O GRITO DOS EXCLUÍDOS É SEMPRE ATUAL. QUEREMOS O DIREITO Á VIDA

O grito dos excluídos, manifestação de protesto da CNBB que há 27 anos se contrapõe à celebração do Dia da Pátria no dia 7 de setembroç, 

“A proposta do Grito dos Excluídos e Excluídas surgiu em 1994, a partir do processo da 2ª Semana Social Brasileira, da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), cujo tema era Brasil, alternativas e protagonistas, inspirada na Campanha da Fraternidade de 1995, com o lema: A fraternidade e os excluídos. Entre as motivações que levaram à escolha do dia 7 de setembro para a realização do Grito dos/as Excluídos/as estão a de fazer um contraponto ao Grito da Independência”, diz o site oficial do evento.

“O primeiro Grito dos Excluídos/as foi realizado em 7 de setembro de 1995, tendo como lema A vida em primeiro lugar”. “A partir de 1996, o Grito foi assumido pela CNBB que o aprovou em sua Assembleia Geral, como parte do PRNM (Projeto Rumo ao Novo Milênio -doc.  56nº129). A cada ano, se efetiva como uma imensa construção coletiva, antes, durante e após o Sete de Setembro. Mais do que uma articulação, o Grito é um processo, é uma manifestação popular”, prossegue o site.

Em declarações ao portal de notícias Rede Brasil Atual, uma agência de notícias fundada por sindicatos, o bispo de Brejo (MA), dom José Valdeci Santos Mendes, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Ação Sócio-Transformadora da CNBB, responsável pelo evento, falou sobre a edição deste ano. 

“O grito é sempre atual no sentido de questionar todas as mazelas que estão aí na sociedade”, disse. 

“Por tudo que é negado, o direito à vida, essa derrubada dos direitos conquistados, a maneira como se encara a vacina – que na verdade deve ser para todos –, a negação da ciência, isso não é um governo que nos representa. Precisamos dizer ‘Fora Bolsonaro!’. Assumimos isso como um compromisso para uma sociedade mais justa e mais fraterna”.


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A HISTÓRIA DO RÁDIO EM FORMA DE PRODUÇÃO DE CULTURA E CARÁTER EDUCATIVO

Em se tratando de rádio no Brasil, não é raro que datas e nomes sejam cercados de polêmica, assim acontece também com a história da primeira emissora do Brasil, atualmente reconhecida a Rádio Clube de Pernambuco, que tem fundação em 1919, diferente do que foi ensinado na maioria dos cursos de Comunicação por muito tempo, dando conta que o título de primeira estação de rádio do país seria a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro (hoje Rádio Mec), surgida em 1923.

Hoje, dia 7 de setembro não é marcado apenas pelo Dia da Independência do Brasil. Foi neste dia, em 1923, que a então Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada por Edgard Roquette-Pinto, entrou no ar definitivamente no prefixo PRA-A. 

Ao longo dos seus 98 anos de história, a Sociedade foi doada para o governo federal, virou Rádio MEC e consolidou-se como uma das mais importantes emissoras do país, sem perder o caráter educativo e de promoção da cultura - e agora, foca nas plataformas digitais e em novos públicos.

O pontapé inicial para criação da Rádio Sociedade foi dado também na data de 7 de setembro, só que de 1922. Exatamente um ano antes da entrada definitiva no ar, o discurso do então presidente Epitácio Pessoa em uma exposição internacional em comemoração ao centenário da Independência do Brasil foi irradiada para 80 receptores no Rio de Janeiro. 

Foi a partir da transmissão que Edgard Roquette-Pinto e um grupo de membros da Academia Brasileira de Ciências (ABC) deram início ao projeto que resultaria na Rádio Sociedade. A ata de criação da emissora foi redigida em 20 de abril de 1923, e a primeira transmissão experimental foi feita em 1º de maio daquele ano.

Roquette-Pinto foi reconhecido por grandes personalidades nacionais e estrangeiras, que transformaram a rádio num ponto de encontro. 

Thiago Regotto, atual gerente da Rádio MEC, contra que a data não foi um acaso: “Como Roquette-Pinto era nacionalista e bem metódico, ele faz a emissão oficial e inicial a partir de 7 de setembro de 1923. Tudo para ele era 7 de setembro. Há uma lógica por trás deste personagem”

E foi em também em um 7 de setembro, mas de 1936, que a emissora foi doada ao Ministério da Educação e passou a se chamar Rádio Ministério da Educação e Cultura (Rádio MEC). A doação por parte de Roquette-Pinto (que continuou até 1943 à frente da emissora) foi condicionada ao dever de, a agora Rádio MEC, continuar com “atividades exclusivamente educativas”.

De acordo com o livro Rádio MEC: Herança de um Sonho (lançado em 2006), de Liana Martinez esse momento é considerado como um dos primordiais na história da emissora. “A sigla MEC acabou adotada como uma marca – Música, Educação e Cultura – com destaque em seu prefixo sonoro”, conta.

Com o passar dos anos, a missão educativa da rádio foi cumprida com a transmissão de programas com fins didáticos. Dois deles fizeram história: o Colégio no Ar, que durou do pós-guerra até os anos 1950 e o Projeto Minerva, criado na década de 1970. Dados do livro “Rádio MEC: Herança de um Sonho” apontam que, em duas fases, o programa atendeu a mais de 545 mil alunos.

Além do foco em educação, a MEC AM também foi de suma importância na história da música e cultura do país. Em 1961, foi criada a Orquestra Sinfônica da Rádio MEC e entrou no ar o programa Música e Músicos do Brasil (hoje, produzido pela MEC FM). 

“Os grandes maestros que dirigiram as tantas orquestras que a emissora manteve em boa parte do século passado é um ponto de destaque na história da emissora”, escreve Liana.

Até 1983, quando foi criada a MEC FM, a Rádio MEC tinha programas voltados à música brasileira, infantil, música clássica e outros ritmos como o jazz. “Quando a rádio faz 60 anos, em 1983, ela "ganha" de presente a rádio MEC FM. Aí a rádio é desmembrada, criando a rádio de música clássica do Brasil em FM”, conta Regotto.

Hoje, o legado de Roquette-Pinto segue vivo nas ondas da Rádio MEC do Rio de Janeiro. Quase centenária, a rádio segue firme no dial 800 kHz, tem boa parte da programação transmitida na “irmã” MEC FM (99.3 MHz no Rio de Janeiro e 87.1 MHz em Brasília) e pode ser acessada pela internet e em aplicativos de celular.

Regotto destaca que a programação da MEC continua valorizando a programação educativa e cultural. “A MEC AM trabalha com o segmento da programação educativa dentro da cultura brasileira. A programação é pensada para passar conhecimento ao ouvinte. Uma música que conta uma história, fala sobre um autor, sempre nesta perspectiva de educar pelo rádio”, diz.

A emissora mantém a produção de programas diários, como o Rádio Sociedade pela manhã, que é ligado à educação, o Arte Clube, ao meio-dia, que é uma revista cultural e o Armazém Cultural à tarde, centrado na música. “Para a gente, também é muito importante a produção infantil da rádio, que aparece desde os primórdios da Rádio Sociedade e hoje é representada pela Rádio Animada”, diz Regotto.

Ele destaca que, hoje, mesmo com uma variedade de emissoras à disposição dos ouvintes, a rádio segue ocupando um espaço que é só dela. “A rádio cumpre um papel que nem uma outra rádio cumpre. No mercado, você não tem esse espaço. Como a rádio faz no Rio de Janeiro, só a MEC AM”.

Noventa e oito anos após a fundação, a Rádio MEC mantém ouvintes fiéis. Uma delas é a artista plástica Elizabeth Salles, que mora em São Gonçalo (RJ). Ela relata que escuta a rádio em seu ateliê e que a emissora é, de certa forma, uma inspiração. “Todos os bustos de mulheres que fizeram parte da história que esculpi tem, como inspiração, músicas que ouvi na rádio. A grande maioria embalada pelo Armazém Cultural”, diz.

O aposentado Luiz Arlindo, de Paty do Alferes (RJ), também elege o Armazém Cultural como o seu programa favorito. “Desde sempre, ouço emissoras de rádio. São companheiras com música que gosto e informação confiável. Depois que me aposentei e com a 'peste' [pandemia] passei a ouvir mais a MEC. Pega bem onde moro e é ótima companhia pros dias em casa”, conta.

Para o futuro, a MEC planeja uma expansão para novas plataformas e uma possível migração para a faixa estendida do FM. “A gente deseja a migração para o FM, para a faixa estendida, e trabalha com o conteúdo em plataforma digitais”, diz Regotto.

Há também planos para algo especial para o iminente centenário. “No centenário, queremos fazer um festival de música grande, mais integrado. Ainda estão nos planos, um livro e programas especiais na TV. O ano do centenário da Rádio MEC vai ser de desdobramento do centenário do rádio. Algo faremos, mas ainda estamos planejando”, conta Regotto.

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REVISTAS MÉDICAS FAZEM APELO HISTÓRICO EM DEFESA DO MEIO AMBIENTE

Em uma ação inédita, 233 revistas médicas, incluindo uma brasileira, publicaram conjuntamente um editorial pedindo a governos de todo o mundo que cuidem melhor de um paciente: a Terra. O documento foi divulgado a uma semana da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, a última reunião internacional antes da conferência do clima, a COP-26, que acontecerá em Glasgow (Reino Unido), em novembro. 

Os autores do artigo destacam que se trata de um “momento crucial para exortar todos os países a entregar planos climáticos ambiciosos e aprimorados para honrar as metas do Acordo de Paris”, o tratado sobre mudanças climáticas adotado por 195 países em 2015.

Mais de um século de emissões de gases de efeito estufa provocadas por atividades humanas, como a geração de energia, a industrialização e o desmatamento, causam sintomas gravíssimos ao paciente: nunca a temperatura esteve tão alta, o que desencadeia fenômenos extremos, derretimento de geleiras, aumento do nível do mar e desertificação de florestas, entre outros.

No editorial, os autores destacam que, há anos, a ciência mostra que não é só o planeta que adoece; as consequências das mudanças climáticas para a saúde humana são severas e já perceptíveis. “A base de uma sociedade saudável é um meio ambiente saudável”, comenta Raffaella Bosurgi, editora executiva da revista Plos Medicine e uma das signatárias do texto. 

“Os profissionais de saúde estão na linha de frente da crise da covid-19 e unidos para alertar que um aumento de temperatura acima de 1,5°C, além de se permitir a destruição continuada da natureza, trará a próxima, e muito mais letal, crise. Nações ricas devem agir rápido e fazer mais do que ajudar os países que já sofrem pelas altas temperaturas. 2021 tem de ser o ano do curso das mudanças mundiais — nossa saúde depende disso”, afirma, em nota, Fiona Godlee, editora-chefe da revista The British Medical Journal, uma das publicações médicas mais importantes do mundo.

“Nos últimos 20 anos, a mortalidade relacionada ao calor entre pessoas com mais de 65 anos aumentou em mais de 50%. As temperaturas mais altas causam desidratação e perda de função renal, doenças dermatológicas, infecções tropicais, resultados adversos para a saúde mental, complicações na gravidez, alergias, morbidade e mortalidade cardiovascular e pulmonar”, diz o editorial.

 “Os danos afetam desproporcionalmente os mais vulneráveis, incluindo crianças, populações mais velhas, minorias étnicas, comunidades mais pobres e aqueles com problemas de saúde subjacentes.”

Os riscos das mudanças climáticas à saúde humana são bem documentados e vão de óbitos por calor ou frio extremos ao surgimento de novas doenças infecciosas. Recentemente, um artigo, publicado na revista BMJ, que fez a revisão de quase 100 pesquisas científicas sobre o tema identificou 10 categorias para descrever problemas de saúde associados às mudanças climáticas, encontrando impactos negativos na gestação, no sistema respiratório, na saúde mental, em alergias de pele e no status nutricional, entre outros.

 Por sua vez, um documento científico divulgado, no ano passado, pela agência ambiental da Organização das Nações Unidas enfatizou que, para evitar a próxima pandemia causada por micro-organismo zoonótico (transmitido por animais, como o coronavírus da covid-19), é preciso parar de degradar o meio ambiente.

“De todas as doenças infecciosas humanas novas e emergentes, cerca de 75% saltam de espécies de outros animais para as pessoas”, diz a publicação da ONU. “A frequência de micro-organismos patogênicos que saltam de outros animais para as pessoas está aumentando devido a atividades humanas insustentáveis. Pandemias, como o surto da covid-19, são um resultado previsível e previsto de como as pessoas obtêm e cultivam alimentos, comercializam e consomem animais, além de alterarem o meio ambiente.”

No artigo conjunto publicado, ontem, pelas 233 revistas, os cientistas alertam sobre a necessidade de mudanças nos padrões de consumo, inclusive de alimentos. “Para cortar emissões, restaurar a agrobiodiversidade e parar com a destruição do mundo natural, precisamos mudar os padrões dietéticos globais para alimentos mais locais, frescos ou minimamente processados, e baseados em plantas”, diz o climatologista brasileiro Carlos A. Monteiro, um dos 19 autores do editorial e editor chefe da Revista de Saúde Pública, da Universidade de São Paulo (USP).

O editorial ressalta que uma ação global suficiente para enfrentar os desafios das mudanças climáticas só será possível se países ricos se comprometam a cumprir o compromisso, ainda pendente, de fornecer US$ 100 bilhões por ano para ações de mitigação e adaptação, incluindo as voltadas aos sistemas de saúde. Os autores destacam que o dinheiro deve vir na forma de doações, em vez de empréstimos.

A iniciativa da publicação foi da Aliança Saúde nas Mudanças Climáticas do Reino Unido. Em nota, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, comentou sobre o tema do editorial. “Os riscos impostos pelas mudanças climáticas podem superar os de qualquer doença. A pandemia da covid-19 vai acabar, mas não há vacina para a crise climática. O relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), um consórcio de cientistas de todo o mundo), mostra que cada fração de grau mais quente ameaça nossa saúde e nosso futuro. Da mesma forma, cada ação realizada para limitar as emissões e o aquecimento nos aproxima de um futuro mais saudável e seguro.”

“Fazer o melhor pelos pacientes exige que os profissionais de saúde compartilhem mensagens difíceis todos os dias. Hoje, a comunidade da saúde se reúne para dizer aos líderes mundiais o que eles ainda não ouvem: ações emergenciais na crise ambiental devem ser tomadas para proteger a saúde. Pelo bem da nossa saúde e pelo bem do futuro, as nações ricas devem fazer mais para apoiar os países que mais sofrem.” Marcel Olde Rikkert, editor chefe do Dutch Medical Journal, da Holanda.

“O meio ambiente e a saúde estão inextricavelmente interligados. As mudanças climáticas estão nos colocando em perigo de várias maneiras, incluindo seus impactos críticos na saúde e na prestação de cuidados de saúde. Como médicos e profissionais de saúde pública, temos a obrigação não apenas de antecipar novas necessidades de cuidados, mas também de sermos participantes ativos na limitação das causas da crise climática.” Eric J. Rubin, editor chefe do The New England Journal of Medicine, dos EUA.

“A mudança climática não é mais teórica. É uma emergência de saúde real, e não há lugar para se esconder. O impacto tornará a covid-19 algo pequeno. Os profissionais de saúde têm um papel importante a desempenhar nesta emergência, promovendo mudanças no sistema de saúde para reduzir drasticamente as emissões e os resíduos, defendendo politicamente e educando nossos pacientes e o público. Nossos filhos, e os deles, dependem de nós agirmos agora, não amanhã.” Nicholas Talley, editor chefe do Medical Journal of Australia, da Austrália.

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MACIEL MELO RETORNA DA QUARENTENA COM PARCERIAS, ÁLBUM DE INÉDITAS E TERCEIRO LIVRO

Caboclo sonhador e de coração tão sertanejo. Maciel Melo, 58, se autodefine nos versos que assina – inclusive destes extraídos de um clássico da música nordestina (e brasileira), Caboclo Sonhador (1982).

Cantor, compositor, poeta, escritor e quaisquer outras possibilidades que a arte lhe permitir, ele segue ávido em musicar poesias e ritmar pensamentos e, quiçá, roteirizar histórias para o cinema. “Ainda quero dirigir um filme, roteiro já tenho”, adianta ele, natural de Iguaraci, Sertão pernambucano, Região fomentada por seus cantos e causos.

De volta e como ele mesmo afirma “em grande estilo” após uma quarentena inspiradora em que produziu um álbum de inéditas e findou seu terceiro livro (A Marca da Cicatriz), ele também arrematou parcerias na música dentre elas com um veterano do cancioneiro nacional, Renato Teixeira. 

“Nós nos conhecemos há algum tempo, já tínhamos canções juntos. Minha junção com ele tem me dado um gás danado”, celebra Maciel, em conversa com a Folha de Pernambuco.

Com Renato, Maciel Melo recentemente fez shows em Caruaru e Santa Cruz de Capibaribe, no Agreste. Ocasiões exaltadas por ele em rede social. “(...) O instante mais sublime de minha vida, cantar com Renato Teixeira”.

O impulso de dividir o palco com o cantor e compositor paulista veio à tona depois de quase dois anos sem trabalhar, mas que não o impediu de produzir material robusto para lançamentos em um futuro próximo e outras parcerias com nomes como Fagner, Bráulio Tavares e Geraldo Azevedo. Mas as pretensões do cantador pernambucano vão mais adiante. 

“Quero chegar ao Sul e Sudeste, e vai ser com Renato. Quero dar uma ‘voada’ por lá. Ele tem mais a ver com o meu jeito de compor e vai ser meu elo com esse lado do Brasil”, destacou Maciel sobre um dos seus desejos imediatos.

Mas antes de alargar a trajetória de mais de 40 anos e pelos menos 400 composições – parte delas emprestadas a vozes diversas da MPB – ele segue atento ao que paira por sobre a imensidão que repousa no Recife, cidade homenageada por ele em um blues ao lado de Teixeira em “Recife Eu e Você”, disponível nas plataformas em breve. “Renato queria celebrar a cidade. Me ligou dizendo que havia me escolhido para fazer a canção”.

Avesso a “esse negócio de live”, como ele mesmo diz, Maciel até se rendeu ao formato no período junino. Mas em sendo nordestino e das bandas sertanejas, do tipo que arrasta vaidoso a sandália de couro e um chapéu que o identifica - é com o olho no olho que se afina.

“É muito chato a live, o povo vê a gente, mas a gente não vê o povo. É um negócio muito frio e precisamos do olhar das pessoas. Se as pessoas tomarem consciência de que a pandemia ainda não acabou e precisamos tomar cuidado, vamos voltar logo”. 

Com representatividade que vai além do seu fazer artístico, Maciel Melo se assume como formador de opinião quando sobe ao palco e se depara com multidões, e não hesita em enxergar realidades, tais quais as que têm tomado a Cultura, setor penalizado com a pandemia e com a falta de políticas públicas.

“Fomos os mais prejudicados com a Covid-19. E temos um governo (federal) com ações que vão de encontro a frentes como educação e cultura. Artista representa pessoas, não à toa boa parte do que faço se relaciona com questões sociais. Sou artista e transformo em música o que penso como cidadão”, complementa ele que entre as boas-novas do seu retorno fez ao lado de Bráulio Tavares a canção “A Hora do Lobo”, traduzindo vivências de um poeta que quando está “rabiscando umas folhas de papel, sabe que a vida é quase nada”, mas (sempre) pode ser reanimada com a potência de um nordestino cantador. (Fonte: Germana Macambira/Folha de Pernambuco)

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PESQUISA REALIZADA NA PROFIAP UNIVASF RECEBE MENÇÃO HONROSA EM EVENTO NACIONAL

Durante a realização IV ENEPCP – Encontro Nacional de Ensino e Pesquisa, na Área de Públicas, de 01 a 03 de setembro de 2021, de maneira virtual, ocorreu a 1ª Edição do Prêmio Augusto Tavares de Teses, Dissertações e Trabalhos de Conclusão de Curso do Campo de Públicas.

O prêmio tem por finalidade estimular a pesquisa, produção acadêmica, difusão do conhecimento e sua aplicação na realidade brasileira, reconhecendo o mérito de trabalhos que possam contribuir para o aperfeiçoamento dos temas na Administração Pública no Brasil. Poderiam ser inscritas teses, dissertações e Trabalhos de Conclusão de Cursos - TCCs inéditos cujas defesas aconteceram entre janeiro de 2018 e março de 2021, em qualquer curso, departamento ou programa de pós-graduação do Campo de Públicas.

No referido evento, o trabalho da servidora da Univasf Mírian Lucia Pereira, egressa do Mestrado Profissional em Administração Pública (Profiap/Univasf), recebeu a “Menção Honrosa” na Categoria Dissertação de Mestrado, com a dissertação intitulada: “Transição de Governo Municipal: LANÇAR DADOS NÃO PARA CONTAR COM A SORTE, MAS PREPARANDO O FUTURO DA GESTÃO”.  Os trabalhos premiados foram avaliados, considerando a vinculação com o Campo de Públicas, o caráter inovador do estudo, a relevância temática, a acuidade metodológica, a qualidade da redação e as capacidades de contribuição para o aperfeiçoamento de processos tecnopolíticos. 

Segundo o Professor Ricardo Duarte, orientador da pesquisa de Mírian Pereira, a premiação não foi nenhuma surpresa, “uma vez, que a dissertação de Mírian já é considerada um dos melhores trabalhos, do Profiap, local e nacional, sendo já uma referência na área de Transição de Governo”. 

Para Mírian, autora da Pesquisa, “receber uma Menção Honrosa, em um evento como o Enepcp significa um reconhecimento por um esforço realizado, durante todo o mestrado, perspectivando produzir um trabalho que trouxesse contribuições teóricas e práticas para o Campo de Públicas. Premiação que tem seu valor aumentado, tendo em vista que esse concurso se deu em homenagem a Augusto Tavares - um inquietante, inovador, provocador, admirável e referenciado professor do nosso Campo –, que faleceu, em 2020, e mesmo doente, bravamente, defendeu sua tese de doutorado. Por tudo isso, é uma grande honra!” 


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CICLISTAS FAZEM COBRANÇA AO DNIT POR MANUTENÇÃO NA BR 235

Como é do conhecimento de grande parcela da população, o uso cotidiano de bicicletas do tipo MB ou Mountain Bike para fins de lazer e ou de trabalho, tem se tornado cada vez maior a nível mundial e no Vale do São Francisco, em especial Juazeiro e Petrolina não é diferente, pois pra todo lado que se olha, seja manhã, tarde ou noite, vemos grupos de ciclistas e também de forma individual ou duplas. 

Não por um acaso, esse esporte cresce muito rápido a cada dia, fazendo surgir uma cadeia de consumo que vai dá própria " Bike" ao vestuário, acessórios e afins. Sem falar nos empregos gerados mas lojas e oficinas. 

Infelizmente nossa região ainda possui um número pequeno de ciclovias, que por sua vez são disputadas também por pedestres que " invadem"o  espaço dos ciclistas, obrigando-os a procurarem novas rotas ou caminhos para a prática do esporte.

Uma dessas rotas é a BR 235, que vai do fundo do Shopping de Juazeiro até a cidade de Uauá, onde nós ciclistas usamos o acostamento da referida BR. 

No entanto , apesar de ser uma rodovia recém pavimentada, a falta de manutenção no acostamento da mesma é visível e tem ocasionado até pequenos acidentes, onde ciclistas tem partes do corpo machucados pelos galhos de árvores que invadem o local onde pedalamos. Outras Vezes, para nos livrarmos dos galhos, temos que subir a pista de rolamento, correndo o risco de sermos atropelados. 

São centenas de ciclistas que usam esse acostamento da referida BR todos os dias, seja pela manhã ou ao entardecer. 

Não seria muito pedir ao DNIT para que faça a poda de galhos das árvores que estão botando nossa integridade física em risco, pois para isso pagamos nossos impostos. 

Atenciosamente:

Grupo Pedal dos amigos- Diretor Yuri Gonçalves

Grupo Pedal do cuscuz - diretora Maria da C. Silva


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ESTUDO MOSTRA COMO DEGRADAÇÃO DA NATUREZA TEM AFETADO RIOS AFLUENTES DO VELHO CHICO

Minas Gerais enfrenta uma das piores estiagens da história, mas a crise hídrica, que afeta o país como um todo, está longe de ser apenas um fenômeno pontual. O estado que já foi chamado de Caixa-d’água do Brasil está ficando cada vez mais seco, consequência da degradação ambiental e das mudanças climáticas.

De acordo com o MapBiomas Águas, a Bacia do Rio São Francisco, que nasce na Serra da Canastra, em Minas, e percorre cinco estados até encontrar o Oceano Atlântico, entre Alagoas e Sergipe, também sofreu diminuição global de 15% na área ocupada por suas águas.

A pesquisa aponta que o complexo teve perda de 125.369 hectares (ha) de superfície hídrica, saindo dos 832.115ha de 1990 para 706.746ha em 2020. Análise de dados de satélites mostra que, entre 1985 e 2020, as maiores bacias hidrográficas mineiras sofreram quedas acentuadas de superfícies de água.

Entre os principais rios, o único que aumentou em área no período avaliado foi o Jequitinhonha. Mas não por recuperação ambiental, e sim devido à ação humana, com a construção da hidrelétrica de Irapé, inaugurada em 2006.

Dados que mostram uma perda de 118 mil hectares de superfície de água em três décadas e meia em Minas – o equivalente a 605 vezes o espelho da Lagoa da Pampulha – fazem parte de estudos dos pesquisadores do MapBiomas, iniciativa que envolve organizações não governamentais, universidades e empresas de tecnologia.

O levantamento nacional aponta a perda de superfície de água em oito das 12 regiões hidrográficas brasileiras, com redução em 23 das 27 unidades da Federação e em todos os biomas.

Porém, em Minas, as perdas de superfície dos principais rios que nascem no estado são bem superiores à média de redução em nível nacional, de 15,7%. Segundo o estudo, a bacia hidrográfica mineiras com maior redução superficial no período analisado foi a do Rio Urucuia, com queda de 45%.

Retratado nas obras do escritor Guimarães Rosa, o curso deságua no Rio São Francisco, assim como o Rio Verde Grande, outro importante manancial do estado, que teve perda de superfície de água de 40%, ou o  Paracatu,  que encolheu em 25%.

O mesmo percentual de perda de água superficial ocorreu no Rio Doce, que nasce em Minas Gerais e segue em direção ao Espírito Santo, onde deságua no Oceano Atlântico, no município de Linhares. 

Como agravante, esse manancial foi totalmente comprometido, até sua foz, pelo desastre do rompimento da barragem da Samarco em Mariana, em 2015.

MAIOR IMPACTO: Um dos pesquisadores do MapBiomas Água, o professor Luis Fernando Guedes Pinto, diretor de Conhecimento da Fundação SOS Mata Atlântica, lembra que, das 23 unidades da Federação que sofreram redução hídrica, Minas Gerais está entre as 10 que mais tiveram perdas nas últimas três décadas.

Ele salienta que o quadro gera maior apreensão pelo fato de o estado concentrar nascentes de bacias hidrográficas importantes, como as do São Francisco e do Doce.

O especialista aponta o desmatamento como um dos principais responsáveis pela queda na disponibilidade hídrica. “O fato de Minas Gerais ter mais nascentes significa que os efeitos (da perda de águas superficiais) são mais impactantes no estado.

Com a continuidade dos desmatamentos, a tendência é ter cada vez menos água, uma preocupação para o futuro. Isso acende uma luz amarela.”

Reportagens do Estado de Minas mostraram que no Norte do estado, dezenas de rios que fazem parte da Bacia do São Francisco, que há 30 anos eram perenes, tornaram-se intermitentes e estão completamente secos, assemelhando-se a estradas. É o caso do Rio das Pedras, no município de Glaucilândia.

Guedes Pinto ressalta que o cenário desolador exposto pelo EM vai ao encontro dos resultados do estudo, divulgado na semana passada.

“O MapBiomas relata exatamente isto: rios que existiam não existem mais ou têm cada vez menos água. Isso tem duas causas principais: o desmatamento e as mudanças climáticas, que vêm provocando secas cada vez mais extremas, mais longas e mais intensas, que diminuem a produção e a oferta de água”, descreve o pesquisador, acrescentando que a situação afeta regiões como a que abriga as nascentes do São Francisco.

O professor acrescenta que a devastação dos principais biomas do estado afeta diretamente a produção de água. “Minas Gerais já desmatou muito a mata atlântica e o cerrado. Isso tem uma consequência enorme sobre as nascentes e os rios. Quanto mais florestas, mais estável a oferta de água. Quanto mais desmatamento, maior prejuízo para a produção de águas”, explica.

Para conter o “esvaziamento” da caixa d’água do Brasil e recuperar o volume das bacias hidrográficas mineiras, o professor Luis Fernando Guedes Pinto destaca a necessidade de reflorestamento, sobretudo com o replantio em torno de nascentes de rios e córregos.

Ele destaca que é preciso também controle sobre usos múltiplos da água, incluindo a irrigação e a geração de energia elétrica, além de investimentos em saneamento básico.

ESCASSEZ: Segundo o estudo do MapBiomas que avaliou dados de satélite de 1985 a 2020, a superfície coberta por água do Brasil em 1991 era de 19,7 milhões de hectares. No ano passado, ela já havia sido reduzida para 16,6 milhões de hectares, área equivalente ao território do Acre ou quase quatro vezes o estado do Rio de Janeiro. A perda de 3,1 milhões de hectares em 30 anos (15,7%) equivale a mais de uma vez e meia a superfície de água de toda a Região Nordeste em 2020. No período avaliado, 70% dos municípios brasileiros tiveram perda de águas superficiais.

Para o ambientalista Apolo Heringer Lisboa, fundador do Manuelzão, projeto de recuperação da Bacia do Rio das Velhas, o período do estudo do MapBiomas que aponta redução nas águas superficiais no Brasil coincide com o “boom” de atividades de mineração e agronegócio. Ele aponta relação direta entre o aumento da exploração econômica e a redução da disponibilidade hídrica.

“O período avaliado pelo MapBiomas abrange o boom da nova economia brasileira, baseada na exportação de commodities, hoje sobretudo para atender ao mercado chinês, a nova grande potência mundial. O quadrilátero aquífero (e ferrífero-aurífero), onde se situam as cabeceiras dos rios das Velhas, Paraopeba e Doce, está sendo rápida e intensamente perfurado a grandes profundidades para extração de minério de ferro de elevada qualidade, em prejuízo da boa gestão dessas águas, que se tornou subsidiária”, afirma.

O especialista salienta, que entre outros impactos, a atividade minerária detona rochas e drena a água dos lençóis freáticos profundos, permitindo a mineração a seco e em algumas regiões o seu transporte por água em minerodutos.

“Esse vasto rebaixamento de lençóis que atinge toda a região das bacias do Velhas, Paraopeba e Doce impacta toda a Grande BH, que passou a ter graves problemas de abastecimento humano, e já compromete a sobrevivência dos rios enquanto ecossistemas de uso comum”, considera.

Apolo Heringer Lisboa afirma também que a explosão da exportação brasileira de matéria-prima gerou alterações no conceito de seca.

“As secas de há meio século eram dependentes da chuva. Hoje, pode haver seca em períodos próximos de muita chuva, pois se trata de seca subterrânea. A demanda colossal de exportação dessas commodities primárias e a licenciosidade do controle da gestão ambiental, que só tem olho para a arrecadação e os negócios político-empresariais, permitem o abuso da retirada de água dos rios e das águas subterrâneas em poços profundos. Ultrapassaram os níveis recomendados para cada ano pela ciência hidrológica”, opina.

No caso da Bacia do São Francisco, afirma, o Rio Urucuia, seu principal aquífero, perdeu a abundância existente até a metade do século 20, coincidindo com a destruição do cerrado para exploração, de onde provêm suas águas. Apolo enfatiza a necessidade de conciliar a atividade econômica com a preservação ambiental.

“Hoje, o desenvolvimento precisa ser regenerativo, na linha da renaturalização. O Brasil convive há 521 anos com atividades econômicas predatórias. Sem ecologizar a economia, aprendendo com a economia natural ou ecologia, caminhamos para o colapso ambiental que levará de roldão o futuro nacional”, alerta.

RIO DAS VELHAS: O Rio das Velhas, uma das principais fontes de abastecimento humano da Região Metropolitana de Belo Horizonte, é dos mananciais mais castigados em três décadas, aponta estudo do MapBiomas. A redução de 40% da superfície de águas do leito é considerada “alarmante” pelo professor e pesquisador Luis Fernando Guedes Pinto, participante da pesquisa.

A queda na vazão é verificada ao longo de toda a extensão da bacia, de 806 quilômetros, da nascente, no município de Ouro Preto, até a foz, no Rio São Francisco, em Várzea da Palma, Norte de Minas, passando pelos territórios de 51 municípios.

“A Bacia do Rio das Velhas fica em uma região que sofre intenso desmatamento e isso está relacionado com a oferta de água”, considera o pesquisador. Ele lembra ainda que o fato de o rio atravessar áreas urbanas e ser usado para o abastecimento da Grande BH também contribui para a retirada de água da bacia e redução do volume que chega até a foz.

A presidente do Comitê da Bacia do Rio das Velhas, Poliana Valgas, afirma que, embora ainda não tenha avaliado o documento do MapBiomas, já tinha alertado sobre a diminuição das águas superficiais na bacia.

“São vários fatores combinados que, principalmente nos períodos de estiagem, ocasionam vazões extremamente baixas. Tudo isso demonstra desequilíbrio e perda de resiliência”, observa.

Segundo ela, entre as causas do quadro estão os baixos índices de chuva, mau uso e ocupação do solo, com destaque para atividades extrativas e expansão imobiliária em áreas de produção de água e recarga do sistema, a crescente demanda pelo uso da água, assim como perdas nos sistemas de abastecimento públicos.

A situação mais crítica está no Alto Rio das Velhas, região da cabeceira e da produção de água, “por sinal, onde ocorre a captação para abastecimento de metade da Região Metropolitana de BH”.

Entre as intervenções para salvar o rio, Poliana Valgas cobra a adoção de “medidas de médio e curto prazos, como a efetivação de um programa estruturante de revitalização da bacia, a definição de políticas públicas de preservação de áreas de produção de água e de uso e ocupação do solo nos municípios”.

Ela cita a recuperação de áreas degradadas e proteção de nascentes, a ampliação e melhoria no tratamento de esgotos das cidades, o uso mais racional da água e investimentos em tecnologia como o reúso e a captação de águas de chuva.

A degradação e a diminuição ano a ano do volume do Rio das Velhas são testemunhadas pelos moradores de suas margens. O pedreiro Edmilson Alves da Silva Pereira, de 42 anos, da localidade de Buriti da Porta, na zona rural de Várzea da Palma, cresceu enquanto o leito só baixava.

“Desde quando era garoto até hoje, o volume do rio diminuiu demais. Tinha um braço onde a gente atravessava com água pela cintura. Hoje, o nível não passa dos pés da gente”, conta.

Vilma Martins Veloso, de 57, presidente da colônia de pescadores do distrito de Barra do Guaicuí, perto do ponto onde o Velhas encontra o Rio São Francisco, se entristece com o que vê olhando para o leito. “Há 30 anos, o rio era uma fartura de água. Hoje, a gente fica triste de ver que está cada vez mais vazio, assoreado e poluído. Quando chove, o rio enche, mas rapidamente a água diminui”, lamenta.

A colônia tem 125 associados, que buscam sustento no São Francisco (a pesca foi proibida no Rio das Velhas, considerado “berçário” dos peixes). Com a degradação, eles também sofrem com diminuição dos cardumes. (Fonte: Jornal Estado de Minas/Luiz Ribeiro) Foto Revista Chico

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