SER (TÃO) CAATINGA: CORES E SABORES DA RESISTÊNCIA

A Caatinga, bioma do sertão do país, é o único bioma exclusivamente brasileiro, e se estende por todo interior do Nordeste oriental, ocupando 18,3% do território do nordeste brasileiro, também presente nas regiões do extremo Norte do estado de Minas Gerais e Sul do Maranhão e Piauí. Esse verdadeiro patrimônio biológico e cultural é o tema do Programa Comida de Verdade na próxima quarta-feira (28).

Como não pode ser encontrado em nenhum outro lugar do planeta, a Caatinga tem como identidade ser genuinamente brasileira e é marcada não só pelo clima semiárido, mas também pela cultura sertaneja e um espírito de trabalho e partilha que vão além dos biomas e da biodiversidade, subvertendo a imagem de que a caatinga é só seca ou deserto. “[A Caatinga] é rica culturalmente e tem um potencial turístico enorme, mas também que ainda é visto com muito preconceito diante do senso comum e da mídia”, afirma Aline, uma das apresentadoras do próximo Comida de Verdade.

Para ela, estar no Comida de Verdade é falar dos frutos da Caatinga e adentrar na cozinha do povo sertanejo e “puxar um tambor”. “Participar do programa Comida de Verdade é adentrar na cozinha do povo, do sujeito brasileiro de todos os cantos “desses Brasis”. E nesse programa em particular, especial da Caatinga, é adentrar na cozinha dos sertanejos que estão localizados nos territórios do bioma Caatinga, que se alimentam, se nutrem, mas também se espelham na resistência das plantas e dos animais para a sua existência nesse território”.

O Programa desta semana também traz o Plano Nacional “Plantar árvores, produzir alimento saudáveis” do MST e comenta como a campanha está inserida na realidade da Caatinga, com agroflorestas e quintais produtivos de árvores simbólicas como o Umbu, considerada árvore da vida que guarda água.

“A culinária popular, tradicional desses Brasis é muito diversa. E a Caatinga tem tudo a ver porque comida de verdade fala de gente simples, de comida feita de forma tradicional e simples, com os nutrientes que a gente tem no quintal, que a gente tem no lote, nas áreas de reserva, do Umbuzeiro”, lembra Aline.

O programa também está repleto de informação e cultura com dicas de saúde e alimentação, como as feiras que abastecem os municípios menores da Caatinga. A cultura do cangaço ocupa a parte do visual, a partir da estética do programa que traz o cordel, Aboio, Xilogravuras e Repente para alegrar o final da tarde de quarta.

“Comida de verdade também tem tudo a ver com a Caatinga porque estamos falando de comida resistente, de comida popular, de comida para nutrir o corpo, mas também nutrir a alma, nutrir a luta em defesa da Reforma Agrária Popular. E, em particular nesse período de pandemia, também nutrir e oxigenar a vontade de ter um Brasil justo e igualitário, com comida tanto no campo como também na cidade”, conclui Aline.

Serviço: Quer entender mais sobre a Caatinga e porque ela têm tudo a ver com o Programa Comida de Verdade?

Então não esquece: é quarta-feira (28/04), às 19h00, nas redes sociais do MST e outros parceiros.

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CARIRI-A NAÇÃO DAS UTOPIAS *TEXTO DO CINEASTA ROSEMBERG CARIRY

O texto do cineasta e pesquisador cultural, Rosemberg Cariry, intitulado “CARIRI – A Nação das Utopias”, traz um pouco da parte mitológica dos índios Kariri. Por meio de uma narrativa simples, Rosemberg apresenta uma fração de como era as crenças e os mitos dos nativos que viviam na Chapada do Araripe, antes do extermínio colonizador europeu. Veja a seguir um fragmento desse importante texto construído principalmente pelo relato de história oral da resistência dos índios Kariri.

A região do Cariri cearense é um oásis, o verde coração do semi-árido nordestino. Apesar de ser uma terra de farturas e de portentos, sua história revela a tragédia do processo civilizatório sertanejo no destino de um povo - os Cariri (Kariri ou Quiriri) - que se fundiu na carne e na alma dos seus inimigos: fazendeiros, criadores de gados, agricultores e vaqueiros oriundos de Sergipe, de Pernambuco e da Bahia. Ao Cariri cearense, centro geográfico com eqüidistância para as principais capitais do Nordeste, desde meados do século XVII até os dias de hoje, continuam a chegar multidões sertanejas, em um fluxo constante, atraídas pela fertilidade e pela sagração do território como espaço mítico.

As narrativas míticas indígenas, dispersas em livros, poemas e contos populares, encontram-se fragmentadas e mescladas com narrativas religiosas judaico-cristãs e com as afro-brasileiras. Os mistérios iniciáticos dos mitos originais, como a escultura de um símbolo que tomba, fragmentaram-se em mil pedaços, deixando que se perdessem as chaves dos seus selos. Revisitar essas narrativas e tentar organizá-las em um “corpus” (dar-lhes uma coerência) é tarefa das mais difíceis, só possível através da psicologia profunda e do estudo dos arquétipos.

A narrativa popular, pelo mistério da arte, mergulha nas sombras e revela os arquétipos. Vale a pena enfrentar os perigos de uma jornada através do caleidoscópio de fragmentos míticos e arquetípicos do inconsciente coletivo em busca do mito original. Afirma a tradição que o Cariri era o território mítico de Badzé – o deus do fumo e civilizador do mundo. No princípio era a Trindade: Badzé era o Grande- Pai, Poditã era o filho maior e Warakidzã (senhor do sonho), o filho menor. Os dois irmãos habitavam a constelação de Órion. Badzé enviou Poditã, o seu filho preferido, para a terra Cariri e esse ensinou aos índios a reconhecer os frutos, a caçar animais, a fazer farinha de mandioca, a preparar utensílios de uso cotidiano, a dançar, a cantar e a fazer os rituais de pajelanças. 

Os índios viviam felizes, mas tinham apenas uma Única-Mulher, a Deusa-Mãe, princípio primevo do cosmo de onde se originaram todas as coisas. Eles desejavam mais... desejavam possuir muitas mulheres que pudessem preparar os alimentos que colhiam e caçavam e que gostassem de se deitar com eles nas redes para afugentar o frio da noite. Para satisfazer os desejos dos Cariri, Poditã orientou-os para que eles, quando fossem catar piolhos na Única-Mulher, ferissem a sua cabeça com um espinho mágico e a matassem. 

Depois, eles deveriam cortar o corpo da Única-Mulher em tantos pedaços quanto fossem os homens e cada homem deveria envolver o seu pedaço da mulher com capuchos de algodão. Os índios fizeram tudo, conforme as orientações de Poditã, e depois foram para a caça. Quando regressaram, viram admirados que, na aldeia, havia muitas mulheres. Elas alimentavam o fogo e tinham preparado uma grande quantidade de bebidas e comidas. Saciadas a fome e a sede, os índios e as índias sussurucaram em suas redes. Tiveram muitos curumins (crianças) e ficaram felizes, pois a Única-Mulher tinha se transformado na Iara – a Mãe das Águas (o feminino cósmico, inumano), o que assegurava a fertilidade da terra, possibilitando grande abundância de caças e de frutas.

Por tudo isso, os índios viviam felizes e agradecidos, dançando e cantando em honra de Poditã. Com ciúmes do irmão, Warakidzã desceu à terra Cariri, transformou as crianças índias em porcos-espinhos (o embrutecimento do espírito, o futuro negado), fazendo com que elas subissem num gigantesco pé de árvore (a árvore do bem e do mal?). 

Não satisfeito, pediu às formigas azuis para que roessem o tronco da árvore, derrubando-a por terra e deixando as crianças-porco-espinho para sempre encantadas no céu. A terra Cariri ficou um eterno “hoje”, sem amanhã. Depois de muitas tentativas inúteis de por a enorme árvore em pé, impossibilitados de subirem até os céus, os índios disseram a Poditã que estavam muito tristes e que queriam de volta a alegria das suas crianças (o seu futuro). 

Poditã ensinou então aos pajés que, invocando a proteção de Badzé, fumassem seus cachimbos com ervas mágicas e tomassem o vinho da jurema preta para ter visões proféticas, entrando, assim, em contato com o mundo dos encantados. Contente com a visita dos espíritos dos pajés e com as ofertas de fumo, Badzé castigou Warakidzã, desencantou as crianças-porco-espinho em curumins e as devolveu ao Paraíso da terra Cariri que voltou também a ter um amanhã.

O LAGO ENCANTADO: Os índios Cariri diziam provir de um “lago encantado”, provavelmente do Tocantins ou do Amazonas (ref. Capistrano de Abreu). O factual é que, habitantes do litoral nordestino, os Cariri foram sendo, pouco a pouco, empurrados para os sertões pelos Tupi, seus inimigos, e, posteriormente, pelos invasores europeus. Reza a tradição que eram de uma bravura e ferocidade estupendas, e como símbolo e troféu dos seus feitos épicos se ornamentavam com dentes de tubarão. 

O mito das águas tinha uma importância fundamental no sistema de crenças dos Cariri. A Deusa-Mãe, o espírito cósmico fecundante (a Única-Mulher), adquiriu, na cosmogonia Cariri, a simbologia da água representada pela Mãe d’Água – serpente sagrada que dorme nas profundezas da terra e guarda os segredos da vida e da morte.

NOTÍCIAS DA MÃE D'ÁGUA: Até algumas décadas atrás, a Mãe d’Água ainda habitava as fontes do sopé da Chapada do Araripe. Dona Amélia da Luanda, uma cabocla de 92 anos de idade, que mora próximo à “Nascente Batateiras”, no Crato, conta que na década de 20, seus irmãos chegaram a ver a Mãe d’Água (a Única-Mulher – o feminino inumano) e, por pouco, não morreram. Eles foram hipnotizados e atraídos pela insuportável beleza da Mulher-Serpente que flutuava na superfície das águas. Sua cabeleira de milhões de fios luminosos e verdes se ramificavam pela terra, como raízes. 

Os gritos da mãe verdadeira (o feminino humano) que, pressentindo o perigo, buscava os filhos na floresta, salvou-os de última hora. Não há quem possa ver, face a face, a Deusa-Mãe sem se dissolver nas suas profundezas. Dona Amélia da Luanda não informa se, depois de tão extraordinária “visão”, seus irmãos ainda ficaram “normais”. Com certeza não, possivelmente ou enlouqueceram ou viraram “iluminados” e saíram, pelos sertões afora, a profetizar os segredos do fim do mundo. 

A construção da usina hidroelétrica na “Nascente da Batateiras”, em 1939, terminou afastando a Mãe d’Água para as profundezas da terra. Como resquício dessa presença mágica da Mãe d’Água na “Nascente da Batateiras”, Dona Amélia da Luanda ainda aponta outros acontecimentos prodigiosos: em algumas noites, quando a lua está cheia (força feminina da fertilidade), ouvem-se as flautas e os zabumbas dos “caboclinhos” tocando dentro da floresta do Araripe. Esses “caboclinhos” são os curumins desencantados, festejando o regresso ao Paraíso Cariri.

O CARIRI VAI VIRAR MAR: As tribos Cariri, alocados na Missão do Miranda, guardaram codificados, na sua sensibilidade, intuição e memória, a evocação da “lagoa encantada” – lugar mítico das suas origens. Para eles todo o vale do Cariri era um mar subterrâneo. Debaixo da terra dormia a Serpente d’Água, cujo imenso caudal era represado pela “Pedra da Batateiras”, ao sopé da chapada do Araripe. 

Precisamente, onde hoje está situada a Matriz do Crato, erigida sob a invocação de N.S. do Belo Amor, era a cama da baleia ( na simbologia cristã : o peixe que guia a arca nas águas do dilúvio) Os pajés Cariri profetizavam que a “Pedra da Batateiras” iria rolar, todo o vale do Cariri seria inundado e as águas, em fúria, devorariam os homens maus que tinham roubado a terra e escravizado os índios. Quando as águas baixassem, a terra voltaria a ser fértil e livre e os Cariri voltariam para repovoar o “Paraíso”.

Não se sabe em que momento surgiu a lenda da “Pedra da Batateiras”, mas é possível que tenha surgido com o aldeamento dos índios Cariri na Missão do Miranda (1740 – 1750). É certo que, por volta de 1779, na mesma época em que eram despojados mais uma vez das suas terras, por decisão de José César de Meneses, governador de Pernambuco, os caboclos-cariri atribuíam a profecia de que “o Cariri iria virar mar” ao frei Vital Frescarolo, missionário apostólico capuchinho. 

Em um momento de crise, de dissolução da cultura e do sentido de “comunidade”, os caboclos-cariri buscavam, assim, uma “autoridade” exterior para dar à lenda foros de verdade sagrada e manter a coesão do grupo. Irineu Pinheiro registra que, em 1803, o frei Vital aldeou, nos sertões de Pernambuco, tribos da grande Nação Cariri.

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LIVRO RESGATA HISTÓRIA DOS ÍNDIOS KARIRI E O PROCESSO IDENTITÁRIO DOS POVOS ORIGINAIS DA REGIÃO

O Professor do Departamento de Direito da Universidade Regional do Cariri (URCA), doutor José Patrício Pereira Melo, lançou este mês, um dos primeiros e mais completos trabalhos relacionados aos índios kariri, povos originários da região sul do Ceará, e reúne informações importantes, com dados e análises, voltados ao fortalecimento da identidade dos povos Cariri Poço Dantas, em Crato.

O trabalho de pesquisa, que resultou na tese de doutorado do Professor Patrício Melo, foi realizado entre os anos de 2014 e 2020, na área de Direito, pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em decorrência de projeto realizado com apoio da Fundação Cearense de Apoio Pesquisa (FUNCAP) e Governo do Estado do Ceará.

O trabalho envolve resultados de uma pesquisa teórica e empírica, tendo como referência o Direito Socioambiental, além das áreas relacionadas ao Direito Constitucional, Direito Ambiental e os Direitos Sociais, positivados na Constituição. 

Segundo o autor, o trabalho vai além de um estudo apenas jurídico, e reúne um amplo relato historiográfico, além de descritivo do Cariri. A memória é reavivada dentro de um contexto de vivência dos ancestrais da região e dos que resistem. Isso inclui uma ampla explanação sobre o Geoparque Araripe Mundial da Unesco, além dos Kariri do passado e daqueles que resistem no território e buscam o fortalecimento da sua identidade.

Com uma ampla pesquisa, o Professor Patrício Melo afirma que os autores que referenciam o trabalho identificam no processo histórico, social e jurídico dos grupos étnicos submetidos à colonização, um dos maiores etnocídios da história, protagonizado pelos espanhóis e portugueses no século XVI. O que permitiu uma análise mais crítica e dialética, além de evidenciar a relação entre as diversas culturas e natureza.

A partir dos resultados das análises, percebeu-se que as sociedades originais sofreram grandes ataques, passando pela destruição da organização social, além do modo de produção coletiva, com consequências na convivência com a natureza, a cultura e a religiosidade.

O processo que se deu no Cariri ocorreu no final do século XVIII, quando os Cariri foram aldeados e em seguida expulsos da Missão do Miranda. A identidade dos índios Cariri do Sítio Poço Dantas, passa a ser desnudada, com isso, em sua história transcrita sob o enfoque do direito positivo.

O autor trabalha com uma análise ampla, abordando o modelo de colonização e eurocentrismo, o que faz com que os latino-americanos tenham o direito de agir para superar a cultura eurocêntrica, diretamente associada ao processo de desenvolvimento moderno, cujo progresso está submetido, exclusivamente, ao modo de produção capitalista.

Algumas questões passam a ser avaliadas, a partir de contextos diferenciados e levam a alguns pontos, como o da identidade Cariri, e o processo de etnogênese e da territorialização a que foram submetidos. Além disso, a invocação da sua memória coletiva à ancestralidade Kariri e a autoafirmação da identidade como característica predominante no processo de identificação. 

Outros pontos estão relacionados à compreensão e consciência social, além do pertencimento étnico do denominado índio Cariri. Isso tem a ver com a comprovação dos traços culturais ainda presentes nos Cariri, que reproduzem a cultura dos povos.

A pesquisa evidencia a grande contribuição que poderá ser dada a partir de todo o processo de identificação. Entre esses direitos atribuídos, em face do reconhecimento pelo Estado, ainda não iniciado, mas necessários para compor o devido processo legal junto à Fundação Nacional do Índio (FUNAI)/Ministério da Justiça.

Outros aspectos importantes dentro desse processo, está a terra indígena do aldeamento da Missão do Miranda, cuja doação aos índios Cariú e etnias agregadas, todas da nação Cariri, foi-lhes retirada em 1780 pelo Estado. O autor fortalece a discussão voltada ao direito e acesso às políticas públicas indigenistas, além do direito à autodeterminação.

Segundo o professor Patrício Melo, o livro envolve uma experiência revolucionária de autodeterminação dos Purépecha de Cherán no México, o que representa uma imersão na história e cultura mexicana, além dos ensinamentos para os povos indígenas da América Latina.

O debate é amplo em torno do Direito, envolvendo a proteção jurídica dos povos indígenas. As informações levantadas envolvem os estudos voltados à área do sítio Poço Dantas. Um dos pontos que chama a atenção no trabalho é a quantidade de índios autodeclarados na região, a partir do censo de 2010, com dados obtidos pelo Ipece. O que já demonstra uma diferença em relação ao Estado do Ceará. São 760 pessoas autodeclaradas índios na Região Metropolitana do Cariri.

É importante destacar que o autor faz uma diferenciação entre a descrição dos kariri do Brasil, e os Cariri do Cariri, para a descrição dos remanescentes. A partir do século XVIII, os índios chegaram a ser expulsos da missão do Miranda, em Crato. A resistência no século XXI à identidade Kariri passa a ser enfocada.

Quem são os índios Cariri: Os índios Cariri do Cariri descendem de um processo de uma mistura étnica, que teve a sua ligação mais recente nos séculos XVIII e XIX, desde os aldeamentos missionários que foram submetidos. 

Esses mesmos índios já eram resultantes de uma mistura de várias etnias que foram aldeados na missão dos Cariris Novo em Missão Nova, que é a atual Missão Velha. Posteriormente, Missão do Miranda, atual cidade do Crato. Os índios do Poço Dantas são descendentes do processo de aldeamento registrado no Cariri, ocorrido de forma semelhante em outras regiões do Nordeste. (Fonte: Site Urca)

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LICURI PRODUZIDO NA BAHIA É DESTAQUE NO IX WORKSHOP POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO DA CAATINGA

O evento, que segue até esta quarta-feira (28), tem como objetivo trazer o conhecimento e o uso de plantas medicinais do bioma Caatinga, em especial, o licuri, e contemplar a diversidade cultural, por meio do conhecimento tradicional, incentivar o saber científico e as possibilidades de práticas integrativas ao público geral.

A iniciativa é do NBioCaat e conta com o apoio do Instituto Nacional do Semiárido (INSA), da Cooperativa de Produção da Região do Piemonte da Diamantina (Coopes), com sede em Capim Grosso/BA, da Social Economia Verde – Ecolume, do Comitê Estadual da Reserva das Biosfera de Pernambuco e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), da Universidade Federal do Rio de Grande do Sul (UFRGS), Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

De acordo com José Tosato, coordenador de Pesquisa Inovação e Extensão Tecnológica (Cepex), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), é imensa a tarefa de popularizar as ciências, os conhecimentos e as sabedorias das populações tradicionais, que, quando se juntam com o ensino, a pesquisa e a extensão formais, resultam em grandes avanços para a sociedade.

"Tecnologia e inovação precisam beneficiar quem mais precisa e ser úteis para a distribuição de renda, para tornar as pessoas mais felizes, com qualidade de vida. Quando pesquisadores e pesquisadoras trabalham junto com as comunidades e devolvem o conhecimento produzido para beneficiá-las diretamente, estamos cumprindo os objetivos mais nobre desse processo", ressaltou Tosato.

A coordenadora do NBioCaat, Marcia Vanuza da Silva, destacou que a pesquisa tem como protagonistas as comunidades tradicionais e suas organizações que, aliadas ao Núcleo, mostram todo esse potencial da Caatinga: "A gente faz esse trabalho para que retorne a essa população. Nesta IX edição, a gente traz, para o conhecimento de todos, esse, que a gente acha que é o ouro ainda (des)conhecido da Caatinga, o licuri. Esperamos que todos conheçam toda a potencialidade dessa planta endêmica da Caatinga, tão resiliente". Ela conta que além do licuri, pelo NBioCaat já foram catalogadas mais de 80 plantas inéditas, exclusivamente do Bioma Caatinga, com potencial alimentar, fitoterápico, ou para cosméticos.

 Francelma Silva, presidente da Coopes, reforçou que o workshop permite a possibilidade de abrir ainda mais as mentes sobre as potencialidades desse bioma: "Que a gente possa valorizar cada vez mais a nossa Caatinga e a nossa cultura".

Durante o evento, os/as participantes têm a possibilidade de conhecer o resultado de pesquisas já publicadas, que mostram as propriedades do licuri para diversas finalidades, que já eram conhecidas, em geral, por comunidades tradicionais, mas que passaram a ser comprovadas, cientificamente, após longo processo de escuta dessas comunidades e de estudos e testes acadêmicos.

PROGRAMAÇÃO: O evento conta com a apresentação da Coopes: Colhendo o Ouro (des)conhecido da Caatinga, das ações públicas destinadas à bioeconomia, do sistema produtivo do licuri, com a inovação sustentável para a bioeconomia do Nordeste e da segurança de usar o óleo de licuri. Durante o evento, o público pôde conferir também uma palestra sobre Soberania Alimentar na Caatinga e sobre Viveiros Educativos e sua importância no combate às mudanças climáticas na Caatinga, entre outros temas.

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MANUELA D'ÁVILA PARTICIPA DA QUINTA SEMANA DE JORNALISMO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI

O curso de Jornalismo da Universidade Federal do Cariri (UFCA) promove a Quinta Semana de Jornalismo. O lançamento será no dia 29 de abril às 18h30, com aula virtual da jornalista e ex-candidata à vice-presidente da República, Manuela D’Ávila, com transmissão ao vivo pela plataforma Google Meet. O tema será Fake News.

Durante o evento, Manuela d’Ávila vai contar como lidou com correntes de produção e distribuição de notícias falsas a seu respeito. A experiência acabou se tornando tema de seu último livro “E se fosse você? Sobrevivendo às redes de ódio e fake news”, lançado em 2020. Após a apresentação da palestra sobre Fake News, a jornalista concederá uma entrevista coletiva para alunos do curso de Jornalismo da UFCA, que poderá ser acompanhada por todos os participantes da aula aberta.

As inscrições são gratuitas e devem ser realizadas até as 18h do dia 28 de abril de 2021. Para se inscrever, preencha o formulário on-line (Link para uma nova página). No dia da aula, o link será disponibilizado para os inscritos. O evento contará com certificação de 4 horas.

Todos os eventos organizados pelo curso de Jornalismo da UFCA são gratuitos e nenhum dos nossos convidados cobra cachê. Manuela D’Ávila participará do lançamento da Quinta Semana de Jornalismo do Cariri de forma voluntária.

Sobre Manuela d’Ávila: Mestre em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Manuela Pinto Vieira d’Ávila possui graduação em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Além de jornalista e escritora (possui três livros publicados), após alguns mandatos no Legislativo, como vereadora de Porto Alegre, deputada federal e deputada estadual no Rio Grande do Sul, foi pré-candidata à presidência da República pelo PCdoB e candidata a vice-presidente na chapa de Fernando Haddad nas eleições de 2018. Sua última disputa eleitoral foi em 2020 para a Prefeitura de Porto Alegre.

A penalização do uso de aplicativos de mensagem para distribuição de desinformação, boatos e mentiras como se fossem informações reais com o intuito de prejudicar pessoas ou grupos está no centro do debate envolvendo a criação da Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, em tramitação no Congresso Nacional. As Fake News serão um dos assuntos discutidos na Quinta Semana do Jornalismo, que será realizada de 27 de setembro a 1º de outubro de 2021, com o tema: “Jornalismo em confronto: atuação profissional na pandemia de Covid-19 no Brasil”. A programação do evento será divulgada na próxima quinta-feira logo após a apresentação de Manuela d’Ávila.

Mais informações ou dúvidas

E-mail: semanadojornalismoufca@gmail.com

Instagram: @jornalismo_ufca

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ARARINHA TITA VAI ALÇAR NOVOS VOOS EM 2021 A PARTIR DO DIA NACIONAL DA CAATINGA

A Tita, ararinha azul mais simpática do Vale do São Francisco, vai alçar novos voos em 2021. O anúncio das próximas ações será feito on-line, mostrando que a personagem também está conectada e atenta aos cuidados impostos pela pandemia do coronavírus. Uma live está marcada para às 19h do dia 28 de abril, Dia Nacional da Caatinga, habitat das irmãs da Tita, as ararinhas azuis. 

Esta ação dá sequência ao projeto "Tita e os Mistérios do Velho Chico", que conta com apoio do Ministério do Turismo e da Secretaria Especial de Cultura do Governo Federal, através da lei de incentivo com patrocínio da Bayer, multinacional de saúde e nutrição que completa 125 anos de atuação no Brasil.

"Estamos muito felizes com o sucesso deste projeto e com o apoio da Bayer, a partir de uma parceria que construímos ao longo dos meses. A iniciativa começou com a produção de um clipe animado, depois foi ampliada com a distribuição de livros infantis para crianças e adolescentes de escolas públicas da região. Agora, buscamos atrair a atenção do público infantil e levar a mensagem da Tita para a sociedade de maneira leve e lúdica", conta o ambientalista Victor Flores, criador da Tita.

Retada que é, Tita não costuma guardar segredo e por isso a primeira novidade que será detalhada durante a live é a produção de um curta-metragem tendo a ararinha azul como protagonista. O filme está sendo produzido pela Viu Cine com a assinatura do diretor Eduardo Padrão, que também dirige o projeto infantil Mundo Bita.

Ainda sobre a programação, Tita e seu criador trazem as últimas novidades do Plano de Ação Nacional da Ararinha Azul e do Refúgio da Ararinha em Curaçá, no sertão baiano, uma grande força-tarefa a fim de oferecer condições ideais para o retorno da Cyanopsitta Spixii, nome científico da Ararinha Azul, ave exclusiva do bioma Caatinga. Representantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e da Organização não-governamental alemã Association for Conservation of Threatened Parrots e.V. (ACTP) já confirmaram presença na Live. 

Por fim, vão ser anunciadas novidades sobre os produtos literários da Tita. Além do já anunciado livro infantil, ainda não lançado oficialmente por causa da pandemia do coronavírus, outras três publicações devem chegar ao mercado este ano. Todas as novidades vão ser detalhadas durante a live que será transmitida pelo Canal Victor Flores no YouTube. 

Reponsabilidade social: O projeto reforça o comprometimento da Bayer com os princípios de desenvolvimento sustentável e com suas responsabilidades sociais e éticas como empresa cidadã.

"A empresa investe em projetos sociais, especialmente nas comunidades em que está inserida, voltados à educação, cultura e sustentabilidade, aliando o conhecimento à diversão, direitos básicos de toda criança e todo adolescente. Desenvolvemos um trabalho focado em gerar valor e contribuir para o desenvolvimento local", conclui Edson Kemper, líder da área de Crop Science na unidade de Petrolina.

Live com Victor Flores – Dia Nacional da Caatinga | Participação especial da Tita

Data: 28 de Abril

Horário: 19h

Canal no Youtube: Victor Flores


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NO MÊS DO LIVRO, AGRICULTOR E ESCRITOR BERTOLINO ALVES, COLECIONA OBRAS SOBRE SUA COMUNIDADE

Há quarenta quilômetros de Juazeiro, mas precisamente no distrito de Conchas/ Maniçoba, vive o agricultor e escritor Bertolino Alves Nascimento, autor de quatro obras que retratam o cotidiano de sua comunidade.

Seu Bertolino, que por força maior, não pôde finalizar seus estudos se auto descobriu  cedo no exercício da  leitura e escrita, mas a iniciativa de escrever sobre a história, cultura, tradições e a economia do local, partiu de um convite feito por um grupo de irmãs da igreja católica para participar de um evento educativo em que um dos convidados seria o intelectual Paulo Freire.

"Neste dia eu estava grato pelo convite e muito empolgado porque veria uma pessoa que na época eu já o considerava o gênio em educação. Fiquei atento ao que ele falava, e lembro-me como hoje da fala que me marcou profundamente, ele dizia que até hoje somente a classe dominante escrevia, e de forma distorcida, nossa história. Fiquei refletindo sobre essa fala e me perguntei se realmente seria possível um oprimido contar  através da escrita a história de sua gente".  Exclamou o agricultor.

Sempre ligado aos acontecimentos da comunidade, o agricultor sentiu que estava na hora de registrar a história, cultura, religião e a economia da comunidade.  Com a ajuda de moradores mais antigos, ele coletou informações e escreveu sua primeira obra intitulada 'Nasce uma comunidade'. No livro, o agricultor descreve sobre o atraso do local e as dificuldades de sua gente sofrida.

Em sua paixão pela escrita, o agricultor se engajou no nascimento de mais um livro, este por nome 'Maniçoba, sua gente e sua cultura'.  Na obra, o escritor relata os 25 anos da chegada do progresso por meio do Perímetro Irrigado.

Já ciente de seu papel social, e do impacto que a leitura pode fazer na vida de um indivíduo, seu Bertolino produziu mais dois livros, o 'Reminiscências' e o 'São Gonçalo do Mulungu'.  As obras abordam o verdadeiro cenário de fé, a força, determinação e solidariedade do povo local.

Assim como todo amante da escrita e leitura e sempre preocupado com o bem estar coletivo, o agricultor tem suas queixas dos órgãos públicos em conhecer trabalhos capazes de desenvolver intelectualmente e culturalmente uma sociedade.

"O poder público fecha os olhos para desenvolver ações que tragam benefícios para comunidade, creio que um dia esse eco vai ecoar mais forte e, por fim, chamar a atenção das pessoas capazes de transformar nosso cenário".  Pontuou o escritor.  

Hoje, com 74 anos, e sempre na esperança de dias melhores, seu Bertolino segue pensando como Paulo Freire, acreditando que a educação muda às pessoas, e que as pessoas podem mudar o mundo por meio dela.

Por: Maiara Santos/ Jornalista

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