PROJETO LAGOS DO SÃO FRANCISCO ESTIMULA A FRUTICULTURA NO SEMIÁRIDO

 


O projeto ‘Lagos do São Francisco’, uma cooperação entre a Embrapa Semiárido (Petrolina-PE) e Chesf, com o apoio do BNDES, tem levado um conjunto de inovações tecnológicas a pequenos agricultores do Semiárido, com foco na produção de frutas. Por meio de capacitações e treinamentos, a iniciativa vem fornecendo orientações e insumos para a instalação de áreas demonstrativas, os chamados Campos de Aprendizagem Tecnológica (CATs).

Um desses CATs é o de limão Tahiti, implantado em dezembro de 2019 nos municípios de Poço Redondo (SE) e Delmiro Gouveia (AL). Para a cultura, foram utilizados o sistema de irrigação por gotejamento, escolhido em função da eficiência de aplicação de água e da viabilidade para adoção da fertirrigação. 

Para ajudar os agricultores a otimizar a produção, o projeto organizou também diversas capacitações, levando informações sobre o manejo de água, podas de formação e tratos fitossanitários para controle de pragas e doenças.

O produtor Miguel Paulo Feitosa Junior, do Perímetro Irrigado Jacaré-Curituba, em Poço Redondo, foi um dos beneficiários da iniciativa.  Com as orientações repassadas ele vem manejando um hectare de limão Tahiti, e está satisfeito com os resultados alcançados.

Segundo o coordenador do Projeto e pesquisador da Embrapa Semiárido, Rebert Coelho, a instalação dos CATs trouxe um grande diferencial, ajudando a realizar a transferência de tecnologia e a consolidar a adoção pelos produtores. 

O gestor relata ainda que um fator importante para o sucesso dos Campos de Aprendizagem foi a chegada do Canal do Sertão, obra pública que utiliza a água do Rio São Francisco como vetor de desenvolvimento agrícola regional.

‘No momento em que muitos produtores iniciam o cultivo de espécies utilizando as águas do Canal do Sertão, consideramos relevante realizar as orientações, principalmente na modernização dos aspectos técnicos para a produção de fruteiras, com o uso de variedades/híbridos adaptados, espaçamentos e sistemas de irrigação. Com isso, esperamos melhorar as produções e qualidade dos frutos, com redução de custos e maior retorno financeiro aos produtores de manga, banana, coco, citros e goiaba', comenta Rebert.

Atualmente o projeto desenvolve atividades nos municípios de Pariconha, Olho D’Água do Casado, Delmiro Gouveia e Piranhas, em Alagoas; Paulo Afonso, Rodelas e Glória, na Bahia; Petrolândia e Jatobá, em Pernambuco; e Canindé do São Francisco, Poço Redondo e Nossa Senhora da Glória, em Sergipe. As ações vão se estender até abril de 2022, quando se encerra o projeto.

A iniciativa tem como parceiros a Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), prefeituras municipais, Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Alagoas (Emater-AL), Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (BA), da Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (SE), CODEVASF, Cooperativas, Associações e Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Agricultores Familiares. (Fonte: Clarice Rocha-Embrapa Semiárido)

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VAPOR BENJAMIM GUIMARÃES SERÁ RESTAURADO; ELE TRANSPORTOU PASSAGEIROS E CARGAS NO TRECHO JUAZEIRO A PIRAPORA

O Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) anunciou nesta segunda-feira (5/9) a conclusão do processo licitatório para contratação de empresa especializada para a recuperação do Vapor Benjamim Guimarães, único desse modelo no mundo e que está atracado no porto de Pirapora, no Norte de Minas.

A empresa vencedora — INC Indústria Naval Catarinense — foi conhecida em 30 de setembro, dia em que o Iepha-MG completou 49 anos. O investimento na recuperação do Benjamim Guimarães é de R$ 3 ,7 milhões, dos quais R$ 74 mil devem ser aportados pelo instituto. A execução da obra está prevista para ocorrer no prazo de seis a oito meses.

A restauração incluirá a recuperação e substituição do casco e das estruturas em madeira (pisos, divisórias, esquadrias e escadas), além do mobiliário. Também serão feitas novas instalações elétricas, hidrossanitárias e de prevenção e combate a incêndio. O sistema de governo, telégrafo e das máquinas alternativas de propulsão também serão recuperados.  

“A restauração do vapor é um marco para o turismo e a cultura não só da região, mas de Minas e do Brasil. A história da embarcação é relacionada com o processo de implantação da navegação comercial no rio São Francisco entre a segunda metade do século XIX e meados do século XX”, afirma o secretário de Estado da Cultua e Turismo, Leônidas Oliveira.

O contrato para recuperação foi assinado em dezembro do ano passado com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A embarcação, construída em 1913 pelo estaleiro norte-americano James Rees e Sons, estava parada nos últimos seis anos, quando foram identificados problemas estruturais que comprometiam a segurança dos usuários.

O Vapor Benjamin Guimarães já navegou no rio Mississipi (EUA) e, posteriormente, em rios da bacia Amazônica. No rio São Francisco, navegou até 2014 e, por várias décadas, foi usado para levar cargas e passageiros no trecho Pirapora (MG) a Juazeiro (BA), servindo até no transporte de tropas do Exército Brasileiro durante a II Guerra Mundial (1939-1945).

Com capacidade para transportar até 140 pessoas, entre tripulantes e passageiros, o vapor tem três pisos: no primeiro, estão a casa de máquinas, caldeira, banheiros e uma área para abrigar passageiros; no segundo, se encontram 12 camarotes; e, no terceiro, há um bar e área coberta. O barco foi tombado pelo patrimônio estadual estadual em 1985. (Jornal O Tempo MG)

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ONDA DE CALOR CONTINUA EM JUAZEIRO E PETROLINA E APAC ALERTA PARA O RISCO DE SAÚDE

 

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta de "grande perigo" em razão de uma onda de calor em grande parte da Região Centro-Oeste e no estado do Tocantins. De acordo com o Inmet, a onda de calor que vai até a sexta-feira (9). O instituto disse que há risco de morte por hipertermia.

Juazeiro e Petrolina estão com a umidade relativa do ar abaixo de 20%. Isto é considerado alerta de perigo de saúde. A temperatura registra mais de 36 graus. Sensação térmica supera os 40 graus centigrados.

Confira Nota: AVISO DE UMIDADE BAIXA Entre 12 e 20% - Estado de Alerta: 

Observar as recomendações do estado de atenção

Suprimir exercícios físicos e trabalhos ao ar livre entre 10 e 16 horas

Evitar aglomerações em ambientes fechados

Usar soro fisiológico para olhos e narinas.

A presença de uma massa de ar seco sobre o estado de Pernambuco está propiciando baixos valores de umidade relativa do ar. Nos dias 05 a 09/10/2020 a umidade relativa do ar deve atingir valores abaixo de 20%, no período da tarde, em grande parte do Sertão de São Francisco e de Pernambuco.  


PROBLEMAS À SAÚDE DECORRENTES DA BAIXA UMIDADE DO AR SEGUNDO A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS):

Complicações alérgicas e respiratórias devido ao ressecamento de mucosas;

Sangramento pelo nariz;

Ressecamento da pele;

Irritação dos olhos;

Eletricidade estática nas pessoas e em equipamentos eletrônicos;

Aumento do potencial de incêndios em pastagens e florestas

O instituto disse que que durante este período as temperaturas registrarão 5ºC acima da média na região. O aviso registra alerta para as seguintes áreas: Distrito Federal, centro sul, nordeste, norte,  sudeste e sudoeste mato-grossense, centro, leste, sul, norte e noroeste goiano, sudeste, sul e oeste tocantinense.

Em caso de emergência, o Inmet recomenda que a população contate a Defesa Civil (telefone 199). Também deve ser aumentada ingestão de líquidos, evitar a prática de atividades físicas ao ar livre entre as 10h e 17h  e usar protetor solar.


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PAULA, JOSÉ CARLOS E CALINE, A NOITE DE LUA CHEIA E O RIO SÃO FRANCISCO

"O Rio é do menino e de quem habita o rio: o velho atrás do peixe que sobe e desce o rio, pois sabe que é preciso mais pescar do que viver; o menino do rio que sabe que não há rio mais belo que o rio de sua aldeia; a mulher que lava seu branco lençol na beira do rio com os seus joelhos junto ao coração...É muito grande a família do povo que faz o rio". As palavras, poesia de Ziraldo, serve também para descrever o sentimento de Paula, José Carlos e Caline.

A reportagem do BLOG NEY VITAL encontrou Paula, José Carlos e Caline na orla de Juazeiro numa noite de Lua Cheia refletindo nas águas do Rio São Francisco. Os termômetros registrando 34ºC durante o período da noite e uma brisa. Os três jovens aproveitam as águas do Rio São Francisco e tomam um 'banho de lua', termo eternizado na famosa música de Celly e praticam o exercícios físico que mais amam: nadar. E nadar numa noite de Luz Cheia no rio São Francisco é especial e 'enche a alma de mais amor e paz".

Eles contam que preferem ir à noite, frequentam a orla nesse horário para escapar do sol forte. A iluminação da orla também facilita e os três lançam braçadas curtas e rápidas, aumentam a flutuação evitando que as ondas e correntes os empurrem no sentido contrário. A natação é tão perfeita que chega a ser sincronizado, quase dança no balanço das águas do rio São Francisco.

José Carlos revela que é neto de navegante que por vários anos deslizou a Barca Jurity nestes sertões. "Aprendi a nadar criança e viver no rio São Francisco e valorizar dia e noite este presente da natureza. Sou neto de navegante das barrancas do rio e ouvi muitas histórias que marcam o meu caminhar", diz José Carlos.

Entre as histórias José Carlos cita o inventário e os místérios do rio São Francisco. O valor simbólico do Rio São Francisco, a vegetação local e o cotidiano exercem uma influência direta sobre os artigos produzidos pelos artesãos que trabalham com a madeira. Os escultores costumam criar imagens religiosas, carrancas, peixes e adornos abordando a vivência das famílias ribeirinhas. O saber local orienta que o corte da madeira utilizada para esse fim seja feito no quarto da lua, ou seja, três dias antes ou três dias depois da lua cheia, para que a madeira não corra o risco de rachar.

Além das fases da lua, os meses definem a época do talho da madeira utilizada para fazer cercas, barcos, pilões, gamelas, colheres de pau, carrancas e demais artefatos. 

Caline e Paula reforçam que o rio São Francisco é o maior patrimônio do Vale do São Francisco. "Na verdade quando estamos nadando no Velho Chico nosso respeito é tão grande que sempre pensamos o quanto é fundamental pensar no rio como um patrimônio da humanidade", revelam.


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MEMÓRIA: ZUZA HOMEM DE MELLO DEIXA O MAPA BEM ORQUESTRADO DA MÚSICA BRASILEIRA


Jornalista, escritor e professor doutor Emanuel Andrade, relembra a trajetória de Zuza Homem de Melo, que faleceu semana passada, e deixa um legado para a história da música. Confira:

A  memória  serve ao presente  - o que explica  em grande medida a relevância  que ela adquiriu  para além de círculos especializados. No mais, preservar a memória da cultura de um povo é mapear e enriquecer o patrimônio de suas linguagens. Quando o assunto é Música Popular Brasileira o primeiro nome que já está na história há mais de meio século chama-se Zuza Homem de Mello que saiu de cena da vida real esta semana. Talvez exista alguém que conheça música tanto quanto o jornalista e crítico que estava na ativa desde 1957, mas é bem difícil.

Zuza presenciou o surgimento de movimentos importantes que desenharam os trilhos da MPB como a Bossa Nova, a Jovem Guarda e a Tropicália. Agora imagine que ainda jovem quando foi estudar musicologia nos EUA, em  novembro de 1957, no Carnegie Hall, assistiu algo que sabe lá Deus que importância teve na vida dele: um espetáculo que uniu uma constelação de músicos formada pelo jovem Ray Charles, Dizzy Gillespie, Sonny Rollins, Chet Baker, Thelonius Monk, John Coltrane e, para terminar, Billie Holliday.

No Brasil, Zuza, mais que apaixonado por jazz, marcou a história da música brasileira por ajudar a lapidar e conceber trabalhos históricos ao lado de Elis Regina, Milton Nascimento e Gilberto Gil. Atuou na TV e no rádio chegando a apresentar o programa "Jazz Brasil", na TV Cultura. Não mais como instrumentista da noite, lançou-se como técnico de som, mas com um pensamento de captar também a alma dos programas e das plateias em um momento único da TV Record, em produções como O Fino da Bossa, Jovem Guarda e Bossaudade.

Há dois anos sua trajetória foi contada no documentário "Zuza Homem de Jazz", dirigido por Janaina Dalri que resgatou sua época morando nos EUA, para estudar na prestigiada escola Juilliard School. Zuza tinha um conhecido humor inteligente, sempre carregado de informações para cada interlocutor. "Para todos os efeitos eu tenho músicas nas veias", costumava se definir. O papel de pesquisador e de músico se misturava vez ou outra na rotina do Zuza escritor, jornalista, contrabaixista e técnico de som.

Em entrevista ao Itaú Cultural anos atrás afirmou que, antes de se profissionalizar no campo da pesquisa, tocava todas as músicas que ouvia na rádio como Luiz Gonzaga, Mário Reis, Ary Barroso e Dorival Caymmi. "Eram as músicas que fizeram minha cabeça. A minha grande universidade na música popular era ouvir rádio".

Quando voltou da temporada americana, a Bossa Nova o pegou da cabeça aos pés. Foi amigo de todos os seus integrantes, ouviu todos os discos, dirigiu shows e entrevistou o elenco "top" do movimento banquinho e violão. Para ele, João Gilberto era uma espécie de papa da batida bossanovista. Menos de uma semana antes de morrer, Zuza pôs ponto final na biografia que estava escrevendo sobre o baiano de Juazeiro(BA), assunto que o deixava emocionado.

Sempre que fazia audições do álbum Amoroso, que João lançou em 1977, dizia que não conseguia ouvi-lo sem ir às lágrimas. Quando os pais entenderam que não valia a pena insistir para que ele seguisse outro caminho foram direto ao assunto quando o jovem chegou em casa na madrugada após baladas musicais com um instrumento debaixo do braço:  "Se é assim, prepare-se. Você vai estudar".

Em sua trajetória, uma coisa certa era que ele não ouvia música só para ativar as emoções biológicas. A cada audição degustava, parava, analisava letra, arranjo, estilo, ritmo e tudo que esta arte possibilitou aos seus ouvidos dos mais apurados. "Meu papel é ensinar as pessoas a aprender a ouvir." Para ele, ouvir bem uma música, com tudo o que ela tinha a oferecer, era um ato que poderia salvar um dia, uma história, uma vida.

No contexto presente,  no qual o futuro deixou de representar a promessa de progresso, é coerente que se olhe para trás com avidez e compreensão do valor da memória que a cultura estabelece. A contribuição que Zuza Homem de Mello deixa tem o reforço de seus livros a exemplo de A Era dos Festivais - Uma Parábola( 2003), Eis Aqui os Bossa Nova(2008) Copacabana(2017); e em dois volumes, A Canção no Tempo, em parceria com Jairo Severiano. 

O depoimento do músico Egberto Gismont para imprensa fotografa bem o papel do pesquisador: "É estaca guardiã, solitária e feliz diante da preservação e respeito a nossa música, nossos músicos, nossos cantores e cantoras, compositores, arranjadores, cantadores de repentes, tocadores de pife, de sanfona, de tarol, de prato e faca raspada". 

*Coluna Texto ao Texto (Letras e sons) por Emanuel Andrade, jornalista, professor do curso de Jornalismo em Multimeios e Doutor em Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP).    


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BISPOS SAEM EM DEFESA DO RIO SÃO FRANCISCO

Bispos retomam tradição da Igreja brasileira e saem em defesa do Rio São Francisco. Os Bispos da Bacia do rio São Francisco (que inclui os estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Sergipe) lançam neste domingo (03),  uma nota em defesa do Velho Chico. Na nota consta a assinatura e apoio de Dom Frei Carlos Alberto Breis Pereira, bispo Diocesano de Juazeiro e Vice-Presidente do Regional NE 3 da CNBB.

Confira: 

“Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância.”

(João, 10,10)

Nós, bispos católicos da Bacia Hidrográfica do São Francisco, neste dia de São Francisco de Assis e do rio que recebeu seu nome há 519 anos, nos sentimos, mais uma vez, compelidos a nos pronunciar sobre a situação em que se encontram o Rio e seu Povo. A promessa de vida trazida por Jesus não nos permite calar.

Ao final de 2017 publicamos a “Carta da Lapa”, alertando para a necessidade de medidas de revitalização da Bacia Hidrográfica. Desde então, não só estas medidas não foram tomadas e nem se anunciam – e são cada vez mais urgentes, como a situação tem piorado e promete piorar ainda mais. Pelo menos três novas ameaças identificamos: 

A Usina Hidrelétrica – UHE Formoso. Esta nova usina está para ser construída na calha do rio, a 12 km a montante de Pirapora – MG, e alagar uma área de mais 32 mil hectares, em seis municípios, causando impactos ambientais e sociais desastrosos, que vão além do local e não estão sendo levados em conta. Os empreendedores e os governos federal e estadual aceleram o licenciamento da obra, em desrespeito às populações afetadas, entre as quais centenas de comunidades tradicionais ribeirinhas. 

Uma Usina Nuclear. Está para ser implantada às margens do reservatório da Barragem de Itaparica, a Usina Nuclear de Itacuruba – PE. Anunciada há tempos, sinais recentes de sua concretização inquietam ainda mais as comunidades locais, já sofridas com as consequências da barragem que os expulsou da beira do Rio em 1987/88. As águas do Rio utilizadas para o resfriamento das caldeiras da usina ficarão contaminadas por radiação e elevadas a altíssimas temperaturas. Além do grande desequilíbrio a causar nos ecossistemas da região e a jusante do Rio, os riscos tenebrosos de um desastre nuclear afetarão uma região ainda maior.

Instrução Normativa no 67. Preocupa-nos ainda esta Instrução Normativa de 3 de agosto de 2020, da Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União e da Secretaria Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados / Ministério da Economia, que trata da “demarcação de terrenos marginais, por meio da determinação da posição da Linha Média das Enchentes Ordinárias – LMEO e da Linha Limite dos Terrenos Marginais – LLTM” dos “lagos, rios e quaisquer correntes de água” federais. Chegam até nós apelos angustiados de comunidades tradicionais ribeirinhas do São Francisco, temerosas de que venham a perder para empreendedores privados as porções principais de seus territórios e o acesso ao Rio.

A produção de energia já compromete 70% da vazão do Rio São Francisco e é uma das principais causas de sua degradação. Não suportará estas novas agressões. É de se questionar o aumento incessante da demanda de energia elétrica e de novos territórios para produção, por um modelo de vida e civilização que está levando o planeta, nossa “Casa Comum”, à exaustão. As mudanças climáticas e as pandemias, cada vez mais intensas e rigorosas, que atingem sobretudo os mais pobres, estão aí a comprovar o fracasso do apregoado “desenvolvimento sustentável” ou de um pretenso “capitalismo verde”. Ao invés de serem manipuladas para o continuísmo do sistema, estão a exigir uma mudança radical dos rumos da humanidade, nos modos de produzir e consumir, em direção à “ecologia integral” que advogam, sensatamente, o Papa Francisco na “Laudato Si’” e o recente Sínodo da Amazônia.

A promessa de vida abundante anunciada por Jesus é nosso desafio e compromisso permanentes. Obriga-nos a esta denúncia e apelo. Às autoridades responsáveis em todos os níveis, pedimos encarecidamente que revejam suas decisões e medidas a cerca destes projetos, em vista do bem comum e da prioridade aos mais pobres, ao meioambiente, à vida, para além das pressões de interesses privados minoritários, agravantes da crise ecológica que a todos e tudo ameaça. À sociedade organizada, às pessoas de boa-vontade, sugerimos que tomem conhecimento destas situações e a defesa do bem maior, em apoio às comunidades afetadas, pressionando as autoridades. Às comunidades afetadas dizemos: fiquem firmes, defendam seus direitos e contem com nosso apoio!

Bacia do Rio São Francisco, 04 de outubro de 2020.

Dom João Justino de Medeiros Silva Arcebispo Metropolitano de Montes Claros – MG

Dom João Santos Cardoso Bispo Diocesano de Bom Jesus da Lapa – BA Presidente do Regional NE 3 da CNBB.

Dom Frei Carlos Alberto Breis Pereira, OFM Bispo Diocesano de Juazeiro – BA Vice-Presidente do Regional NE 3 da CNBB.

Dom Vitor Agnaldo de Menezes Bispo Diocesano de Propriá – SE Secretário do Regional NE 3 da CNBB.

Dom Roberto José da Silva Bispo Diocesano de Janaúba – MG

Dom José Moreira da Silva Bispo Diocesano de Januária – MG

Dom Tommaso Cascianelli, CP Bispo Diocesano de Irecê – BA

Dom Gabriele Marchesi Diocesano de Floresta – PE

Dom Frei Luiz Flávio Cappio, OFM Bispo Diocesano de Barra – BA

Foto: João Zinclar

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OS DESERTOS DE NOTÍCIA NOS MUNICÍPIOS E INFORMAÇÃO COM QUALIDADE EM TEMPOS DE ELEIÇÕES SÃO TEMAS DO WEBINÁRIO 'DESINFORMAÇÃO NO NORDESTE

Mais da metade dos municípios brasileiros são desertos de notícia conforme levantamento realizado pelo Atlas da Notícia, idealizado pelo Projor (Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo). 

Dentre as regiões no país que lidam com esses desertos, o Nordeste é um dos que mais enfrenta desafios e adversidades quanto à cobertura jornalista, principalmente de qualidade.

Diante disso, a ULEPICC-Brasil (Capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) e a COAR (1º projeto independente de fact-checking no Piauí) lançam de 6 a 9 de outubro de 2020, o Webinário “Desinformação no Nordeste: Desafios e oportunidades para o jornalismo”. O evento é totalmente gratuito e exibido na Plataforma Google Meet.

Para a abertura do evento será promovida a Aula Inaugural dia 6 de outubro, às 19h, e apresentada por Carlos Eduardo Franciscato, que é pós-doutor em Comunicação e professor titular da Universidade Federal de Sergipe (UFS). A partir do dia 7, o Webinário contará com mesas temáticas promovidas por pesquisadores e representantes de entidades do jornalismo regional e nacional.

Para os interessados, as inscrições poderão ser realizadas no seguinte link: https://forms.gle/7n87nyGbruBq9kRr5.

As mesas estão divididas por temas: 1 – O cenário do acesso à informação no Nordeste: desafios e oportunidades.

Sem meios oficiais confiáveis para se informar, nordestinos que convivem com desertos de notícias podem ficam mais suscetíveis a acreditarem em boatos, que muitas vezes não são verdadeiros. Diante cenário desafiador, o Webinário apresenta no dia 7 de outubro, a partir das 16h, a mesa composta pelos seguintes pesquisadores:

– Janaine Aires: Doutora em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É líder do EPA! – Grupo de Pesquisa em Economia Política do Audiovisual. Confira mais no Currículo Lattes da palestrante.

– Cristiane Portela: Doutora em Comunicação pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Piauí (PPGCOM/UFPI). Confira mais o Currículo Lattes da palestrante.

– Anderson Santos: Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade de Brasília (UnB). Presidente do Capítulo Brasil da União Latina da Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura (Ulepicc- Brasil). Confira mais no Currículo Lattes do palestrante.

Neste cenário repleto de informações fraudulentas, há também os desertos de notícias e os discursos de ódio que distanciam a população da liberdade de expressão e dos meios democráticos. Então, o que pode ser feito? E o que vem sendo feito no Nordeste para minimizar o volume dessas atrocidades? Essa aula ocorrerá no dia 8 de outubro, a partir das 19h, e contará com uma mesa formada pelos seguintes pesquisadores:

– José Maria da Silva Monteiro Filho: Doutor em Informática pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Tem experiência na área de Ciência da Computação com ênfase em Banco de Dados e Engenharia de Software. Confira mais no Currículo Lattes do palestrante.

– Paulo Fernando: Doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).Professor Associado II da Universidade Federal do Piauí, coordenador do Grupo de Pesquisa Jornalismo e Discursos (JORDIS) e diretor da Rádio Universitária desde 2013. Confira mais no Currículo Lattes do palestrante.

– Pedro Jorge Chaves Mourão: Doutorando em Sociologia pela Universidade Estadual do Ceará (UECE).Pesquisador do Laboratório Grupo de Estudos da Conjuntura e das Ideias Políticas (GECIP-UECE) e do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (LEPEM-UFC). Confira mais no Currículo Lattes do palestrante.

– Francisco Mesquita: Doutor em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Professor no Departamento de Ciências Sociais, nos programas de pós-graduação em Sociologia e gestão pública da UFPI. Confira mais no Currículo Lattes do palestrante.

– Francisco Laerte: Doutor em Comunicação e Cultura pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação na Universidade Federal do Piauí (UFPI)

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