O JORNALISMO AMBIENTAL POSSÍVEL EM PROGRAMAÇÕES DE RÁDIO

O jornalismo ambiental compartilha procedimentos e técnicas também recorrentes no jornalismo tradicional. Porém, busca sua independência em relação ao formato hegemônico e aos ditames que o mercado impõe ao jornalismo tradicional com foco na economia e na promoção do consumo. 

O jornalismo ambiental não é uma exclusividade das editorias especializadas dos meios de comunicação, das revistas especializadas mas, pode ser fruto da ação de comunicação de povos isolados, como os indígenas da floresta amazônica. Ao se deixar envolver pelo saber ambiental, que deve constituir sua fonte primária, o jornalismo ambiental pode ser praticado pelos pajés, pelo agricultor familiar, pelo cidadão que se sente responsável pela vida de sua comunidade.

O jornalismo ambiental se tornou fundamental para uma sociedade que sabidamente já excedeu sua capacidade de consumo em relação aos recursos do planeta. Sua presença se tornou necessária, contudo sua ausência pode significar uma omissão imperdoável para a vida do planeta. Não importa o meio utilizado para sua realização: é necessário que o cidadão, seja ele leitor, internauta, telespectador, radiouvinte, possa ter acesso a mensagem comprometida e militante, conforme Wilson da Costa Bueno, citado por Roberto Villar Belmonte.

O jornalismo ambiental se alimenta da vida que pulsa no seio do planeta. No meio da selva amazônica, na aldeia dopovo Sateré Mawé, na região do rio Andirá, município de Barreirinha-AM, uma experiência de rádio comunitária indígena está acontecendo a partir de uma iniciativa dos missionários do PIME (Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras) que sob a coordenação do missionário Henrique Uggé desde a década de 1970 atua junto aqueles povos. A rádio comunitária ‘Sateré Ty FM 87.9’ foi instalada nas dependências da Escola Indígena São Pedro (EISP), no rio Andirá.

O jornalismo ambiental ganha com o funcionamento da rádio um aliado dentro de uma realidade alvo das maiores redes de comunicação do planeta, a floresta amazônica.Por estar diretamente integrada a vida de um povo indígena que tem dificuldades de comunicação até mesmo entre suas comunidades espalhadas em meio a floresta e nas beiras dos rios, a rádio comunitária indígena, como falou seu diretor, José de Oliveira, será fundamental para divulgar os fatos e feitos relacionados com o cotidiano dos Sateré Mawé, a cultura desse povo será transmitida diretamente em sua língua nativa e no português para o planeta. 

O rádio, que em sua maturidade se tornou um senhor vigoroso e elegante, apesar do avanço da tecnologia dos meios de comunicação, continua a exercer o seu papel de companheiro fiel (FERRARETO, 2007) das populações residentes em lugares em que os modernos meios de comunicação se tornam inoperantes. Alguns programas serão totalmente em língua materna, para isso, padre Uggé prepara locutores e apresentadores da própria área indígena. Segundo o missionário, a intenção é “fazer um trabalho de informação e de formação” e “dar oportunidades no campo da educação, da saúde, do social, etc. enfim, serão eles mesmos que farão este serviço”, disse.  

A Área Indígena Sateré Mawé (AISM) compreende um perímetro de aproximadamente 450 km, composta de mais de 60 aldeias e comunidades. Da primeira até a última são quase 5h de viagem pelas curvas do Rio Andirá em período de cheia. Elas estão distantes umas das outras e “às vezes tem que ir de voadeira ou de rabeta – pequena canoa de madeira empurrada por motor na popa – paracomunicar, para avisar, para se encontrar. Com um meio desse que fala o idioma local é mais fácil esta interligação”, salientou padre Henrique.

O povo Sateré Mawé por estar localizado relativamente próximo da cidade de Parintins-AM, onde anualmente acontece um festival folclórico com a temática voltada na atualidade para os povos indígenas e a sustentabilidade do planeta, tem sido alvo constante da mídia para a divulgação de suas danças e rituais. Até mesmo pelo desconhecimento da língua daquele povo tudo que é apresentado mundo afora apenas tem a aparência do exótico, do fantástico e nada mais. Após a coleta de imagens e áudios nada mais resta do contato, os curumins e cunhantãs continuam suas vidas em meio a floresta e tomando banho nas negras águas do rio. Como a cultura indígena é transmitida apenas verbalmente e inscrita em utensílios de madeira ou barro, adornos produzidos com sementes, penas e outros materiais perecíveis, o “des-envolvimento sustentável” pode com o tempo envolver toda sabedoria ancestral nascida da floresta.

A presença de um veículo de comunicação comunitária no formato de rádio, com conteúdo de programação produzido pela própria comunidade, pode dar voz à um povo que se tornou conhecido mundo afora apenas pela narrativa midiática. O formato técnico e a linguagempodem estar muito distante do aspecto encantatório apresentado pelos mass media, contudo apresenta o que pode ser essencial para o jornalismo ambiental: a realidade histórica dos fatos e, principalmente apresentar o princípio da precaução, muito caro na prevenção de problemas ambientais futuros.

Por Alberto Luiz Silva Ferreira* Doutorando pelo PPGCOM, DINTER UFRGS/UFAM; e-mail: ferreiraalberto2009@gmail.com

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LULA DEFENDE DURANTE SABATINA BIOECONOMIA NA AMAZÔNIA, AGRICULTURA FAMILIAR E AGRONEGÓCIO SUSTENTÁVEL

O tema do meio ambiente ficou em segundo plano na sabatina realizada pelo Jornal Nacional na noite desta quinta-feira (25) com Luiz Inácio da Silva, candidato à presidência pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Nos poucos minutos em que discorreu sobre o tema, o ex-presidente defendeu a bioeconomia na Amazônia, o pequeno agricultor e o agronegócio sustentável.

Durante os 40 minutos de entrevista, os temas “corrupção” e “economia” dominaram a pauta. O agronegócio e a questão ambiental só foram abordados nos momento finais da sabatina e o candidato discorreu sobre os temas por menos de cinco minutos. A título de comparação, os candidatos Jair Bolsonaro (PL) e Ciro Gomes (PDT) tiveram cerca de sete minutos para falar sobre o assunto.

Ao ser questionado se a ligação de seu partido com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é a razão pela qual parte do agronegócio ainda não demonstrou apoio à sua candidatura, Lula disse que seu governo investiu muito no setor e que a falta de apoio se deve às medidas de proteção dos biomas brasileiros implementadas à época em que ele ocupava o Palácio do Planalto.

“Não tem nenhum governo que tratou o agronegócio como nós tratamos. Eu vou dizer para você, nós fizemos uma Medida Provisória, a 432, se não me falha a memória, de 2008, que fez uma negociação com os produtores rurais de R$ 85 bilhões, senão eles tinham quebrado”.

A MP a que Lula se refere, depois transformada na Lei Federal nº 11.775/2008, de fato instituiu medidas de estímulo à liquidação ou regularização de dívidas originárias de operações de crédito rural e de crédito fundiário.

“[,…] a questão da nossa política em defesa da Amazônia, a nossa política em defesa do Pantanal, a nossa política em defesa da Mata Atlântica, ou seja, a nossa luta contra o desmatamento faz com que eles sejam contra nós”, continuou o candidato.

Indagado pelos entrevistadores se ele estava colocando o agronegócio em oposição ao meio ambiente, Lula disse que se referia apenas aos empresários mais alinhados ao espectro político da direita. 

“O agronegócio que é fascista e direitista [faz oposição ao meio ambiente], porque os empresários sérios que trabalham no agronegócio, que têm comércio com o exterior, que exportam para a Europa, para a China, esses não querem desmatar, esses querem preservar os nossos rios, querem preservar as nossas águas, querem preservar as nossas faunas. Esses não. Mas você tem um monte que quer”, disse.

Em seguida, Lula defendeu a bioeconomia na Amazônia e se mostrou contra a expansão de grandes commodities no bioma. Ele também criticou a famosa expressão “passar a boiada”, usada pelo então ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles para se referir ao afrouxamento das leis ambientais no contexto da pandemia de Covid-19

“Você está lembrado que o atual presidente tinha um ministro do Meio Ambiente que dizia que era para invadir com a boiada, para desmatar a Amazônia […] Nós não precisamos plantar milho, soja ou cana nem criar gado na Amazônia. O que nós precisamos é explorar corretamente, cientificamente, a biodiversidade da Amazônia, para que a gente tire daquela riqueza da biodiversidade produtos para a indústria de fábrica ou para indústria de comércio [sic], para gerar emprego para aquelas pessoas”.

Confrontado novamente com pergunta sobre o papel do MST em um eventual governo petista, Lula disse que o Brasil tem espaço para os diferentes tipos de agricultura desenvolvidos no país, e que todos precisam conviver pacificamente. Ele também aproveitou para criticar a política de liberação de armas implementada no governo Bolsonaro.

“O Bolsonaro está ganhando alguns fazendeiros porque está liberando arma […] Para mim, o pequeno produtor rural, o médio produtor rural tem que viver pacificamente com o grande negócio, porque o Brasil tem possibilidade de ter os dois. Um produz mais internamente. O outro produz mais externamente […] O Blairo Maggi, que é o maior plantador de soja do Brasil, talvez ele não crie a galinha caipira que ele gosta de comer. Talvez ele não crie o porquinho orgânico que ele gosta de comer. Talvez ele vá comprar num pequeno proprietário. Então é extremamente importante a convivência pacífica dessa gente. Nós já fizemos isso e vamos fazer novamente”, disse.

Lula foi o terceiro entrevistado da sabatina realizada pelo Jornal Nacional com os presidenciáveis. A próxima, e última, será com Simone Tebet (MDB), nesta sexta-feira (26). Cristiane Prizibisczki-0 Eco Jornalismo Ambiental

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EX-PRESIDENTE LULA CITA EDUCADOR PAULO FREIRE E DEFENDE MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quinta-feira (25), que “poderia ter escolhido um procurador engavetador” em seus governos. O petista participou de sabatina realizada pelo Jornal Nacional, conduzida pelos apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos. O primeiro tema a ser abordado foi a corrupção em seus governos.

“As medidas estão colocadas. Eu poderia ter escolhido um procurador engavetador. Sabe aquele amigo que você escolhe que nenhum processo vai para a frente? Eu poderia ter feito isso, não fiz. Eu escolhi da lista tríplice. Eu poderia ter impedido que a Polícia Federal tivesse um delegado, que eu pudesse controlá-lo. Não fiz. E permiti que efetivamente as coisas acontecessem do jeito que precisavam acontecer”, disse o ex-presidente quando questionado sobre quais medidas tomará para evitar que escândalos de corrupção aconteçam caso seja eleito.

Lula focou num Brasil de mudanças e justificou a união com o ex-adversário Geraldo Alckmin, com uma frase do educador Paulo Freire: “É preciso unir os divergentes para melhor enfrentar os antagônicos”. "Sim, queremos unir os democratas de todas as origens e matizes, das mais variadas trajetórias políticas, de todas as classes sociais e de todos os credos religiosos".

Lula também defendeu que seu governo tomou uma série de medidas de combate à corrupção, como a criação da Lei Anticorrupção e do Portal da Transparência. “Se alguém comete um erro, comete um delito, investiga-se, apura, julga, condena ou absolve e resolve o problema”, disse o petista, que criticou ainda a Operação Lava-Jato. “A Lava-Jato ultrapassou o limite da investigação e entrou no limite da política. E objetivo era o Lula. O objetivo era condenar o Lula”, afirmou.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convidou a jornalista Renata Vasconcellos a visitar uma cooperativa do Movimento Sem Teto (MST), durante entrevista.

“O MST está fazendo uma coisa extraordinária. Está tratando de produzir. O MST é o maior produtor de arroz do Brasil. Você tem que visitar uma cooperativa do MST Renata. Você tem que ver, não é a mesma coisa de 30 anos atrás”, afirmou o ex-presidente.

A declaração foi dada durante pergunta sobre o agronegócio. Para o ex-presidente, alguns empresários do ramo defendem o meio ambiente. “Os empresários sérios que trabalham o agronegócio, que têm comércio com o exterior, que exportam para a Europa, para a China, esses não querem desmatar, querem preservar nossos rios, nossas águas, nossa fauna. Esses, não. Mas tem um monte que quer”, disse.

“A gente não precisa plantar milho, soja ou cana nem criar gado na Amazônia. O que precisamos é explorar corretamente, cientificamente, a biodiversidade da Amazônia, para que a gente tire daquela riqueza da biodiversidade produtos para a indústria de fábrica, para a indústria do comércio e gerar emprego para aquelas pessoas”, afirmou.

O Jornal Nacional realiza uma série de entrevistas com os presidenciáveis nesta semana. Na segunda, foi a vez de o presidente Jair Bolsonaro (PL). Na terça, Ciro Gomes (PDT). Amanhã, a última participante será Simone Tebet (MDB).

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ARTE, TRADIÇÃO E PATRIMÔNIO SÃO DESTAQUES NA 24 EDIÇÃO MOSTRA CARIRI DE CULTURAS

A região do Cariri cearense é reconhecida por ser uma vitrine de costumes e tradições onde a cultura pulsa intensamente. Neste contexto, o Sesc Ceará realiza, há mais de duas décadas, um dos principais encontros culturais do País: a Mostra Cariri de Culturas. Este ano, o evento acontece no período de 26 a 30 de agosto, com ações em 28 municípios da região do Cariri e na cidade de Iguatu, no Centro-sul do Estado.

Com foco no patrimônio paleontológico, a mostra promove a difusão de saberes, tradições e arte, além de atuar também para fortalecer o movimento de reconhecimento da Chapada do Araripe como Patrimônio da Humanidade, iniciada pelo Sesc Ceará, em 2019. O evento reúne pesquisadores, artistas e público em torno de apresentações, ações formativas e mesas de debates que incentivam as manifestações artístico-culturais desses territórios criativos.

Estruturada em sete linguagens: Música, Artes Cênicas, Literatura, Tradição, Audiovisual, Artes Visuais e Patrimônio, a 24ª edição da Mostra conta com a participação de 190 grupos/artistas, além de 110 grupos de tradição popular da região do Cariri, entre reisados, maracatus, bacamarteiros, cordelistas, repentistas, cocos e bandas cabaçais, entre outras manifestações artístico-culturais.

Abrindo as cortinas, no dia 26/08, o grupo Titãs realiza o show de abertura no Parque de Exposições Pedro Felício Cavalcanti, na cidade do Crato, a partir das 20h. A apresentação reúne criações que vão desde alguns singles da ópera rock Doze Flores Amarelas, como “A Festa”, “Canção da Vingança”, “Doze Flores Amarelas” e “É Você”. 

O repertório ainda conta com os grandes sucessos do grupo paulistano, como "Epitáfio", "Flores", "Sonífera Ilha", "Pra Dizer Adeus" e muitos outros. Já no dia 30/08, o show de encerramento fica a cargo dos artistas João do Crato e Cleivan Paiva. João do Crato possui uma carreira de mais de 40 anos - performático, multiartista, o artista vai das Lapinhas e Dramas Populares ao Rock'n Roll, apostando na irreverência como marca registrada.

Já Cleivan Paiva tocou com nomes de grande repercussão, como Hermeto Pascoal. O artista possui três álbuns em sua carreira solo: “Guerra e Paz”, “Cleivan Paiva” e “Sonhos do Brasil”, além de ter tocado em festivais de grande repercussão por todo o país e compor a trilha sonora original de filmes como: “O Caldeirão da Santa Cruz do Deserto” e “A Saga do Guerreiro Alumioso”, o show acontece às 17h, na Praça Siqueira Campos, no Crato.

Um dos destaques desta edição é a inauguração do Museu Orgânico Oficina de Corrinha Mão na Massa, no dia 27/08, em Missão Velha. Este será o 10º Museu Orgânico de uma rede de fomento à tradição. A ceramista Socorro, ou Corrinha Mão na Massa, apelido que ganhou ainda criança, transformou seu dom em profissão e se orgulha da força da terra que entrelaça sua história. O projeto do Sesc Ceará, em parceria com a Fundação Casa Grande, valoriza o saber popular, transformando a casa de artistas e mestres da cultura em lugar de memória.

Desde 2017, o Sesc realiza a ação “Pensando Verde na Mostra” proporcionando discussões sobre meio ambiente e sustentabilidade. Nesta edição, o projeto acontece de 27 a 30/08, na Praça da Sé, na cidade do Crato, com trocas de mudas, exposições mediadas, oficinas e uma vivência ambiental no Museu Orgânico Casa dos Pássaros, em Potengi.

Também durante a programação, será realizada a 3ª edição do Seminário Patrimônio da Humanidade Chapada do Araripe, tendo como tema a Riqueza paleontológica da bacia geológica do Araripe. Os encontros acontecem nos dias 29 e 30 de agosto, no auditório do Geopark Araripe. Entre os participantes, estão os professores e pesquisadores Allysson Pinheiro, Edenilce Batista, Eduardo Guimarães e Patrício Melo.

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PLANO NORDESTE POTÊNCIA APONTA URGÊNCIA DE REVITALIZAÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO

Segundo dados do Plano Nordeste Potência, a bacia hidrográfica do Rio São Francisco tem 3,3 milhões de hectares a serem recuperados somente em reservas legais e áreas de preservação permanente

Considerando a necessidade de aproveitar as potencialidades das energias renováveis na região Nordeste, cada vez mais crescentes e exploradas, e garantir, ao mesmo tempo, melhorias para os pequenos proprietários e comunidades onde grandes empreendimentos de usinas eólicas, por exemplo, instalam aerogeradores, com indicadores socioambientais mensuráveis, o Plano Nordeste Potência foi oficialmente lançado.

A iniciativa que coloca, ainda, como prioridade a necessidade da revitalização da bacia do rio São Francisco e a recuperação de 3,3 milhões de hectares em áreas legais e de preservação permanente (APPs), é uma iniciativa associada ao Projeto HidroSinergia, que têm objetivos similares e une organizações não governamentais, como Instituto Climainfo, Centro Brasil no Clima (CBC), Grupo Ambientalista da Bahia (Gamba), Fundação Casa Socioambiental e Instituto Clima e Sociedade (ICS), além de uma rede de lideranças e movimentos locais.

Segundo o desenvolvedor do Lab de Economia Regenerativa do rio São Francisco e articulador do CBC, Sérgio Xavier, o Plano Nordeste Potência surgiu ainda da necessidade de impulsionar um modelo de desenvolvimento que, simultaneamente, reduza desigualdades com qualificação profissional planejada e empregos sustentáveis.

 “Para isso, é preciso envolver e fortalecer as comunidades para que elas contribuam com a regeneração e a proteção da Caatinga, criando um novo modelo de planejamento e gestão pública com visão sistêmica, unindo os estados do semiárido a partir de políticas sociais, ambientais, energéticas e econômicas interconectadas”, explicou, lembrando que a “energia solar, eólica e produção de hidrogênio verde, são, sem dúvida, uma imensa base de propulsão para uma nova economia inclusiva e de baixo carbono no Nordeste e podem gerar mais de 2 milhões de empregos verdes nos próximos cinco anos, em pequenos municípios e também no litoral”.

De acordo com relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), a concentração de gases de efeito estufa vem atingindo cada vez mais níveis recordes, fazendo com que o planeta exceda os limites críticos para evitar mudanças climáticas catastróficas e ainda segundo o Boletim de Gases de Efeito Estufa da Organização Meteorológica Mundial (OMM) em 2020, a concentração de dióxido de carbono (CO2) foi 149% superior aos níveis anteriores à industrialização, batendo outro recorde anual. Por isso, a adoção de fontes de energia limpa pode contribuir para a redução de CO2 na atmosfera. 

“O acúmulo de carbono e outros gases de efeito-estufa na atmosfera, pela queima de combustíveis fósseis, desmatamentos e outros processos degradadores, é a causa do aquecimento global que está provocando as trágicas mudanças climáticas. Portanto, eliminar a emissão desses gases, usando fontes energéticas limpas e retirar o carbono da atmosfera, com reflorestamento e outras medidas, são as maiores urgências globais. Em resumo, descarbonizar a economia é reduzir ao máximo o uso de combustíveis baseados em petróleo e carvão, reverter desmatamentos, reflorestar em larga escala e promover energia solar, eólica, biocombustíveis e processos que ajudem a reequilibrar o ciclo de carbono do planeta”, explicou Xavier. (Fonte: CBHSF: Juciana Cavalcante)

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PROCESSO DE BEATIFICAÇÃO DE PADRE CÍCERO NA IGREJA CATÓLICA FOI AUTORIZADO PELO PAPA FRANCISCO

O processo de beatificação de padre Cícero Romão Batista na igreja católica foi autorizado pelo Vaticano. A informação foi anunciada pelo bispo da diocese do Crato, Dom Magnus Henrique Lopes, durante missa realizada na manhã deste sábado (20), no Largo Capela do Socorro, em Juazeiro do Norte, no interior do Ceará.

"Queridos filhos e filhas da Diocese do Crato, romeiros de todo Brasil, é com grande alegria que eu vos comunico nesta manhã histórica que recebemos oficialmente da Santa Sé, por determinação do santo padre, o papa Francisco, uma carta do dicastério para a causa dos santos, datada do dia 24 de junho de 2022. Recebemos a autorização para a abertura do processo de beatificação do padre Cícero Romão Batista que, a partir de agora, receberá o título de servo de Deus", disse Dom Magnus Henrique Lopes durante a celebração.

Em 2015, o Vaticano atendeu ao pedido do bispo Dom Fernando Panico e reconciliou o padre Cícero Romão Batista com a igreja católica. Com a reconciliação, não havia mais impeditivos para a abertura do processo de beatificação do "santo popular".

O pedido para a autorização da beatificação de padre Cícero foi solicitado por Dom Magnus Henrique Lopes , através de uma carta entregue ao papa Francisco durante a visita ao Vaticano, em maio deste ano.

"Recorremos a vossa solicitude de pastor universal da santa igreja para pedir especial clemência para com este sacerdote católico, amado, exonerado. Esperamos que Vossa Santidade, na hora oportuna, examine, com o coração de pai e como sucessor de Pedro, este pedido ora formulado, cuja resposta é um anseio nosso e dos milhões de devotos do padre Cícero", diz um trecho da carta entregue por Dom Magnus ao papa Francisco.

O trecho foi lido pelo bispo da diocese do Crato durante o anúncio da autorização do processo de beatificação de padre Cícero. A notícia foi recebida com salva de palmas e fogos por centenas de fiéis que estavam no local.

Padre Cícero morreu em 1934 rompido com o Vaticano por envolvimento com a política e pelo polêmico “milagre da hóstia”. Segundo a crença popular, uma hóstia dada pelo padre virou sangue na boca de uma beata. Para os devotos de padre Cícero, trata-se de um milagre, mas a igreja Católica considerou o caso uma interpretação equivocada. Por conta dos "equívocos", ele foi afastado da igreja católica.

Padre Cícero Romão Batista é considerado "santo popular" para muitos fiéis católicos nordestinos. Todos os anos, as romarias em homenagem a ele atraem milhões de romeiros a Juazeiro do Norte.

BEATIFICAÇÃO: Para concluir a beatificação, o Vaticano faz inicialmente um levantamento da biografia do candidato para verificar se há algum fator na biografia que possa impedir o processo. Se nada for encontrado, a igreja emite o Nihil Obstat (nenhum impeditivo), um documento formal, redigido em latim e dirigido ao bispo indicando que o pode haver continuidade do processo.

“É a partir deste documento que o candidato à santidade passa a ser chamado Servo de Deus e tem a investigação livre para desenrolar-se até o fechamento do processo”, explica o advogado e especialista em Direito Canônico José Luís Lira.

Em seguida, será constituído um tribunal eclesiástico diocesano que vai aferir as qualidades, as virtudes e constatar toda a vida do Servo de Deus.

Após a conclusão da fase diocesana, os documentos são encaminhados para o Vaticano, onde inicia-se a fase romana. O Vaticano avalia relatos de milagres, graças e atos que possam dar status de beato a Padre Cícero.

“Uma vez constatada, ele é automaticamente declarado como ‘venerável’. Se houver um milagre consistente, nos modos que a Santa Sé exige, com laudos médicos e toda documentação cabível, é iniciada a fase de beatificação. Aprovado o milagre, o papa autoriza a beatificação. Depois de se tornar beato, é necessário outro milagre para a canonização”, conta Luís.

PRECEITOS ECOLÓGICOS PADRE CÍCERO: Cícero Romão Batista nasceu na cidade do Crato, Ceará em 24 de março de 1844, e faleceu em Juazeiro do Norte, em 20 de julho de 1934.  Ele era conhecido como Padre Cícero, ou, mais coloquialmente, “Padim Ciço”.

Em seus preceitos ecológicos, Padre Cícero fazia os seguintes alertas:

Não derrube o mato, nem mesmo um só pé de árvore.

Não toque fogo no roçado nem na Caatinga.

Não cace mais e deixe os bichos viverem.

Não crie o boi nem o bode soltos; faça cercados e deixe o pasto descansar para se refazer.

Não plante em serra acima nem faça roçado em ladeira muito em pé; deixe o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e não se perca a sua riqueza.

Faça uma cisterna no oitão de sua casa para guardar água de chuva.

Represe os riachos de cem em cem metros, ainda que seja com pedra solta.

Plante cada dia pelo menos um pé de algaroba, de caju, de sabiá ou outra árvore qualquer, até que o sertão todo seja uma mata só.

Aprenda a tirar proveito das plantas da Caatinga, como a maniçoba, a favela e a jurema; elas podem ajudar a conviver com a seca.

Se o sertanejo obedecer a estes preceitos, a seca vai aos poucos se acabando, o gado melhorando e o povo terá sempre o que comer.

Mas, se não obedecer, dentro de pouco tempo o sertão todo vai virar um deserto só.


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PADRE CÍCERO ROMÃO BATISTA A CAMINHO DE SE TRANSFORMAR EM SANTO BRASILEIRO

“O nome do padre Cícero / ninguém jamais manchará, / porque a fé dos romeiros / viva permanecerá, / pois nos corações dos seus / foi ele um santo de Deus / é e pra sempre será.” 

Este é um dos temas de incontáveis folhetos de cordel espalhados pelas feiras sertóes afora.
Quem já ouviu falar dos preceitos ecológicos do Padre Cicero, muitos o seguem como exemplo de fé e espiritualidade, mas poucos sabem que ele foi um dos primeiros defensores do meio ambiente, do bioma caatinga. 

Padre Cícero soube unir a mitologia e o poder do conhecimento dos Povos índios Kariris.

Cícero Romão Batista nasceu em Crato, Ceará no dia 24 de março de 1844. Foi ordenado no dia 30 de novembro de 1870. Celebrou a sua primeira missa em Juazeiro em 1871. No dia 11 de abril de 1872 fixou residência em Juazeiro. Padre Cícero faleceu no dia 20 de julho de 1934, na cidade de Juazeiro.

A jornalista Camila Holanda escreveu que nas entranhas do Cariri do Ceará foi emergido uma versatilidade de ícones que, entrelaçados povoam o imaginário cultural que habita a região.

Nas terras do Ceará ouvi uma das mais belas histórias. Resumo: o teatrólogo, pesquisador cultural Oswaldo Barroso, ressalta um dos mais valiosos símbolos, a vigorosa força mítica e religiosa. Oswaldo, cidadão honorário de Juazeiro do Norte, diz que a primeira vez que esteve no Cariri foi nos anos 70 e a experiência fez com que suas crenças e certezas de ateu fossem desconstruídas e reconstruídas com bases nos sentimentos das novas experiências e epifanias vividas.

"Desde o início, não acreditava em nada de Deus. Mas quando fiz a primeira viagem ao Horto do Juazeiro do Norte, foi que eu compreendi o que era Deus. Isso mudou minha vida completamente", revelou Oswaldo.

Um outra narrativa importante encontrei na mitologia dos Indios Kariris. Nela a região é tratada como sagrada, centro do mundo, onde no final dos tempos, vai abrir um portal que ligará o Cariri  para a dimensão do divino.

A estátua do Padre Cícero encontra-se no topo da Colina. Muitos romeiros percorrem a Trilha do Santo Sepulcro. A pé eles percorrem às 14 estações trajeto marcado por frases e conselhos ambientais do Padre Cícero, que já alertava naquela época para os muitos desequilíbrios ambientais e impactos da agressão humana na natureza.

Padre Cicero descreveu os preceitos ecológicos:

1) Não derrube o mato, nem mesmo um só pé de pau; 

2) Não toque fogo no roçado nem na caatinga;

3) Não cace mais e deixe os bichos viverem; 4) Não crie o Boi e nem o bode solto; faça cercados e deixe o pasto descansar para se refazer; 

5) Faça uma cisterna no oitão de sua casa para guardar água de chuva;

6) Não plante em serra a cima, nem faça roçado em ladeira que seja muito em pé; deixe o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e não se perca sua riqueza;

7) Represe os riachos de 100 em 100 metros, ainda que seja com pedra solta;

8) Plante cada dia pelo menos um pé de algaroba, de caju, de sabiá ou outra árvore qualquer, ate que o sertão todo seja uma mata só;

9) Aprenda tirar proveito das plantas da caatinga a maniçoba, a favela e a jurema; elas podem ajudar a conviver com a seca;

10) Se o sertanejo obedecer a estes preceitos a seca vai aos poucos se acabando o gado melhorando e o povo terá sempre o que comer, mas se não obedecer, dentro de pouco tempo o sertão todo vai virar um deserto só.

Rezemos com Fé! . Os sorrisos são a alegria da alma.

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