ILUSTRAÇÕES PARA COLORIR DESTACAM O PATRIMÔNIO CULTURAL DE PERNAMBUCO

Parte do Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco, tão rico e repleto de histórias, é o tema de um e-book desenvolvido especialmente para este período de isolamento social e pensado para o público infanto-juvenil. Recheado com uma série de ilustrações para serem coloridas, o material, batizado de Desenhos para Colorir, está disponível para download gratuito. As imagens, criadas pelo ilustrador Adeildo Leite, trazem fachadas dos equipamentos culturais gerenciados pela Secult-PE/Fundarpe.

"Após selecionar as imagens, fiz os desenhos utilizando carvão. Fotografei essas imagens e organizei no PDF ao lado de imagens reais dos equipamentos para serem usadas como referência na hora de pintar", explicou Adeildo Leite.

O resultado é um arquivo com seis imagens para colorir que, além de divertir e ajudar a passar o tempo durante o isolamento social, ainda ensina mais sobre os espaços culturais que são patrimônio dos pernambucanos. Nesta edição, estão retratados Casa da Cultura, Cinema São Luiz, Museu do Estado de Pernambuco, Teatro Arraial Ariano Suassuna, Museu do Trem/Estação Central do Recife e Museu de Arte Sacra de Pernambuco. Agora, é pegar os lápis de cor e deixar a imaginação correr solta.

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TEU PEDIDO DE DESCULPAS MURILO É VOLÁTIL, NÃO TEM SUBSTÂNCIA E É SEM ALMA

No sábado passado fiquei feliz e terrivelmente puto. Fiquei feliz porque vi Luzinete, A Rainha da Seresta, equipada com seus mais de 60 anos, atravessar com galhardia 4 horas de live cantando e homenageando os nossos ídolos da música nacional. 

Vida longa a Luzinete, bela e poderosa, decidida, ousada, mulher nordestina, fortaleza, herdeira e sucessora de nossa ancestralidade. Sem tua presença e poder, Luzinete, estaríamos fadados à nulidade. A música romântica, loucamente chamada de brega pelas elites culturais brasileiras, mas que usa essa designação como trampolim para a transcendentalização de si mesma, tem em ti, mulher, o alicerce mais profundo.

Mas como disse, fiquei também extremamente puto. Vi o vídeo podre de preconceito, nefasto de ignorância, ensebado de agressões de Murilo Couto se referindo ao nosso poderosíssimo Assisão. Debochar de outrem para tentar fazer humor é o rés do chão de quem tenta ser humorista. A ignorância é a mãe de todos os males, já dizia Rabelais, um velho como Murilo o chamaria. 

As elites culturais, mais uma vez elas, criam esse tipo de aberração. Ainda mais quando se referem ao Nordeste. Não é a primeira vez, nem será a última, na qual a excrescência eclode mundialmente se atirando contra nós, nordestinos. Não será também a última vez na qual nos levantaremos contra esse tipo de investida.

Aí, hoje, vejo o pedido de desculpas do Murilo Couto. A emenda pior do que o soneto porque ele diz literalmente "eu pensei que fosse apenas um véi". E multiplica seu preconceito. Trata-se, Murilo, de um velho, de verdade. E todos os velhos merecem respeito, todas as pessoas merecem respeito. Mas que desgraceira de país foi parido desse ventre insidioso? Lembram daquela turminha de playboys brasilienses que tocou fogo em um índio? A desculpa: "nós pensamos que fosse apenas um mendigo." 

O Nordeste é foda, Murilo. Teu pedido de desculpas, nós sabemos, é volátil, não tem substância, tampouco alma. O veneno é o mesmo: o ódio contra os nordestinos. A Luzinete e Assisão: vocês são imensos!

*Fonte: Aderaldo Luciano é doutor e mestre em Ciência da Literatura, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, professor, poeta, escritor e músico 
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ORDEM DOS ADVOGADOS REPUDIA ATO DE DISCRIMINAÇÃO PROFERIDAS CONTRA O CANTOR ASSISÃO

Em tempos de pandemia, em que milhares de pessoas estão sofrendo com as consequências do COVID-19, fomenta-se cada vez mais a solidariedade, humanidade e empatia. Em nosso país, por exemplo, constatamos diversos artistas promovendo lives para arrecadar toneladas de alimentos ou contribuições financeiras para serem distribuídas a todos que necessitam.
No entanto, na contramão do espírito humanitário, o comediante Murilo Couto promoveu recentemente em seu canal no YouTube, uma live para emitir palavras preconceituosas contra o grande artista nascido em Serra Talhada/PE, Francisco de Assis Nogueira, mais conhecido por Assisão, que possui uma trajetória de sucesso e de respeito na música nordestina.
Aqueles que ultrapassam os limites da liberdade da expressão devem ser responsabilizados e penalizados. A OAB Caruaru rechaça qualquer tipo de comentário preconceituoso e se solidariza com o cantor, familiares, fãs e nordestinos. (Fonte: OAB Caruaru)
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DUNAS DE CASA NOVA, BAHIA, O OÁSIS DE ÁGUA DOCE NO SERTÃO

Dunas: o dicionário define como substantivo feminino plural Dunas. Montes e/ou colinas de areia que se movem de acordo com a ação do vento.

No coração dos sertanejos que conhecem as Dunas de Casa Nova é um Oásis, um paraíso Mar de água doce. O que já era bonito agora pode ser traduzido como muito mais belo e exuberante. 

Explica-se: após oito anos de escassez hídrica o Rio São Francisco dá sinais de aumento de volume de água, com a defluência (água que sai) da barragem de Sobradinho, Bahia, as Dunas de Casa Nova, Bahia, ganham um aspecto que merece o título: o Oásis do Sertão. A cheia do Rio São Francisco abençoa as dunas com mais beleza.

Desde o mês de março foi suspensa a visitação as Dunas do Velho Chico, Opará, na linguagem indígena, o Rio que é Mar. As Dunas está localizada a 58 km da sede de Casa Nova.

A professora e empresária Andréa Passos Araújo, moradora de Casa Nova, sempre foi apaixonada pelo rio São Francisco e as dunas. Andréa revela que o local não era ainda visitado, e tampouco muito conhecido e ela já vislumbrava o potencial turístico do local.

"Temos o privilégio de ter a melhor praia de água doce da região do norte da Bahia e do Vale do São Francisco", afirma Andréa ressaltando a beleza traduzida na mistura de águas cristalinas com a quase misteriosa presença da areia branca das dunas.

Andréa revela que é gratificante observar que quando os turistas chegam para conhecer as dunas, logo, todos ficam admirados com o contraste da vegetação da caatinga junto com um "mar de água doce". "É o nosso oásis do sertão. Sem falar na culinária regional da região comercializada nas barracas. Os passeios de quadriciclo e lanchas, as caminhadas, sol exuberante", diz Andréa.

De acordo com a professora, nas dunas de Casa Nova tudo é atração. Ela destaca a Ilha da Pedra, conhecida como o antigo Serrote da Cidade Velha, que foi inundada pela barragem de Sobradinho e também um ilha deserta de areia conhecida como Paraíso do Sertão.

No momento, o reservatório de Sobradinho ultrapassa 91% do seu volume útil. A Chesf avalia que Sobradinho chegará, no máximo, a 95% de sua capacidade, no início de maio.

Andréa faz planos objetivando ações que conservem o meio ambiente e provoquem uma conscientização das riquezas presentes nas dunas de Casa Nova.

"Com essa pandemia do coronavírus e a proibição  da visitação ao local, poucos tem o privilégio de contemplar o rio São Francisco neste momento de gratidão, respeito e paixão.  Quando voltarmos será realizado um trabalho de conscientização na preservação do Velho Chico, tanto com os turistas evitando jogar lixo nas margens do rio, quanto de agricultores ribeirinhos para evitar o uso de agrotóxicos no leito. Assim todos evitaram a poluição e evitaremos que aconteça o que diz a música de Sá e Guarabyra, o sertão vai virar mar, dá no coração, o medo que algum dia o mar também vire sertão", finalizou Andréa.
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MEIO AMBIENTE: PESQUISA REVELA QUE 40% DO BIOMA CAATINGA FOI DESMATADO

De acordo com dados do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan), em Pernambuco, de um total de aproximadamente sete milhões de hectares de Caatinga  mapeados, apenas 46,89% apresenta hoje cobertura florestal, ou seja, mais da metade, 51,06%, foi convertida em áreas para usos agrícolas e pastagens. 

Nas áreas localizadas às margens de cursos hídricos, denominadas pela lei de proteção à vegetação nativa de Áreas de Preservação Permanente (APPs) onde há a obrigatoriedade de cobertura florestal em toda sua extensão,  apenas 30,3% estão cobertas por floresta. Os 64,3% restantes estão ocupados com atividades agropecuárias. 

O levantamento faz parte da primeira fase do projeto O Papel da Restauração Ecológica na Sustentabilidade da Caatinga, realizado em parceria com o Laboratório de Ecologia Aplicada da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e com professores e pesquisadores convidados de diversas Universidades.

Considerando um total de 60 milhões de hectares distribuídos entre os estados do Nordeste e a região Norte de Minas Gerais, cerca de 40% do bioma foi desmatado e é ocupado por  agricultura e pastagens, e cerca de 20% está em processo ou suscetível à desertificação. O estudo aponta ainda que 37,97% do bioma é ocupado por atividades que têm como destaque as pastagens, e 59,4% dessas áreas são de floresta, enquanto o restante dos territórios está dividido em outros usos. 

Já em relação às APPs ao longo de toda área mapeada, o estudo demonstra que apenas 50,3% têm cobertura vegetal, enquanto 43,23% estão ocupadas com atividades agropecuárias ilegais. A ausência de vegetação nessas áreas promove um impacto negativo, inclusive às populações humanas do bioma, pois a vegetação assegura a qualidade dos rios, ajudando a reter sedimentos e minimizando os danos causados às calhas, além de ajudar na melhoria da qualidade e disponibilidade hídrica ao longo do ano na região.

“Esses dados são preocupantes e denotam a importância de criarmos mais unidades de conservação para preservar o que ainda existe e, além disso, estimular as atividades de restauração”, afirma o coordenador de Projetos do Cepan, Joaquim Freitas. 

À medida que as fronteiras de desertificação avançam, pressionam a população a situações extremas, podendo chegar até à necessidade de relocação. Segundo os dados do Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC), a Caatinga é um dos biomas a serem mais afetados pelos efeitos nocivos das mudanças climáticas no mundo. Ainda segundo o órgão, é possível que em cerca de 50 anos, já se inicie um quadro de refugiados do clima.

 “Esse cenário em que você tem os efeitos prejudiciais das mudanças climáticas agindo no bioma e uma pressão sobre os recursos naturais aliados a um cenário de desmatamento, que está em avanço na região, demanda urgentemente políticas públicas para a sua resolução”, destaca.

Na Caatinga, especialmente, as questões sociais e ambientais se confundem, devido à vulnerabilidade social do bioma. “Quando falamos na Caatinga, estamos nos referindo ao ecossistema semiárido mais populoso do planeta. São cerca de 27 milhões de pessoas morando nessas áreas que, muitas vezes, fazem parte das regiões mais pobres do Brasil e mais carentes de todos os tipos de recursos” reforça.

 Nessa direção, a análise utilizou a diretriz Nexus, que trabalha os eixos de sustentabilidade hídrica, alimentar e energética, que ajuda a  identificar regiões onde as atividades de restauração florestal podem trazer benefícios para estas temáticas, estendendo-os à população do bioma.

“Os dados são importantíssimos para que atestemos a intrínseca relação entre as atividades de restauração florestal para a garantia da segurança hídrica, energética e alimentar, abordagem fundamental para a garantia de ações executivas de recuperação de áreas degradadas no contexto social do Semiárido brasileiro, defende Severino Ribeiro, diretor-Presidente do Cepan”.

A equipe da UFPE, liderada pelo professor Felipe Melo, vai prosseguir o estudo realizando a validação dos dados coletados junto a atores sociais. Em seguida, será feita uma análise de custos e precificação do cenário necessário para restaurar o bioma. O documento servirá como base para permitir a discussão em diversos níveis, a fim de que haja a aplicação de políticas públicas voltadas a recuperar a Caatinga.

“A ideia desse projeto é trazer os primeiros experimentos e modelos de reparação para que tenhamos uma base conceitual e saibamos como efetivamente fazer o trabalho com baixo custo. Ao final, além do documento norteador de políticas públicas, teremos um documento científico e técnico que vai nortear todas as atividades, mostrando as oportunidades identificadas e desafios a serem vencidos”, finaliza Freitas. (Fonte: Diário de Pernambuco)
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CANTOR E COMPOSITOR ASSISÃO É INSULTADO E GANHA APOIO DE AMIGOS E FÃS

O apresentador Murilo Couto, que integra a equipe do programa The Noite, do Sistema Brasileiro de Televisão, causou indignação na internet ao comparar o cantor serra-talhadense Assisão a um cachorro, bêbado, drogado, velho e zumbi.

Em um vídeo publicado no Instagram, ontem sábado (25), Couto insultou o músico pernambucano ao dizer que ele “parece um cachorro”. “Olha esse velho, cara. É uma mistura de Reginaldo Rossi com Valderrama, Jesus Cristo e um mendigo. Mano, que diabo é isso? Parece um cachorro!”, disparou o humorista.

Dezenas de cantores a exemplo de Jorge de Altinho, Alcimar Monteiro, Flávio Leandro publicaram mensagem de apoio a Assisão e pediram respeito ao cantor. A cantora Elba Ramalho gravou um videio e declarou ser Assisão um dos maiores nomes da música brasileira.

Assisão é responsável pelos maiores sucessos na voz do Trio Nordestino, a exemplo de Forró Pesado.

O insulto surgiu quando Assisão chegou a fazer uma live, no último dia 17, por um bom objetivo: arrecadar mantimentos e ajudar pessoas desassistidas em razão da pandemia causada pelo novo coronavírus.


Em sua conta oficial, no Instagram, Assisão publicou uma foto, no dia 22, celebrando as doações do público: “Alô forrozeiros, estou aqui com coração cheio de gratidão, recebendo as doações resultado da nossa live! A todos os nossos familiares, fãs, amigos e empresas, que fizeram as doações, muito obrigado!”

Assisão prometeu realizar uma segunda Live. A data ainda será confirmada.

O deputado Sebastião Oliveira declarou que além de Assisão, o humorista faltou com respeito com seus admiradores, familiares, amigos e pernambucanos, principalmente os sertanejos, que são reconhecidos pela sua raça, honestidade e força.

"Achando pouco, Murilo Couto, ao chamar ironicamente Assisão de velho, mostrou que é um ser humano que não tem o menor apreço com as pessoas de mais idade, que são justamente as que precisam de mais atenção e carinho de nossa parte. Murilo Couto, saiba que Assisão não está sozinho. Estou solidário ao meu conterrâneo e ídolo, para o que for necessário. Saiba também que Assisão é um patrimônio da cultura pernambucana. Reconhecer o erro dignifica. Retrate-se publicamente. É mínimo que esperamos de você.

A deputada federal Marília Arraes (PT-PE) quem se solidariza com o músico de Serra Talhada disse "Assisão é um dos patrimônios do povo pernambucano". Desrespeitar Assisão é agredir a nossa cultura e o nosso povo. #RespeiteAssisao”, escreveu em uma rede social, repudiando a atitude do comediante Murilo Couto.

"Como sertanejo pernambucano, acompanho desde a minha adolescência, o músico, compositor e cantor, Assisão de Serra Talhada. Assisão, senhor comediante, não é apenas um compositor e cantor Assisão faz parte do patrimônio histórico e cultural de Pernambuco e do Brasil.

Suas palavras de desrespeito a Assisão feriram e agrediram a nossa cultura e o nosso povo, pernambucano e brasileiro.

Senhor Murilo Couto, respeite Assisão, respeite Pernambuco, respeite o Brasil, que assim, o senhor também será respeitado." Deputado Gonzaga Patriota

“Falta de respeito com um artista que tem mais de 50 anos de carreira e mais de 700 composições. Serra Talhada-PE tem orgulho de ter o Rei do Forró como filho”, repreendeu o internauta Ranielly Batista.

Francisco de Assis Nogueira, Assisão, nasceu no dia 05 de maio de 1941 na Fazenda Escadinha, município de Serra Talhada, Pernambuco. Já aos 11 anos de idade começou suas atividades artísticas como compositor. Embora não tenha nenhuma formação em música, pois nunca frequentou nenhuma escola de música, é exímio compositor, tendo sido chamado por Dominguinhos de “o maior sanfoneiro de boca do Nordeste”, tal sua versatilidade em compor sem ter conhecimento musical. 

O início de suas atividades profissionais como cantor começou com o lançamento de um compacto e até o presente momento já gravou vários discos. Seus maiores sucessos, no entanto, aconteceram nos anos de 1987, 1988 e 1989. No trabalho de 1987 foram vendidas cerca de 210 mil cópias. Em 1988 foram 180 mil cópias e em 1989, 190 mil cópias. 

Somente nestes anos foram quase 600 mil cópias vendidos de seus trabalhos em todo país, o que lhe concedeu três discos de ouro consecutivos, além do título de “rei do forró”. Suas músicas são tocadas em todas as regiões do país. Com a agenda sempre completa, Assisão é um dos artistas mais requisitados do Nordeste. Já compôs mais de 800 músicas, destas mais de 200 já foram gravadas, por ele e por muitos outros artistas, entre estes Elba Ramalho que gravou Eu quero meu Amor.

"Um infeliz falou do meu querido Assisão nascido lá no sertão
que faz meu povo feliz com seu sotaque raiz
representando o Nordeste de alegria se veste
Pra cantar como um concriz quem falou dele esquece

Que é cego quem não conhece acultura do seu pais" (Jorge de Altinho)

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JURANDY DA FEIRA PREPARA LIVE PARA ENTRETER AMIGOS E FÃS DA MÚSICA BRASILEIRA

Em contato com a reportagem do BLOG NEY VITAL, o cantor e compositor Jurandy da Feira informou que vai realizar uma live. A data e hora ainda não foi confirmado pelo poeta considerado um dos nomes mais importantes da música brasileira, devido a versatilidade que vai do forró ao samba.

Morador do Rio de Janeiro há mais de 40 anos, Jurandy mantém a sua essência e nunca deixa de estar bem perto do Nordeste, ao tomar em consideração suas escolhas estéticas e de repertório. Jurandy é o compositor entre outros sucessos das músicas Frutos da Terra, Nos Cafundó de Bodocó, Canto do Povo, além de Terra Vida Esperança. Para Jurandy da Feira, a resistência é seu alimento e é o que faz sentido para seguir no meio musical, pois somente o talento não basta. 

A história conta que Luiz Gonzaga costumava acolher em casa compositores, em quem descobrisse afinidades, e acreditasse, obviamente, no talento. Depois de avisar que seriam gravados por ele, vinha o convite para ir ao Rio de Janeiro. Jurandy teve o privilégio de ser um amigo de Luiz Gonzaga.

Jurandy Ferreira Gomes é conhecido como Jurandy da Feira, o “da Feira” foi praticamente imposto por Luiz Gonzaga. Quando começou a aparecer como artista em sua cidade natal, Tucano, no sertão da Bahia, ele era chamado de Jurandy da Viola, por causa do violão, seu instrumento desde a adolescência.

“Quando Luiz Gonzaga gravou a primeira música minha, quando fui olhar no selo do disco. Estava lá Jurandy da Feira. Fui conversar com ele. Disse que aquilo não ia pegar bem na minha cidade, porque iam pensar que eu queria ser de Feira de Santana. Ele disse que não era de Feira de Santana, mas da feira, a feira do povo, do cantador. Acabei concordando, mas até hoje eu tenho que me explicar ao povo de lá”, conta Jurandy.

Jurandy revela que Luiz Gonzaga em vida, sorria e se divertia com esta história e explicava: "Eu botei assim, para lembrar o lado de cantador, de poeta de cordel em feiras livres do Interior". 

Em depoimento o rei do Baião apontava que o "talento de Jurandy é de uma riqueza muito grande, igual ao dia de feira nos sertões brasileiros."

Para o ano de 2020, Jurandy da Feira, está repleto de poesia, mesmo respeitando todas as regras de distanciamento social, motivado pela pandemia, então a forma encontrada é cantar nas plataformas digitais.

O compositor tinha 24 anos quando conheceu o Rei do Baião. Foi levado a ele por José Malta, um jornalista, e produtor dos shows de Gonzagão. 

“Fomos para Exu, para a casa de Luiz Gonzaga. Passei uma semana lá. Mas era aquela coisa. Ninguém chegava a Gonzaga. Ele é que chegava às pessoas. Era fechado, meio cismado. Foi ele que se chegou pra mim, e perguntou sobre o violão que eu havia levado comigo. Se eu tinha um violão, por que não tocava? Quis saber se eu fazia músicas. Pediu para cantar para ele. Depois me disse que queria uma música que falasse de Bodocó”. 

Passou algum tempo e Jurandy mostrou a música Nos cafundó de Bodocó, conta o compositor. O cafundó, foi porque eu achei que a cidade ficava longe de tudo. Naquela época ainda estavam asfaltando as estradas, e fui da Bahia até lá de Karmann-Ghia (carro esportivo, de dois lugares, saído de linha em 1971), a maior poeira, foi um sofrimento a viagem até o sertão pernambucano”.

Luiz Gonzaga gostou da composição e gravou Nos cafundó de Bodocó. Veio o inevitável convite para ir ao Rio de Janeiro. A música foi aprovada pelos produtores de Gonzagão na época, coincidentemente dois pernambucanos, Rildo Hora e Luiz Bandeira. 

Nos cafundó de Bodocó entrou num dos melhores álbuns de Luiz Gonzaga nos anos 70, Capim novo (1976). Lula gravaria mais outras três composições de Jurandy, que sacramentariam uma amizade que durou até o final da vida de Lua.

O baiano Jurandy da Feira, portanto, testemunhou os bons e maus momentos de Luiz Gonzaga em suas duas últimas décadas de vida: “Ele passou uma época em baixa. Várias vezes assisti a apresentações suas numa churrascaria chamada Minuano, na estrada Rio/São Paulo. Era aquele barulho de churrascaria. Mas quando ele dava o boa noite., pra começar a cantar, menino ficava quieto. Os adultos se calavam. Ficava silêncio enquanto ele cantava”.

Foi Luiz Gonzaga que levou Jurandy para gravadora, e ajudou a suas músicas serem gravadas por nomes como Trio Nordestino, Terezinha de Jesus. Atualmente Jurandy da Feira é um dos artistas mais admirados no meio da cultura brasileira e gonzagueana.

“Ele, Luiz Gonzaga, chegou a me prestigiar num show num colégio de padres em Tucano, minha terra natal. Passou a me apelidar de “minha paz”, porque quando chegava sempre desejava a ele: “Uma paz, seu Luiz”, relembra emocionado Jurandy.

Jurandy traz a poesia do ritmo da cultura brasileira na alma. É fartura de dia de Feira. Luiz Gonzaga sabia reconhecer um fiel discípulo.
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