O CAFÉ DA MANHÃ SERTANEJO: ÚNICO E EXÓTICO - POR GERALDO EUGÊNIO

Os mercados persistem e com eles as bancas de comida-Um local sagrado no comércio local é o mercado público. Alguns mais ou menos organizados, mas uma visita obrigatória principalmente para aqueles que ultrapassaram os cinquenta.

O queijo de coalho de Bodocó é algo especial, encontrado todos os dias, mas não ficam atrás dos queijos locais, em particular um queijo de manteiga que vem da região de Batalha, aqui em Serra Talhada. Tão saboroso quanto os melhores queijos do Agreste Meridional ou do Sertão de Alagoas.

As bancas de cereais, destacando-se os vários tipos de arroz vermelho e as farinhas de mandioca, da ultrafina à granulada, da branca à amarela. Um outro item que representa a região é o feijão de corda. Vários tipos expostos nos sacos abertos à espera do freguês. As rapaduras que já não são tão puras, a grande maioria não é fabricada a partir de cana-de-açúcar e tanta coisa mais que se encontra em um mercadinho ou supermercado.

Uma seção à parte é o açougue e a peixaria. Em nenhuma região a rabada e o mocotó são tão valorizados. Os caldos dessas duas iguarias é marca registrada entre as barracas de comida, hoje denominadas praças de alimentação.

 Os principais pratos encontrados às seis da manhã-E logo cedo, o freguês se depara com as barracas abertas e suas donas e assistentes prontas para servir. O que encanta e ao mesmo tempo assusta aos visitantes é o cardápio típico na maioria das cidades do Sertão.

O café-da-manhã que se preza não pode deixar de contar com cuscuz, arroz vermelho e macaxeira. O consumo de inhame e batata-doce é bem menor do que o do Agreste, bem como o pão. Não deixa de ter, mas definitivamente não faz parte do andar de cima.

E de mistura, o que se encontra? Nada menos do que o caldo de mocotó, o guisado de boi, guisado de bode, galinha guisada e, por incrível que pareça, sarapatel.

Na feira livre, na Barraca de D. Alda, aqui em Serra, há um prato que provoca filas: o caldo de rabada, acompanhado de cuscuz.

A primeira questão que vem à cabeça do visitante é saber se a senhora do outro lado do balcão ou da mesa entendeu bem. Café-da manhã ou almoço? Foi bem entendido, sim. Isto é o que se consome nas feiras e mercados do Sertão. Pratos sempre fartos que vêm acompanhados de um café puro encorpado, mas quase sempre com mais açúcar do que deveria.

O exotismo para quem não conhece a região-A dupla pão e ovo, tão presente no café da manhã das regiões mais ao sul, não são os mais consumidos. O que é algo pouco entendido por nossos colegas. Imagine-se o fato de, ao amanhecer, já se contar com sarapatel, aí a coisa toma uma outra dimensão.

Toma tempo para quem vem ao convívio da caatinga entender, mas com pouco tempo entende muito bem o que representa ao sertanejo da roça ter que enfrentar um dia de lavoura ou pega de boi. É duro e necessita de energia extra.

Durante todo o dia, em nossas barracas, um prato de sabor único é aqui encontrado, o manguzá salgado à base de milho amarelo, feijão de corda, charque ou carne de sol e linguiça, temperado com cebola, alho, sal, pimenta do reino e cominho. Ao final adicionando-se coentro e cebolinha picados. Também pode ser preparado com carne de galinha, em especial as partes que contêm ossos, o que dá um gosto especial.

Cresci sabendo que o manguzá doce, ou o chá-de-burro, como também era conhecido, era feito com milho branco ou amarelo, leite de coco, açúcar e cravo. Também foi ensinado que se tratava de um prato de origem Africana, o que faz sentido. Esta receita sofre variações. No Sudeste e Sul é conhecida como Canjicão. Podendo a ele ser adicionado amendoim esfarelado ou coco ralado.

No caso do manguzá salgado, não há dúvida de que foi criado para atender ao homem da roça, utilizando-se do milho e do feijão e de qualquer mistura que se contasse. Prato com essas características somente nos sertões de Pernambuco, Paraíba e Ceará.

 Nutrição para todo o dia-O que se conclui a partir do que foi descrito é que após o consumo de uma dessas receitas, nem sempre em doses econômicas, o cliente está pronto para a jornada. A maioria dos frequentadores são pessoas humildes que trabalham em atividades exigentes em energia. Seus ganhos são parcos e nem sempre contam com dinheiro para as três refeições.

Aí está a lógica do cardápio. Quem não contar com um bom café dificilmente passará um dia saudável e para evitar interromper o trabalho ao longo da jornada, a melhor opção é se contar com o que existe de mais energético e proteico.

O caldo de mocotó simboliza como nenhum outro este padrão. Símbolo de nutrição rica em carboidrato, proteína, colágeno. Enquanto a proteína e o colágeno vêm da mão-de-vaca, o carboidrato é fornecido pelo cuscuz ou o arroz vermelho. 

Fica o convite. No Sertão, não deixei de ir à feira logo cedo e procurar pelas barracas de comida. Conheça este cardápio especial e único. Não se assuste. Você vai gostar, voltar e se tornar um apreciadoR desses sabores.

 Geraldo Eugenio-Professor Titular da UFRPE-UAST
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JOÃO GOMES ANUNCIA PARTICIPAÇÃO DE FAGNER NA GRAVAÇÃO DE SEU DVD NO MARCO ZERO DO RECIFE

Cantando um trecho da clássica "Borbulhas de Amor", de Fagner, pernambucano João Gomes anunciou a participação do cantor cearense na gravação de seu DVD no Marco Zero do Recife no próximo dia 17. O anúncio foi feito na noite desta quinta-feira (11), em uma live do artista que vai movimentar a capital pernambucana com o show de forró. 

Além de Fagner como participação especial, João Gomes já anunciou a participação do o rapper L7nnon e a cantora Vanessa da Mata. De acordo com o cantor, outros convidados serão anunciados nesta sexta-feira (12).  

João Gomes anunciou nesta quarta-feira (10) que o comerciante Gildo Gonçalves, popularmente conhecido como Gildo Lanches, estará presente na gravação do DVD. Ele ficará responsável pela alimentação da equipe que vai trabalhar no show marcado para o dia 17 de agosto. 

O empresário pernambucano é conhecido por vender lanches em um ponto próximo à Praça do Derby, na área central do Recife. O cantor natural de Serrita, no Sertão de Pernambuco, chegou a visitar o empreendimento, no dia 16 de junho, e o registro do encontro foi compartilhado nas redes sociais do comerciante. 

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EM NOVO TRABALHO, DANIEL GONZAGA PERCORRE AS OBRAS DO AVÔ LUIZ GONZAGA E DO PAI GONZAGUINHA

Como artista, Daniel Gonzaga está mais próximo do canto inquieto e urbano do pai, Gonzaguinha, do que do som regional e festivo do avô Gonzagão. Ele mantém, no entanto, a representação musical comprometida de seus antepassados.

Das 16 faixas existentes no recém-lançado álbum Gonzaga – gravado ao vivo por Daniel em 2015 e agora lançado pela Biscoito Fino em formatos álbum e DVD -, seis são desse cantor e compositor ciente do legado que carrega.

As faixas do álbum, o oitavo da carreira de Daniel, foram muito bem costuradas e propõem caminhadas do sertão ao universo mais urbano, com arranjos atuais. 

“O repertório foi pensado pela própria coerência da minha carreira. Foram as músicas que a minha vida passou, que me ensinaram a ser um Gonzaga”, conta Daniel. “Além de contar com algumas músicas autorais de meus álbuns”.

O bom DVD é para apreciar a talentosa família. O trabalho foi gravado no Circo Crescer e Viver, no Rio de Janeiro, para onde Daniel compõe trilhas sonoras desde 1999. A irmã de Daniel, Nanan Gonzaga, e Paulinho da Viola participam do disco.

O repertório do álbum Gonzaga é o seguinte: Nascimento (Daniel Gonzaga), Pé de Serra (Luiz Gonzaga) e A Vida do Viajante (Hervê Cordovil, Luiz Gonzaga), Riacho do Navio (Zé Dantas, Luiz Gonzaga), Janela (Daniel Gonzaga e Kiko Furtado), Luz (Daniel Gonzaga), Espere por Mim Morena (Gonzaguinha) com participação de Nanan Gonzaga, João do Amor Divino (Gonzaguinha), A Morte do Vaqueiro (Luiz Gonzaga e Nelson Barbalho), A volta da Asa Branca (Zé Dantas e Luiz Gonzaga), #40, #35 (ambas de Daniel Gonzaga), O que É, o que É (Gonzaguinha) com participação de Paulinho da Viola e o filho João Rabello no violão, Festa (Gonzaguinha) com participação do zabumbeiro Marcos Trança, Da Vida (Gonzaguinha), Roendo Unha (Luiz Gonzaga e Luiz Ramalho) e  Xote Relativo (Daniel Gonzaga).

A banda do show gravado é composta por Pedro Mamede (bateria), Pedro Moraez (baixo), João Gaspar (guitarras, resonator), Misael da Hora (teclados, programação), Flavia Belchior (percussões), Marcos Vasconcellos (guitarra, violão aço), Patrícia Costta  (backing vocal), Cleverson Oliveira (sax tenor, flauta, sax soprano) e Mário PC (sax alto e flauta). (Fonte: Carta Capital)

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PLANO ABC+ENTRA EM VIGOR EM SETEMBRO COM OBJETIVO DE REDUZIR EMISSÃO DE CARBONO

Começará a vigorar - a partir de 1º de setembro - o Plano Setorial para Adaptação à Mudança do Clima e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária (ABC+) para o período 2020-2030.

A portaria que detalha a política setorial – criada para reduzir emissões de carbono pelo setor agropecuário brasileiro por meio de incentivos e fomentos a tecnologias ambientais – foi publicada no Diário Oficial da União de hoje (11) pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Segundo o ministério, o plano ABC+ tem como meta “promover a adaptação à mudança do clima e o controle das emissões de gases de efeito estufa (GEE) na agropecuária brasileira, com aumento da eficiência e resiliência dos sistemas produtivos, considerando uma gestão integrada da paisagem rural”.

METAS: Entre as metas projetadas até o ano de 2030 está a de ampliar, em 30 milhões de hectares, as áreas destinadas à adoção de práticas para recuperação de pastagens degradadas; em 12,58 milhões de hectares as áreas voltadas à adoção de sistemas de plantio direto; e em 10,10 milhões de hectares as áreas com adoção de sistemas de integração.

O governo prevê, também a ampliação, em quatro milhões de hectares, da área a ser destinada à adoção de florestas plantadas; em 13 milhões de hectares a área com adoção de bioinsumos; em três milhões de hectares, a região com adoção de sistemas irrigados; em 208,40 milhões de metros cúbicos a adoção de manejo de resíduos da produção animal; e em cinco milhões os bovinos em terminação intensiva.

Ao “estimular a adoção de sistemas, práticas, produtos e processos de produção sustentáveis”, o plano ABC+ pretende diminuir vulnerabilidades e aumentar a resiliência dos sistemas de produção agropecuários, conservando recursos naturais e aumentando a biodiversidade e a estabilidade climática dos sistemas produtivos.

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FEIRA DE ARTESANATO DA BAHIA SERÁ REALIZADA EM JAGUARARI ENTRE OS DIAS 11 A 14 DE AGOSTO

A Feira Artesanato da Bahia chega a Jaguarari, na região Norte do estado, de 11 a 14 de agosto, na Praça Alfredo Viana, s/n, Centro. O evento deverá reunir cerca de 30 artesãs e artesãos dos municípios que formam o Polo 06 do Território de Identidade Piemonte Norte do Itapicuru. Os visitantes poderão adquirir os produtos artesanais apresentados diretamente pelas expositoras e expositores, dialogar e interagir sobre a riqueza dos processos produtivos.

Nesta edição, também serão realizadas outras ações voltadas para os criadoras e criadores da região. No dia 11, das 14h às 20h, na comunidade de Flamengo recebe a De Antemão a Mão - Oficina de Confecção de Carrancas, voltada para qualificação, formação e aperfeiçoamento da técnica da produção artesanal de carrancas, com uso da madeira. Já no dia 12, o Encontro Regional de Artesãs e Artesãos vai discutir várias questões sobre o setor com as criadoras(es) e associações, das 14h às 17h, na Associação Comercial ACIAJ.

Durante a feira, o reconhecimento da profissão poderá ser feito através do cadastramento de Carteira Nacional de Artesãs e Artesãos. Este registro, junto com o cadastramento no Sicab, habilita o profissional a participar de todas as edições das feiras e ter seus produtos comercializados pelo Centro de Comercialização do Artesanato da Bahia.

A diversidade cultural da região se traduz na rica produção artesanal decorativa e utilitária, utilizando técnicas e matérias-primas diversas. Destaque para as carrancas, produzidas com entalhe de madeira na comunidade de Flamengo. Das fibras naturais, como palhas e de bananeira surgem os trançados, destacando os de ariri produzido pelo povoado de Jacunã, onde é muito comum essa espécie de palmeira. Os trançados resultam em produção de chapéus, bolsas, esteiras e outros produtos.

"A Feira Regional Artesanato da Bahia chega ao território do Piemonte Norte do Itapicuru, no município de Jaguarari com uma série de ações que fortalecem o Artesanato local e grande expectativa de visibilidade e ampliação da comercialização para os dois dias de Feira. A Caravana do Cadastramento está percorrendo os municípios vizinhos emitindo novas e atualizando as Carteiras Nacionais de Artesã/ão, teremos a Oficina de Qualificação e um importante encontro regional de artesãos onde o conjunto das políticas públicas para o setor será apresentado. É a garantia de mais uma programação de sucesso", afirma Ângela Guimarães - Coordenadora de Fomento ao Artesanato – Setre. 

A feira e todas as ações são realizadas pela Coordenação de Fomento ao Artesanato da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte do Governo do Estado da Bahia, através da Associação Fábrica Cultural e com a parceria da Prefeitura Municipal de Jaguarari e o apoio da Rede Bahia

SERVIÇO

- De Antemão a Mão - Oficina de confecção de Carrancas 

Data:  11/08/2022 | 14h às 20h - Escola Municipal de Produção de Flamengo.

- Encontro Regional de Artesãs e Artesãos

Data: 12/08/2022 | 14h às 17h - Associação Comercial ACIAJ - Praça Alfredo Viana s/n, Centro, Jaguarari

- Feira Regional Artesanato da Bahia

Data: 13/08/2022 | 10h às 18h

14/08/2022 | 10h às 16h - Praça Alfredo Viana, s/n, Centro.

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NESTA QUARTA-FEIRA (10), A TVE EXIBE PROGRAMA ESPECIAL 100 ANOS DO CANTOR E COMPOSITOR GORDURINHA

Nesta quarta-feira (10), às 20h30, a TVE exibe o programa especial "É na pisada", em comemoração aos 100 anos do cantor, compositor e humorista baiano, Waldeck Artur de Macedo, o Gordurinha. Nascido em Salvador, do bairro da Saúde, o artista é autor e coautor de vários clássicos do cancioneiro brasileiro.

O programa traz depoimentos e retrata a vida e obra de Gordurinha, que tem a sua história revisitada por família, amigos e parceiros, e é intercalado com uma linha musical, onde são apresentadas cinco releituras de canções do artista. Na música, Gordurinha criou e interpretou sambas, baiões, toadas e mambos. É de autoria dele o samba 'Chicletes com Banana', o coco 'Vendedor de Caranguejo', e a toada 'Súplica Cearense', uma das principais interpretações de Luiz Gonzaga, considerada uma das músicas mais pungentes em solidariedade a população que sofre com a seca da seca nordestina.

A apresentação é uma produção do Núcleo de Televisão e Rádios Universitárias da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com roteiro e direção de Helder Vieira e Leonardo Klück. A atração é exibida com janela de acessibilidade, com interpretação em libras.

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Serviço: Especial 100 anos de Gordurinha

Quando: Quarta, 10 de agosto, às 20h30

Onde: TVE e www.tve.ba.gov.br/tveonline

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CAETANO VELOSO COMPLETA 80 ANOS COM A ARTE DE VIVER DO QUE SE GOSTA

Caetano Veloso completa 80 anos neste domingo (7). A festa será um show em família com transmissão ao vivo. Outro presente para o público é uma entrevista exclusiva que você vê no vídeo acima.

Os cabelos já foram encaracolados, longos, curtos, pretos, rebeldes. O jovem senhor Caetano Emanuel Viana Teles Veloso chega aos 80 grisalho e, quase uma unanimidade, mais charmoso.

"Eu não concordo. Vejo minhas fotografias jovem me acho muito mais bonito. Mas se as pessoas acham mais bonito, fico contente", diz Caetano.

O tempo que muda a moldura é o mesmo que segue trazendo calma a cabeça do pensador inquieto.

"Eu me sinto, internamente, muito coerente. E, no entanto, eu já disse coisas que entram em conflito com outras que eu já tinha dito antes. Mas, é porque a vida é difícil, e a realidade é um negócio complexo", afirma o cantor.

O Caetano do mundo partiu de Santo Amaro da Purificação. A cidade nem imaginava que o filho de Dona Canô e do seu José chegaria tão longe.

"Quando eu tinha, sei lá, 9 ou 10 anos, não sei, uma prima minha me levou a uma senhora em Santo Amaro, que era muito famosa por prever o futuro. E essa senhora, dona Dazu, ela disse que eu viveria até os 65 anos. E eu fiquei feliz, porque era uma coisa tão longe", diz.

Quem entendia de futuro mesmo era dona Canô. A mãe de Caetano tinha um olhar atento para a poesia que habitava nas atitudes do filho.

"Caetano era uma criança, ele tinha uma flor chamada Lágrima de Vênus. Ele sentava junto da planta, eu reclamava: 'meu filho, você não vai para porta com os meninos?'. Ele dizia: 'Não, minha mãe, estou vendo a lágrima cair'", diz dona Canô, em 1992.

O menino de sensibilidade apurada cresceu observando o entorno e se lançou pelo vozeirão da irmã mais nova, Maria Bethânia, no Show Opinião, em 1965.

"Ele ter me ensinado a andar, a dar os primeiros passos, e ter me ensinado a música e a escolha, a possibilidade de escolha. Caetano é um príncipe, assim, um príncipe em todas as circunstâncias e situações, para mim", conta Bethânia.

O amigo e produtor musical Nelson Motta estava lá.

"Eu conheci o Caetano no primeiro show da Maria Bethânia como acompanhante da irmã no Teatro Opinião. Ali que fui apresentado a ele, mas, sobretudo, fui apresentado a música dele. O teatro inteiro saiu cantando: 'e foi por ela que o galo cocorocô'. Que lindo, o galo cocorocô. Era diferente da Bossa Nova que se gostava na época, já era outra coisa", diz Nelson Motta.

A Bahia deixou Caetano voar. E ele bateu asas pela vida, fazendo barulho.

Pelo retrovisor do tempo, o tropicalismo. Em décadas de memória, dores nunca esquecidas.

"A prisão, ser preso e ficar preso. Ser preso sem explicação, ser jogado numa solitária e ficar um mês sem que ninguém me dissesse nem por que eu tinha sido preso. Foi o negócio mais desestabilizador. Saí dali para mais 4 meses de confinamento em Salvador e, de lá, para mais dois anos e meio de exílio. Então, eu fiquei diferente, foi difícil", relata Caetano. .

A prisão e o exílio também renderam obras-primas. Na volta ao Brasil, celebração no Teatro Municipal do Rio, ao lado do parceiro da vida, Gilberto Gil.

"Ele tem sido um grande mestre na formação do meu caráter, do meu pensamento, do meu estilo. Compartilhar com ele o tempo-espaço da existência tem sido um privilégio. Meu afeto fortalecido de amigo-irmão é tudo que posso lhe dar de presente no seu aniversário de 80 anos", exalta Gilberto Gil.

O ofício de criar foi deixando a estrada repleta de tesouros, na literatura, no cinema.

A arte de viver do que se gosta. O verbo 'caetanear' foi conjugado em frases lindas, em letras fortes, em refrões atuais e em amores embalados com ternura.

Parece impossível, mas com tantos shows ao redor do planeta, Caetano sabe, exatamente, qual foi o que marcou seu coração.

"Foi um show ao ar livre em Realengo. Eu gostava do show. Nesse dia, ele saiu especialmente lindo e a plateia, vou lhe dizer, foi a mais linda que eu já vi na minha vida", conta.

As conquistas de oito décadas de vida, a maior parte sob os holofotes, vão muito além do que o público e os fãs enxergam. A mais celebrada delas tem nome e sobrenome: Família Veloso. Estar cercado de afeto familiar é o que mantém o coração do nosso aniversariante batendo na frequência do amor e da criatividade.

"O acontecimento mais importante da minha vida adulta foi o nascimento de Moreno. Meu primeiro filho, e fiquei com vontade de ter 10, de tão maravilhoso que isso foi para mim", afirma.

A festa dos 80 anos vai ser com os filhos Moreno, Zeca e Tom e a irmã, Maria Bethânia. Caetano pede um presente especial.

"Eu peço como presente para mim uma contribuição para TV Pelourinho, que é uma organização que há em Salvador de formação de jovens garotos para fazer o que eles estão fazendo aqui, dominar a tecnologia da televisão", explica.

O especial 'Caetano Veloso 80 anos' acontece neste domingo (7), no Rio. Será transmitido ao vivo, simultaneamente pelo Globoplay e pelo Multishow, e uma parte no Fantástico.

"Você vê que é honesto, é simples, é direto, cheio de sucessos, mas, também, essa coisa da família. Então, acho que isso é aquele lugar gostoso de estar, isso que vai ser transmitido para quem estiver assistindo", conta Raoni Carneiro, diretor de gênero de variedades.

O homem que fez a trilha sonora da nossa vida, tem um conselho ao pequeno Caetano, aquele que só queria viver na Bahia.

"Eu acho que encorajaria esse menino: 'pode ficar despreocupado, não se grile demais, porque vai dar para muita coisa mais bonita do que você pensa", completa. (Fonte: Jornal Nacional)

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