos viram o que poucos enxergavam. 

Conta-se que no ano de 1977, quando Sá e Guarabyra faziam um percurso de carro pelo sertão do Vale do São Francisco, nas margens do Rio São Francisco em direção à cidade de Bom Jesus da Lapa, onde o pai, de Guarabyra vivia, caminhavam pelas ruas quando ouviram uma prosa estranha dita por mais de duas pessoas. Caminhões gigantes, como nunca vistos por ali, andavam levantando as terras de uma região vizinha.

Então seguiram para lá e viram o que jamais imaginavam. Não só os caminhões, mas também muitos homens trabalhavam para construir a represa gigante de Sobradinho, um lago 600 vezes maior do que a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, construído com águas represadas do Rio São Francisco para fazer funcionar a usina hidrelétrica de Sobradinho. Ninguém sabia disso naquela tarde em que Sá e Guarabyra tiveram a visão do sertão virando mar. Sob regime ditatorial, os jornais nada noticiavam e o projeto era tocado às escuras.

Seis cidades seriam inundadas, centenas de famílias seriam removidas e o impacto ambiental se anunciava.  

As cobranças previstas e as inimagináveis logo chegariam, como o aumento nos índices de degradação ambiental, e destruição, além do impacto na mente humana. Quantos amores deixaram de existir?

Sá & Guarabyra fizeram a primeira reportagem, poesia denunciando em música o que o mundo saberia em breve. “Adeus, Remanso, Casa Nova, Sento-Sé / Adeus, Pilão Arcado, vem o rio te engolir / Debaixo de água lá se vai a vida inteira / Por cima da cachoeira o gaiola vai, vai subir / Vai ter barragem no salto do Sobradinho / e o povo vai-se embora com medo de se afogar / O sertão vai virar mar / dá no coração / o medo que algum dia o mar também vire sertão…” 

Foi a partir do sucesso da música que o Governo Militar então começou a fazer propagandas para reverter a imagem e dizer que a iniciativa faria bem ao País.

Sá e Guarabyra. No batismo Luiz Carlos Pereira de Sá é carioca. O baiano da dupla é Guttemberg Nery Guarabyra. Os dois tiveram suas músicas gravadas na voz de Biquini Cavadão, Elis Regina, Roupa Nova, Trio Nordestino, Gal Costa entre outros grandes artístas.

Assim ouvi e aqui reproduzo. Ney Vital - (Jornalista)

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CONTRIBUIÇÃO DE PAÍSES RICOS PARA MEIO AMBIENTE NÃO É FAVOR, DIZ LULA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (14) que a contribuição de países ricos para a preservação da floresta amazônica não é favor, mas o pagamento de uma dívida com o planeta. Em seu programa semanal Conversa com o presidente, Lula destacou que, após a conclusão da Cúpula da Amazônia na semana passada, os países da região têm condições de participar da COP28, nos Emirados Árabes, no fim do ano, cobrando essa contribuição.

“É muito simples compreender. Os países ricos tiveram a sua introdução na Revolução Industrial bem antes que o Brasil. Então, eles são responsáveis pela poluição do planeta muito antes de nós. Eles conseguiram derrubar suas florestas muito antes de nós. Agora, o que eles têm que fazer é contribuir financeiramente para que os outros países possam se desenvolver. Nós não queremos ajuda. Nós queremos um pagamento efetivo. É como se estivessem pagando uma coisa que eles devem à humanidade,” diz Lula.

“Temos condições de chegar ao mundo, lá nos Emirados Árabes, e dizer o seguinte: "olha, a situação é essa. Nós queremos essa contribuição de vocês. E isso não é favor. É pagamento de uma dívida que vocês têm com o planeta Terra porque vocês derrubaram a floresta de vocês 100 ou 150 anos antes de nós. Então, agora, vocês paguem pra que a gente possa preservar as nossas florestas gerando emprego, oportunidades de trabalho e condições de melhorar a vida das pessoas,” explicou o presidente.

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