INMET ALERTA PARA BAIXA UMIDADE DO AR NO SERTÃO DE PERNAMBUCO

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um aviso de baixa umidade para diversas regiões do Nordeste, entre elas o sertão de Pernambuco. Segundo o órgão, a umidade relativa do ar deve ficar em 30% e 20%. O aviso é válido das 12h às 19h desta segunda-feira (27). 

Segundo a classificação do Inmet, o alerta é considerado nível 1 - Perigo Potencial, com baixo risco de incêndios florestais e à saúde. Ainda há mais dois níveis. De acordo com a meteorologista do Instituto Morgana Almeida a população deve se precaver e evitar exposição ao sol em horas mais quentes, entre 10h e 16h. 

"A umidade baixa causa danos à saúde, como a desidratação. Todo ano isso acontece, devido a estiagem que intensifica as temperaturas”, detalha Morgana. A recomendação é que as pessoas bebam bastante água e evitem desgaste físico nas horas mais quentes.

Ainda segundo a meteorologista, o ideal é que a umidade esteja entre 80% e 60%. "A umidade é atrelada a temperatura, sendo inversamente proporcional. Quando uma aumenta, a outra abaixa”, conclui. 

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V ENCONTRO DE SABERES DA CAATINGA PROMOVE LIVE AGROECOLOGIA MEU REMÉDIO É MEU ALIMENTO

O tradicional e conhecido ENCONTRO DE SABERES DA CAATINGA termina neste domingo (26). O evento que reúne Adeptos de práticas e culturas milenares que ainda persistem fortemente no interior do Nordeste, e que há cinco anos se reúnem na Chapada do Araripe para trocarconhecimentos, neste ano de 2021 aconteceU virtualmente.

No Encontro Saberes da Caatinga, parteiras, rezadores e raizeiros de Pernambuco, Ceará e Piauí fortalecem suas práticas de nascimento e cura, ligadas à natureza, e abrem espaço precioso para a partilha desses conhecimentos com o público interessado.

Diante do contexto da pandemia em 2021 o evento é realizado virtualmente e conta com a presença de importantes mestras e mestres dos saberes e práticas de cura de nosso Estado de Pernambuco.

O Encontro é construído com o objetivo de fortalecimento e visibilização de nosso patrimônio imaterial acerca da cura comunitária e do planeta, contribuindo para o enraizamento, fortalecimento da memória e propagação dos processos de cuidados e curas no dia a dia, é realizado pela Rede de Agricultores Experimentadores do Araripe com apoio de instituições como a Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio).

O Evento que já pertence ao calendário anual dos mestras e mestres protagonistas tornou-se um espaço e movimento de incentivo e manutenção de práticas de cura tradicionais que não dependem do sistema biomédico. 

Segundo a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, Islândia Sousa: “O encontro reforça a política de práticas integrativas e complementares instituída pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2006. Essas práticas são caracterizadas pela Organização Mundial de Saúde como Medicina

Tradicional ou Medicina Complementar. Esse termo significa um conjunto diversificado de ações terapêuticas que difere da biomedicina ocidental, incluindo práticas manuais e espirituais, com ervas, partes animais e minerais, sem uso de medicamentos quimicamente purificados”.

“As práticas trabalhadas e saberes compartilhados durante o encontro, no âmbito da conservação da sociobiodiversidade, relacionam-se diretamente com objetivos de criação da APA Chapada do Araripe, como incentivar as manifestações culturais e contribuir para o resgate da diversidade cultural regional, além de assegurar a sustentabilidade dos recursos naturais, com ênfase na melhoria da qualidade de vida das populações residentes na APA e no seu entorno", ressalta Flávia Domingos da APA Chapada do Araripe.

O evento é  apoiado pela Coordenação Geral de Populações Tradicionais (DISAT/ICMBio) através do Projeto PNUD, e contou com o envolvimento da APA Chapada do Araripe, ESEC Aiuaba, Flona Araripe-Apodi e Flona Negreiros. Para Antônio Alencar, um dos idealizadores e organizadores do Encontro e também analista ambiental do ICMBio Antônio Alencar, da Flona Negreiros: “Devemos incentivar o conhecimento da sabedoria ancestral de cura”, explica.

Por tanto, entendendo a importância de nos mantermos vivos e em busca de saúde neste mundo, realizar um encontro de visibilização de práticas de cuidados e cura como é o ENCONTRO DE SABERES DA CAATINGA é seguir fomentando um mundo direcionado para um bem viver coletivo.

“É chegado o momento de não arrefecermos e nos fortalecermos com o que temos de tão precioso guardado e vivo nas nossas histórias e experiências de vida: a cura e o cuidado. É tempo de reflorestar-nos, no sentido de quem realmente somos, de olharmos para as nossas experiências de vida que nos trouxeram até aqui, pro nosso cotidiano e maneiras de viver neste mundo”, afirma Marília Nepomuceno, cientista social e colaboradora do Encontro.

O V ENCONTRO DE SABERES DA CAATINGA acontece online entre os dias 23, 24, 25 e 26 de Setembro de 2021, com a temática “Meu remédio é meu alimento”.

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VISITA DE PAULO FREIRE A JUAZEIRO NA DÉCADA DE 1980 CONTRIBUIU PARA O PROJETO DE EDUCAÇÃO POPULAR

O educador Paulo Freire tinha uma relação afetiva com a cidade de Juazeiro e da região norte da Bahia. A convite de Dom José Rodrigues de Souza, bispo da Diocese de Juazeiro, Paulo colaborou para o processo de educação popular com cursos de formação para professores, lideranças comunitárias e do movimento popular e cultural da cidade. A primeira visita foi em 1983, com a realização de curso para 25 monitores, que faziam trabalhos comunitários promovidos pela Diocese.

 Em 1984, trabalhou com 11 círculos de cultura, que funcionavam em três bairros juazeirenses e em oito cidades da região, onde a Diocese atuava. Em 1986, ele retornou a Juazeiro para acompanhar os trabalhos desenvolvidos tanto pelas pastorais da Diocese como  pelos movimentos sociais. 

Em uma dessas visitas do educador, em 1983, Marta Luz, filósofa, pedagoga e a principal radialista da Rádio Juazeiro entrevistou Paulo Freire, no programa Juazeiro Panorama de grande audiência na cidade. Marta Luz até hoje é lembrada por comunicadores, professores e comunidade juazeirense pelos programas "E nós para onde vamos?", que tinha a participação de intelectuais da época, "Luz, Mulher" e "Pagão,", entre outros. 

Neste ano, que marca o centenário de nascimento de Paulo Freire, Marta relembra que a entrevista com o educador foi um momento muito significativo na cidade e recebeu a acolhida da população. "A entrevista foi adorável, sem tensões, no recíproco estar à vontade, as perguntas fluíam e as respostas eram um verdadeiro banho de cultura dado pelo patrono da educação brasileira. A rádio Juazeiro teve uma audiência fechada durante a entrevista", conta Marta Luz.

Não era a primeira vez que Marta se encontrava frente a frente com Paulo. Em 1962, ela fez um curso promovido por ele na Faculdade de Filosofia do Recife, e foi extremamente enriquecedor para a sua vida profissional no exercício do magistério por nove anos na cidade de Juazeiro.

Então, realizar a entrevista com o educador por intermédio do Dom José Rodrigues, foi um momento luminoso na trajetória como radialista e professora, como relembra  com entusiasmo:

- Fui no carro buscá-lo para Rádio Juazeiro e ele disse: 'O Dom José falou que você é gente boa, politizada, que gosta muito de poesia e declama muito bem, isso é verdade?'. Bem, eu gosto muito de poesia', respondi.

- Recita pra mim?, ele disse.

- Recito sim, vou recitar uma poesia de um poeta pernambucano muito querido para mim: Manuel Bandeira, respondi.

- Eu também gosto muito do Bandeira.

Assim, a entrevista foi um diálogo, com informações sobre a vida de Paulo Freire no exílio no Chile e como produziu o livro Pedagogia do Oprimido, cuja obra foi traduzida em 17 idiomas, e que retrata o método de alfabetização de jovens e adultos, a partir da experiência inovadora em Angicos, Rio Grande do Norte, quando alfabetizou 300 camponeses em 40 dias. Sobre o método, Paulo confidenciou que se referia a uma certa compreensão do processo educativo, especialmente prática transformadora.

"A prática que eu defendo é o da liberdade do educando, é o da liberdade do educador. É do respeito que o educador deve se impor a si mesmo, o respeito ao educando para que ele também se possa respeitar, no sentido que o educando se vá construindo como gente em lugar de ir se reprimindo e virando coisa. A educação deveria ser exatamente isso, uma prática, uma experiência de criação e recriação da própria vida".

Marta relembra a capacidade de Paulo Freire em responder perguntas complexas sobre a realidade brasileira com simpatia e espontaneidade. "Ele era imensamente simpático e comunicativo, o rico conteúdo pedagógico, a vivência de quem estudava, o respeito pelo ser humano, a interação com a vida, a injustíssima experiência dele ter sido exilado. Particularmente, destaco a crítica ao autoritarismo em si, e no processo da educação, quando ele mostra claramente que o autoritarismo é a destruição de tudo que pretenda ser ato de ensinar e educar'.

Na entrevista, Paulo demonstra que não cabe autoritarismo nas relações entre professor e educando. "Eu te ajudo como educador e tu como educando para que tu se faça e refaça. Ao ajudar que tu te refaças, tu me ajuda a que eu me refaça também. Esse aspecto acho fundamental de como eu entendo a educação", esclareceu Paulo. 

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Para o professor e pesquisador Francisco Assis da Silva a presença de Paulo Freire junto com Dom José foi essencial para o fortalecimento da educação popular de Juazeiro.  Dom José Rodrigues fundou um acervo bibliográfico sob orientação de Paulo Freire, que conta com 30 mil volumes, uma rica biblioteca com livros de autores nacionais, internacionais e regionais, atualmente localizada na biblioteca da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), campus Juazeiro. 

Muitas instituições se inspiraram na parceria do bispo com Paulo Freire, devido a sua maestria na educação da cidade. O curso de Pedagogia da Uneb, campus Juazeiro, tinha habilitação em Educação de Jovens e Adultos, e participou ao longo dos anos de programa de formação para qualificar profissionais e estudantes para combater os índices de analfabetismo na região Norte. 

Para Francisco, através desses desdobramentos de educação popular, "Paulo Freire e Dom José Rodrigues em Juazeiro acabaram sendo precursores da educomunicação no Vale do São Francisco". O pesquisador destaca ainda a criação da Pastoral da Comunicação que incentivou uma política de comunicação popular em oito municípios da região. Para Francisco, o legado do patrono da educação brasileira para a cidade ainda é muito presente na formação de educadores e de movimentos populares. 

A entrevista de Marta Luz com Paulo Freire também é um desses legados, como memória presente na cidade. O educador se despediu da população de Juazeiro, deixando uma mensagem de esperança: "termino agradecendo pessoalmente ao próprio momento desta conversa que tu me ofereceste. Ao fazer esse agradecimento, diria aos meus colegas e as minhas colegas, professores e professoras dessa área que a emissora cobre, professoras primárias, professoras leigas, professoras que não passaram pela escola normal, não importa, minhas colegas e meus colegas educadores, eu deixo aqui um grande abraço, mas um abraço não formal, um abraço de esperança, em que, apesar de tudo e quando nada seja favorável ter esperança, que a gente, portanto, continue a ter", diz Paulo Freire a Marta Luz.

(Texto por Mariana Brasileiro/Agencia Multiciência Uneb email: maribrasileirom@gmail.com)

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MUDANÇAS CLIMÁTICAS PODEM AMEAÇAR PROJETO DE REINTRODUÇÃO DA ARARINHA AZUL NA NATUREZA, APONTA PESQUISA

A Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) integra uma frente de pesquisa, junto com a Universidade de Brasília (UnB), Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e o Instituto Ecótono, que analisou projeções climáticas relacionadas ao ambiente onde os animais devem ser reintroduzidos, e constatou que mudanças climáticas podem afetar a reintrodução da ararinha-azul.

Os pesquisadores realizaram projeções computacionais para os próximos 50 anos para avaliar se as mudanças climáticas poderão afetar as plantas que a ararinha-azul utiliza para abrigo e obtenção de alimento, que são recursos fundamentais para a sobrevivência da espécie.

A ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) está extinta na natureza desde o ano 2000. Atualmente, existem cerca de 150 indivíduos da espécie que vivem em cativeiro, a partir de um projeto que tem como objetivo salvar a espécie da extinção total, dentro do Plano de Ação Nacional para Conservação da Ararinha-Azul, organizado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente.

O projeto pode ser ameaçado pelas mudanças climáticas, considerando que a sobrevivência desses animais em seu habitat original pode ser muito mais difícil com a escassez de alimento e abrigo causada pela falta de condições climáticas adequadas. A área de reintrodução da ararinha-azul fica no Refúgio de Vida Silvestre (Revis) da Ararinha-Azul, uma área de proteção integral, que é rodeada pela Área de Proteção Ambiental (APA) da Ararinha-Azul, no sertão baiano.


Segundo o pesquisador professor doutor Samuel Gomides, docente da Ufopa do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade (PPGBEES) e líder da pesquisa, os resultados obtidos no estudo são importantes, pois permitem, aos gestores do projeto de reintrodução da ave, escolher melhores estratégias para a introdução da espécie na natureza, como fazer escolhas de locais climaticamente mais estáveis, e guiar programas de recuperação de áreas degradadas que serão importantes para a espécie no futuro próximo.

"Isso permitirá a antecipação de eventuais riscos para a sobrevivência dos animais que iniciarão esse projeto de reintrodução e recuperação da espécie”, disse Gomides.

TÉCNICAS: De acordo com os pesquisadores, os registros de ocorrência e os dados sobre a biologia da ararinha-azul na natureza são antigos e imprecisos. Faltam informações mais consistentes sobre a história natural, ecologia e comportamento da espécie.

Grande parte da informação disponível está compilada no Plano de Ação Nacional para Conservação da Ararinha-azul. Com a escassez de dados sobre qual era a área de distribuição original da espécie na natureza, os autores usaram uma abordagem diferenciada, avaliando 14 espécies de plantas que são essenciais para a sobrevivência da ave. Essas plantas eram usadas como alimento, local de nidificação (ação de construir o ninho) e descanso, e são elementos-chaves para a sobrevivência da ararinha-azul no seu habitat original.

A partir da distribuição dessas espécies de plantas no presente, os pesquisadores usaram séries históricas de dados climáticos, e também dados de solo e de topografia para construir projeções computacionais para o futuro nos próximos 50 anos, em dois cenários climáticos: um otimista e outro pessimista.

No cenário otimista, foi considerada uma estabilização nas taxas de emissão de carbono, e no pessimista, mantêm-se as taxas de crescimento populacional e de consumo de combustíveis fósseis. Esses cenários são baseados em taxas de emissões de gases de efeito estufa e padrões socioeconômicos de acordo com órgãos internacionais.

“Os modelos são importantes, pois antecipam os possíveis impactos das mudanças climáticas nas condições ambientais ideais para a ocorrência das plantas estudadas. Como os organismos são interdependentes, uma redução na distribuição desses vegetais pode afetar a disponibilidade de alimento não só para a ararinha-azul, mas também para outros animais na Caatinga”, explicou a doutora Talita Mota Machado, também integrante da equipe de pesquisadores.

RESULTADOS PREOCUPANTES: Os resultados da pesquisa indicam que em ambos os cenários climáticos futuros (tanto o otimista quanto o pessimista) há a previsão de redução das áreas com condições climáticas adequadas para a ocorrência simultânea das 14 espécies vegetais estudadas. Essa redução poderá ser de 33% no cenário otimista, e de 63% no cenário pessimista.

Outros estudos já indicaram que a Caatinga tende a aumentar a desertificação e os períodos de seca com a destruição ambiental e as mudanças climáticas. Consequentemente, isso afeta a disponibilidade de alimento e abrigo para a ararinha-azul no futuro.

As áreas com potencial para abrigar, simultaneamente, as 14 espécies de plantas usadas pela ararinha-azul no presente podem existir em outras cinco reservas de proteção integral, além do local onde ocorrerá a soltura dos animais. Apesar disso, faltam corredores ecológicos que liguem essas reservas ambientais e permitam o acesso da ave.

Para o cenário futuro mais otimista, apenas três unidades de conservação serão climaticamente adequadas (Área de Proteção Ambiental Lago de Sobradinho, Reserva da Vida Silvestre Tatu-Bola e Estação Ecológica Serra da Canoa), nos estados de Pernambuco e Bahia, mas para o cenário pessimista, nenhuma delas terá condições adequadas quanto ao clima.

Os cientistas apontam que a reintrodução das aves deve ser meticulosamente estudada para evitar que as ameaças que eliminaram a espécie no passado continuem ativas com o retorno das espécies à natureza.

Segundo eles, deve-se incluir as alterações climáticas previstas na lista dos fatores que colocam em risco o projeto de reintrodução da ararinha-azul na natureza em longo prazo, conforme recomendado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

Considerando que grande parte das áreas previstas como mais resistentes às alterações climáticas estão concentradas às margens de rios e riachos temporários na região, e que essas áreas são as mais afetadas pela expansão urbana e da agricultura, o ideal é que se faça a recuperação das áreas de preservação permanente (APP) em torno dos corpos d’água da região.

A pesquisa aponta que a reintrodução da ave na natureza demandará ações concretas por parte dos gestores desses projetos para lidar com ameaças como caça, alterações ambientais na área de soltura, queimadas, além dos efeitos das alterações climáticas.

O caso da ararinha-azul se apresenta ainda mais desafiador por esta espécie ter sido extinta na natureza no início deste século e por haver pouco conhecimento sobre como ela se comportava no ambiente, quais os seus hábitos naturais, e como ela vai lidar com os desafios da vida na natureza. A sobrevivência da ararinha-azul dependerá essencialmente da preservação de áreas naturais e de programas de recuperação de áreas degradadas, principalmente de matas ciliares.

Publicação: O resultado da pesquisa foi organizado em um artigo científico e publicado no último dia 24 de junho de 2021, na revista internacional Conservation Biology. (g1 Santarem)

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PETROLINA BATE RECORDE DE TEMPERATURA. SENSAÇÃO TÉRMICA ULTRAPASSA 41 GRAUS. UMIDADE DO AR É IGUAL AO CLIMA DE DESERTOS

Estação do ano mais quente e seca do ano, a primavera começou com tudo em Pernambuco. Segundo as medições das estações da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), o Estado teve, na quarta-feira (22), dia do equinócio, a temperatura mais alta já registrada no ano de 2021: em Petrolina, os termômetros alcançaram a marca de 41,0ºC.

De acordo com o meteorologista da Apac Fabiano Prestrelo, essa alta temperatura pode ser explicada pela atuação de uma massa de ar quente sobre o Sertão do Estado - o sistema formado por essa massa e uma outra massa de ar fria, inclusive, causa, no Litoral, a ocorrência de ressacas e agitação marítima, segundo a Marinha, com ondas de até 3,5 metros de altura.

A gente observou, ontem, temperaturas mais elevadas do que o comum dessa época. Não estamos no verão ainda e foi por conta dessa massa de ar quente. Hoje [quinta-feira, 23], o dia já foi mais nublado e, por causa da nebulosidade, as temperaturas foram mais baixas e a umidade subiu um pouco”, explicou o meteorologista.

Altas temperaturas também foram registradas em Floresta, com 40,3ºC; Parnamirim, 40,0ºC; Cabrobó, 39,6ºC; e Ibimirim, 38,0ºC. No Recife, fez máxima de 32,2ºC, quase 1,5ºC que o comum para esta época. 

“Durante o verão, é comum termos temperaturas superiores a 40ºC no Sertão. Na primavera, a gente tem observado que o normal é entre 36ºC e 37ºC. Num dia quente, seria 38ºC. Só esperaria esse calor acima de 40ºC na próxima estação [o verão]”, acrescentou Fabiano.

E não foi só o calor que foi registrado pela Apac nessa abertura de primavera, mas também o tempo muito seco. Em Floresta, a umidade chegou a críticos 11%; em Petrolina, a 13%; e em Ibimirim, a 15%. “Outra característica da massa de ar quente é ter a umidade muito baixa. 

Existe um documento da OMS que diz que umidade abaixo de 20% pode causar danos à saúde humana”, continuou o meteorologista, acrescentando que, como a umidade subiu nesta quinta-feira, não houve necessidade de emissão de alerta da Apac.

Durante a primavera, o sul do País costuma registrar frentes frias. No Centro-Oeste, há a ação de um fenômeno chamado Alta da Bolívia, um anticiclone responsável por transferir essa massa de ar quente e seco para o Sertão de Pernambuco, com a queda da umidade e a elevação das temperaturas. 

 SENSAÇÃO CALOR: Como se não bastasse o calor, a sensação térmica pode potencializar a sensação de “abafado”, tão citada pela população nas ruas e redes sociais para reclamar das temperaturas altas e tempo seco.

Esse fenômeno é chamado pela meteorologia de subsidência: a alta pressão que faz o ar se mover no sentido anti-horário e para fora do centro e ainda funciona como uma tampa que dificulta o crescimento das nuvens.

“De uma forma bem simplificada, seriam ventos que sopram de cima pra baixo. Quando isso acontece, esses ventos inibem a formação de nuvens, então você tem o céu mais claro e com pouquíssimas nuvens. Com essa ausência de nebulosidade, não há bloqueio da radiação solar e ela entra praticamente direta”, explicou Fabiano.

Segundo o meteorologista, é justamente essa ação que aumenta a sensação de desconforto e calor. Os ventos fracos também contribuem com o efeito.

“Durante praticamente todo o ano, percebemos um vento do oceano para o continente. Nos últimos dias, temos percebido esses ventos muito fracos. Sem o vento, essa sensação de desconforto é maior ainda”, finalizou o meteorologista.

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JARDINS URBANOS: BELEZA QUE ALIMENTA O OLHAR E A ALMA

“Antes eu não gostava dessa rua não. Sinceramente, achava escura, muito isolada, esse espaço aberto aí só tinha lixo, esse campo também não agradava nada de noite... Mas depois de minhas plantas, eu amo e não quero mais sair daqui, porque só em abrir a porta de manhã e dar um bom dia para elas me deixa muito feliz [...] Hoje eu gosto dessa rua”, expressa a professora aposentada Helenilda Limoeiro da Cruz, 65 anos, moradora da Rua do Viradouro, no bairro João XXIII, em Juazeiro-Bahia.

A forma como a aposentada avalia o lugar onde mora há mais de 26 anos começou a mudar em 2018, justamente com mais uma preocupação, esta gerada a partir de uma coisa boa: a conquista da pavimentação. “Fizeram o calçamento da rua e ficou um buraco aí [em um terreno baldio] onde nós pensamos que ia virar uma lagoa, que quando chovesse ia encher de água e o povo ia depositar lixo”, conta ela.

Para resolver a situação, o esposo, seu José da Cruz, 65 anos, pediu à administração municipal o barro para encher o buraco deixado durante a obra. Foi aí que surgiu a ideia de plantar algumas árvores naquele local. No início eram só árvores de grande porte, “mas depois veio o desejo de plantar flores também”, confessa Dona Helenilda.

O casal colocou as primeiras plantas, mas não demorou para aparecer outras doadas. “Foi surgindo muitas doações de mudas dos amigos, de pessoas que a gente nem conhecia, mas que passava aqui, via o nosso trabalho e começaram a doar”, lembra a aposentada. Hoje, ela e o marido plantam espécies ornamentais, frutíferas e até hortaliças. “A gente não vende nada”, conta dona Helenilda, ao revelar que muita gente quer comprar plantas, mas o casal prefere doar. As hortaliças, por exemplo, são consumidas pela família e pela vizinhança.

Seu José, conhecido como Zé Goleiro, diz que não era habituado a plantar. “Eu não tinha esse costume, não fazia nada disso [...] Comecei a cuidar, comecei a tomar gosto [...] Eu capino, eu faço tudo aí”, detalha.

O resultado do trabalho do casal é apreciado por quem passa na rua entre o campo de futebol e a Justiça Eleitoral, nas proximidades da Estação do Saber. Dedicação, amor e zelo se transformam em cores e cheiros, que encantam e geram muitos comentários positivos. “É só gratidão. Todo mundo que passa aí e admira muito, elogiam o nosso trabalho e eu fico muito grato. Cada um que passa, cada um que me dirige uma palavra de gratidão... É um prazer”, conta satisfeito seu José da Cruz.

A iniciativa do casal contagiou a vizinhança. Só nos arredores do campo de futebol são três jardins, mantidos por, pelo menos, cinco famílias. Uma das cuidadoras das plantas na rua é Jailda Ferreira de Jesus, 49 anos. Ela já gostava de cultivar plantas ornamentais e com a água cedida pelo Município em 2018, o número de plantas cresceu. “O povo gostava de jogar lixo aqui. Então é melhor as plantas do que o lixo. Aí comecei a plantar e os vizinhos gostaram e começaram a zelar também as plantas”, lembra.

Os jardins não têm cercado, com isso algumas crianças entram e danificam as plantas. Contudo, há também crianças interessadas em ajudar. “Tem um gurizinho do Alto do Cruzeiro, chega aqui [e diz]: ‘o senhor não quer ajuda? Eu quero lavar as plantas com o senhor’. Eu dou a mangueira e ele lava as plantas”, conta aos risos seu José.

As plantas deram vida a um espaço mal iluminado e sujo, que parecia estar destinado a ser um lixão. Mas não é só beleza, o lugar melhor cuidado levantou a autoestima das/dos moradoras/es. Helenilda, conta orgulhosa que o jardim “é um ambiente onde as pessoas aproveitam para fazer vídeo, para fazer foto... Isso nos deixa feliz, por que a gente sabe que fez alguma coisa que está causando bem para as pessoas também”.

É comum ouvir dizer que na nossa região só tem duas estações: inverno e verão. Segundo o professor Josemar Martins – Pinzoh, esta afirmação esconde a primavera nas cidades, que é possível ser notada, por exemplo, no florescer das caraibeiras, muito comum nas margens dos riachos urbanos, conhecidos por muitas pessoas por canais de esgoto.

De acordo com Pinzoh, há mais de 10 anos ele realiza o trabalho de registro da primavera em cidades como Juazeiro, Petrolina e Curaçá. O professor destaca que há um número significativo de espécies nativas, embora haja a presença massiva de plantas exóticas, como o nim e o fixo. 

“Às vezes a gente diz: ‘Ah, aqui não existe primavera’. Tem sim! Tem a primavera das caraibeiras e dos ipês”, defende Pinzoh. O professor revela que está prestes a lançar um livro que aborda várias temáticas relacionadas à estrutura das cidades.

 “Não é só de flor que o livro vai falar. Vai falar também de lixo, de desorganização urbana, de falta de planejamento e de aridez urbana”, explica Pinzoh, que defende a necessidade de enxergar o ambiente urbano como parte do Semiárido, tanto quanto a zona rural.

ARBORIZAÇÃO CONTEXTUALIZADA: A escolha das plantas que compõem o cenário verde da cidade pode ser um elemento importante para fortalecer a biodiversidade local. A propagação das plantas da Caatinga no espaço da cidade pode contribuir para mitigar os efeitos que as mudanças climáticas vêm provocando na vida das pessoas. Para isso, o poder público precisa construir um planejamento urbano contextualizado, fazer o Recaatingamento nas cidades.

 “O planejamento urbano precisa contemplar espaço nas calçadas para árvores de pequeno porte, de raízes profundas, que não estragam calçadas e paredes e deve ter espaços abertos como praças e parques, para que tenha árvores de maior porte, conjunto de árvores, arbustos e plantas pequenas do próprio bioma”, aponta José Moacir, colaborador do Irpaa.

De acordo com Moacir a arborização pode ainda se relacionar com a produção de alimentos. “Outro espaço de arborização são as hortas urbanas, espaços grandes, onde se tem árvores frutíferas, verduras, plantas medicinais”, complementa. Segundo o colaborador do Irpaa, às vezes as prefeituras até investem na arborização, mas optam por plantas exóticas, que não têm a mesma resistência das plantas da Caatinga. Um exemplo é a palmeira imperial, trazida para o Brasil pelo imperador Dom João VI e que hoje ocupa muitas praças brasileiras. Enquanto isso outras palmeiras daqui são desprezadas, a exemplo da carnaúba e do licuri.

As árvores urbanas beneficiam a população em diversos aspectos, a exemplo da absorção de parte dos raios solares, formação de sombra e aumento da umidade atmosférica, refrescando o ar das cidades, absorção da poluição atmosférica, neutralizando os seus efeitos na população, proteção do solo contra erosão entre outras vantagens. Além disso, a arborização é importante sob os aspectos histórico, cultural e social. “Além de embelezar, é uma ocupação para nós. Nós já somos aposentados, ficamos em casa sem fazer nada, então ocupamos o nosso tempo, é um tipo de terapia”, afirma dona Helenilda. (Texto e fotos: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa. Imagens aéreas: Josinaldo Vieira – Colaborador do Irpaa)

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JONNEZ BEZERRA É UMA DAS ATRAÇÕES DESTA SEXTA (24) NO V ENCONTRO DE SABERES DA CAATINGA

A música é uma das ferramentas de transformação social. Na terra do Rei do Baião, Jonnez Bezerra é cantor e músico nascido em Exu, Pernambuco. O nome é uma homenagem do pai José e mãe Inês: Jonnez.

Autodidata, Jonnez é um dos frutos da primeira turma do Projeto Asa Branca, criado em 2 de março de 2000, pelo então promotor de Justiça, Francisco Dirceu Barros. “O doutor Francisco era um apaixonado pela cultura gonzagueana, e foi dele a ideia da Fundação Gonzagão. O objetivo até hoje é prestar atendimento a crianças e adolescentes, especialmente as carentes, utilizando a arte e a poesia de Luiz Gonzaga para sua promoção social".

 Jonnez Bezerra revela a paixão e diversidade musical. Nesta sexta-feira (24), o música faz apresentação no V Encontro de Saberes da Caatinga-Noite Cultural-Poesia e Forró.

O evento é transmitido pelo canal de youTube saberes da Caantiga.

Jonnez, virtualíssimo, é cantor, toca sanfona, flauta, violino e teclado entre outros instrumentos. "Nasci e já fui ouvindo música. Meu pai e avô tocavam e é certo que isto influenciou e mais a inspiração das músicas de Luiz Gonzaga", conta Jonnez.

Jonnez trabalha na formação de crianças e jovens no aprendizado musical através do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV). Ele é professor no SCFV, onde todo o trabalho é desenvolvido buscando ampliar trocas culturais e de vivências, desenvolvendo o sentimento de pertencimento e de identidade cultural, fortalecendo vínculos familiares e incentivando a socialização e a convivência comunitária de crianças e adolescentes em risco de vulnerabilidade social.

Atualmente cerca de 80 crianças e adolescentes da cidade de Exu são assistidas pela prestação de serviço e entre eles o aprendizado de teoria e pratica musical.

“A música é muito importante. Ela é uma forma da gente estimular a garotada e auxiliar na busca de um futuro melhor. A educação é libertadora e pode contribuir com a garantia de um futuro mais digno. Luiz Gonzaga é a prova deste ambiente de possibilidades culturais”, declarou Jonnez.

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