OLHE ALÉM DAS LUZES E LEMBRE-SE DOS POBRES, DIZ PAPA FRANCISCO

Em discurso aos católicos romanos do mundo todo na véspera do Natal, nesta sexta-feira (24), o Papa Francisco disse que as pessoas indiferentes aos pobres ofendem a Deus e pediu a todos que "olhem além das luzes e das decorações" e se lembrem dos mais necessitados.

Vivendo o nono Natal de seu pontificado, o Papa celebrou uma missa solene de vigília na Basílica de São Pedro para cerca de 2 mil pessoas, com participação restrita pela covid-19 a cerca de um quinto do tamanho visto nos anos pré-pandêmicos.

Minutos antes do início da missa de véspera de Natal, a Itália contabilizou seu segundo recorde consecutivo no número diário de casos de covid-19, com 50.599 novas infecções.

Francisco, vestido de branco, fez sua homilia em torno do argumento de que Jesus nasceu sem nada.

"Irmãos e irmãs, diante do presépio, contemplamos o que é central, além de todas as luzes e enfeites, que são lindos. Contemplamos a criança", disse ele na missa celebrada em conjunto com mais de 200 cardeais, bispos e padres. Todos, exceto ele, usavam máscaras.

Francisco, que fez 85 anos na semana passada, disse que o menino Jesus nascido na pobreza deve lembrar às pessoas que servir aos outros é mais importante do que buscar status ou visibilidade social ou passar a vida inteira em busca do sucesso.

"É neles (os pobres) que ele quer ser homenageado", disse Francisco, que faz da defesa dos pobres o ponto central do seu pontificado.

"Nesta noite de amor, tenhamos um só medo: ofender o amor de Deus, ferindo-o ao desprezar os pobres com a nossa indiferença. Jesus os ama ternamente e um dia eles nos receberão no céu", disse.

Ele citou um verso de um poema de Emily Dickinson: "quem não encontrou o céu --aqui embaixo-- falhará nele lá em cima". O papa acrescentou em suas próprias palavras: "Não percamos de vista o céu; cuidemos de Jesus agora, acariciando-o nos necessitados, porque é neles que ele se fará presente".

Dizendo que os trabalhadores --os pastores-- foram os primeiros a ver o menino Jesus em Belém, Francisco disse que o trabalho tem que ter dignidade e lamentou que muitas pessoas morram em acidentes de trabalho em todo o mundo.

"No Dia da Vida, vamos repetir: chega de mortes no local de trabalho! E vamos nos comprometer a garantir isso", disse.

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SITE DIGITAL DA VIDA E OBRA DE LUIZ GONZAGA, PODCAST, LIVES JÁ MARCAM FESTIVIDADES DOS 110 ANOS DE NASCIMENTO DE LUIZ GONZAGA EM 2022

Na semana em que completou 109 anos, o lendário Luiz Gonzaga voltou a ter no ar uma das principais fontes de acesso à sua história. O site Luiz Lua Gonzaga foi idealizado e construído pelo colecionador Paulo Vanderley em 2004, carregando entrevistas, discos, digitalização de materiais gráficos e vários outros materiais sobre o legado do Rei do Baião. 

A iniciativa se tornou um dos principais meios de pesquisa sobre o músico de Exu, levando Paulo Vanderley a ser consultor em projetos como o Museu do Cais do Sertão e a cinebiografia de Gonzagão. O site Luiz Lua Gonzaga parte do projeto de seu criador em celebrar os 110 anos de seu ídolo, comemorados em 2022.

O site luizluagonzaga.com.br está com um novo projeto gráfico e abastecido com uma infinidade de materiais que contam a trajetória de Luiz Gonzaga. 

“Para nós, gonzaguianos, que admiramos tudo o que ele foi, é quase que um princípio propagar a vida e a obra dele. Apesar das dificuldades de trabalhar com cultura no Brasil, trazer mais pessoas para admirá-lo é o que nos anima, é o nosso combustível para fazer esse trabalho”, afirma Paulo.

A produção e luta pela memória de Gonzaga começaram a tomar forma na vida de Paulo ainda na infância. Filho de um funcionário do Banco do Brasil, o colecionador morou em 16 cidades do Nordeste com a família e uma delas foi justamente Exu, onde conheceu pessoalmente aquele que se tornaria seu ídolo. Em 1989, quando Gonzagão faleceu, o garoto recebeu a missão do pai de filmar o cortejo fúnebre, evento que colocou dentro de si a vontade de colecionar tudo o que podia de um dos maiores artistas da história do país, assim como levar adiante o encanto que vivenciou naquela época.

“Hoje eu ainda tento contribuir com essa história. O Luiz Lua Gonzaga chegou a ser o maior acervo sobre um artista brasileiro. No ano do centenário dele, tivemos 9 milhões de acessos e milhares de contatos, se tornando a base de dados mais procurada por jornalistas e pesquisadores. Levamos de 4 a 5 anos para abastecer o site. Hoje, com a retomada, estamos com 30% do que teremos até 2022, quando Gonzagão completará 110 anos”, elabora Paulo.

Para firmar ainda mais esse projeto de digitalizar o máximo possível da história de Luiz Gonzaga, Paulo está desenvolvendo um livro sobre o artista pernambucano para ser lançado no próximo ano, escrito em primeira pessoa, com o próprio Rei do Baião contando sua história, a partir de uma intensa pesquisa em acervos de entrevistas. O projeto também será lançado em formato de áudio, narrado pelo próprio biografado a partir desse material. 

Esta obra, que pretende homenagear o 110º aniversário de Gonzaga, também se transformará em um podcast e uma websérie, garantindo o caráter multimídia do livro. Dessa forma, o público conseguirá ter acesso ao conteúdo de parceiros musicais e os herdeiros de Gonzaga no forró em diversas plataformas.

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MST REALIZA CAMPANHA NATAL SEM FOME ATÉ O DIA 06 DE JANEIRO DE 2022

Durante a campanha Natal Sem Fome, do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), serão distribuídas mais de 700 toneladas de alimentos vindos em sua maioria de assentamentos, acampamentos e cooperativas. Os alimentos são arrecadados com o apoio das campanhas promovidas pelo movimento, em conjunto a uma rede de solidariedade para beneficiar famílias vulneráveis, em situação de fome e insegurança alimentar nas periferias urbanas e rurais do país.

Além dos alimentos distribuídos em cestas, serão doadas marmitas e ceias populares para cerca de 30 mil pessoas em todas as grandes regiões do país. Segundo o MST, parte das doações já foi distribuída. Os alimentos continuarão sendo entregues até 6 de janeiro, período em que se encerra a edição natalina da campanha do MST: “Cultivando Solidariedade para Alimentar o Povo”.

“O MST vê a solidariedade como um princípio indispensável para nossa organização popular de luta pela terra e reforma agrária. Então, a solidariedade para nós é tida como uma virtude e sobretudo como um princípio indispensável. E é nesse sentido que nós queremos atuar, trabalhar, desenvolver essa campanha do Natal Sem Fome, realizando na prática esse princípio do MST que é a solidariedade de classe”, diz a dirigente nacional do MST no Rio de Janeiro Marina dos Santos. Ela faz uma distinção entre “caridade” e “solidariedade de classe”.

Segundo Marina, esta também é uma forma de levar aos trabalhadores e trabalhadoras urbanas o resultado do processo de luta do MST pela reforma agrária popular, que se inicia na ocupação do latifúndio improdutivo, até a conquista do assentamento com a formação de comunidades rurais, produção de alimentos, construção de agroindústrias, escolas, postos de saúde, cultura e lazer para uma vida digna no campo.

“Essa campanha é muito importante para nós, porque estamos levando para os trabalhadores urbanos a produção, o produto dos trabalhadores do campo, que têm a terra hoje como fruto da luta e da organização e da pressão ao estado para construir os assentamentos, que hoje estão à disposição para produzir comida, produzir alimentos saudáveis. São esses os alimentos que nós vamos oferecer no Natal Sem Fome, de forma solidária”, afirmou a dirigente.
David Zamory, da direção estadual do MST em São Paulo, salienta que as doações solidárias contra a fome não resolverão por si só este problema social. É preciso, acrescenta, que haja vontade e gestão política capaz de reverter essa realidade. Mas essas ações emergenciais se somam a uma resposta do movimento e dos trabalhadores no que o MST chama de pacto nacional contra a fome.

REDE SOLIDARIEDADE: A campanha vem sendo construída em conjunto à diversos movimentos sociais, estudantis, sindicatos, entidades religiosas, entre outros, além de contar com o apoio de artistas, educadores, influencers, amigas e amigos do MST. As doações estão sendo distribuídas em periferias urbanas e rurais, comunidades indígenas e para população em situação de rua. 

Qualquer pessoa pode contribuir com a campanha, a depender das arrecadações, o movimento pode chegar a doar até mil toneladas de alimentos até 6 de janeiro de 2022. 

A arrecadação de doações de apoiadores tem sido feita por meio da coleta de alimentos não perecíveis entregues nas lojas da Rede de Armazéns do Campo do MST, entre outros locais disponíveis nas grandes regiões do país. Já as doações em aportes financeiros podem ser feitas a partir de qualquer valor via PIX: campanha@institutocultivar.org.br.

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POR QUE O LEGADO DE CHICO MENDES CONTINUA ATUAL, 33 ANOS DEPOIS DE SUA MORTE

Nunca um tiro de espingarda ecoou tão longe e continua lembrado por tanto tempo. O que matou o seringueiro Chico Mendes, na boca da noite do dia 22 de dezembro de 1988, quando ele se preparava para tomar banho nos fundos de sua casa em Xapuri, uma pequena cidade na floresta amazônica no Acre, reverberou pelo planeta inteiro.

Quase instantaneamente, virou manchete nos principais jornais e destaque no noticiários da TVs de todo mundo.

Morto uma semana depois de seu aniversário de 44 anos, ocorrido no dia 15 — teria completado 77 anos neste ano —, Chico Mendes era um dos pioneiros da defesa da preservação da floresta amazônica e deixou um legado político e ambientalista que ainda perdura.

"Ele colocou a Amazônia no centro do debate e chamou atenção do mundo para sua preservação", diz o hoje advogado e membro do Comitê Chico Mendes, uma organização não governamental ambientalista, Gomercindo Rodrigues, o Guma, que o conheceu em 1984, se tornou seu amigo e foi uma das últimas pessoas fora da família a ver o seringueiro com vida, poucos minutos antes de seu assassinato.

De acordo com outra amiga de Chico Mendes, a antropóloga Mary Allegretti, que o conheceu em 1981, quando era professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e fazia pesquisa para seu doutorado, como continuidade da que havia realizado para o mestrado em seringais do Acre, ele antecipou a relação entre sociedade e meio ambiente ao mostrar que as pessoas protegem este quando dependem dele para viver.

"Se no passado, essa constatação era aplicada às populações tradicionais que viviam desses recursos, hoje as mudanças climáticas estão mostrando que toda a humanidade depende da natureza para sobreviver", diz.

"Sua causa continua muito atual e necessária."

Para o biólogo e doutor em Ecologia Paulo Brack, do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e membro da coordenação do Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (InGá), o seringueiro do Acre teve um papel fundamental em dar maior visibilidade às causas comuns ambientais com a temática social, em especial das comunidades locais que sofrem das mesmas causas de um modelo econômico em grande parte degradador dos recursos naturais.

"Ele foi um exemplo de esforço pela unidade nas lutas comunitárias de grupos sociais, que desejam manter seus modos de vida digna, um bem viver talvez utópico, em maior harmonia com a natureza, desapegados da loucura pela acumulação reinante", explica.

Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes, nasceu em um seringal chamado Porto Rico, no município de Xapuri, pertinho da fronteira do Acre com a Bolívia, a 68 km da cidade mais próxima daquele país, Cobija.

Filho de seringueiro, seringueiro é — pelo era menos naquela época. Ele passou sua infância e juventude ao lado do pai colhendo látex da Hevea brasiliensis, o nome científico da seringueira.

Embrenhado na mata, sem escola num raio de quilômetros, Chico foi analfabeto até os 16 anos. O encontro que viria a mudar isso e a história posterior da sua vida ocorreu em 1956, quando ele tinha 12 anos.

Foi aí que ele conheceu o refugiado político Euclides Fernandes Távora, que havia participado, junto com o líder comunista Luís Carlos Prestes do chamado levante comunista em 1935, uma tentativa de golpe contra o governo do presidente Getúlio Vargas.

Fugindo da polícia, Távora se refugiou na floresta no Acre, justamente na região em que Chico vivia. O contato e a amizade com o ativista lhe abriram as portas do conhecimento, que, posteriormente, o levou à militância política e ambiental. Távora o alfabetizou e passou a ele ideias sobre o comunismo e noções sobre a história e a realidade social do Brasil.

Depois disso, mais instruído que seus companheiros seringueiros, Chico Mendes passou a pensar e se questionar sobre os problemas da sua região e, principalmente, de seu trabalho, baseado na extração da borracha, uma atividade econômica que historicamente sempre havia gerado conflitos e miséria na Amazônia.

Ela era alicerçada no chamado "aviamento", isto é, na troca do látex coletado pelos seringueiros por produtos e mercadorias industriais. Era uma relação desigual, na qual os extrativistas sempre ficavam devendo.

Foi nesse contexto que começaram a serem criados os primeiros sindicatos de seringueiros no Acre, história na qual Chico esteve envolvido desde o começo.

Já em 1975, ele passou a integrar a diretoria do Sindicato de Trabalhadores Rurais (STR) de Brasiléia, o primeiro criado no Acre, e que era presidido por Wilson Pinheiro.

Um ano depois, esse sindicato criou a estratégia dos chamados "empates" das derrubadas, nos quais os seringueiros desmontavam os acampamentos e paravam as motosserras dos peões dos fazendeiros encarregadas de derrubar floresta.

Como era de se esperar, essas ações desagradaram os proprietários dos seringais. Por causa de sua atuação à frente do sindicato, Pinheiro foi assassinado em 21 de julho de 1980.

Sua liderança não ficou vaga por muito tempo, no entanto. Em 1983, Chico Mendes foi eleito presidente do STR de Xapuri e continuou e intensificou a luta pelos direitos dos seringueiros, além da luta em defesa da floresta e contra a ditadura.

Daí então até seu assassinato, sua atuação e seu prestígio, principalmente no exterior, só cresceram.

A antropóloga Mary lembra que atuação política institucional de Chico havia começado um pouco antes. "Em 1981, quando o conheci, ele já era vereador [exerceu o cargo de 1977 a 1982, na Câmara Municipal de Xapuri]", conta.

"O Acre vivia um momento crítico de venda de antigos seringais para empresas do sul do Brasil, que passaram a desmatar a floresta e expulsar os seringueiros. Chico liderava o movimento dos empates - impedir as derrubadas e defender o meio de vida dos seringueiros, baseado na coleta de borracha e de castanha."

Hoje, ela diz que ficou "muito impressionada" com o trabalho que ele fazia e com o movimento dos empates, tanto que resolveu ajudá-los.

"Chico queria organizar escolas e cooperativas para tirar os seringueiros do analfabetismo e eu ajudei a implantar o Projeto Seringueiro de Educação, abrindo as primeiras escolas na floresta", relembra.

"Ficamos muito amigos em consequência desse projeto."

Uma das consequências disso foi que, em 1985, os dois organizaram juntos o 1º Encontro Nacional dos Seringueiros, em Brasília, no qual surgiu a ideia da reforma agrária do seringais - a proteção da floresta sem a divisão de lotes para as famílias, mas como uma grande reserva ambiental.

"Em 1986, criei o Instituto de Estudos Amazônicos (IEA), em Curitiba", conta Mary.

"Reuni advogados e várias lideranças dos seringueiros e formulamos a proposta de Reserva Extrativista, unidade de conservação de uso sustentável e ajudamos a criar as primeiras unidades. Eu e Chico mantivemos parceria política e amizade até 1988, quando ele foi assassinado. O IEA continua apoiando o movimento dos seringueiros em toda a Amazônia."

O dia daquele ano em que Chico foi morto não sai da memória de Guma.

"Eu estive com ele minutos antes do tiro fatal", conta.

"Ele tinha estado viajando até o dia anterior, participando de um encontro de seringueiros em Sena Madureira [a 144 km de Rio Branco e a 333 de Xapuri], trabalhando na organização regional do Conselho Nacional de Seringueiros. Ele voltou para Rio Branco e por aqui ficou resolvendo a burocracia para liberação de um caminhão que havia sido concedido mediante o empréstimo BNDES para o Conselho Nacional de Seringueiros para ser repassado a cooperativa de Xapuri."

De acordo com Guma, Chico chegou a Xapuri, no dia 21, com o caminhão novo.

"As pessoas estavam admiradas", lembra. "Mas nem todas positivamente. Havia muito preconceito, de boa parte da cidade, contra o Chico, especialmente por causa das disputas políticas. Ele era um militante político e isso dava uma certa divisão na cidade. Quando ele chegou, eu estava muito preocupado, porque já fazia dias que eu não via os pistoleiros."

Aqui Guma contextualiza sua preocupação. Ele conta que, de maio a dezembro daquele ano de 1988, todos os dias, em frente ao sindicato, dois pistoleiros ficavam postados o dia inteiro.

"Eles ficavam por ali, sentados na praça, na sombra de uma árvore que tinha em frente", explica.

"Além disso, havia sempre dois pistoleiros também em frente ao local onde eu morava, em Xapuri, que ficava a cerca de 200 metros do sindicato, numa outra rua. E de repente eles tinham sumido."

Quando Chico Mendes chegou à cidade, perguntou a Guma como estava a situação. Ele respondeu que estava muito preocupado.

"Eu realmente estava angustiado, coração apertado, e falei para ele que estava muito preocupado, porque eu não estava vendo os pistoleiros", conta.

"O Chico respondeu que no dia seguinte daria uma olhada na situação. Então, no outro dia, 22 de dezembro, já final da tarde, por volta das 18h, eu cheguei na casa dele e o encontrei jogando dominó, um dos seus hobbies, com dois dos policiais que estavam fazendo a segurança dele."

Chico o convidou para participar do jogo, mas Guma preferiu ficar de fora, porque continuava angustiado e preocupado.

Nesse ponto, a segunda mulher do seringueiro, Ilzamar, disse a ele que queria servir o jantar, porque iria começar a novela. "Era uma quinta-feira, dia do penúltimo capítulo de Vale Tudo, cujo grande mistério era quem havia matado Odete Roitman", lembra o amigo.

"O Chico me convidou para jantar, mas eu recusei, dizendo que continuava preocupado. Ele me falou que também não tinha visto os pistoleiros e que isso era realmente estranho."

Guma disse que daria uma volta pela cidade e Chico reiterou o convite para jantar.

"Ele falou: 'Então, vai, enquanto vou tomar um banho, e volta para jantar'", relembra.

"Com minha moto de 125 cilindradas, andei por todos os pontos, onde os pistoleiros sempre estavam, inclusive numa chacarazinha na qual eles faziam umas festas privês. Não encontrei nada, tudo vazio, tudo às moscas e em silêncio. Eu não sei em que ponto eu estava da cidade quando deram o tiro. Quando fui chegando com a moto, a mulher dele saiu gritando: 'Ô Guma, atiraram no Chico'."

Enquanto socorriam o seringueiro e o levavam ao hospital "num caminhãozinho", Guma foi em casa se armar.

"Peguei um revólver que eu tinha, carreguei, peguei mais duas carga de bala, coloquei numa bolsa a tiracolo e fui até o hospital, mas não me deixaram entrar", conta.

"Então comecei a telefonar paras pessoas, para avisar. Liguei para Rio Branco, Brasília, Rio de Janeiro, para Mary (Allegretti) em Curitiba, enfim, para os amigos, os avisando."

Guma voltou então ao hospital e, desta vez, o deixaram entrar, embora estivesse de bermuda, motivo pelo qual havia sido impedido da primeira vez.

"Quando eu passei do hall de entrada do hospital, numa sala ao lado vi uma maca", recorda.

"O Chico estava nela, estendido só de short - ele ia tomar banho - com o lado direito do peito todo perfurado de chumbo."

O estrago no peito do seringueiro foi feito por um tiro de uma espingarda calibre 20, com cartucho carregado com grânulos de chumbo que se espalham, disparado por Darci Alves, a mando do seu pai, o grileiro de terras Darly Alves, então conhecido por casos de violência em vário lugares do Brasil.

A repercussão mundial foi tamanha que, pela primeira vez, um assassinato em conflito agrário no norte do país foi a julgamento e acabou em condenação dos acusados.

Em 1990, os dois foram condenados a 19 anos de prisão, fato inédito na época.

Em 1993, Darci e Darly fugiram, mas foram recapturados em 1996. Por causa de problemas de saúde, três anos depois o pai conseguiu o direito de cumprir a pena em prisão domiciliar. No mesmo ano de 1999, o filho passou ao regime semiaberto, em Xapuri. Ao final da pena, ele se mudou para Brasília e se tornou pastor evangélico.

A grande repercussão de seu assassinato tem explicações.

"Chico Mendes tinha uma formação política consistente sem ser radical e articulava apoio à luta dos seringueiros com a Igreja, os partidos políticos, a universidade, a imprensa", explica Mary.

"Tinha um pensamento claro a respeito da importância e do valor da floresta e lutava para defender que a floresta em pé valia mais do que derrubada - foi ele quem primeiro expressou essa ideia que hoje todos reconhecem como verdadeira."

Por isso, ele era muito atacado no Acre, principalmente depois que suas ideias passaram a ser conhecidas e respeitadas em nível internacional.

"No 1º Encontro em Brasília, ele conheceu um diretor de documentários baseado em Londres, Adrian Cowell, que passou a filmar seu trabalho e o recomendou para dois prêmios importantes. Por isso ele ficou conhecido no mundo inteiro antes de ser conhecido no Brasil. Razão pela qual sua morte teve tanta repercussão internacional."

Os dois prêmios a que Mary se refere são o Global 500, concedido a Chico em 1987 pela Organização das Nações Unidas (ONU) na Inglaterra, e a Medalha de Meio Ambiente da Better World Society, dada em 1988 nos Estados Unidos.

O documentário de Cowell, chamado Eu Quero Viver, foi lançado em 1987.

Com tudo isso, o seringueiro e sua luta passaram a ser conhecidos no mundo todo, o que atraiu jornalistas e pesquisadores para visitar os seringais, difundindo suas ideias pelo planeta.

Se para o mundo e para as questões ambientais Chico Mendes deixou um legado político, para família a herança foi de ensinamentos e de vontade de lutar pelas mesmas causas.


Pelo menos para a filha do primeiro casamento, com Eunice Feitosa Mendes, do qual nasceu a filha única do casal - ele teve mais dois filhos com Ilzamar -, Ângela, que soube que estava grávida de Angélica Francisca Mendes Mamede no dia da missa de sétimo dia do pai.

Para ela, receber a novidade naquele momento foi realmente muito estranho.

"De repente você perde um ente querido, está no maior sofrimento e então descobre que que vai nascer alguém", diz.

"O mundo é muito isso, cheio desses ciclos, que são naturais, mas nunca estamos preparados para perder ninguém. Ao mesmo tempo, a novidade de uma vida traz muita esperança, muita renovação."

Em relação a seu pai, com o qual só passou a conviver na adolescência, Ângela diz que ele tinha qualidades que ela admirava e procurou tomar para ela.

"Uma delas é o espírito de coletividade, de nunca fazer as coisas sozinho, porque elas ganham mais força quando são feitas de forma coletiva", explica.

"Sempre buscar apoio e parcerias, porque desde sempre a luta que se faz pela preservação do meio ambiente, pela defesa da natureza, precisa ser coletiva. Meu pai e seus companheiros já sabiam disso."

Ângela diz que Chico deixou para ela um legado de persistência, de luta, de pensar sempre no próximo e no bem comum.

"É isso assim, de ser uma pessoa que sabe ouvir, e, de uma certa forma, buscar soluções, tentar encontrá-las para possíveis problemas", acrescenta.

"Foram muitos os ensinamentos que ele nos legou, que ele deixou a mim. Eu sinto forte isso, essa coisa de fazer junto."

Para Ângela essas qualidades são imprescindíveis, porque a luta de hoje continua a mesma da época do seu pai.

"É a mesma luta pela conquista dos territórios e pela consolidação deles", explica.

"Apesar de mais de 30 anos depois já terem sido criadas quase uma centena de reservas extrativistas, muitas ainda não foram de fato consolidadas, ainda não têm seus instrumentos de gestão consolidados. Estamos avançando devagar nisso."

Sua filha, Angélica, neta do seringueiro, que é bióloga e doutora em Ecologia e atua como voluntária no Comitê Chico Mendes, diz que seu avô tinha uma frase que ela nunca esquece.

"Ele dizia que primeiro pensou que estivesse lutando para salvar uma seringueira, depois achou que estava lutando pela floresta amazônica e, por fim, ele percebeu que eu estava lutando pela humanidade", cita.

"Hoje mais do que nunca sabemos sabe que essa luta é global, que estamos falando de uma crise climática de todo o planeta, de uma emergência que estamos vivendo. Estamos vendo aí as consequências, como tornados, um monte de secas extremas, eventos de cheias, enfim, estamos vivendo uma desregulação do clima global muito grande. Por isso, a luta dele é muito atual." (Fonte:  Evanildo da Silveira, BBC)

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DIA DA CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA: "AGORA PERCEBO QUE ESTOU LUTANDO PELA HUMANIDADE", DIZIA CHICO MENDES

O Dia da Consciência Ecológica teve origem como uma homenagem à data de morte do seringueiro e ambientalista Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes, assassinado em 1988 no Estado do Acre. Era conhecido por defender o meio ambiente e por sua luta incansável contra a exploração e o desmatamento da Floresta Amazônica. 

Porém, a consciência ecológica surge a partir da preocupação com os problemas socioambientais decorrentes dos processos equivocados de crescimento e desenvolvimento econômico, que ocorreram de forma diferenciada tanto no tempo quanto nos espaços.

A consciência ecológica tem precisão conceitual unívoca, dessa forma, significará sempre em sua essência que os seres humanos devem compreender o meio ambiente em que vivem, bem como propor soluções necessárias para reduzir os impactos negativos no meio ambiente. 

Nesse contexto, desde 1972, na Conferência de Estocolmo, diversos agentes de diferentes países, entre governos, organizações internacionais, entidades da sociedade civil, indivíduos e coletividades, uniram-se para desenvolver ações com o objetivo de minimizar a degradação na natureza. 

A Educação Ambiental é um instrumento essencial para despertar a consciência ecológica nos seres humanos no decorrer da vida. 

Educação Ambiental é um processo contínuo e permanente de aprendizagem, em todos os níveis e modalidades de ensino, em caráter formal e não formal para a formação individual e coletiva, reflexão, crítica e construção de valores, saberes, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências visando o desenvolvimento da cidadania ambiental para a melhoria da qualidade da vida de todos e a construção de uma relação sustentável da sociedade com o ambiente que a integra.

A Educação Ambiental busca um novo ideário comportamental nos seres humanos, tanto no âmbito individual quanto no coletivo. Deve começar em casa, ganhar as praças e as ruas, atingir os bairros e as periferias, evidenciar as peculiaridades regionais, apontando para o nacional e o global. É um passo fundamental para desenvolver a consciência ecológica.

Os problemas socioambientais passaram a ser percebidos em escalas “evolutivas” diferentes, que inicia com os particularizados e se amplia aos de escala planetária que atinge toda humanidade. Em escala maior são discutidas e elaboradas políticas públicas ambientais com ações e metas de desenvolvimento praticadas pelos estados nacionais, e em escala menor, cidadãos e cidadãs comuns procuram desenvolver práticas sustentáveis que somando fazem a diferença no meio em que vivem. A exemplos práticos, o que deve ser feito para desenvolver uma consciência ecológica e despertar essa consciência em outras pessoas?  

Indivíduos e coletividades desenvolvem a consciência ecológica por meio de mudanças de hábitos e pequenas atitudes no seu dia a dia, que contribuem para conservação dos recursos naturais, tais como:

Praticar o consumo consciente (evitar o desperdício de energia, de água e de alimentos);

Separar os resíduos sólidos para reciclagem;

Destinar corretamente os resíduos sólidos (reciclagem e reutilização de materiais);

Utilizar utensílios e produtos retornáveis;

Realizar compostagem reaproveitando cascas de frutos e de legumes para fazer adubo, e utilizá-lo em hortas e em jardins;

Desenvolver sua própria horta;

Implantar área verde em casa, caso haja espaço;

Utilizar racionalmente veículos automotores,

Realizar pequenos percursos a pé, caso seja possível;

Utilizar transporte coletivo;

Quando possível, utilizar bicicletas para deslocamentos diários;

Explicar sobre o modelo de desenvolvimento sustentável;

Alertar sobre a necessidade de um meio ambiente equilibrado para a presente e as futuras gerações;

Demonstrar que seres humanos e natureza estão interligados.

Fonte: Superintendência de Educação Ambiental-Maranhão. Foto: Sema-Mato Grosso)

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OLIMPÍADA DE LÍNGUA PORTUGUESA RECONHECE O TRABALHO DE PROFESSORES E ALUNOS DE ESCOLAS PÚBLICAS

2021 está terminando com o reconhecimento do talento e do esforço de estudantes e de professores de 20 escolas públicas brasileira.

Com palavras se conta a história do que passou. "É uma cultura que vem passando de geração à geração", afirma uma professora. E também é com palavras que o futuro será escrito. "Tenha visão. Racismo fere. Sou Brasil misturado", diz uma estudante.

Nesse país misturado, a língua portuguesa é nossa identidade comum. Construída dia a dia; palavra por palavra; sobretudo nos bancos das escolas. Dominar o idioma, a escrita e a leitura, é uma tarefa olímpica. E tem até competição que premia quem se sai melhor nesse processo.

A Olimpíada de Língua Portuguesa reconhece o trabalho de professores e estudantes de escolas públicas do Brasil inteiro, do 5º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio. O concurso pede um olhar para o lugar onde se vive.

Em Planaltina, Distrito Federal, está a turma do 5º ano da professora Mayara. O que os alunos enxergaram foi o preconceito.

“O lugar onde a gente vive não tem só coisas boas, não é só um mar de flores. E eles começaram a identificar que esses problemas também estavam ali em nossa comunidade”, destaca Mayara Silva, professora.

Nem a professora escapou do olhar atento dos alunos.

“Eu usava o cabelo alisado e tudo e eles me perguntavam: ‘Professora, como que é esse cabelo?'. Naquele momento eu cortei o cabelo, tive coragem de me assumir, e nós gravamos o curta-metragem a partir da poesia de uma aluna. Foi incrível”, conta a professora.

E os alunos ganharam, no gênero poema. “Sou Brasil misturado com raiz africana. Sou negro rejeitado. Pela cor, vou em cana", diz um trecho da poesia.

Em União dos Palmares, Alagoas, o trabalho do professor Gilmar Oliveira Silva ao longo do ano inteiro também foi reconhecido. Ele criou podcasts, lives, discussões nas redes sociais e até na feira, ultrapassando barreiras no ensino remoto.

“Foi um norte para o meu trabalho pedagógico. Primeiro, porque eu estava perdido. Eu não sabia como que eu ia trabalhar mais um ano letivo de forma remota”, destaca o professor.

Com a ajuda de um intérprete de libras, a Cecília, que tem uma deficiência auditiva, conta que escreveu sobre as mulheres que, na pandemia, fizeram da produção de máscaras um ganha pão: “Desenvolvi o tema e consegui fazer, foi bom. Com muito trabalho, mas deu certo”.

Ao lado do professor, o estudante José Raí da Silva fala que a inspiração do texto dele veio do sentimento de liberdade: “Aqui é um costume muito grande de ter morte de animais ilegais. Aí optei por falar dessa parte da liberdade dos animais, e foi isso”.

Tudo para que os alunos do último ano do ensino médio concorressem na categoria "Artigo de Opinião", que é uma espécie de "esquenta" para a redação do Enem. Quanto mais envolvida a escola na Olimpíada de Português, maiores as chances de vitória.

“O importante aqui é pensar que a escola está sendo envolvida num trabalho de língua que é a base de todo o conhecimento da escola. Outros professores se envolvem também nesse processo”, afirma Angela Dannemann, superintendente do Itaú Social.

Um processo em que todos ensinam e aprendem.

“Essa experiência me proporcionou uma oportunidade de aprender e me reinventar”, diz Mayara.

“Eu me sinto hoje uma pessoa mais capaz. Sou um outro ser humano, não só um outro profissional”, comenta Gilmar.

Entre os prêmios, os vencedores da olimpíada ganharam notebooks, tablets e livros para as bibliotecas das escolas.

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ADRIANO THALES E O CENTRO CULTURAL EMOÇÕES ROBERTO CARLOS

Depois de reprisar o show em Jerusalém em 2020, a Globo exibe nesta quarta (22) o especial de fim de ano de Roberto Carlos. Inédito, o programa começa após a novela "Um Lugar ao Sol" e é uma das atrações mais esperadas pelos brasileiros.

"Esperei o ano inteiro por este reencontro. Que saudades que eu estava!", afirmou Roberto Carlos em nota. Ivete Sangalo, Sandy, Fafá de Belém, Zeca Pagodinho, Wanderléa e Erasmo Carlos estão entre os convidados do show neste ano.

Entre os milhares de brasileiro, em Petrolina, um está mais ansioso. Trata-se de Adriano Thales Valdevino, um dos maiores pesquisadores e colecionadores de discos, objetos raros, fonogramas gravados no exterior, souvenires, documentos e revistas que contam a trajetória do Rei Roberto Carlos. 

O acervo do colecionador é histórico e de uma contribuição imensurável à memória do artista. São várias vitrines expondo discos raros em vinil, CDs, fitas cassetes, filmes em VHS, DVD, revistas, pôsteres, entre outras peças que traduzem a história do menino de Cachoeiro do Itapemirim (ES).

Em 2012 Adriano Thales fez o famoso cruzeiro do Rei Roberto e conheceu uma senhora do interior de São Paulo, a quem Adriano prefere chamar apenas de Anjo Bom. Ela e seu marido são apaixonados fãs de Roberto Carlos e tiveram a oportunidade de conhecerem Adriano que lhes contou a história dos anos que acompanha o rei e do acervo que tinha juntado nesse tempo todo. Ela ficou interessada e depois de outras conversas ainda no navio perguntou ao fã petrolinense qual era o seu maior sonho.

Adriano em sua simplicidade que lhe é peculiar, disse ao seu Anjo Bom que o seu maior sonho era construir um centro de cultura onde pudesse reunir todo o seu acervo e que oferecesse cursos de música para crianças carentes. Depois de alguns meses, Adriano recebeu um telefonema dela dizendo que uma equipe de apoio o procuraria em Petrolina para ver um local onde pudesse ser montado o centro de cultura que pudesse atender os anseios de Adriano. 

O jovem ficou emocionado e alguns dias depois a equipe chegou a cidade, identificou um prédio na Rua Castro Alves, 428, no centro da cidade e a equipe técnica que veio para dar apoio na construção do centro passou alguns dias em Petrolina fazendo todo o planejamento. O projeto foi concebido e a obra foi concluída com acompanhamento de arquiteto e engenheiro. 

Num domingo, dia 19 de abril de 2015, dia do aniversário de Roberto Carlos, Petrolina ganhou o CENTRO CULTURAL EMOÇÕES.

Adriano revelou que Na infância, a paixão por uma única música de Roberto Carlos acabou desenhando o amor do garoto pela trajetória do Rei. Tudo começou no Recife depois da separação dos pais, quando ele ficou morando com a mãe e os irmãos. Era começo da década de 80, até que um dia a mãe ouvia um disco do cantor. A canção Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo impressionou o menino, então com 12 anos. Certo dia, com saudade do pai, que morava em Fortaleza, pegou o LP e ouviu incansavelmente a mesma faixa. 

“Ouvi tanto que o disco começou a enganchar. Aí eu usava o truque de colocar uma caixa de fósforo sobre o braço da antiga vitrola, para não pular”, conta.

Naquele mesmo ano, o pai esteve no Recife para lhe visitar e disse que queria dar um presente. Seria um brinquedo, mas o menino surpreendeu dizendo que queria ir a uma loja de discos da Avenida Conde da Boa Vista. Lá, pediu ao pai que comprasse um disco de Roberto Carlos. Acabou ganhando vários. 

E o primeiro encontrou com o ídolo? “Foi um show inesquecível em Campina Grande (Paraíba), quando tive acesso ao palco e ao camarim, e fiz a primeira foto com ele”, lembra Adriano. 

Não parou mais. Assistiu a apresentações em várias cidades. Assim tornou-se amigo de músicos e assessores. Em uma dessas ocasiões, conseguiu provar ao Rei que ele havia gravado a canção Jesus Cristo em língua inglesa num compacto de 1971, lançado na Holanda. 

Roberto Carlos só acreditou quando teve uma cópia na mão dada por Adriano. Em 2012, o fã embarcou pela primeira vez no Cruzeiro. E foi no mar que recebeu o sinal de um empresário que o apoiou para abrir o Centro Cultural Emoções. “Meu ideal é compartilhar sempre a trajetória de Roberto Carlos, que é a história da cultura e da música brasileira”, completa Adriano.

"É um reencontro com o público via televisão. A noite de todos os brasileiros é mais especial na voz de Roberto Carlos", finalizou Adriano.

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