OS PERIGOS DAS FALÁCIAS ECOLÓGICAS

Um dos maiores desafios das ciências têm sido os estudos que buscam compreender como os indivíduos se comportam e até que ponto determinadas características de um grupo influenciam seu comportamento. Existe uma longa literatura que enfatiza a importância de evitarmos tirar conclusões sobre indivíduos com base em dados que se referem a um determinado grupo de pessoas ou dados agregados, e também evitar o erro inverso: usar a informação de indivíduos para generalizar o comportamento de um grupo. Em ambos os casos cometemos um erro que chamamos de falácia ecológica.

É especialmente difícil evitar as falácias ecológicas porque os dados agregados são baseados em dados coletados de indivíduos e por isso, muitas vezes, pensamos que temos informações suficientes para chegar a determinadas conclusões. Um exemplo recorrente deste erro pode ser observado em estudos realizados nos períodos eleitorais. 

Frequentemente, mapas são utilizados para generalizar padrões que supostamente existem entre as intenções de voto e renda dos eleitores. Nesses mapas, dados sobre a renda média e a porcentagem de votos em cada município do País são utilizados para afirmar que as localidades com renda média mais alta tendem a votar contra partidos progressistas. A conclusão implícita é que níveis de renda mais altos levam os indivíduos a ter uma maior probabilidade de não votar nos candidatos progressistas. 

Porém, ao chegarmos a esta conclusão levamos o leitor a uma falácia ecológica porque generalizamos a relação entre renda e padrões de votação como se fosse válida para todos os indivíduos dentro dessa localidade. Na realidade, a relação entre renda e padrões de votação pode ser diferente para subgrupos de indivíduos dentro de cada município.

Esse problema, entretanto, não se limita às conclusões equivocadas acerca da relação entre comportamento eleitoral e renda. Dados sobre comportamento eleitoral são comumente utilizados para afirmar que os indivíduos em determinadas regiões têm maior probabilidade de adotar comportamentos específicos. Durante a pandemia da covid-19, por exemplo, vários artigos foram escritos nos quais afirmou-se haver uma correlação entre os votos para Bolsonaro em 2018 e a mortalidade causada pelo vírus. 

Em um artigo recentemente publicado no Brazilian Political Science Review, procuramos explicar os problemas metodológicos destas pesquisas e por que devemos desconfiar da conclusão de que existe uma correlação direta entre ideologia conservadora e mortalidade na pandemia. Explicamos que, ao não considerar potenciais variáveis de confusão, como fatores demográficos, e omitir outros fatores, como a adesão às medidas de distanciamento físico, tais artigos identificam uma correlação espúria entre voto e mortalidade.

Dado o aumento de partidos radicais e extremistas em processos eleitorais no Brasil e em outros países, existe uma preocupação crescente em estudar como eleitores que participam de eleições democráticas livres e justas podem apoiar partidos antidemocráticos. Esta preocupação se fundamenta na experiência histórica do Partido Nazista, que chegou ao poder após ter conseguido 31,1% dos votos em 1932, sendo que o mesmo partido somente tinha obtido menos de 3% dos votos na eleição de 1924, durante a transição de um sistema monárquico para uma democracia representativa parlamentarista, historicamente conhecida como a República de Weimar.

Um argumento frequente é que isto foi possível devido ao apoio que os nazistas ganharam dos grupos mais afetados pela desastrosa depressão econômica. Esse tipo de argumento é desmentido por King, Rosen, Tanner e Wagner (2008), quando concluem que a existência de uma correlação positiva entre maior pobreza e a vitória do Partido Nazista nas urnas não se comprova, uma vez que são levadas em conta a religião e as diferenças entre os indivíduos pobres que trabalham e que não estão empregados. Com métodos que procuram superar o viés produzido por falácias ecológicas, os autores mostram que os desempregados não apoiaram o Partido Nazista, mas sim houve um apoio desproporcional entre os trabalhadores pobres, sobretudo em distritos protestantes.

Em outras palavras, os autores mostram que, para evitar a falácia ecológica, existem técnicas e métodos que podemos empregar para estudar a relação entre renda/classe social e voto. Entre elas podemos mencionar desenhos que consideram diferenças importantes entre grupos. No caso da República de Weimar, o Partido Nazista não adotou programas que apelavam para aqueles que estavam desempregados ou em alto risco de ficarem desempregados, e sim para aqueles eleitores que foram prejudicados pela economia, mas correram pouco risco de desemprego – como lojistas e profissionais autônomos -, grupos que deram o apoio desproporcional aos nazistas.

Os estudos ecológicos nos permitem realizar comparações entre regiões e entender tendências nessas localidades em diferentes períodos. São úteis para avaliar a eficácia de uma determinada intervenção, testar a plausibilidade de hipóteses e gerar novas possíveis correlações, mas nada pode ser afirmado sobre os indivíduos sem dados sobre os mesmos. Na medida em que os cientistas produzem estudos que procuram evitar falácias ecológicas com dados populacionais, também compreendemos a importância de estudar os mesmos processos no nível dos indivíduos. Esses desenhos oferecem diferentes olhares que muitas vezes se complementam.

Por Lorena Barberia, professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP

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PARA CUMPRIR META DE REFLORESTAMENTO, BRASIL PRECISARIA PLANTAR 8 BILHÕES DE ÁRVORES

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou recentemente a retomada do compromisso de reflorestar 12 milhões de hectares de vegetação nativa no país, assumido no âmbito do Acordo de Paris, em 2015, mas nunca de fato implementado. Falta ele detalhar, no entanto, como seu governo pretende cumprir essa meta desafiadora. Para especialista, será necessária a estruturação de uma “indústria de recuperação florestal no país”.

Desde o início de 2016, quando o Acordo de Paris passou a vigorar, o Brasil restaurou ativamente, por meio do plantio de árvores nativas, apenas 79 mil hectares, ou 0,65% da meta brasileira, segundo cálculos do Observatório da Restauração e Reflorestamento. 

A iniciativa, coordenada pela Coalização Brasil, Clima, Florestas e Agricultura, diferencia as áreas em restauração – quando há o plantio ativo de mudas e que contabilizam os 79 mil hectares citados acima – e as áreas em regeneração natural, que somam hoje cerca de 11 milhões de hectares.

Segundo Sérgio Leitão, diretor executivo do Instituto Escolhas, se toda a área prevista no compromisso brasileiro fosse reflorestada de forma ativa, seriam necessárias 8 bilhões de árvores. 

“O anúncio do presidente Lula é fundamental para que a gente tenha uma perspectiva de que vamos sair desse índice absolutamente irrisório, insignificante, indigente que temos [de reflorestamento], diante de uma meta de 12 milhões de hectares”, diz.

Leitão ressalta que, para dar conta da meta, seria necessário um esforço conjunto de vários órgãos estatais na estruturação de um “sistema de recuperação florestal” no país, onde os Ministérios da Fazenda, Agricultura e Meio Ambiente, o BNDES e outros bancos de fomento na Amazônia atuassem ativamente.

“Nós não fizemos nenhum investimento para estruturar um sistema de recuperação de florestas tropicais, não existem mudas, não existem sementes, não existe financiamento. E isso, se não for feito, é impossível que o país dê conta. Quando a gente fala 12 milhões de hectares de floresta, nós estamos falando de oito bilhões de árvores, nós estamos falando de plantar uma área do tamanho da Inglaterra”, diz.

Atualmente, o Instituto Escolhas – voltado para a geração de estudos e pesquisas em economia e meio ambiente – trabalha na análise de quanto a tarefa demandaria em termos financeiros. Em 2015, quando a meta de restauração foi anunciada, essa cifra estava em R$ 52 bilhões.

Além do ponto de vista climático, investimentos em reflorestamento também significam geração de empregos e movimentação da economia, diz Leitão. Em meados de março, o Instituto Escolhas lançou um estudo mostrando o impacto da restauração florestal em estados amazônicos.

No Pará, por exemplo, a recuperação de 5,9 milhões de hectares de florestas tem o potencial de geração de R$ 13,6 bilhões em receita, geração de 1 milhão de empregos e redução de 50% no índice de pobreza no estado.

Enquanto isso, no Maranhão, a recuperação de 1,9 milhão de hectares de florestas poderia gerar R$4,6 bilhões de receita, criar 350 mil empregos diretos e reduzir em 21,5% o índice de pobreza no estado.

“É necessário um conjunto de esforços para que o Brasil estruture uma indústria de recuperação florestal. Ou a gente encara isso como uma atividade em escala industrial, ou ela [restauração] nunca irá acontecer”, finaliza Leitão. (Fonte-Eco jornalimo ambiental)

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JORGE DE ALTINHO É UMA DAS PRINCIPAIS ATRAÇÕES DA FESTA DE SANTO ANTÔNIO DE BARBALHA, CEARÁ-ANO 2023

A prefeitura de Barbalha, Ceará, lançou a programação da Festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio de Barbalha 2023. A programação se inicia no sábado, dia 3 de junho, com a Noite das Solteironas e seguirá até dia 17, com o Festival de Quadrilhas Juninas.

O palco da tradicional Noite das Solteironas estará montado na Rua da Matriz e contará com shows de Fábio Carneirinho e João Cláudio Moreno. No domingo (4), o dia do cortejo inicia com Alvorada Festiva às 5h da manhã e com a tradicional Celebração da Santa Missa na Igreja Matriz de Santo Antônio, às 9h. Após a Santa Missa, os grupos folclóricos desfilam no corredor cultural, localizado na Rua do Vidéo.

No centro da cidade, estarão instalados três palcos, o do Largo do Rosário contará com apresentação de D’do Norte, Ítalo Queiroz, Alcimar Monteiro e Elba Ramalho. Na Praça da Estação se apresentarão Maninho e Banda, Waldonys e Jorge Altinho. O Marco Zero, receberá Forró Tapera, Joãozinho do Exu, Luiz Fidelis e Santana o Cantador.

A programação também contará com a Quarta do Forró, com apresentação do Wawá Pinho, Gustavinho e Aroldinho e Taty Girl. No Dia dos Namorados, os casais poderão curtir o som de Paulo Breno, Marcelo e Raian e Bonde do Brasil.

O encerramento das festividades acontecerá no dia 13 de junho, com a Procissão em Homenagem a Santo Antônio e Show religioso com o Padre Fábio de Melo que será realizado no Santuário de Santo Antônio, a partir das 19h.


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BARTÔ GALENO UMA VOZ REFERÊNCIA DA MÚSICA BRASILEIRA ROMÂNTICA, DO BREGA AO FORRÓ

A foto é de Bartô Galeno e Roberto Carlos. Escutei um dias desses, Bartolomeu da Silva, mais conhecido como Bartô Galeno, no Programa de Francisco Fernandes, apresentado na Rádio Grande Rio Am. Francisco Fernandes é um desses profissionais capaz de saber o valor de um artista.

Desde 1975, Bartô lançava um LP a cada ano, todos eles com músicas que o público nunca esqueceu. Ele tem uma rica discografia e uma linda história no mercado musical brasileiro. Por isso, faz parte das lembranças, memórias e vida de muitas pessoas.

Precisamos valorizar mais nossos artistas. Bartô Galeno é paraibano, cantor e compositor brasileiro do estilo romântico,  considerado brega. Detalhe: Bartô Galeno gravou num dos melhores estúdios de produção de discos do Rio de Janeiro lançado em 1978, No toca-fita do meu carro, música que tornou Bartô Galeno um astro da música. 

Bartô Galeno tem ritmo, melodia e ótimos arranjos e impressiona qualquer admirador dos bons acordes musicais. Detalhe: muitas de suas músicas inclusive traz uma sanfona na harmonia.

Com 10 anos de idade, saiu de Souza e  mudou-se para Mossoró, Rio Grande do Norte, na época do surgimento do movimento da jovem guarda. Bartô Galeno, como era chamado, passou a cantar na Rádio Rural e a participar de vários programas de calouros, nos quais frequentemente ficava em primeiro lugar, chegando a ser considerado “a mais bela voz do Rio Grande do Norte”.

Barto Galeno É um dos mais talentosos artistas da música brasileira. Basta você se despir do preconceito musical e ouvir os CDs, músicas ou mesmo os discos vinil: Essa cidade é uma selva sem Você, Máquinas Humanas, Só Lembranças, Meu Lamento, Lembrança do Rei. Detalhe: antes de criticar lembre Caetano Veloso gravou Peninha e Fernando Mendes, também Ícones da música romântica brega.

Aliás o talento de Bartô Galeno também construiu o Forró gravado pelo Trio Nordestino, “Toque Toque” que revela o valor de dançar com a mulher amada e o cheiro do perfume dela. Bartô Galeno é também parceiro de Carlos André ou Oseas Lopes que foi produtor de vários CDS/Discos de Luiz Gonzaga.

 A música Toque Toque foi regravada pelo cantor Petrucio Amorim.

Barto Galeno gravou com Vicente Nery e Agnaldo Timoteo. Recentemente numa entrevista o cantor e compositor Chico Cesar citou Barto Galeno, Elino Julião e outros cantores que ele ouvia na rádio Emissora Rural de Caicó, e que até hoje provoca bons sentimentos no espaço e no tempo.

O jornalista e historiador Paulo César é o autor da biografia “proibida” do “Rei” Roberto Carlos – leitura obrigatória para quem conseguir encontrar algum exemplar do livro censurado. Paulo pesquisou durante sete anos a história da chamada música brega entre 1968 e 1978 – os anos de chumbo da ditadura militar no Brasil. 

O livro mostra que os cantores Odair José, Benito Di Paula, Diana Pequeno, Barto Galeno, Evaldo Braga, Fernando Mendes, Agnaldo Timóteo foram ignorados por estudos e pesquisas sobre o período e marginalizados na história cultural do país. É preciso saber: os cantores (chamados) bregas, embalavam as massas, foram quase tão vitimados pela censura quanto Chico Buarque, Caetano Veloso. Foram massacrados pela industria cultural. No livro Eu Não Sou Cachorro, Não, título extraído de um grande sucesso de Waldick Soriano, o historiador tenta fazer justiça a esses ídolos populares.

Odair José, por exemplo, teve  música proibida por ter sido lançada quando o governo fazia programas de incentivo ao controle de natalidade entre as populações pobres, apesar da posição católica contrária ao uso de anticoncepcionais. Para os censores, a canção de Odair José representava uma conclamação à desobediência civil e uma referência explícita à sexualidade.

A maioria dos trabalhos sobre música brasileira trata da tradição, como o folclore nordestino, e da modernidade, como o tropicalismo', diz o escritor. 'O brega não é nem uma coisa, nem outra. Caiu no limbo. 'A ideia é mostrar que os bregas também tiveram importância na história de nossa cultura'.

Então tenho dito: Viva Barto Galeno. Viva a música brasileira!

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PROFESSOR DA UFRN DEFENDE BIOMA CAATINGA: ESSA BIODIVERSIDADE É RESPONSÁVEL POR ENRIQUECER E MANTER A VITALIDADE DE NOSSOS SOLOS

A UFRN voltou a defender o bioma Caatinga no Congresso Nacional. O professor Carlos Fonseca, do Departamento de Ecologia (Decol), participou da reunião da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, em Brasília e reafirmou o dever coletivo de cuidar e preservar o ecossistema.  O evento fez parte de uma celebração prévia ao Dia Nacional da Caatinga, comemorado originalmente em 28 de abril.

Em seu discurso, Carlos destacou o Projeto de Lei nº 3048 de 2022, que institui a Política de Desenvolvimento Sustentável da Caatinga, dá acesso ao Fundo Nacional do Meio Ambiente e dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. O pesquisador ressaltou, ainda, a importância do bioma para as espécies que o compõem. 

“Essa biodiversidade é responsável por enriquecer e manter a vitalidade de nossos solos, pela qualidade de nossas águas, por alimentar nossos rebanhos, polinizar nossas flores, controlar as pragas de nossas lavouras, curar nossas doenças e alimentar nossa gente”, explicou.

Além disso, Carlos Fonseca reafirmou a necessidade de políticas públicas socioambientais, tanto em nível federal quanto estadual e municipal, à luz das mudanças climáticas e seus efeitos na vegetação. “A restauração dos ecossistemas tem um papel fundamental no enfrentamento do processo de desertificação que assola muitas regiões da Caatinga e que aprofunda as desigualdades sociais”, ponderou.

Em relação à adaptação da fauna e da flora às mudanças climáticas, o professor alertou sobre a urgência da criação de unidades de conservação, do cumprimento do Código Florestal, da restauração do bioma e do manejo adequado das matrizes antrópicas. “São ações urgentes que aumentam a conectividade da paisagem e garantem que as plantas e os animais da Caatinga tenham um lar onde possam continuar a existir e prover recursos para as futuras gerações”, evidenciou.

Entre as atribuições da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Federal estão a discussão e a votação de temas como: política e sistema nacional do ecossistema; direito ambiental; legislação de defesa ecológica; recursos naturais renováveis; flora, fauna e solo; edafologia e desertificação; e desenvolvimento sustentável. A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasilero e atualmente ocupa 11% do território nacional, concentrando-se em grande parte nos estados do Nordeste, alcançando também o estado de Minas Gerais.

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PESQUISA PREVÊ EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA CAATINGA E VENCE PRÊMIO

Com a realidade das mudanças climáticas é necessário prever os efeitos das alterações do clima em florestas tropicais secas a fim de pensar em estratégias que diminuam os impactos negativos e previnam a desertificação. Um estudo que aponta indicadores ecológicos para monitorar estes impactos na Caatinga, fruto da tese de doutorado de Ana Cláudia Oliveira, ganhou o Prémio Científico Mário Quartin Graça 2022. O trabalho é resultado da parceria entre o Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental (Nema) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (ULisboa).

Durante sua pesquisa de doutorado, Ana Cláudia Oliveira desenvolveu um projeto com o objetivo de utilizar indicadores ecológicos (diversidade taxonômica e funcional), como ferramenta para monitorizar e prever precocemente os impactos climáticos sobre o bioma Caatinga.  O estudo surgiu a partir da ambição da pesquisadora em compreender e ampliar o conhecimento das plantas nativas do Brasil, desde indivíduos a comunidades, e agora, do ponto de vista do ecossistêmico.

“Iniciei minha graduação com o exercício da identificação das plantas, passando pela avaliação da composição e da diversidade taxonômica em florestas brasileiras. No mestrado, incorporei as questões estruturais (fitossociologia) e biogeográficas. Finalmente, no doutorado escolhi explorar o entendimento funcional de comunidades vegetais associado à crise climática”, detalha a cientista sobre sua trajetória de pesquisas.

Os resultados do estudo destacam que o aumento da aridez, provocado pelas alterações climáticas, poderá prejudicar nossa biodiversidade e suas funções ecossistêmicas. Isso porque o aumento da aridez irá reduzir a diversidade de espécies de plantas que exercem funções únicas ou com baixa redundância funcional entre elas, o que aumenta as chances de perda de funções chaves do ecossistema. “Considerando esses resultados, podemos adotar medidas preventivas oportunas como por exemplo, a conservação de florestas remanescentes e ações de restauração ecológica, como a introdução de espécies com características funcionais específicas tal como dispersão de frutos via animais”, destaca.

Para a realização do trabalho, foi utilizado o banco de dados do Nema, composto por informações obtidas a partir de levantamentos de plantas realizados no âmbito das ações de avaliação e mitigação de impacto do Projeto de Integração do Rio São Francisco (Pisf). A pesquisa abrange uma área total de 700 quilômetros, incluindo os estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

Durante a pesquisa, o índice de aridez foi considerado uma variável adequada para avaliar os efeitos das alterações climáticas na vegetação. Foi utilizado um banco de dados muito rico com informações sobre a ocorrência de cerca de 1.000 espécies de plantas neste ecossistema. Aplicando uma metodologia de reamostragem, a abundância de espécies de plantas foi estimada ao longo de um gradiente espacial de clima. Foram estudadas 13 características funcionais das plantas, que determinam as respostas das espécies ao meio ambiente e permitem avaliar a resposta das métricas ao clima.

De acordo com a pesquisadora Ana Oliveira, a Caatinga é um dos ecossistemas mais biodiversos das florestas tropicais secas e um dos mais vulneráveis a estas alterações, e  vem sofrendo modificações intensas na sua paisagem. “Dessa parceria e tese poderemos ainda colher muitas inovações tecnológicas para a Caatinga, em especial, a questão de restauração ecológica, conservação e agricultura familiar face às alterações climáticas”, ressalta.

Os indicadores ecológicos e métricas de diversidade (taxonômicas e funcionais) identificados na pesquisa podem ser utilizados de forma universal. Agora, o desafio é testar para outros tipos de ecossistemas e propor em escala global. “Este prêmio é um aditivo para seguirmos com o desafio de produzir conhecimento para conservação e preservação da Caatinga por meio das ações de licenciamento ambiental do Pisf, além de demonstrar a importância de dar continuidade a este trabalho”, afirma o professor Renato Garcia, coordenador do Nema.

O PREMIO-Intitulada “Ecological indicators as tools to monitor the effects of climate change on Tropical dry forest”, a tese foi premiada na categoria de Tecnologias e Ciências Naturais do Prémio Científico Mário Quartin Graça. A honraria é concedida anualmente pela Casa da América Latina e pelo Banco Santander para as melhores teses realizadas por pesquisadores portugueses ou latino-americanos, em temas de interesse comum ou resultantes da colaboração entre universidades de Portugal e da América Latina. A premiação ocorreu em dezembro passado, em Lisboa, Portugal.

“Este prêmio representa o reconhecimento de um trabalho que sempre quis fazer, associado à minha terra, e me sinto muito grata, pois contou com a ajuda de muitas pessoas”, expressou a pesquisadora premiada. O estudo foi orientado pela professora do Departamento de Biologia Vegetal da ULisboa, Cristina Branquinho, e coorientada pelo professor do Colegiado de Ciências Biológicas da Univasf, Renato Garcia Rodrigues.

A pesquisa recebeu suporte financeiro do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), por meio das ações do Nema/Univasf no âmbito do Pisf, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT)/Ministério da Educação e Ciência (MEC) de Portugal.

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TERCEIRA EDIÇÃO DO ZABUMBA LÁ VAI CELEBRAR 40 ANOS DO SÃO DO JOÃO DE CAMPINA GRANDE

A terceira edição do Zabumba Lá abrirá os festejos juninos em Campina Grande, Paraíba, através de quatro programas que acontecerão no palco do Teatro Municipal Severino Cabral.

Os apresentadores do Parque do Povo, além de Capilé, o “Clã Calixto”, Amazan e a cantora Elba Ramalho serão os grandes homenageados desta edição que acontecerá nos dias 11, 18, 25 e 31 de maio.

A Prefeitura de Campina Grande, por meio da Secretaria de Cultura (Secult), realizará a terceira edição do ‘Zabumba Lá’ que, neste ano, celebrará a história dos 40 anos d’O Maior São João do Mundo, com diversos nomes do cenário da cultura popular que serão homenageados ao longo de quatro programas que acontecerão nos dias 11, 18, 25 e 31 de maio, no Teatro Municipal Severino Cabral, a partir das 19h30.

Na edição 2023, além dos grandes nomes que deram voz ao Maior São João do Mundo, a exemplo dos apresentadores Massilon Gonzaga, Abílio José, Cléber Oliveira, Evilásio Junqueira, dentre outros, os artistas Capilé, “Clã Calixto” (família Calixto), Amazan e Elba Ramalho terão suas histórias contadas e enaltecidas dentro da perspectiva dos festejos juninos da Cidade Rainha da Borborema.

De acordo com a secretária de cultura, Giseli Sampaio, o objetivo do ‘Zabumba Lá’ é respeitar e preservar a cultura nordestina, especialmente o forró, que é uma das principais expressões da região.

“Em mais esta edição, nós seguiremos homenageando os artistas que fizeram e ainda fazem história no São João de Campina Grande, destacando a força da cultura popular e o sentimento de pertencimento à trajetória não só destes artistas, mas também da nossa cidade”, destacou.

Esses artistas, cada um dentro da sua atuação, foram primordiais para tornar o Maior São João do Mundo um evento único e especial, que atrai milhares de pessoas todos os anos. Suas histórias serão contadas através de depoimentos dos próprios artistas, de familiares e de outros nomes importantes da música nacional, reforçando a importância do São João de Campina Grande como o maior e mais tradicional festejo junino do Brasil.

Junto a isso, o Zabumba Lá abre o calendário junino da cidade Rainha da Borborema e, além do caráter memorialista e documental, que é direcionado pela Profª Dra. Goretti Sampaio, também recebe apresentações de dança e música reafirmando o palco do Teatro Municipal como mais um dos grandes polos culturais d’O Maior São João do Mundo.

Esta edição acontece mais uma vez com a parceria cultural da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), por meio da Pró-reitoria de Cultura (Procult), bem como da Fundação da Universidade Regional do Nordeste (Furne).

Na edição 2021 do Zabumba Lá, que aconteceu de forma exclusivamente remota devido à ocorrência da pandemia da covid-19, além do comunicador Joacir Oliveira “O Cabeção”, também homenageou Zé Bezerra, Zé Lagoa e Seu Vavá, que dão nome às palhoças do Parque do Povo.

A homenagem representou uma forma de reconhecer a importância da contribuição deles para a cultura da região, e também exaltar a memória e a história de suas obras. Com a primeira edição, o Zabumba Lá mostrou que, mesmo em meio à pandemia, é possível manter viva a tradição e a identidade cultural do povo nordestino.

Na edição de 2022, foi prestada uma homenagem especial aos artistas que dedicaram suas vidas à cultura nordestina. Quatro nomes foram homenageados: Biliu de Campina, que é um dos maiores compositores de forró da região. Marinês, conhecida como a Rainha do Xaxado, outra figura importante da música nordestina, tendo gravado mais de 50 discos ao longo de sua carreira.

Parafuso, fundador dos 3 do Nordeste, que foi um dos principais responsáveis por popularizar o forró. E por fim, Diomedes, “O Dedo de Ouro”, que tinha uma habilidade única na sanfona, sendo um dos grandes defensores da cultura nordestina.

Reafirmando o palco do Teatro Municipal como mais um dos grandes polos culturais d’O Maior São João do Mundo, esta edição acontece com a parceria cultural da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), por meio da Pró-reitoria de Cultura (Procult), bem como da Fundação da Universidade Regional do Nordeste (Furne), a transmissão da TV Nordestina e o apoio cultural da Cativa. Por todo seu material histórico-cultural, o Zabumba Lá também acontece dentro da programação do 18º Folkcom.

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