Coleção Terras de Quilombos lança mais 12 livretos, destaque para histórico de ocupações e atividades produtivas

Com a proposta de utilizar uma linguagem acessível para divulgar as narrativas de comunidades quilombolas, a coleção Terra de Quilombos ganha mais 12 livretos. A coletânea é resultado de parceria entre o Incra, a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Nesta edição tem destaque a região Nordeste, com relatos de comunidades do Maranhão, Piauí, Sergipe, Pernambuco, Alagoas e Ceará, além do Espírito Santo e Tocantins. 

O texto das publicações tem como base os relatórios antropológicos elaborados por técnicos do Incra durante a construção do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), a primeira etapa do processo de regularização fundiária de territórios quilombolas realizado pela autarquia.

Os laudos antropológicos incluem informações como histórico de ocupação, caracterização do território, principais conflitos em questão, atividades produtivas essenciais e potenciais, modos de ser e viver do grupo, saberes e fazeres da comunidade, e principais desafios enfrentados pela população.

A compilação é destinada às próprias comunidades, bem como à sociedade civil e aos gestores públicos municipais, estaduais e federais, além de pesquisadores ligados à temática quilombola que encontram no material um ponto de partida para a compreensão da formação, permanência e afirmação dos quilombos no Brasil.

Cada livreto recebe 500 impressões, sendo que 300 são compartilhadas com a comunidade – para uso nas escolas e como apresentação junto a órgãos e entidades – e o restante é distribuído entre Incra, Sead, Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e demais parceiros. As publicações também estão disponíveis para acesso via internet no portal da autarquia em www.incra.gov.br/memoria_quilombola.

Assessoria de Comunicação Social do Incra
Telefone: (61) 3411-7404
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IFPE sedia Seminário Metropolitano de Educação do Campo

O IFPE Campus Recife sedia, no dia 12 de dezembro, o I Seminário Metropolitano de Educação do Campo. Promovido pela UFRPE, UFPE, Prefeituras da Região Metropolitana do Recife, MST, GREs Metropolitanas e FETAPE, o encontro vai discutir a Relação Campo/Cidade: o que nos une na diversidade?

A programação, que acontece das 8h às 17h30, vai contar com a Exposição Saberes e Sabores do Campo, a ser montada no hall de entrada no Campus Recife, além de mesa-redonda e plenária, entre outras atividades.

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Chuvas interditam mais uma vez o trecho da PE 545 entre Ouricuri e Bodocó

A lentidão do Governo de Pernambuco causa mais um prejuízo para a população sertaneja que tem necessidade de trafegar pela PE 545, em Bodocó, Pernambuco, principal via de acesso entre Ouricuri e o Ceará.

As chuvas que caíram no final de semana mais uma vez provocou inundação no trecho do Riacho do Pequi. A ponte teve sua estrutura física comprometida após o forte impacto dás águas provenientes das chuvas que castigaram diversos municípios pernambucanos em abril deste ano. 

Em outubro foi iniciada a construção da nova ponte no trecho que se encontra interditado, no km 20 da PE-545, em Bodocó, no Araripe. 

Os serviços, iniciados no dia 5 deste mês, estão sendo realizados pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER),  órgão vinculado da Secretaria de Transportes. Com as chuvas os serviços tiveram que ser paralisados.

Após a conclusão dos trabalhos de demolição, será iniciada a implantação das estacas no terreno, que servirão de apoio aos blocos das fundações, para posteriormente serem erguidos os pilares da nova ponte, que terá 55 metros de comprimento, capaz de suportar o volume de água dos rios que formam a bacia hidrográfica daquela região. 

“ Seguimos agilizando as ações contra o tempo para finalizarmos tudo antes do prazo previsto de conclusão total das obras, que são 180 dias, para garantirmos o mais rápido possível, segurança e conforto para motoristas e usuários, com melhor mobilidade para população”, enfatizou o diretor-presidente do DER, Silvano Carvalho.
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‘Sentires em preto e branco’ é tema do calendário 2019 da Clas Comunicação e Marketing

Já está circulando o Calendário 2019 da Clas Comunicação e Marketing, em parceria com a Cadan Distribuição e a Gráfica Bandeirante, com o tema ‘Sentires em Preto e Branco’. O anuário evidencia sentimentos, a exemplo de saudade, sensualidade e esperança através das lentes de 12 renomados fotógrafos regionais.  De acordo com a professora e Mestra em Sociologia, Odomaria Bandeira, que assina o texto de apresentação, as fotos revelam olhares surpreendentes.

“...Nesse padrão, preto e branco, o dizer se produz entre os claros e escuros, as luzes e as sombras, os planos - o que aparece na frente ou atrás, maior ou menor...”, pontua Odomaria, e conclui: “Através disso, se significam as palavras temas, e a fotografia produz certos sentidos, em convergência ou divergência com os significados que tais palavras trazem”.

Participam do calendário com tiragem de 3.500 exemplares os fotógrafos Flávio Ciro, Orlando Brito, Marcus Ramos, Maurício André, Sílvia Nonata, Laís Lino, Lisandra Martins, Chico Egídio, Cristiano Almeida, Sergio de Sá, Ivan Cruz (Jacaré) e Carlos Laerte, idealizador da série e diretor da Clas Comunicação e Marketing.

A Série Calendários da Clas Comunicação e Marketing completa 15 anos em 2019 e já expôs com a gráfica Franciscana: Os Cartões Postais de Petrolina e Juazeiro, em 2004; As Imagens do Vale do São Francisco (2005); As Flores da Caatinga (2006); A Arte que Vem do Vale (2007); Fé e Folguedo (2008); Brincávamos Assim (2009); Paisagem de Interior (2010); Espetáculos do Vale do São Francisco (2011); Assim na Terra como no Céu de Celestino (2012); Olhar poesia (2013); Beleza Pra Mim (2014); Artesanato de Petrolina (2015); Geraldo Azevedo, pelos raios desse sol (2016). Em parceria com a gráfica Bandeirante foram realizados os calendários, São Francisco, reflexos de um rio (2017) e Noturno Vale do São Francisco (2018).

Fonte: Class Comunicação e Marketing

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Luiz Nassif : A estrela de Luiz Gonzaga

A geografia musical brasileira tem alguns pólos bem definidos. O hegemônico sai da Bahia e se fixa no Rio de Janeiro a partir dos anos 20, em cima do samba, choro e derivações.

Durante o século 20, aliás, Bahia e Minas forneceram contingentes de músicos fundamentais, mas não chegaram a produzir música típica local -apenas recentemente, a partir do Olodum, a Bahia retomou suas raízes. Há um segundo pólo, de música caipira/sertaneja que se formou no interior de São Paulo e se espraiou pelo Triângulo Mineiro e Goiás.

Um terceiro pólo bem definido é o gaúcho, da música pampeira com influência da Argentina e do Uruguai. Recentemente, cresceu muito o pólo da música pantaneira, com nítida influência da guarânia e da música paraguaia. Persiste, no Pará, a tradição da canção brasileira, herança ainda dos tempos da borracha
.
Depois do Rio de Janeiro, o grande pólo da música brasileira é Pernambuco, com duas vertentes muito nítidas. Há uma de Recife/Olinda, com seus frevos orquestrados, cirandas e maracatus, e há a vertente dita nordestina -que abarca o sertão pernambucano e os Estados limítrofes, com destaque para Paraíba e Ceará. E é aí que surge a estrela luminosa de Luiz Gonzaga, o Lula, o grande nome da modernização da música brasileira nos anos 40, ao lado de Dorival Caymmi.

Dito assim, fica meio frio e impessoal. Mas você não sabe o que era Luiz Gonzaga nos anos 50, quando ele explodiu para o Brasil. Ele corria todo o interior, fazendo shows nas praças das cidades em cima de um caminhão, patrocinado por uma multinacional da qual não me recordo o nome.

Não se tratava de um fenômeno restrito às elites intelectuais, aos universitários, aos cultivadores da chamada "boa" música. Cada música lançada percorria todos os estratos sociais. Lembro-me, na farmácia do meu pai, eu, com meus oito anos, sendo provocado pelo Pedro e pelo Antônio (os dois boys) por conta da música "Respeita Januário" (Gonzaga e Humberto Teixeira), homenageando Severino Januário. Januário era também o balconista da Farmácia Central.

No dia em que ele foi se apresentar em Poços de Caldas, a cidade inteira desceu para a praça. Minha mãe também desceu, comigo e minha irmã Regina, eu com sete anos, ela com cinco. Gonzaga já era conhecido da cidade, para onde encaminhou a namorada tísica, com o filho Gonzaguinha, para uma temporada de tratamento. Acabamos assistimos ao show de dentro de uma Rural Wyllis, de uns parentes dele.

Antes de lançar o baião, Gonzaga passou pelo choro. Seu estouro ocorreu com a música cantada, não apenas pelo balanço, trazendo o xaxado, o xote, o baião, mas pela temática. Com seus parceiros Zé Dantas e Humberto Teixeira, Luiz Gonzaga trouxe para a música brasileira a problemática do Nordeste, que aquela altura dominava as atenções de todos, de planejadores, como Celso Furtado, a poetas, escritores, estudantes.

Mesmo assim, o tom político de suas canções em nenhum momento se sobrepôs às qualidades musicais ou às características profundamente nordestinas. O balanço, a gozação, o uso dos termos regionais, tudo contribuiu para criar um modelo estético imbatível dentro da música brasileira, dos épicos nordestinos, como "Asa Branca", ao lirismo de "Estrada do Canindé" ("Ai, ai, que bom/ Que bom, que bom que é/ Uma estrada e uma cabocla/ Com a gente andando a pé"). Ou então o "Xote das Meninas", que fez o maior sucesso na voz de Ivon Cury, talvez o cantor de maior sucesso na segunda metade dos anos 50 -e que morreu fazendo bicos em programas humorísticos.

Pouco depois de lançada, "Asa Branca" já era um clássico. Lembro-me nos anos 60 o orgulho que nos dava o mero boato de que os Beatles iriam gravar a canção.

A relação de sucessos de Gonzaga é enorme. Há quem goste das todas, dos xotes, das músicas buliçosas. De minha parte a música que mais me tocou, meu hino nacional brasileiro do Nordeste é "Que nem jiló" (Gonzaga e Humberto Teixeira).

Fonte: Luiz Nassif *Folha São Paulo 2001
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'Na contramão', documentário relata o processo de marginalização do Jumento, animal que desvalorizado, perdeu sua função econômica

Na música "Apologia ao jumento", gravada nos anos 1960, Luiz Gonzaga faz uma apaixonada defesa de um dos animais-símbolos do Nordeste. "O jumento é nosso irmão. Quer queira ou quer não", diz a letra composta em parceria com José Clementino. Hoje em dia, no entanto, o bicho já não ocupa o mesmo lugar de reconhecimento entre os moradores do semiárido.

É o que revela a série documental "Na contramão", produzida em parceria pela Rima Cultural e a REC Produtores. Dividido em três episódios de 26 minutos, cada, o programa vai ao ar de quarta (12) a sexta-feira (14), às 21h, na TV Pernambuco. 

Com direção de Marcelo Pinheiro e fotografia de Ivanildo Machado, o documentário traz à tona o processo de marginalização do jegue. Em função dos novos recursos trazidos pela modernidade, o sertanejo acabou trocando o lombo do quadrúpede pelas motocicletas. Sem função econômica, os animais passaram a ser abandonados pelas beiras de pistas, sujeitos a matar ou morrer em acidentes. 

"A proposta da série nasceu ao perceber tantos jumentos mortos nas estradas do Sertão. Foi quando entrou um pouco da curiosidade jornalística de tentar compreender o que é que estava provocando aquilo", conta Ricardo Mello, que divide roteiro e argumento da série com Rafael Marroquim. O trabalho foi desenvolvido por meio do edital DOC.PE Inovação - Brasil de Todas as Telas, de 2014, gerenciado pela Agência Nacional do Cinema (Ancine).

Em busca de respostas, a equipe percorreu quase seis mil quilômetros, passando por cidades de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e da Bahia. Durante o trajeto, os realizadores se depararam com outras questões que vão além da modernização do semiárido, dando maior complexidade à produção. 

"Embora a gente tenha feito uma boa pesquisa anterior, que durou seis meses, quando chegou a hora de filmar, a cada dia surgia algo diferente para irmos atrás. Acabou virando quase um documentário investigativo", conta o diretor. O abate clandestino, o comércio ilegal de couro e o confinamento em fazendas como solução momentânea para os acidentes noturnos são algumas das problemáticas somadas à discussão central do abandono. 

Por outro lado, é ressaltado o importante trabalho de ONGs internacionais e nacional pela preservação dos asnos. Mesmo enfrentando várias dificuldades, essas instituições - além de pesquisadores ligados a universidades - denunciam os abusos e buscam encontrar soluções para o drama vivido pelos animais no Nordeste. 

Ao mesmo tempo, há agricultores que ainda conservam uma relação de afeto com os seus jumentos, devidamente registrados com os nomes que seus donos escolheram, no final da série. “Uma das coisas com as quais a gente se preocupou foi dar personalidade a eles. Nos apegamos a alguns deles. Então, teve um envolvimento emocional também”, diz. 

Sobre o futuro do jumento, "Na contramão" não aponta uma resposta conclusiva. Especialistas, produtores, ativistas, artistas e agricultores mostram diferentes visões sobre o assunto. "Já começou a haver um despertar de algumas pessoas, só pelo fato da gente buscá-las para participarem da série. Acho que com a estreia, isso será um dado de ajuda para que o bicho, pelo menos, venha a ter uma vida mais confortável", acredita Marcelo. 

O desejo dos produtores é dar prosseguimento ao trabalho, exibindo-o em rede nacional e transformando-o em um filme de longa-metragem. Já está confirmado uma versão em jogo digital, batizada de "Donkey Blast - Na contramão", voltada para o público infantil. "A ideia é seguir com a pesquisa, porque muita coisa ficou no ar", defende Ricardo. 

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Joquinha Gonzaga e Piloto, sobrinhos de Luiz Gonzaga Rei do Baião, participam do Programa Nas Asas da Asa Branca

João Januário Maciel, o sanfoneiro Joquinha Gonzaga e Fausto Luiz Maciel, conhecido por Piloto, participaram na manhã deste domingo do Programa Nas Asas da Asa Branca Viva Luiz Gonzaga, apresentado na Rádio Emissora Rural Am 730, que em breve será transmitida na FM-Frequencia Modulada.

Joquinha e Piloto são hoje um dos poucos descendentes vivos da família Januário. 

Joquinha é o sobrinho de Luiz Gonzaga e neto de Januário. Joquinha Gonzaga, nasceu no dia 01 de abril de 1952, filho de Raimunda Januário (Dona Muniz, segunda irmã de Luiz Gonzaga) e João Francisco Maciel. Joquinha Gonzaga é o mais legítimo representante da arte de Luiz Gonzaga. Mora em Exu, Pernambuco.

"Sempre estou contando histórias, músicas de meu tio, músicas minhas, dos meus colegas. Não fujo da minha tradição, das minhas características, que é o forró, o xote, o baião. Eu procuro sempre dar uma satisfação ao público que tem uma admiração à minha família, Luiz Gonzaga, Zé Gonzaga, Severino, Chiquinha, Daniel Gonzaga, Gonzaguinha. Meu estilo musical não pode ser diferente. É gonzagueano", diz Joquinha.

Joquinha é o nome artístico dado pelo Rei do Baião e ilho de Muniz, segundo Luiz Gonzaga irmã que herdou o dom de rezar muito.

Joquinha aos 12 anos ganhou uma sanfona de oito baixos, o famoso pé de bode. Foram mais de 30 anos viajando ao lado do Tio.

O sanfoneiro conta que quando completou 23 anos, começou a viajar com Luiz Gonzaga e foi aprendendo, conhecendo o Brasil inteiro. "Ele não só me incentivou, como também me educou como homem. Era uma pessoa muito exigente, gostava muito de cobrar da gente pelo bom comportamento. Sempre procurando ensinar o caminho certo. Tudo que ele aprendeu foi com o mundo e assim eu fui aprendendo", revela Joquinha.

Luiz Gonzaga declarou em público que Joquinha é o seguidor cultural da Família Gonzaga. O primeiro LP-disco Joquinha Gonzaga gravou foi -Forró Cheiro e Chamego. Gravou com Luiz Gonzaga "Dá licença prá mais um".

Em 1998 Joquinha Gonzaga participou da homenagem "Tributo a Luiz Gonzaga", em Nova York, no Lincoln Center Festival.

Ninguém conhece melhor o artista do que os músicos que o acompanham. São eles que vivem o dia a dia, enfrentam os bons e maus humores do artista.

Imaginem então, o músico sendo um sobrinho. Fausto Luiz Maciel, é irmão de Joquinha, conhecido por Piloto é filho de Muniz, irmã de Luiz Gonzaga. É um desses músicos privilegiados que conviveram dia a dia os mistérios do Rei do Baião.

Piloto começou a acompanhar o tio Luiz Gonzaga no ano de 1975. Bom ritmista, tocou zabumba e sua primeira gravação com o tio foi no disco Capim Novo, em 1976. Participou de inúmeros trabalhos e viagens lado a lado com Luiz Gonzaga como zabumbeiro, motorista e secretário.

A partir de 1980 seguiu acompanhando Luiz Gonzaga em todos os seus trabalhos, até o ano de seu falecimento, em 1989. Piloto atualmente mora em Petrolina Pernambuco.

O zabumbeiro é irmão de Joquinha Gonzaga, cantor e sanfoneiro, que também acompanhou o tio nas andanças por este Brasil afora.

Piloto conta que conheceu todos os grandes cantores da época, citando Jackson do Pandeiro, Ari Lobo, Abdias, Sivuca, Dominguinhos, Lindu e Marines.  Teve momentos de muitos aprendizados e viu muitos fatos e acontecimentos na carreira do tio, Luiz Gonzaga.  “A gente brigava muito. Eu era perguntador e ele respondão. Com tio Gonzaga não tinha por favor. Era mandão mesmo".

Quando ia gravar um dos últimos discos, eu quis viajar logo para o Rio de Janeiro  com ele, que me pediu que ficasse em Exu, quando precisasse, mandava a passagem e eu iria. Avisei que fizesse isto com antecedência, porque não ia às pressas. E foi o que aconteceu. João Silva me ligou dizendo para eu pegar o ônibus que a gravação ia começar tal dia. Estava muito em cima, respondi que eu não iria. E não fui”. 

Revela hoje que os arroubos faziam parte da idade e uma certa imaturidade e dificuldade de compreender o humor do tio, que "pela manhã estava feliz, no meio dia calado e á noite ninguém perguntasse duas vezes". "Mas houve momentos de muitos abraços e declarações de amor. Bons momentos de felicidades".

Piloto conta que Mais do que somente historias das andanças do Rei do Baião, o que se revela e até hoje é um mistério: Luiz Gonzaga era complexo, de mudança bruscas de temperamento, centralizador, sempre, autoritário quase sempre,  mas que em certos momentos podia ser inesperadamente humilde e gentil. "Gilberto Gil disse que os gênios são assim, e isto revela o ser humano que era meu tio Luiz Gonzaga. Um gênio".

O jornalista José Teles, escreveu, que de todos os que trabalharam com Luiz Gonzaga, Piloto foi o único que não agüentava em silêncio os arroubos de mau humor do tio.

Motorista e zabumbeiro, Piloto foi também empresário de Luiz Gonzaga. Ele afirma que durante os anos que conviveu com Gonzagão testemunhou “coisas incríveis”; “Ele foi mal assessorado quase a carreira toda. Os amigos se aproveitavam. Ele não tinha visão de dinheiro. Às vezes fazia show em clube lotado, e o empresário dizia que deu prejuízo. Quando Gonzaguinha assumiu a carreira dele, tio Gonzaga teve sua fase de profissional. Passou a receber cachê adiantado. 

Mas, conta Piloto, ele, o tio,  até aí ele não podia, por exemplo, ver um circo. Parava e fazia o show dividindo a renda com o dono, as vezes dava toda renda, quando o circo estava com muita dificuldade. Uma vez cismou de comprar uma Kombi a álcool, ninguém conseguiu convencer ele sobre as desvantagens, da instabilidade, nada. Quando ele queria, tinha que ser. E assim foi”.



Fotos: Andressa Santos
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