PALESTRA: PLANEJAMENTO E GESTÃO ESTRATÉGICA EM TEMPOS DE COVID-19 ACONTECE NESTA QUARTA (28)


Nesta quarta-feira (28), a partir das 19h30min, o Ciclo de Palestras Administração Contemporânea (CPAC), do campus Ouricuri, do IF Sertão-PE, vai realizar a palestra “Planejamento e gestão estratégica em tempos de covid-19” , que será proferida por Erika Jamir, docente das disciplinas de Administração do campus Paulistana do Instituto Federal do Piauí. O evento é gratuito, disponibiliza certificado e será transmitido no canal do YouTube “ifsertaope.ouricuri”.

Para se inscrever, é necessário ter cadastro no site IF Eventos. Caso o(a) interessado(a) já o possua, deve fazer o acesso com login e senha e confirmar a inscrição na palestra. 

Caso o(a) interessado(a) não tenha cadastro, deve realizá-lo, informando os dados solicitados. Tudo isso deve ser feito por meio do link: ifeventos.ifsertao-pe.edu.br. Ao todo, serão 100 vagas disponibilizadas para a palestra “Planejamento e gestão estratégica em tempos de covid-19”.


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EMBRAPA CERRADO DESENVOLVE EXAME DE SANGUE DA TERRA QUE PROMETE REVOLUCIONAR A ANÁLISE DE SOLO

Um dos desafios da agricultura é avaliar a qualidade do solo além dos aspectos físicos e químicos dele. Porém, uma novidade pode dar mais informações para o produtor rural.

Depois de 30 anos de estudos, pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveram um teste capaz de analisar mais informações do terreno, saber como está a saúde área.

A análise biológica da terra, um teste que mede o nível de vida do solo, é uma novidade que pode trazer grandes vantagens para o agricultor. Ele funciona como um “exame de sangue” do solo.

A tecnologia é 100% nacional e tem um custo acessível (veja os laboratórios que fazem a bioanálise).

O Brasil é um gigante na produção de diversos alimentos e tanta fartura só pode existir se houver riqueza no solo. E entender a vida debaixo da terra é um desafio tão antigo quanto a agricultura.

O motivo é que a qualidade da terra é fundamental para qualquer lavoura, é a base de tudo. Além de ser rico em nutrientes, como fósforo ou nitrogênio, o solo também precisa ser saudável, conter fungos, bactérias e outros organismos.

“Quando o agricultor mandava a amostra do solo para o laboratório, havia uma grande lacuna nessas análises que era a ausência do componente biológico”, explica Ieda de Carvalho Mendes, pesquisadora da Embrapa.

As propriedades biológicas da terra indicam a riqueza da vida do solo. Esses organismos imperceptíveis a olho nu ajudam a decompor a matéria orgânica, reciclam nutrientes e fixam oxigênio para as plantas. Em resumo, vida no solo melhora a vida da lavoura.

“Uma grama de solo deve conter em torno de 1 bilhão de células e bactérias, é um universo paralelo que a gente tem embaixo dos nossos pés”, acrescenta Ieda.

Diante de tanta importância, a Embrapa Cerrados, criou um teste inovador, chamado de bioanálise ou análise biológica do solo.

Durante mais de 20 anos de estudo, os pesquisadores analisaram mais de 30 tipos de substâncias presentes no solo para avaliar como está a saúde dele.

Com a nova análise, é possível saber tudo o que já passou pela terra: adubo, agrotóxicos, diferentes culturas, os tipos de manejo, toda a memória que a terra carrega.

“A gente consegue acessar essa memória e saber se aquele manejo está favorecendo a saúde do solo ou se está levando à degradação. Da mesma forma que no exame de sangue”, explica a pesquisadora da Embrapa.

COMO FUNCIONA: O teste é rápido, basta coletar amostras de terra e aplicar os reagentes. Os resultados são detectados pela análise de cores. Com uma tabela desenvolvida pela Embrapa, é possível medir as propriedades químicas e biológicas do solo.

O estudo ainda avalia três funções do solo: Capacidade de fornecer nutrientes; Capacidade de armazenar esses nutrientes; Capacidade de trocar os nutrientes com a planta.

“O agricultor brasileiro vai ser o único do mundo que vai poder acessar como que está o funcionamento do seu solo com relação a suprimento de nutrientes. É uma coisa única no mundo”, comemora Ieda de Carvalho Mendes.

TESTES: Antes de lançar a bioanálise no mercado, os pesquisadores realizaram testes em mais de 100 propriedades rurais.

Um dos parceiros do estudo é o agricultor e agrônomo José Mário Ferreira, que produz em 2 mil hectares no município de Padre Bernardo, em Goiás. Ele cultiva milho, entra com o gado na entressafra e depois planta soja.

A primeira análise biológica do solo na fazenda foi feita no ano passado, e o resultado mostrou que o manejo na integração entre lavoura e pecuária estava correto, mas era possível melhorar, por exemplo, a cobertura de solo para o cultivo de grãos.

Com o resultado em mãos, José Mário decidiu aumentar o tempo do capim, de 6 meses para 1 ano e meio. “Quando a gente plantou a soja, na sequência, a gente percebeu que o vigor da soja estava melhor em relação à área que ficou só 6 meses”, conta.

Com a mudança, o produtor hoje produz cerca de 70 sacas de soja por hectare, muito acima da média nacional, sem o uso de fungicidas.

ONDE FAZER: Atualmente, a bioanálise está disponível em 9 laboratórios habilitados pela Embrapa.  O teste sai entre R$ 120 e R$ 150 por amostra.

No momento, a análise biológica do solo só é realizada no Cerrado, em cultivos anuais, como soja, milho, algodão e feijão. Os pesquisadores trabalham para ampliar a área de cobertura dos testes.

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FORTE VENTANIA CAUSA PÂNICO AOS MORADORES DE PETROLÂNDIA, SERTÃO DE PERNAMBUCO

Os moradores de Petrolândia, no Sertão de Pernambuco, tiveram um susto na noite de ontem segunda-feira (26) por causa de uma forte ventania que atingiu o município. Uma chuva que caiu em algumas cidades sertanejas veio com rajadas de vento forte.

Os fortes ventos assustaram as pessoas e provocaram correria em bares e restaurantes. Alguns moradores filmaram o momento e os vídeos circularam bastante pelas redes sociais.

Segundo a Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC), a previsão do tempo para o Sertão do estado nesta terça-feira (27) é de céu parcialmente nublado a claro sem chuva em toda a região no período da noite. Estão previstos ventos com intensidade de fraca a moderada na região.

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POLÍCIA REALIZA OPERAÇÃO CONTRA GRUPO SUSPEITO DE TRÁFICO DE DROGAS, PORTE ILEGAL DE ARMAS E HOMICÍDIOS EM JUAZEIRO

Polícia realiza operação contra grupo suspeito de tráfico de drogas, porte ilegal de armas e homicídios na Bahia. Operação foi deflagrada nesta terça (27), em Senhor do Bonfim, Juazeiro, Lauro de Freitas, Feira de Santana e Barreiras.

Integrantes de organizações criminosas na Bahia são alvos de uma operação da Polícia Civil deflagrada na manhã desta terça-feira (27), em cinco cidades do estado. A informação é da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).

De acordo com a SSP, os alvos da operação, intitulada Gunsmith, têm envolvimento com tráfico de drogas, porte ilegal de arma, homicídios e corrupção de menores.

Mandados estão sendo cumpridos nas cidades de Senhor do Bonfim, Juazeiro, Lauro de Freitas, Feira de Santana e Barreiras.

A operação é do Departamento de Polícia Civil do Interior (Depin), através de investigação da 19ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin/Senhor do Bonfim), com apoio da Superintendência de Inteligência (SI) da SSP-BA.

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UNIVASF PROMOVE A SEMANA NACIONAL DO LIVRO E DA BIBLIOTECA

 O Sistema Integrado de Bibliotecas (Sibi) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) promove nesta terça (27) e nesta quinta-feira (29), a Semana Nacional do Livro e da Biblioteca. O evento é online e gratuito e conta com palestras sobre elaboração e editoração de e-books produzidos em universidades, além de sorteio e lançamento de obras literárias. A programação será transmitida através das redes sociais do Sibi. Para participar, não é necessária a realização de inscrição prévia. Haverá emissão de certificados.

Amanhã (27), partir das 15h, será realizada a palestra “Elaboração e Editoração de E-Books na Universidade”, em parceria com a Editora da Universidade Federal da Bahia (Edufba). A palestra terá a participação da diretora e da coordenadora editorial da Edufba, Flávia Rosa e Susane Barros, respectivamente. A palestra será mediada pelo professor do Colegiado de Artes Visuais da Univasf Edson Macalini e contará com a presença do bibliotecário da instituição Lucídio Lopes, que realizará a abertura do evento. A transmissão acontecerá pelo canal do Sibi no Youtube, onde haverá um formulário de frequência virtual, disponibilizado na descrição do vídeo, durante a palestra.

Na quinta-feira (29), às 10h, será sorteado o livro “Meio sol amarelo”, vencedor dos prêmios National Book Critics Circle Award e Orange Prize, da autora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. Os interessados têm até as 9h do dia do sorteio para participar. Para concorrer é necessário acompanhar o Instagram do Sibi e seguir as regras e orientações para participação descritas na foto oficial do sorteio. Haverá o registro do sorteio em vídeo e o resultado será divulgado também no Instagram.

Além disso, a partir das 19h da quinta-feira, será promovido o lançamento do livro Laboratorium Caá-t-enga, com bate-papo com os artistas e equipe envolvidos na elaboração da publicação. No lançamento, será apresentado o processo de elaboração do livro, um trabalho coletivo que envolveu profissionais de diversas áreas através de criação gráfica a partir da exposição também intitulada “Laboratorium Caá-t-enga” , realizada em setembro de 2019 pela Diretoria de Arte, Cultura e Ações Comunitárias da Pró-Reitoria de Extensão (Proex). O lançamento da obra literária será transmitido ao vivo pelo canal do Sibi no Youtube.

De acordo com a diretora do Sibi, Ana Paula Lopes, este evento tem o objetivo de ser um incentivo ao desenvolvimento da produção acadêmica no formato de e-books. “A gente já observa diversas iniciativas de transformar resultados de pesquisas em e-books na Universidade, mas também vemos que há algumas dúvidas de como fazer ou qual a melhor forma de organização desse tipo de publicação. Desta forma, esperamos auxiliar quanto a essas questões”, diz.

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FESTA INTERNACIONAL DA CHAPADA DIAMANTINA ACONTECE NOS DIAS 29, 30 E 31 DE OUTUBRO


 A Festa Literária Internacional da Chapada Diamantina acontece nos dias 29, 30 e 31 de outubro com programação variada; as inscrições já estão abertas. Dentre os convidados importantes, destacam-se nomes como Miriam Alves, Antônio Torres, Carlos Barbosa, Antônio Carlos Secchin, Itamar Vieira Júnior, Natália Polesso e Paloma Franca Amorim.

As mulheres negras têm destaque na programação, em várias vertentes da literatura, com nomes como Eliana Alves, Tatiana Nascimento, Lívia Natália, Meire Cazumbá e Marie Bordas.

Outro destaque é ao painel sobre a literatura moçambicana com a presença de autores do país africano tais como Carlos Osvaldo, Eliana Nzualo, Lica Sebastião, Lucílio Manjate e Eliana N'zualo

Haverá ainda muitos debates que terão presença de representantes e lideranças indígenas, como Ailton Krenak, João Paulo Tukano, o cacique Juvenal Payayá, Joana Mongelo e Sandra Benites

Na última sexta-feira, a TV Uneb Seabra levou ao ar a live de pré-lançamento da Festa Literária Internacional da Chapada Diamantina. Esta será a segunda edição do evento que, por conta da pandemia e do isolamento social, será realizado totalmente de modo virtual. As conversas e debates acontecem no canal da TV Uneb Seabra, no Youtube, além de atividades em outras plataformas.

Assista aqui à live de pré-lançamento no canal da TV Uneb Seabra aqui: https://bit.ly/2T6IFYj.

A programação da II Flich está recheada de atividades e debates que reúnem grandes nomes das Letras, pensadores e artistas de outras artes – o que reforça a transdisciplinaridade do evento –, bem como de escritores e escritoras que irão partilhar sua experiência de produção e fazer artístico.

As Prosas Virtuais dividem-se em seis eixos-temáticos centrais: Literatura e História / Literatura e Identidades / Literatura Contemporânea / Literatura, Comunicação e Educação / Literatura e Outros Saberes / Literatura e Outras Artes.

Há uma significativa presença de escritoras na programação da Flich, distribuídas nas muitas mesas e eixos-temáticos, desde a discussão sobre a literatura de mulheres negras (com as presenças de Miriam Alves, Eliana Alves, Tatiana Nascimento, Lívia Natália), a lesbianidade na literatura (Natália Polessa, Cidinha da Silva, Paloma Franca, Nívia Vasconcelos), ambas vertentes que se cruzam no cenário múltiplo da literatura contemporânea (ainda com as contribuições de Kátia Borges e Rita Queiroz).

A Flich enxerga a necessidade de estreitar relações com escritores de Moçambique, tendo em vista os laços históricos entre o Brasil e o continente africano, bem como o interesse crescente pela produção de autores dos países da África de língua oficial portuguesa. Por isso, o evento acolhe um painel com representantes da jovem e atual safra da produção literária moçambicana. Participam dessa conversa os escritores Carlos Osvaldo, Eliana N'zualo, Lucílio Manjate, Lica Sebastião e Adelino Timóteo.  

O evento conta também com uma programação dedicada às crianças e jovens, bem como aos estudiosos e produtores de literatura infanto-juvenil, apelidada de Flichinha. Dentre os muitos temas, serão discutidos a representação negra nesse tipo de literatura (com as presenças de Júlio Emílio Braz, Meire Cazumbá e Marie Bordas), as vozes baianas que se destacam nessa seara (com Ricardo Ishmael, Iray Galrão e Ioia Brandão) e também a literatura infanto-juvenil com foco nos temas indígenas (participam dessa mesa Terezinha Barreto, Olivio Jekupe e Marina Miranda).

Os representantes e nomes indígenas, aliás, compõem a programação da Flich em muitas frentes e não só na Flichinha. Eles irão discutir a escrita e o pensamento ameríndio (com as presenças de Ailton Krenak, João Paulo Tukano e Sandra Benites), e ainda a literatura contemporânea de autoria indígena (que recebe Ytanajé Coelho Cardoso, Ademario Ribeiro e o cacique Juvenal Payayá).

A relação da literatura com o cinema é também o tema de uma das discussões, que vai questionar o lugar do roteiro cinematográfico como uma peça de literatura. Participam dessa discussão os cineastas e roteiristas Henrique Dantas, Andrea Guanais e Carollini Assis.

Em cada um dos dias da programação, haverá uma mesa que abordará a vida e obra dos homenageados dessa edição da Flich: Clarice Lispector, João Cabral de Melo Neto e Anísio Teixeira. Essas Prosas contam com a participação de especialistas, literatos e educadores.

ATIVIDADES: A Flich irá discutir o papel das políticas públicas e do circuito editorial contemporâneo no Brasil, com representantes de editoras parceiras. Serão lançados também livros, além da promoção de atividades culturais como o Sarau da Flich, apresentações de teatro, circo, cinema e música.

Serão ofertadas também, como atividades paralelas, algumas oficinas. São elas: "Experiências criativas para aulas de Literatura", ministrada por Naiara Chaves; "A crônica nossa de cada dia", com Amanda Gomes; "Livros: quem pode fazê-los?", com Lívia Magalhães; e "As Madonas obscenas: escritas do corpo feminino", ministrada por Vivian Leme Furlan.

Aos participantes interessados na certificação do evento, as inscrições para as mesas e também para os minicursos e oficinas já podem ser efetuadas a partir desse link: https://bit.ly/2IQW4lc.

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NO CENTENÁRIO DE JOÃO CABRAL DE MELO NETO, CONFRARIA O HOMENAGEIA EM EDIÇÃO ESPECIAL

João Cabral de Melo Neto (1920-1999) riscou o seu estilo na história da literatura brasileira de maneira indelével com a ponta de um punhal pernambucano. Ele virou quase que sinônimo de contundência, magreza, aridez, materialidade e essencialidade. Fez os objetos falarem. Inventou uma poesia tesa, com língua de pedra, de faca, de osso, de mandacaru e de fuzil. 

Na passagem do centenário de João Cabral de Melo Neto, o poeta pernambucano ganha celebração brasiliense, em edição artesanal esmerada de antologia poética, publicada pela Confraria dos Bibliófilos do Brasil, com ilustrações de Maurício Arraes e apresentação de Inez Cabral de Melo Neto.

Essa é uma homenagem que João, com certeza, apreciaria, pois ele editou vários livros seus no Recife, na editora Gráfico Amador, com Gastão Holanda, pai do arquiteto Frederico Holanda. Além disso, o próprio Cabral publicou 14 obras artesanais no selo Livro Inconsútil, que criou nos tempos em que morava em Barcelona.

“Falo somente com o que falo/com as mesmas vinte palavras/girando ao redor do sol/que as limpa do que não é faca”, escreveu João Cabral no poema Graciliano Ramos. Pois bem, José Salles Neto, o editor da Confraria dos Bibliófilos, considera João o Graciliano Ramos da poesia: “Graciliano é o nosso maior ficcionista e Cabral é o nosso poeta mais singular”, comenta Salles. “Tem o texto enxuto, contundente e profundo dos romances de Graciliano”.

Salles observa que João também condensa o mundo dos engenhos do Nordeste evocado por José Lins do Rego. O que pode ser ilustrado pelo poema Menino de engenho: “A cana cortada é uma foice./Cortada num ângulo agudo, ganha o gume afiado da foice/que a corta em foice, um dar-se mútuo./Menino, o gume de uma cana/cortou-me ao quase de cegar-me,/e uma cicatriz, que não guardo,/soube dentro de mim guardar-se.”

PERNAMBUCO: As poesias de Manuel Bandeira, de Vinicius de Moraes, de Mário Quintana ou de Cecília Meirelles são de um lirismo mais leve. A de João é uma antipoesia, que critica duramente todo o imaginário romântico e sentimental: “Pernambuco tão masculino/que agrediu tudo de menino/é capaz das frutas mais fêmeas/E de uma femeeza sedenta”.

Salles comenta que João nunca entrou nos álbuns de poesia que as moças e os rapazes faziam: “ O Vinicius ou o Drummond entravam em todas. Cabral não é para apaixonados, deslumbrados. Ler a poesia de João Cabral é exercício crítico, embora ele também seja um poeta sensorial”.

A poesia de João Cabral é fálica, macha, sem ser machista. Expressa a visceralidade nordestina: “Trata-se de uma virilidade mais literária do que sexual”, comenta Salles. “É algo semelhante ao que a gente encontra nos romances de Graciliano Ramos. Acho que essa contundência e aspereza são características do povo nordestino”.

A escolha do ilustrador é um aspecto muito importante nas edições da Confraria dos Bibliófilos do Brasil. Salles acompanha o trabalho dos artistas gráficos de maneira obsessiva. E, quando edita um livro, sempre tem um artista em mira. Já publicou obras com ilustrações de Dariel Valença Lins, Marcelo Grassmann, Millôr Fernandes, Renina Katz, Maria Tomaseli, entre outros.

CORDEL: Maurício Arraes imprimiu um estilo de traços crus e de atmosfera fantasmagórica das gravuras de cordel às ilustrações para a poesia de João Cabral. Mas, a bela capa colorida, evoca as figuras primitivas e meio larvares de Juan Miró, de quem João Cabral era amigo e sobre quem escreveu um excelente ensaio. Maurício seria um Miró do sertão: “Entre os grandes ilustradores, Maurício Arrais é o menos badalado”, pondera Salles. “Sempre procuramos o melhor artista de cada região. A evocação a Miró foi consciente. Ele me mandou um e-mail dizendo que queria fazer uma homenagem à amizade entre Cabral e Miró”.

A Sociedade dos 100 Bibliófilos do Brasil, fundada no Rio de Janeiro, é a mais famosa instituição dedicada a livros artesanais de arte. Durou de 1949 a 1964 e publicou 23 livros. 

Mas, apesar de menos badalada, a Confraria dos Bibliófilos do Brasil, dirigida por Salles, já publicou 70, em 25 anos de atividade. Todos os ilustradores da Sociedade colaboraram com as edições da confraria brasiliense, que publica três livros por ano, dois por votação dos sócios e um por escolha de Salles: “Os sócios votaram em massa em João Cabral de Melo Neto”, observa Salles: “E acho que João Cabral ficaria feliz com essa homenagem da Confraria, pois ele foi um apaixonado editor de livros de arte artesanais”.

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