COM A CHEIA DO RIO SÃO FRANCISCO CACHOEIRA DE PAULO AFONSO VOLTA A TER QUEDA D´AGUA

"Paulo Afonso foi sonho que já se concretizou...Ouço a usina feliz mensageira

 dizendo na força da cacheira o Brasil vai"...Paulo Afonso que coisa louca uma cachoeira rouca de gritar aos engenheiros do Pais, mas hoje escutaram o seu grito você ta fazendo bonito e o povo do norte ta feliz...

A cachoeira de Paulo Afonso, no semiárido baiano, ganhou a atual denominação no século 18. Ela é formada por um conjunto de quedas d’água que podem alcançar 80 metros de altura, na zona turística Lagos e Cânions do Rio São Francisco.

Com a chegada na região da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), em meados do século 20, para utilizar o potencial do rio na geração de energia, a cachoeira passou a ficar visível de acordo com o funcionamento das comportas das usinas da empresa.

Agora, após 12 anos, a cachoeira de Paulo Afonso pode ser admirada novamente por moradores da região e turistas. Isso foi possível por causa da cheia na bacia hidrográfica, que provocou a abertura das comportas e, consequentemente, o ressurgimento das quedas d’água.

“Esse era um momento muito esperado no município. Estamos realizando o sonho de ver as águas correndo de novo. Temos o renascimento de um cartão-postal emblemático, que foi visitado pelo imperador Dom Pedro II e inspirou versos do poeta Castro Alves “, relata o secretário de Turismo, Indústria e Comércio de Paulo Afonso, Nino Rangel.

Com a volta da atração turística, a visitação ao Parque da Chesf foi ampliada, em parceria com a prefeitura, seguindo protocolos sanitários e reforço nas medidas de segurança contra acidentes. As informações sobre o passeio estão disponíveis nos sites da Chesf e da Prefeitura de Paulo Afonso.

“Que alegria ter a volta do espetáculo das águas em Paulo Afonso, durante o verão. O Governo do Estado está em contato com a prefeitura e a Chesf, para a realização de ações conjuntas que fortaleçam esse segmento turístico na região do São Francisco”, comemorou o secretário estadual de Turismo, Maurício Bacelar.

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ELIS: SUA VOZ AINDA REVERBERA 40 ANOS DEPOIS

Há exatamente 40 anos, o dia 19 de janeiro, caiu numa terça-feira. De férias estudantil,  ainda adolescente, estava no Recife. Naquele início de tarde, ainda lembro que enquanto aguardava o almoço, a então apresentadora do Jornal Hoje, Leda Nagle, abria o telejornal com a notícia da morte, aos 36 anos, de uma das maiores cantoras dos país:  Elis Regina Carvalho Costa, “a pimentinha” como batizou Vinícius de Moraes. A cantora que saia muito jovem do Rio Grande do Sul levando na bagagem o sonho de conquistar o Brasil com sua voz, se retirava de cena poucas horas após tomar café da manhã com os três filhos crianças.

Naquele ano de 1982, o país se animava pela seleção na Copa do Mundo, e ainda  transpirava na estrada estreita e torta dos anos de chumbo sob o comando dos militares que Elis  tanto combateu  chamando-os, anos antes, de “gorilas” em entrevista na Europa. Ao voltar teve de se explicar aos generais. Dois anos antes, sua voz invadia as rádios com a canção O bêbado e o equilibrista (João Bosco/Aldir Blanc) o hino da anistia que ela abraçou com garras afiadas engrossando o coro da luta pelo fim da censura ainda vigente e a reabertura política.

Até sua partida, conhecia pouco a trajetória da cantora senão as icônicas interpretações de Arrastão, Fascinação, Como nossos pais, Velha Roupa Colorida, Alô alô Marciano, Aprendendo a Jogar e Me deixas Louca. Passado quatro décadas o que dizer de Elis?  Uma mulher baixinha que se agigantava no palco e sabia separar a artista da dona de casa. Ela pilotava a carreira e o fogão com maestria. Por sua liberdade e dos mais próximos, derrubava muros, labirintos e preconceitos.

A cantora era ilimitada no seu amor pela arte, assim como no lado temperamental de seus relacionamentos.  No final da década de 1970, soltou os cachorros numa cadeia pública exigindo acesso à cantora Rita Lee. E olhe que não tinha aproximação com a roqueira, presa por porte de maconha. Elis fez escândalo ameaçando chamar a imprensa em defesa da colega que estava grávida.

No terreno musical, Elis foi plural, versátil e até controversa. Passou pela maresia da Bossa Nova, pelos ícones do samba canção (leia-se Cartola, Adoniram Barbosa, Lupcínio Rodrigues) flertou com o sertanejo de raiz ao fazer o Brasil cantar Romaria (Renato Teixeira). Na rota dos movimentos brigou contra as guitarras, mas bebeu nas canções da Jovem Guarda de Roberto/ Erasmo. Quando tentava a carreira, recém-chegada ao Rio, foi menospreza por Tom Jobim, mas anos depois deu o troco e dividiu com o autor de Água de Março um dos discos mais elogiados na MPB.

Elis tinha ouvido gigantes e abria portas para o novo. Com sua voz instigante, carimbava o passaporte para aqueles autores que ainda estavam verdes. Assim o fez com Gilberto Gil, Edu Lobo, Milton Nascimento, Ivan Lins, João Bosco. Na safra artística do Nordeste dos anos 1970, festejou a chegada de Fagner e Belchior, a quem emprestou seu timbre para as primeiras canções de sucesso dos cearenses. Já na virada dos anos 1980, apostou em Guilherme Arantes com quem teve um affair e gravou dele um Aprendendo a jogar.

Temperamental e às vezes desbocada, Elis não levada desaforos para casa. Na fumaça dos anos de chumbo, chegou a ser enterrada viva em uma charge do jornal O Pasquim por ter cantado para os militares, evidentemente sob pressão por conta do acerto de contas do caso dos “gorilas”. Engasgada, foi tomar satisfações com o cartunista Henfil, irmão do sociólogo Betinho – aquele que ela cantou esperançosa em O Bêbado e o equilibrista (a volta do irmão de Henfil). O papel político da cantora/cidadã sempre esteve forte em suas opiniões e nas canções. Mas só veio contextualizar em espetáculos clássicos como Falso Brilhante e Transversal do Tempo, dos anos 1970.

E foi justamente no Recife, que Elis se jogou sem medo das consequências em um episódio político, envolvendo o arcebispo Dom Helder Camara e o então estudante universitário Edval Nunes da Silva – o “Cajá”. Elis Regina, que passava pelo Recife durante a turnê do show Transversal do Tempo, o mais politizado de sua carreira, com viés de resistência e transgressão.

Cajá foi sequestrado em 12 de maio de 1978 sob monitoramento do (DOI-CODI). Capturado, foi levado para a sede da Polícia Federal onde foi torturado e mantido em solitária por 12 meses. A prisão ganhou as páginas dos jornais, resultou em protestos de universitários e provocou ruídos no gabinete do comando militar. Para surpresa dos jornalistas e dos familiares do estudante, um novo desdobramento chegou a desafiar a ira do governo que foi o envolvimento da cantora, já visada pela censura.

Aos desembarcar no Aeroporto dos Guararapes, a cantora manifestou o desejo de conhecer e se encontrar com o arcebispo Dom Heldet Camara. Depois se ofereceu para cantar na via-sacra celebrada na Matriz de São José, no Forte de Cinco Pontas, em favor de Cajá. Depois da celebração, houve a encenação das estações do martírio de Jesus Cristo, acompanhado de cânticos religiosos, orações e momentos de silêncio dos fiéis.

Elis Regina acompanhou os cânticos da estação do martírio e pouco falou à imprensa. No primeiro dia da apresentação ela dedicou seu show ao estudante preso, que naquele momento poderia estar vivendo momentos de tortura física e psicológica. No segundo, driblou a censura fingindo chamar o baterista da sua banda que estava na plateia para subir ao palco: “Vem cá, já. Não posso começar o espetáculo sem você”. Foi aplaudida de pé pelo público.

Depois de cantar na via-sacra promovida pela libertação de Cajá, Elis declarou que queria conhecê-lo pessoalmente. Como o estudante estava detido, lhe encaminhou uma carta escrita à mão, em um papel timbrado do hotel onde estava hospedada.  Combinou de recebê-lo em São Paulo, mas o tempo ao permitiu. “Estou rezando por você e confio no futuro e na justiça. Ainda iremos nos encontrar. Muita força e muita paciência meu irmão”.

Faz 40 anos que a MPB ficou orfã da presença fisica de Elis. Mas ela segue eternizada na arte disponível em discos, documentários, clipes, filme e biografias. Complexa, erudita, clássica e popular até certo ponto, Elis foi e permanece fundamental na história da música brasileira. Se viva fosse ainda fazia barulho no cenário politico.

*Emanuel Andrade Jornalista, professor universitário e pesquisador de música brasileira

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"MUITA ÁGUA. É A CONSTRUÇÃO DE UM FALSO FRAGELO QUE LEGITIMA A GESTÃO PREDATÓRIA DO QUE SOBRA DO RIO SÃO FRANCISCO", ALERTA JORNALISTA

Alerta: "Muita água. É  a construção de um falso flagelo que legitima a gestão predatória do que sobra do rio São Francisco", diz jornalista.

A Canoa de Tolda e o InfoSãoFrancisco lançam proposta e convidam as pessoas do Baixo São Francisco ou de passagem a participar de elaboração de foto reportagens colaborativas: uma tentativa de resposta à enchente de fake news que insistentemente inundam as margens, cabeças e mentes.

Desde o dia 16 de janeiro, o rio São Francisco (no seu trecho Baixo) volta a ter as mesmas vazões da regularização anterior a 2012 (cerca de 2.000 m³/s – dois mil metro cúbicos por segundo), antes da brutal redução das águas por imposição do setor elétrico em 2013, não considerando os picos de vazão ocorridos até o presente.

Essa pequena subida das águas produz uma situação temporária, porém consideravelmente simbólica.

As águas que correm entre Xingó e o oceano terão o volume que até então era aquele que vinha sendo mantido desde 1979/80 com a construção da UHE Sobradinho até o final de 2012. Ainda que regularizado, sem cheias, o Velho Chico contava com um pouco mais de água.

No entanto, em relativamente pouco tempo e graças, sobretudo, à veiculação desconstrutiva de informações sem qualquer valor pelas diversas mídias sociais na internet, a população do Baixo São Francisco vem apagando de sua memória o que era o rio “normal” (para os padrões da regularização), com um volume de água consideravelmente maior do que aquele hoje em vigor.

A borracha na memória também contou com o desserviço promovido por veículos de comunicação que, infelizmente, não produzem suas matérias em evidências, dados científicos e/ou oficiais ou ainda em informações factuais devidamente comprovadas.

Vamos lembrar que, com a retirada, pelo Comitê da Bacia, da vazão mínima de 1.300 m³/s do Plano de Bacia do Velho Chico, a vazão mínima, exatamente com almejava o setor elétrico, foi reduzida para 700 m³/s pela ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico com a Resolução 2.081/2017 e pelo IBAMA na renovação da LO – Licença de Operação da UHE Xingó.

A sociedade, lamentavelmente, se silenciou, se curvou e incorporou ao seu dia a dia as vazões indignas de ainda menos água, chegando a patamares de 660 m³/s, o que, em 2017, era uma situação completamente anormal e provocava indignação. Não mais.

Esse lamentável cenário fez com que o enquadramento, por parte da sociedade, de que qualquer modificação da vazão algo mais elevada, fosse equivocadamente percebida como “muita água”, o que de fato não é.

Um possível incremento da vazão em nada extraordinário passou a ser considerado como prejudicial.

A visão catastrófica é propagada para demais regiões do Brasil e favorece, tão somente, o predatório modelo de gestão das águas e território que se vê fortalecido para manter retidas as águas que passam a ser “uma bagaceira”, no falar local.

A profusão de imagens de ocupações irregulares no leito e planície de inundação do rio em situação de alagamento também favorecem a montagem do cenário: é a construção de um falso flagelo que legitima a gestão predatória do que sobra do rio São Francisco.

Não esquecer: quando Xingó opera com as seis máquinas (cada qual necessita de 500 m³/s de vazão), a vazão no Baixo fica algo acima de 3.000 m³/s, o que não é uma cheia.

Portanto, é importante refletir sobre a diferença desse valor e o máximo que será praticado a partir do dia 24, de 4.000 m³/s. Seria de fato uma cheia ou uma água “encorpada”?

Tema: As Águas de 2022: A partir das considerações sobre a perda da Memória das Águas, o InfoSãoFrancisco e a Canoa de Tolda estão promovendo uma série de fotorreportagens colaborativas no Baixo São Francisco, onde o objetivo é a captura e publicação de imagens da vida e do panorama ribeirinhos em três situações onde o espelho d’água entre Xingó e a foz terá um “de retorno ao passado” anterior a 2012.

Um elemento do passado no presente (a configuração das águas) onde é indispensável o entendimento crítico de que significa uma vazão maior em um rio completamente detonado: são 42 anos de passivo da construção de Sobradinho e todas as demais intervenções no Velho Chico.

As foto reportagens buscam apresentar prioritariamente, o registro da visão das pessoas da região ou daquelas que por aqui se encontram nesse espaço temporal.

Serão três momentos/temas básicos para a produção das imagens nesta primeira edição do O Baixo pelo Baixo :

Baixo São Francisco 2.000 – Vazões que ocorrerão entre  dia 16 e a manhã do dia 18. Atenção: as vazões deverão chegar à região de Penedo e Neópolis em torno de 30/48 horas, aproximadamente.

Baixo São Francisco 3.000 – Vazões que ocorrerão nos dias 20 e 22. Atenção: as vazões deverão chegar à região de Penedo e Neópolis em torno de 30/40 horas, aproximadamente.

Baixo São Francisco 4000 – Vazões que ocorrerão partir do dia 24. Atenção: as vazões deverão chegar à região de Penedo e Neópolis em torno de 25/30 horas, aproximadamente.

Assim, estamos convidando pessoas de qualquer idade (desde que possam produzir suas imagens) que tenham motivação para documentar, nessas datas acima mencionadas, seus lugares, suas movimentações pelo rio, margens, povoações, cidades, conversas com outras pessoas, suas visões e interpretações de tais momentos registrados.

Umas poucas regras:

1- Todas as imagens deverão conter o rio São Francisco;

2- Poderão ou não ter legenda e, neste último caso, procurando o mais sintético possível. É interessante, se não houver legenda, apenas a localização.

3- As fotos, em cor ou preto e branco, deverão ser acompanhadas pela data e o nome de como a pessoa deseja ser identificada.

4- As fotos (com celular ou câmera fotográfica) deverão ter qualidade máxima para que possam ser ajustadas ao sistema do site. Não serão feitos quaisquer cortes, respeitando integralmente o formato enviado capturado.

5- Nesta primeira edição, serão recebidas até 10 (dez) fotos por fotógrafa(o), para seleção e incorporação à publicação (entre 20 a 24 fotos);

6- As fotos deverão ser encaminhadas como anexos para o e-mail: canoadetolda@canoadetolda.org.br

Pedimos a compreensão das ribeirinhas e ribeirinhos fotógrafos pois talvez nem todas as imagens sejam publicadas nesta primeira edição.

Explicando: as imagens serão selecionadas pela nossa editoria de modo a garantir, além do espaço democrático, uma boa qualidade das fotos que irão para a publicação. No entanto, caso tenhamos imagens em quantidade e com produções que sejam consideradas relevantes, poderão ser organizadas outras matérias em mais partes da foto reportagem.

De acordo com o resultado desta primeira edição, o espaço será permanente no InfoSãoFrancisco.

A Canoa de Tolda e o InfoSãoFrancisco contam com a participação de todas e todos. FONTE: Carlos Eduardo Ribeiro Jr-Canoa de Tolda e o InfoSãoFrancisco


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VISITAÇÃO PARA O SERTÃO VIROU MAR COMEÇA NESTA QUARTA-FEIRA (19)

Começa nesta quarta-feira (19) a exposição "O Sertão virou mar", do potiguar Sérgio Azol. A mostra, que ficou um tempo no Rio de Janeiro, chega ao Recife e será montada no Cais do Sertão, na sala São Francisco.

Com 53 imagens produzidos no Rio Grande do Norte, Pernambuco, Sergipe, Alagoas e Bahia, as fotomontagens referenciam o sertão de ''modo metafórico'' do que seria a sua realidade. 

“Procuro ajudar o observador a embarcar numa jornada para o sublime. O mar é uma metáfora utópica para a criação de um sertão que é o contraponto da sua realidade. As fotografias produzidas apresentam fragmentos do real que se impregnam de múltiplos significados e sentimentos, se tornam plurais, transformadas pela provocação que se faz à imaginação.'', conta o artista visual Azol.

''Caatinga, seca, a rudeza e a aspereza dos ambientes registrados são transformados em novas realidades, aquelas que, em nosso inconsciente, as chuvas poderiam revelar: abundância, esperança, fertilidade. O mar é água, é a força transformadora do sertão; nos convoca à construção de uma possível existência”, pontua Sérgio.

O evento, que tem curadoria do jornalista e crítico de arte Marcus de Lontra Costa, segue até 19 de março. Para visitar, o público deverá apresentar o passaporte vacinal, além de seguir os protocolos contra a Covid-19, como o uso de máscara e higienização das mãos, além do distanciamento social no local. 

“Estamos muito felizes em receber a primeira exposição do ano no Cais, e ainda mais por ela se relacionar com o Sertão, esta região que é tão bem representada no acervo do museu, que inspira todo o projeto e concepção do equipamento”, frisa o secretário de Turismo e Lazer, Rodrigo Novaes.

Serviço: Exposição “O Sertão Virou Mar” .  Onde: Cais do Sertão Quando: 19 de janeiro a 19 de março. De quinta a domingo, das 10h às 16h.  Ingresso: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada)



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CHESF VOLTA A ALERTAR ALTERAÇÕES DE VAZÃO E DAS CONDIÇÕES DE CHEIA NO VELHO CHICO

Cerca de 33 prefeituras de municípios ribeirinhos do Submédio e Baixo São Francisco foram contatadas e alertadas pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) sobre as alterações de vazão e das condições de cheia no Velho Chico. 

O objetivo é que os gestores municipais e defesas civis fiquem em alerta devido ao aumento do nível do rio que vem ocorrendo desde o dia 12 de janeiro de 2022.

A Chesf está procedendo operação de controle de cheia no Rio São Francisco a partir do maior reservatório do Nordeste, Sobradinho (BA), e divulgou, com antecedência, o aumento da vazão, com abertura de comportas (vertimento), para que as autoridades municipais pudessem se organizar, dentro da agilidade necessária para a situação.

As águas estão sendo liberadas para aguardar o grande volume de chuvas que estão caindo no Alto São Francisco este mês e tendo em vista que o período úmido se estende até abril. 

“O Operador Nacional do Sistema Elétrico, o ONS, declarou regime de cheia na Bacia do Rio São Francisco e, dessa forma, temos que atuar com regras específicas, aguardando chegar mais água, pois ainda há   chuvas acontecendo em Minas Gerais. 

A previsão é Sobradinho, nosso maior reservatório, alcançar 75% de armazenamento no fim de janeiro”, informou o diretor de Operação da Chesf, João Henrique Franklin.

Além de ter contatado prefeituras e defesas civis municipais, a Chesf vem dando ampla divulgação sobre as vazões programadas, informando que desde o dia 12, vem aumentando a liberação de água dos reservatórios em 500 metros cúbicos por segundo (m³/s) a cada dois dias. No dia 24, as usinas hidrelétricas de Sobradinho (BA) e Xingó (AL) estarão liberando 4.000 m³/s.

Por não haver vazão nesse patamar há 12 anos, a Chesf divulgou para autoridades, imprensa e publicou no seu site informações sobre as localidades onde há pontos sensíveis a vazões a partir de 2.500 m³/s, para que a sociedade e os órgãos públicos competentes façam o acompanhamento e tomem medidas para garantir a segurança.

Confira as cidades ribeirinhas já contatadas pela Chesf:

Baixo São Francisco: - Penedo-AL  - Pão de Açúcar-AL  - Belo Monte - AL - Olho D’Água do Casado-AL - Porto Real do Colégio-AL  - Piaçabuçu-AL  - Piranhas-AL  - São Brás-AL  - Igreja Nova - AL - Traipu - AL  - Propriá - SE  - Amparo do São Francisco - SE - Brejo Grande - SE  - Canhoba - SE - Canindé do São Francisco - SE  - Gararu - SE  - Ilha das Flores - SE  - Monte Alegre de Sergipe - SE - Nossa Senhora de Lourdes - SE  - Nossa Senhora da Glória -S E  - Neópolis - SE  - Poço Redondo - SE - Porto da Folha - SE  - Telha - SE 

-*Submédio São Francisco: - Petrolina - PE  - Belém do São Francisco - PE  - Cabrobó - PE  - Floresta - PE  - Lagoa Grande - PE  - Santa Maria da Boa Vista - PE  - Juazeiro - BA  - Curaçá - BA  - Paulo Afonso - BA

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UMBUZADA DO SERTÃO GANHA REFERÊNCIA NA REGIÃO DE JUAZEIRO E PETROLINA

Enquanto milhares de empresas fecham as portas mundo a fora, um casal usa da ousadia empreendedora e aposta no sabor do umbu como marca para o Nordeste, em especial Petrolina, Juazeiro e região. Trata-se da Umbuzada do Sertão. A umbuzada é um alimento muito apreciado no nordeste brasileiro. 

A ideia da fabricação da Umbuzada surgiu com Adriana de Araújo Silva Brito e Edilson André. Eles são de Recife mas moram na região desde 2013. Adriana revela que a umbuzada surgiu "quando ela começou a fazer na roça depois que aprendeu com uma vizinha na zona rural". 

"Comecei a fazer a Umbuzada cem porcento natural e os elogios, pedidos foram aumentando. O sabor chamou a atenção de quem consumia e então resolvemos fazer o empreendimento. Umbuzada do Sertão", contou Adriana.

A Umbuzada do Sertão promove a alimentação saudável envolve mais que a escolha de alimentos adequados, relacionando-se com a defesa da biodiversidade de espécies, o reconhecimento da herança cultural e o valor histórico do alimento, além do estímulo à cozinha típica regional, contribuindo, assim, para a valorização das tradições e o prazer da alimentação. 

A árvore Umbuzeiro é considerada sagrada no sertão. O umbu faz parte do cancioneiro de Luiz Gonzaga, uma árvore no meio da caatinga do sertão, porém todos que a conhecem bem sabem que com chuva ou sem chuva, ela estará totalmente verde e cheia de flores pronta para produzir seu delicioso fruto. 

Com trabalho e determinação o casal Adriana e Edilson buscou a profissionalização do empreendimento. Com orientações técnicas do Sebrae hoje eles já fazem entrega da Umbuzada através de pedidos.

Com a comercialização da Umbuzada do Sertão, os sertanejos ganham a oportunidade de ter uma alimentação saudável e desfrutar de uma rica variedade em recursos naturais, cultura alimentar, a singular culinária incorporada a tradição.

Detalhe: Adriana revela também que existe a umbuzada feita especialmente para os adeptos das academias, a geração Fitness, aqueles que buscam "estar em boa forma física", o que práticam de atividade física e se refere ao bom condicionamento físico ou bem estar físico e mental.

O umbu é considerado uma fonte de vitamina.

"O patrimônio culinário nas receitas tradicionais, faz parte da memória afetiva, do registro, da transmissão oral de nossa herança cultural que convive com a modernidade. A umbuzada do sertão tem essa característica. Valorizar uma agricultura mais sustentável,

mantendo o equilíbrio do ambiente e respeitando o conhecimento local, é fundamental para o sucesso do empreendimento", diz Adriana.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de umbu, em 2020, foi de 5,4 mil toneladas, representando 57% do total do país, sendo destaque nacional. Na Bahia, a produção é resultado de um extrativismo sustentável, que proporciona renda para milhares de famílias.

SERVIÇO: Contato Umbuzada do Sertão. WhatsApp 87981034781 e @umbuzadadosertão

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AGROFLORESTA SERÁ TEMA DE CURSO NA SERRA DOS PAUS DÓIAS EM EXU PERNAMBUCO

Na chapada do Araripe, no município de Exú, Sertão de Pernambuco, o casal Vilmar Lermen e Silvanete Sousa construiu um local para bem viver com seus quatro filhos. Em uma área de um pouco mais de 10 hectares, no sítio Serra dos Paus Dóias, o casal optou em trabalhar com os Sistemas Agroflorestais (SAFs) para recuperar a terra, transformando-a em uma área produtiva e bonita. 

Este trabalho é a agroecologia pode ser uma boa alternativa para a agricultura familiar. Nos próximos dias 21, 22 e 23, será realizado o Curso Agrodóia Agroflorestando. Durante a programação terá a partilha de sementes. O evento acontece na Serra dos Paus Dóias.

Em 2019, No Dia Nacional da Caatinga, 28 de abril, A Agência Eco Nordeste lançou uma campanha pela valorização do bioma. Experiências com características de Empreendedorismo, Inovação e Sustentabilidade; em ações individuais, coletivas; públicas e privadas têm destaque na campanha Ecos do Bioma Caatinga. 


A reportagem destacou o exemplar trabalho do agricultor familiar Vilmar Luiz Lermen, no município de Exu, Sertão do Araripe (PE), onde cultiva uma Agrofloresta.

Paranaense, filho de agricultores, há 23 anos residente no Estado de Pernambuco, sendo 16 anos no município de Exu, no Sertão do Araripe, onde cultiva uma agrofloresta exemplar. Trabalho apoiado por Paulo Pedro de Carvalho, agrônomo e coordenador geral do Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e às Instituições Não-Governamentais Alternativas (Caatinga). Ele vive em Ouricuri, mas atua em todo o Sertão do Araripe. Agrofloresta é a praia de ambos e um exercício de transformação na relação com a terra que ainda não está muito disseminado pelo Semiárido, mas que faz diferença onde passa.

Vilmar conta que tanto seu pai quanto sua mãe vieram de famílias agricultoras. Mas, depois de tentar a sorte com uma serraria, o pai faliu. Foi quando conheceu o Movimento Sem Terra (MST) e veio para o Nordeste participar de um encontro, se apaixonou, casou com Maria Silvanete não retornou. Militou no MST, trabalhou no Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá, cursou Pedagogia, se especializou em Geografia e, finalmente, comprou uma terra em Exu e vem cultivando sua própria agrofloresta ao lado da esposa, na Serra dos Paus Dóias, em cima da Chapada do Araripe.

Ele faz parte de Associação dos Agricultores (as) Familiares da Serra dos Paus Dóias (Agrodóia), que trabalha com Sistemas Agroflorestais; Sementes Crioulas; beneficiamento de frutas nativas (extrativismo) e cultivadas; e abelhas nativas e africanizadas, com uma inserção social no território do Araripe. Participa também do Conselho da Área de Proteção Ambiental (APA), Conselho de Turismo e Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável do Município. É sócio do Centro Sabiá e diretor do Caatinga e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Exu.

Na propriedade, tem duas cisternas de 76 mil litros e fogão geoagroecológico. Na Associação, tem cisterna de 76 mil litros, jardim filtrante adaptado, fossa séptica, biodigestor, biofertilizante e agroindústria, onde são fabricados doces, geleias, licores, óleos essenciais e mel. Tudo isso fez com que a propriedade se tornasse um modelo a ser mostrados aos inúmeros visitantes que o casal recebe.

Para Vilmar, as vantagens do Sistema Agroflorestal Agroecológico começam pela conservação do solo e ambiente como um todo. Ele conta que, nas primeiras semanas, se investe em culturas de ciclo curto, que podem ser plantados simultaneamente com milho, árvores e raízes, além de forrageiras adubadoras de solo.

“Quase todas essas plantas produzem alguma flor e pólen para as abelhas, o que garante alimento, renda, e, no tempo e no espaço, o agricultor vai fazendo a sucessão vegetal. As árvores vão crescendo junto com esse sistema. Uma floresta nativa tem mais ou menos 300 anos. No Sistema Agroflorestal você faz isso em mais ou menos 30 anos, inclusive na própria Caatinga”, garante.

Vilmar lembra que, ao longo dos últimos 35 / 40 anos, o agricultor e pesquisador suíço Ernst Götsch radicado na Bahia, sistematizou, pesquisou, experimentou muitos destes sistemas, em diversos lugares do mundo, e foi passando em vivências, intercâmbios e cursos.

“Hoje tem muita bibliografia já testada pela academia que faz com que a família agricultora tenha alimento no período de chuva e de seca, tenha trabalho o ano inteiro, embora seja um pouco mais intenso na chuva porque é quando se planta a maioria dos cultivos. Mas na estiagem ainda tem trabalho, que ocupa a família, tem harmonia entre o sistema de acumulação e abundância numa estratégia que pode ser alimentar e de renda. Geralmente a família agricultora prioriza a alimentação e o excedente vai para as feiras agroecológicas e programas como PAA e Pnae“, explica.

A Academia, segundo o agricultor agroflorestal, vem ajudando a sistematizar a fornecer elementos técnicos e, com organizações, fazem assessoria e abrem caminhos junto às agências de financiamento / bancos oficiais para quem tem interesse em investir, baseado na experiência acumulada.


“Também tem sido feito um trabalho coletivo com o IBGE, a Conab, a Embrapa, para o zoneamento agrícola, para entrar no Censo Agropecuário, na lista dos preços mínimos da Conab, já que até então esses produtos eram considerados incipientes para a economia, porém, em alguns lugares do Semiárido são essenciais num extrativismo que depois passa para um cultivo dentro do Sistema Agroflorestal, com o solo protegido, presença da água. Isso dá uma segurança alimentar e hídrica para a família, fornece produtos para o ecossistema e para animais domésticos e silvestres. Quando a madeira estiver madura, não vai destruir, vai fazer uma colheita, pela poda ou queda natural”, relata.

Vilmar defende que o O Sistema Agroflorestal Agroecológico é o mais completo do ponto de vista de ciclagem dos nutrientes, manutenção de temperatura mais estável ao longo do ano. Trabalha com sementes crioulas, normalmente de base familiar e comunitária, dentro de redes de distribuição e comercialização”, destaca.

DESAFIOS: Um dos desafios apontados ele, na Caatinga, é o da sistematização, porque trata-se de um grande bioma de clima Semiárido, de mais de 1 milhão de quilômetros quadrados, em 11 estados, mas dentro dele há mais de mil outros micro ecossistemas.

“Para cada um tem que se pensar, estudar, avaliar o que melhor se adapta, o que é da vontade do agricultor e da família, qual a habilidade, como os sabores e saberes se casam e que estejam dentro da legislação ambiental, sanitária. O beneficiamento é necessário para aproveitar, agregar valor e compartilhar até com outras regiões”, ressalta.

“Nós seres humanos, somos altamente dependentes dos sistemas naturais. Lá na frente, quando a pessoa quiser se aposentar, tem uma poupança na madeira, óleos essenciais, meliponicultura, colheita de frutos, que não têm a necessidade de um manejo tão intensivo. Temos sucessão na mão de obra também”, ressalta Vilmar.

Ao olhar para trás, mais de 30 anos depois de formado em Agronomia, Paulo Pedro lembra que, quando começou, o termo usado era Agricultura Alternativa, que foi se desenvolvendo com a participação de diversos atores, reunidos hoje pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).

Paralelamente, as organizações ligadas à Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) vêm fazendo um trabalho de Assistência Técnica Rural (Ater) no Semiárido em Agroecologia. Daí foi formada a Rede de Agricultores(as) Experimentadores(as) do Araripe (Rede Araripe), que trouxe outra perspectiva, ao trabalhar diretamente com 11 municípios do Araripe e mais um do Sertão Central (Parnamirim), em Pernambuco. São, em média, 2 mil famílias envolvidas.

“Houve uma melhoria na parte social e econômica, desenvolvimento de Políticas Públicas de Convivência com o Semiárido, a construção de um milhão e 200 mil cisternas, sendo 800 mil só pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), formação e mobilização. Comparando com dez anos atrás, avançamos. Muitos ainda estão em transição, outros querendo conhecer”, destaca.

Paulo Pedro ressalta, ainda, a incorporação da temática das agroflorestas pelas instituições como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e os Institutos Federais de Tecnologia (IFs). Mas faz a ressalva de que ainda não ganhou uma dimensão significativa.

“Se voltarmos uns dez anos, percebemos um grande avanço com experiências concretas de famílias que estão em processo de Conversão Agroecológica, muitas delas em Sistemas Agroflorestais. Viram que a experiência é boa e querem isso para as suas propriedades. Algumas estão bem avançadas, como a da família de Vilmar e Silvanete, lá em cima da serra, em Exu, que recebe visitas durante o ano inteiro”, avalia.

Para Paulo Pedro, a Agroecologia, por meio dos Sistemas Agroflorestais, está ganhando espaço. Mas ainda não é uma quantidade significativa na Agricultura Familiar. “É importante destacar que a Agroecologia e a Agrofloresta estão ganhando espaço na agenda política e dentro dos órgãos de pesquisa. Mas não podemos dizer que é institucional, que todos aderiram a esse processo. Mas grupos dentro dessas instituições trabalham junto com agricultores, comunidades, organizações da sociedade civil que fazem parte da ASA, da ANA, de várias redes que promovem a Agroecologia no Semiárido Brasileiro”, pondera.

“Hoje é bem real e visível a lógica da convivência se sobrepondo à antiga e equivocada do combate à seca. Os agricultores do Semiárido são experimentadores que buscam a todo momento saídas. Até a FAO e a ONU reconhecem a Agroecologia e a Agrofloresta como forma de dobrar a produção de alimentos saudáveis no mundo em dez anos e cuidando do meio ambiente e das relações entre as pessoas”, anima-se.

Por fim, o agrônomo destaca a existência de diversas redes, locais, regionais, nacionais e até internacionais, de troca de experiências, um fator muito importante na promoção da Agroecologia, para possibilitar as trocas de agricultor para agricultor, com experiências permanentemente desenvolvidas e “Quando o agricultor ensina algo que aprendeu, ele também está se abrindo para escutar outras famílias e as organizações que prestam assessoria a esses agricultores e essas redes estão ali para fomentar esse processo de construção participativa dos conhecimentos”.

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