MARTINHO DA VILA LANÇA NOVO TRABALHO COM O TÍTULO: MISTURA

Com discografia que totaliza mais de 50 títulos, construída a partir do final dos anos 1960, Martinho da Vila segue com uma verve transbordante e incansável. Do alto de seus 84 anos, ele acaba de lançar um álbum cujo título é a síntese de sua proposta: Mistura homogênea.

Trata-se, como o próprio cantor e compositor aponta, de um trabalho que aglutina diversos convidados, das mais diferentes latitudes, e que cruza ritmos diversos, muitas referências, um espectro amplo de temáticas, crenças e perspectivas.

Ao longo de 13 faixas – que abarcam gêneros que vão do xote ao rap, passando, naturalmente, pelo samba – desfilam, como convidados de Martinho artistas como Teresa Cristina, Zeca Pagodinho, Xande de Pilares, Hamilton de Holanda e Djonga, entre outros. Comparecem, também seus filhos e netos, separadamente em algumas músicas e todos juntos em “Canta, canta, minha gente! A Vila é de Martinho”, samba-enredo que a Vila Isabel leva para a avenida no carnaval deste ano (remarcado para abril), em homenagem ao compositor.

“Eu tinha gravado quatro músicas; uma delas, que canto com a Teresa Cristina, é a ‘Unidos e misturados’, título sugerido pelo meu parceiro Zé Catimba. Esse nome me levou a pensar em mistura”, diz Martinho, sobre o título do disco, evocando memórias do início de sua vida profissional, antes de se tornar um músico conhecido, para explicar o conceito que orienta seu novo álbum: “Quando fiz o curso de auxiliar de química industrial no Senai, para me profissionalizar, tinha essa coisa da mistura homogênea, aquela que não se separa”.

CONVIDADOS: Sobre os convidados especiais, ele diz que boa parte veio por sugestão dos produtores do disco. “Quando delineei o que seria o disco e escolhi o repertório, mandei para o Celso Filho, um amigo que trabalha comigo, que cuida dos meus shows, e para meu filho Martinho Antônio, para eles assumirem a produção. Foram eles que deram a ideia dos convidados”, diz, acrescentando que alguns deles são velhos conhecidos, como Zeca Pagodinho.

Há, contudo, entre as participações, nomes aparentemente distantes do universo de Martinho – caso do mineiro Djonga. “Ele eu não conhecia. Fiz a música ‘Era de Aquarius’, e o Martinho Antônio falou que eu tinha que botar um rap ali no meio, para ficar uma mistura boa. Todo mundo começou a dar palpite e o meu neto Guido, que estava ouvindo a conversa, falou do Djonga. Algumas participações foram gravadas a distância, mas com ele foi junto no estúdio. Ficamos camaradas”, conta.

Martinho destaca que trabalhar cercado pela família — algo que ele faz de forma recorrente — o deixa mais confortável. “Gosto de ter os meus por perto; quase sempre tem um comigo no palco ou no estúdio. Dessa vez eu peguei e botei foi todo mundo, a prole toda”, destaca.

HOMENAGEM: Sobre o tributo que será prestado pela escola de samba da qual herdou o nome artístico e para a qual já compôs diversos sambas-enredo, ele diz ser uma coisa “fora de série”, uma honraria rara em vida. “Estou acostumado a fazer enredos, não a ser o enredo.” Martinho explica que essa homenagem estava prevista para o ano passado, mas ficou guardada, já que, devido à pandemia, em 2021 não teve carnaval.

“Até pensei que eles podiam mudar de ideia, escolher outro tema para este ano. Eu mesmo mudo de ideia quando estou com um projeto de disco e ele demora a acontecer. Mas não, o Edson Pereira, carnavalesco da escola, disse que está de pé, que vai acontecer.”

A história da Vila Isabel quase se confunde com sua própria trajetória. Martinho recorda que quando a escola ainda batalhava para se manter no primeiro grupo, várias pessoas foram convidadas para reforçar seu plantel – ele inclusive.

“Eu estava no começo da minha carreira, mas já era conhecido. O Miro, então presidente da escola, montou um time bom, chamou também o Ernesto, que era diretor de bateria do Salgueiro, e a partir dali a coisa deslanchou. A Vila, para mim, é como uma menina que adotei, ajudei a crescer e depois herdei o nome dela. Estou lá desde 1965, é muito tempo.”

NOVOS FORMATOS: Martinho afirma que Mistura homogênea é, possivelmente, o último trabalho que apresenta no formato de álbum. Para acompanhar as mudanças do mercado e as novas dinâmicas de consumo de música, ele diz que pensou em passar a lançar apenas singles. Paulo Junqueiro, presidente da Sony Music Brasil, gravadora que chancela seu trabalho, tem, no entanto, tentado dissuadi-lo.

“Quando falei dessa ideia, ele me disse: ‘Martinho, nada disso, você tem que gravar disco inteiro, porque fica mais legal, tem um conceito, e a gente pode lançar uma faixa a cada dois meses, como singles’. Gostei da ideia, porque, realmente, é um jeito de manter a coisa do conceito, que acho legal.”

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BRAULIO TAVARES, A SANFONA DE OITO BAIXOS E O CALDEIRÃO DE MITOS

O escritor, poeta, compositor, pesquisador e dramaturgo paraibano Bráulio Tavares publicou em seu blog, no ano de 2029, Blog Mundo Fantasmo, algumas cenas que provocaram composições de músicas.

Bráulio é um dos grandes nomes da literatura e possui em seu currículo diversos prêmios nacionais e internacionais, a exemplo do Jabuti, o APCA de Literatura, o Shell de Teatro e o Prêmio Caminho de Ficção Científica, recebido em Portugal. Também é compositor de diversas canções, a exemplo da música “Caldeirão dos Mitos”, eternizada na voz de Elba Ramalho. 

Em Junho de 2019, o jornalista Marcelo Abreu, Texto para Revista Continente, descreveu que "quem teve a oportunidade de ver a curta temporada de três shows de Braulio Tavares, em 1984, sozinho, acompanhado de um violão em um bar na Praça do Jacaré, em Olinda, não esquece o letrista inspiradíssimo que brincava com a tradição poética popular e com referências cultas e políticas. Tocava com a simplicidade de um menestrel cosmopolita para fazer uma música poética e engraçada, com um pé no regional e outro na contracultura, ainda em voga. Visto dessa maneira, Braulio seria facilmente encarado como a próxima sensação da MPB".

Confira: Tenho visto alguns livros muito interessantes em que compositores explicam como foram criadas algumas de suas canções mais conhecidas, o processo de composição, as circunstâncias, como foi gravada a música...

Tenho alguns volumes da série de Ruy Godinho Então, foi assim? e o livro de Paulo César Pinheiro Histórias das Minhas Canções (LeYa).

Pensei comigo: está aí um bom assunto para escrever de vez em quando, porque mesmo quando as músicas não sejam grande coisa (tem as que são, e as que não são), às vezes a história lança alguma luz sobre processos criativos em si, sobre o meio musical, sobre um momento da História, e tudo isso interessa.

Minha primeira música gravada foi “Caldeirão dos Mitos”, que Elba Ramalho incluiu no seu segundo disco, Capim do Vale (1980). Foi composta, como a maioria das músicas que faço sozinho, em duas fases: primeiro a melodia, depois a letra.

A melodia era muito antiga, era dos anos 1970, quando voltei de Belo Horizonte para Campina Grande e passava o dia inteiro pegado com o violão, redescobrindo o forró e a cantoria de viola. Se bem que essa melodia, especificamente, era anotada em meus caderninhos com o título provisório de “I wanna sing this all together”, verso que misteriosamente se transformou, anos depois, em “Eu vi o céu à meia-noite”.

Esse título não era pra valer, aliás era meio chupado de uma canção dos Rolling Stones, acho que em Their Satanic Majesties Request, mas na época em que fiz essa música eu ouvia muito umas bandas menores, que tocavam no rádio. Uma delas era o Mungo Jerry, com uma canção brincalhona e simpática chamada “In the Summertime”:

https://www.youtube.com/watch?v=fZWsGf0KgQw

Uma pessoa com o mais rudimentar conhecimento musical vai dizer que as duas músicas não têm nada a ver uma com a outra, e este é um dos mistérios da criação artística. Ela se dá por uma cadeia de associações de idéias com saltos tão grandes que na quarta ou quinta parada já não se tem a menor noção de como aquilo começou.

A única coisa clara para mim era que não haveria a tal “segunda parte”, que é uma coisa da MPB e da música fonográfica em geral. Eu queria o modelo da canção folk: estrofe musical única, com sucessivas letras nas mesmas notas. É o modelo “Asa Branca”, é o modelo que o folk-rock norte-americano, Bob Dylan à frente, empregava, bebendo nas canções irlandesas e escocesas trazidas pelos colonizadores.

No São João de 1978 eu morava em Salvador, e não tinha grana para ir passar a festa junina em Campina Grande. Me veio a idéia de fazer uma música falando em São João, mas a primeira frase que me veio à mente foi “o Apocalipse de São João”. (Olha aí como funcionam as associações de idéias!).

Essa imagem me trouxe à mente o céu pegando fogo, a qual de imediato me lembrou uma espécie de trocadilho que eu já tinha usado antes, em mais de um contexto: o fato de que “corisco” quer dizer relâmpago, e “lampião” quer dizer candeeiro, ou seja, duas coisas que produzem clarão dentro da noite. Estava pronta a primeira estrofe:

Eu vi o céu à meia-noite

se avermelhando num clarão

como o incêndio anunciado

no Apocalipse de São João

porém não era nada disso

era um corisco, era um Lampião.

O que faz o compositor preguiçoso? Exatamente o que eu fiz: pega a estrutura da primeira estrofe e a repete, com outros elementos, sem introduzir nenhum conceito novo. O conceito da canção (que eu poderia, se quisesse, ter expandido para 200 estrofes) era: “Eu vi uma coisa assim-assim; não era tal-e-tal-coisa da Bíblia; era tal-e-tal-coisa do Sertão”.

Claro que o conceito não é seguido de forma totalmente rígida, me permiti introduzir aqui e ali uns elementos destoantes (Inglaterra, Paris, Japão), mas é isso mesmo. O dono do poema é o poeta. Ele não precisa obedecer a regra nenhuma, nem mesmo a que ele acabou de criar. Georges Perec, um obsessivo criador de regras, pregava o conceito de “clinâmen”, e dizia: “Crie uma regra super rigorosa, e a obedeça da maneira mais fanática; depois, num ponto escolhido com cuidado, desobedeça essa regra. Produza voluntariamente uma exceção, num ponto onde seria facílimo ter continuado a fazer como antes.”

O primeiro título que dei à música depois de pronta, pegando como deixa a estrutura “eu vi isso, eu vi aquilo”, foi “Visão do Mundo”. Tá vendo como é bom continuar procurando uma segunda idéia?

Toquei essa música em público pela primeira vez em 1979, numa coletiva de compositores baianos no Teatro Castro Alves repleto, na qual entrei por obra e graça de Zelito Miranda, com quem eu estava compondo bastante na época. Eu não tinha coragem de subir no palco, mas ele praticamente me arrastou até o microfone e disse: “Vai, Galo, agora canta essa porra.”

Na primeira versão a música não tinha o “riff” entre as estrofes, que depois ficou característico, o “tãrãrã -- tãrãrã”. Este foi criado algum tempo depois, quando eu estava no Recife ensaiando para um show que fiz com outro parceiro, Zé Rocha. Ele gostava da música mas achava que era meio repetitiva (e é), era preciso dar uma encorpada nela com alguma coisa instrumental e diferente, já que a gente ia tocar com banda. E na hora mesmo do ensaio eu fiz o rasqueado veloz, 3+3 notas, que foi logo incorporado.

Cantei muito essa música em palco de bar e em mesa de bar. Em 1979, Elba Ramalho levou para a Bahia seu show Ave de Prata, no lançamento desse seu álbum de estréia, e se apresentou no Teatro Vila Velha, acompanhada pela Banda Rojão (Zé Américo, Guil Guimarães, Joca, Marcos Amma, Élber Bedaque).

Falou que queria gravar alguma coisa minha. Eu mostrei o “Caldeirão”, ela disse: “Me mande numa fita! É genial, vou gravar com certeza”. (Eu levaria alguns anos para perceber que ela diz isso com toda música minha, mas só grava de vez em quando.)

A música foi gravada para o segundo disco dela pela CBS, Capim do Vale (1980), e acabou sendo a música de abertura do Lado A, uma honra impensável para um compositor desconhecido que estava tendo uma canção gravada pela primeira vez. Ainda mais num disco que trazia Sivuca, Alceu Valença, Zé Ramalho, Pedro Osmar, Elomar...

Quando o disco saiu, toda vez que chegava gente querendo ouvir “o disco novo de Elba”, eu tirava o vinil de dentro da capa e checava toda vez o selo pra ver se meu nome continuava lá.

A  gravação de Elba produziu um arranjo perfeito, com levada de arrasta-pé (que eu chamo de “marcha-quadrilha”), e a ótima idéia de começar com a música “solta”, sem ritmo, somente voz e sanfona se erguendo lentamente em meio às percussões, e só depois a banda atacando completa no “tãrãrã -- tãrãrã”.  E no meio da canção, quando fala “Era um fole de 8 baixos a tocar numa noite de forró”, a intervenção agilíssima de Abdias.

Fonte: Mundo Fantasmo: Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.

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ONU VAI PREMIAR INICIATIVAS PARA REPARAÇÃO DE ECOSSISTEMAS

A Organização das Nações Unidas (ONU) publicou uma chamada para o recebimento de iniciativas que possam ajudar na reconstrução de ecossistemas degradados em todo o mundo. As propostas serão recebidas até 31 de março. Após o trabalho de seleção que será realizado pela entidade, as iniciativas aprovadas serão apresentadas na Assembleia Geral das Nações Unidas, que será realizada em setembro. 

De acordo com o Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma), cerca de 75% das áreas terrestres e 66% dos oceanos estão severamente alterados por um algum tipo de atividade humana. 

Além do Pnuma, a iniciativa também é promovida pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). 

Até o momento, foram recebidas pelos órgãos 80 manifestações de nações interessadas em participar da seleção. Os dez países mais bem qualificados na seletiva receberão como premiação o financiamento para ações de desenvolvimento e o apoio da entidade para criação de campanhas e produtos multimídia. 

A medida é uma das ações da Década da Restauração de Ecossistemas 2021-2030, na qual a ONU conclama a população mundial a proteger e revitalizar os ecossistemas em todo o mundo. 

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XICO BIZERRA E O BAIÃO: DO REINO ENCANTADO DO NOVO EXU ÀS VEREDAS DO RESTO DO MUNDO E ADJACÊNCIAS

“Em dia claro, dos sertões do Ceará, dos sertões de Pernambuco, de muitas léguas avista-se a Serra do Araripe. Percebe-se,  inicialmente, apenas uma linhazinha azulada, de um azul mais carregado, estendida aos pés do céu. A partir desse vislumbre, e em se navegando rumo a ela, a linhazinha anilada vai engrossando, engrossando, até assumir o perfil decorativo do planalto que, silhuetado  contra a linha do horizonte, interrompe o vazio da paisagem”. José Peixoto Júnior (BOM DE VERAS E SEUS IRMÃOS)… DE TABOCA A RANCHARIA, DE SALGUEIRO A BODOCÓ …

Em 1946 foi gravado o primeiro baião, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, por 4 Ases e um Curinga, pelo selo Odeon, cuja letra dizia, “Eu vou mostrar pra vocês / Como se dança o baião …” .Desde então, sessenta anos se passaram. Consta na Certidão de Nascimento do Baião o Araripe como sua terra natal. Não por acaso. Foi lá também que surgiu o seu Rei e inventor, Luiz Gonzaga do Nascimento. Daí, seguiu para o resto do mundo, entronchando e desequilibrando o eixo da MPB e encantando quem o ouve e quem o dança, esse que é o som mais genuinamente brasileiro que existe.

Esse trabalho é uma homenagem, singela diante da dimensão do seu inventor, que prestamos ao Baião. Mais que isso, fomos buscar no Araripe os seus intérpretes, porque eles, mais do que ninguém, são irmãos do baião.

Se perceberá, nesse disco, ao lado do instrumental básico e típico – triângulo, zabumba, agogô e sanfona, a utilização de violas, o que se justifica ante a história do Baião, que se originou da forma especial de os violeiros tocarem lundus na zona rural nordestina.E quem quiser aprender, basta só prestar atenção …XICO BIZERRA, outubro de 2006

*Esse Baião é pra gente sorver em pequenos goles, passando a língua nos beiços e estalando, como quando se bebe uma boa cachaça, envelhecida, forte, daquelas que o sabor da cana de açúcar reflete desde o suor do canavieiro a lhe molhar a face, até o pingar pachorrento do precioso líquido nos alambiques de cobre azinhavrado.

De resto, deixe a poesia invadir sua alma na beleza dos versos que só um iluminado como o poeta Xico Bizerra é capaz de nos  proporcionar. Paulo Carvalho, Médico e Fotógrafo, em Setembro/2006

**Cada época, cada tempo, cada geração e cada recanto desse mundo peculiar é rico, riquíssimo, no surgimento de novas vocações para as artes, para a exaltação do belo e para a celebração, através da transformação da realidade, da luxuriosa fartura que Natureza botou graciosamente à disposição das vistas privilegiadas de nós outros, os cidadãos do Nordeste Brasileiro.

Xico Bizerra é uma cabra malassombrado da bixiga lixa, um doido, um retratista, um cangaceiro romântico, um poeta da gota serena que entope os ares do mundo com a magnificência de suas composições, ricamente emolduradas pelas vozes que as interpretam. É com uma felicidade inominável, com o peito cheio de alegria, que saúdo essa trajetória luminosa e mágica que vai desde o reino encantado de Novo Exu até as fronteiras do resto do mundo e adjacências!

Eita titulação da bobônica. Um manifesto de luz e de beleza, escritinho. Vai cumprir tua sina, Xico, de botar mais beleza nesse mundo e colorir, com tuas músicas, as telas povoadas pelos homens, os cantos, os recantos, os bichos, os matos, as caatingas, as beiradas de praia e os ares dessa Nação Nordestina.

Que a Besta Fubana te bafeje sempre com Sua bem-querença. Luiz Berto, Escritor, em Setembro/2006

***Não sou capaz de identificar nenhuma nota musical (nem no papel, nem no ouvido), não toco nenhum instrumento, tentei sino quando era coroinha e mesmo assim não consegui entrar no compasso. Também não sei dançar. Mas pediu-me Xico Bizerra pra ouvir as músicas do novo disco que está finalizando e, por escrito, lhe dar uma resposta.

Como sou bem mandado, ouvi tudo na condição de velho ouvinte de rádio e ali, Xico e o rádio me transportaram para além daquela serra de onde veio este caririzeiro elegante, porte de guerreiro gaulês, com esperança e sinceridade no olhar, a generosidade transbordando num jovem coração de poeta.

O “REINO ENCANTADO DO NOVO EXU” é o clarear do relâmpago, o ribombar do trovão e a sonora das cachoeiras descendo ladeira abaixo naquele colosso do Araripe, onde tudo deságua no Crato, a nave-mãe de Xico, esse caboclo chamado baião. É nesse “REINO ENCANTADO” que a gente vai acompanhando os passos do poeta nas trilhas dos “FORROBOXOTES” da vida, onde as suas canções nos dão asas de passarinho, para contemplarmos lá de cima a “linhazinha azulada” do seu Araripe.

Generosidade, poesia, melodia, tudo sertanejamente planejado, tudo generosamente dividido com os muitos amigos artistas, e cada um vai pintando, à sua maneira, mais um quadro desse mestre, onde todos nós somos retratados com tudo que temos de mais belo.

É assim que vejo (sempre) Xico Bizerra que não imita e não se parece com ninguém, só com ele mesmo. Deus certamente não se arrependeu, por tudo que lhe deu. A nós outros, resta-nos desejar-lhe vida longa, fazendo o bem e bem fazendo o que tem feito. Valeu poeta! Zelito Nunes, Escritor e Poeta, em Setembro/2006

(Fonte: Textos retirados do sítio oficial de Xico Bizerra, para mais informações, acesse: http://www.forroboxote.com.br) 

Xico Bizerra – Forroboxote 06 – Baião: do Reino Encantado do Novo Exu às Veredas do Resto do Mundo e Adjacências-2006

01. Sobrança de amor (Xico Bizerra) Greg Marinho

02. Jarrim de fulô (Xico Bizerra – Cicinho) Santanna

03. Cortejo de estrelas (Xico Bizerra) Sanfonéia

04. Cavalo do tempo (Xico Bizerra – Beto Hortiz) Tácyo Carvalho

05. Baião vagamundo (Xico Bizerra) Di Jesus

06. Santo São Paulo (Xico Bizerra – Maria Dapaz) Xico Bizerra

07. Matuto (Xico Bizerra) Fuá da Maravilha

08. Baião do sol escondido (Xico Bizerra – Ozi dos Palmares) Miguel Filho

09. Solnacença (Xico Bizerra – Biguá) Flávio Leandro

10. Tangendo a dor (Xico Bizerra) Joãozinho do Exú

11. Jorge da Lua (Xico Bizerra – Maria Dapaz) Joquinha Gonzaga

12. Sementeira da vida (Xico Bizerra) Maria Lafaete

13. Calendário desbotado (Xico Bizerra – Roberto Cruz) Sérgio Gonzaga

14. Senhora do Crato (Xico Bizerra – Bruno Cesar) Reinivaldo Pinheiro

15. Oração do sanfoneiro (Xico Bizerra) Epitácio Pessoa

16. Cria do Araripe (Xico Bizerra) Chiquinha Gonzaga

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FEIJOADA DA NICE E LIVE JOQUINHA GONZAGA EM CASA CAUSOS E CONTOS DO GONZAGÃO

O sanfoneiro e cantor Joquinha Gonzaga vai apresentar uma Live "em casa causos e cantos de Gonzagão", neste domingo (13) de março, às 11hs. Para acompanhar a live é preciso estar inscrito no canal YouTube Joquinha Gonzaga Oficial. A produção da Live é de Sara Gonzaga, filha e produtora do cantor.

Você pode contribuir depositando qualquer valor quantia via  PIX telefone 87999955829 

Novidade:  A Feijoada da Nice, no valor de R$12,00 reservas 87996770618. É a pedida para Você viver a saudade do encontro Feijoada do Joquinha Gonzaga.

Joquinha Gonzaga é o mais legítimo representante da arte musical de Luiz Gonzaga.  Ele é neto de Januário e sobrinho de Luiz Gonzaga. João Januário Maciel, o Joquinha Gonzaga é hoje um dos últimos descendentes vivos da família. Dos nove filhos de Santana e Januário, todos eles, ja "partiram para o Sertão da Eternidade".

Joquinha Gonzaga vai completar 70 anos, no próximo dia 01 de abril e reside atualmente em Exu, Pernambuco, no pé da serra do Araripe, como ele costuma dizer ao receber os amigos. 

Nesse contexto, a live de domingo, 13 de março,  além de ccontribuir com Joquinha Gonzaga vai proporcionar um encontro com os amigos, admiradores, pesquisadores da cultura mais brasileira, a oportunidade de ouvir também  o puxado da sanfona  e a voz de Joquinha, com o seu canto, histórias e causos. 

Além de sobrinho do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, Joquinha é neto de Januário (afamado tocador de 8 Baixos) e ainda tem como tios os Mestres da Sanfona, Zé Gonzaga, Chiquinha Gonzaga (tocadora de sanfona 8 Baixos) e Severino Januário.

Detalhe: Joquinha Gonzaga também é tocador de sanfona de 8 baixos, um instrumento quase em extinção no cenário musical cultural brasileiro e também por isto um dos aspectos que faz Joquinha merecedor de admiração e respeito dos seguidores do seu tio Luiz Gonzaga.

Contato para shows de Joquinha Gonzaga: WhatsApp (87) 999955829 e (87)996770618.

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DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA SEGUE AUMENTANDO E CRESCE 22% EM FEVEREIRO, DIZ INPE

Após bater recorde histórico no último mês de janeiro, o desmatamento na Amazônia registrou, em fevereiro, mais um aumento em comparação ao mesmo período em 2021. Segundo o balanço parcial do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o percentual de devastação no último mês é 22% maior do que o de fevereiro do último ano.

O Inpe mostra que, até 25 de fevereiro de 2022, o desmatamento da Amazônia já somava 149,88 km². A extensão é a segunda maior para um mês de fevereiro desde 2016, perdendo apenas para os alertas de 2020.

Um novo estudo publicado pela Nature — uma das revista científica mais tradicionais do mundo — concluiu que o avanço da devastação da floresta amazônica e demais mudanças climáticas desenfreadas estão causando secas severas e incêndios florestais na zona de transição entre a Amazônia e o Cerrado. A pesquisa também comprovou que, nas últimas décadas, a Amazônia teve um aumento significativo da seca e aquecimento — o que, ironicamente, prejudica o agronegócio.

Não é de agora que o aumento no desmatamento tem preocupado. Comparado ao mesmo mês em 2021, janeiro registrou um aumento de mais de 400% na devastação da floresta amazônica.

22,5% da área com alertas de devastação entre 1º e 21 de janeiro de 2022 se concentraram nas florestas públicas não destinadas, que são o principal alvo de de grilagem de terras.

Na última quarta-feira (9), milhares de pessoas se reuniram em frente ao Congresso, em Brasília, contra projetos que afetam meio ambiente e povos indígenas. A manifestação foi organizada por Caetano Veloso e outros artistas, além de ativistas das causas.

Os presentes no "Ato pela Terra contra o pacote da destruição" protestaram contra cinco projetos, em tramitação no Parlamento, que modificam leis ambientais e prejudicam tanto o meio ambiente quanto os povos indígenas.

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REDE MULHER DA BAHIA REALIZA LIVE EM DEFESA DOS FEMINISMOS E DA AGROECOLOGIA

Em celebração ao Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 08 de março, a Rede Mulher Território Sertão do São Francisco da Bahia realizará, no próximo sábado (12), uma live "em defesa dos feminismos e da agroecologia".

 A atividade, que será transmitida a partir das 15h pelo aplicativo Zoom, conta com a participação da professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Letícia Jali, e das agricultoras Maria Neide Gomes e Luciana Ferreira.

A live, que tem como principal foco debater a respeito dos feminismos e da agroecologia na região baiana do Vale do São Francisco, abre espaço para que as convidadas falem sobre suas experiências e expectativas enquanto mulheres no geral e também dentro da pauta agroecológica. Além disso, a Rede fará um breve histórico sobre a sua atuação na região.

Para a coordenadora territorial, Jaciara Ladislau Leobino "O dia internacional da mulher também é dia de conscientização e lembrança sobre a luta das mulheres. Luta essa, que continua em todos os aspectos que circundam as nossas vidas enquanto mulheres. Queremos um mundo melhor, mais justo para nós. Queremos também um mundo onde haja soberania da agricultura familiar, agroecológica e que respeite o meio ambiente e as nossas existências".

Para acompanhar a atividade basta acessar o link:

https://us02web.zoom.us/j/83545024659?pwd=WUJCL2ltWGtWczJaL1FkYmh1bkFZZz09

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