LUIZ GONZAGA, 29 ANOS SAUDADE, NORDESTE E ALMA BRASILEIRA


O Brasil celebra neste 02 de agosto de 2018,  os 29 anos da morte do cantor e compositor Luiz Gonzaga, o rei do baião. Luiz Gonzaga, o Lua como também era conhecido, foi essencialmente um telúrico. Ele soube como ninguém cantar o Nordeste e seus problemas. Pernambucano, nordestino, brasileiro, Luiz Gonzaga encantou o Brasil com sua música, tornando-se um daqueles que melhor souberam interpretar sua alma.

Nascido em Exu, no alto sertão de Pernambuco, na chapada do Araripe, ele ganhou o Brasil e o mundo, mas nunca se esqueceu de sua origem. Sua música, precursora da música brasileira, é algo que, embora não possa ser classificada como "de protesto", ou engajada, é, contudo, politicamente comprometida com a busca de solução para a questão regional nordestina, com o desafio de um desenvolvimento nacional mais homogêneo, mais orgânico e menos injusto, portanto.

Telúrico sem ser provinciano, Luiz Gonzaga sabia manter-se preso às circunstâncias regionais sem perder de vista o universal.

Sua sensibilidade para com os problemas sociais, sobretudo nas músicas em parceria com Zé Dantas, era evidente: prenhe de inconformismo, denúncia do abandono a que ainda hoje está sujeito pelo menos um terço da população brasileira, mormente a que vive no chamado semi-árido.

Não estaria exagerando se dissesse que Gonzaga, embora não tivesse exercido atividade política ou partidária, foi um político na acepção ampla do termo. Política, bem o sabemos, é a realização de objetivos coletivos e não se efetua apenas por meio do exercício de cargos públicos, que ele nunca teve. Política é sobretudo ação a serviço da comunidade. Como afirma Alceu Amoroso Lima, é saber, virtude e arte do bem comum.

Outro aspecto político da presença de Luiz Gonzaga foi no resgate da música popular brasileira. O vigor de suas toadas e cantorias tonificou a nossa música, retirando-a do empobrecimento cultural em que se encontrava. Sua música teve um viés nacionalista, ou melhor, brasileiríssimo, que impediu que lavrasse um processo de perda de nossa identidade cultural. Não foi uma música apenas nordestina, mas genuinamente nacional, posto que de defesa de nossas tradições e evocação de nossos valores.

Luiz Gonzaga interpretou o sofrimento e também as poucas alegrias de sua gente. Mas foi por meio de "Asa Branca" que Lua elevou à condição de epopéia a questão nordestina. Certa feita, Gilberto Freyre afirmou que o frevo "Vassourinhas" era nossa marselhesa. Poderíamos dizer, parafraseando Gilberto Freyre, que "Asa Branca" é o hino do Nordeste: o Nordeste na sua visão mais significativamente dramática, o Nordeste na aguda crise da seca.

Gilberto Amado disse a propósito da morte de sua mãe: "Apagou-se aquela luz no meio de todos nós". Para o Nordeste, e tenho certeza para todo o país, a morte de Luiz Gonzaga foi o apagar de um grande clarão. Mas com seu desaparecimento não cessou de florescer a mensagem que deixou, por meio da poesia, da música e da divulgação da cultura do Nordeste.

Em sua obra ele está vivo e vive no sertão, no pampa, na cidade grande, na boca do povo, no gemer da sanfona, no coração e na alma da gente brasileira, pois, como disse Fernando Pessoa, "quem, morrendo, deixa escrito um belo verso, deixou mais ricos os céus e a terra, e mais emotivamente misteriosa a razão de haver estrelas e gente".

Fonte: Marco Maciel, foi vice-presidente da República. Foi governador do Estado de Pernambuco (1979-82), senador pelo PFL-PE (1982-94) e ministro da Educação (governo Sarney).
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MINISTÉRIO PÚBLICO FAZ AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR PATRIMÔNIO CULTURAL DE LUIZ GONZAGA

O Ministério Público Federal (MPF) em Salgueiro/Ouricuri (PE) vai realizar, no dia 2 de agosto, audiência pública para discutir a preservação e promoção do patrimônio cultural deixado por Luiz Gonzaga, que se encontra no Parque Aza Branca, no município de Exu. O evento será realizado no auditório do Colégio Municipal Bárbara de Alencar, também em Exu, a partir das 13h30.

O assunto é tema de inquérito civil de responsabilidade do procurador da República Marcos de Jesus, que tem o objetivo de acompanhar a situação do patrimônio cultural do músico, falecido em 2 de agosto de 1989.

O evento é aberto ao público e à imprensa, respeitada a capacidade do auditório onde será realizado.

Além do MPF, a audiência vai contar com a presença de representantes da prefeitura de Exu, ONG Parque Aza Branca, Associação Luiz Gonzaga de Forrozeiros do Brasil e Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), dentre outras entidades. O Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional (Iphan), a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) e a Secretaria Estadual de Cultura também foram convidados.
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SECA: ESTÁ CHOVENDO MENOS DO QUE ERA ESPERADO DO MARANHÃO ATÉ A BAHIA, DIZ METEOROLOGISTA

Os indícios de que a seca está implacável é denunciada pela terra rachada. A falta d’água nos reservatórios e a previsão de poucas chuvas agravam o problema. O último mês foi ainda mais crítico. Monitoramento da Agência Nacional de Águas (ANA) mostra que a seca moderada, nível intermediário do problema, aumentou 246% entre maio e junho. 

São mais de 328 mil pessoas vivendo em áreas extremas e severas, onde as intempéries do tempo são ainda mais duras. Nesta semana, reunião definirá decisões estratégicas, com referência à gestão de reservatórios de água para o abastecimento e para geração de energia.

Em todo o país, o número de cidades em estado de emergência ultrapassa 800. Nos próximos seis meses, as prefeituras podem pedir apoio ao governo federal para ações emergenciais. Em alguns locais, além do abastecimento de água potável por caminhão-pipa, houve distribuição de comida e famílias foram retiradas de áreas de risco.

O meteorologista Manoel Rangel, do Inmet, explica a tendência climática para a região. “Está chovendo menos do que era esperado. Do Maranhão até a Bahia, todo dia têm pancadas, mas são fracas. As precipitações estão e vão permanecer abaixo da média. Uma massa de ar seco que está predominando em 85% do país impede a formação de nuvens”, detalha. A situação pode degringolar ainda mais. “Ainda não está definido, mas existe a possibilidade.”
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CORDEL DO FOGO ENCANTADO FAZ SHOW NESTA QUARTA (01) NA ORLA DE PETROLINA

A arte vai tomar conta das cidades de Petrolina e Lagoa Grande, em Pernambuco, e de Juazeiro, na Bahia, durante o mês de agosto.  De 1º a 11 o Sesc Petrolina realiza a 14ª edição do Aldeia do Velho Chico – Festival de Artes do Vale do São Francisco. A programação reúne mais de 100 artistas regionais e nacionais em shows musicais, espetáculos teatrais, dança, literatura, cinema e oficinas.  Consolidado como importante projeto multicultural do Vale do São Francisco, o Aldeia é o maior projeto de artes cênicas em circulação no país.

Após lançar o disco que marcou o retorno da banda aos palcos, Cordel do Fogo Encantado leva o show Viagem Ao Coração do Sol ao SESC Petrolina nesta quarta, 01 de agosto, dentro da programação Aldeia do Velho Chico. O evento será na orla Petrolina a partir das 21 horas.

Além das músicas do novo álbum, o grupo vai apresentar também alguns clássicos dos discos Cordel do Fogo Encantado (2001), O Palhaço do Circo Sem Futuro (2002) e Transfiguração (2006).

Conhecidos por sempre inovarem a cenografia, a luz do palco estará sob responsabilidade de Jathyles Miranda de Souza, que acompanha a banda desde o início.

"A minha escola é o teatro e no Cordel consegui por em prática muito da experiência que tenho, pois a banda permite esse processo criativo como se fosse uma peça. Então, quando chega o momento de montar a luz do palco, trabalhamos semelhante à uma peça, ou seja, nada é aleatório, tudo é marcado, discutido", conta o iluminador. E nos shows da nova turnê Gabriel Furtado foi convidado para fazer o video mapping e Isadora Gallas o figurino.

O quarto trabalho autoral da banda traz canções que ficaram guardadas durante a pausa e composições nascidas no reencontro de Lirinha (voz e pandeiro), Clayton Barros (violão e voz), Emerson Calado (percussão e voz), Nego Henrique (percussão e voz) e Rafa Almeida (percussão e voz). 

São 13 faixas que seguem a tradição dos títulos duplos da literatura de cordel e que dialogam com os sentimentos humanos ao longo de uma história de cinco personagens, que percorrem caminhos, por vezes misteriosos e mágicos, em busca da filha do vento, chamada Liberdade. 

"A mística que envolve o Cordel se manteve suspensa durante esses oito anos. Inicialmente, éramos um grupo de teatro, o nome da banda era o título de um espetáculo. No nosso primeiro disco, contamos a história do Fogo Encantado. Depois falamos de um Palhaço de um Circo sem Futuro, uma metáfora da existência humana. E, por fim, na turnê do álbum Transfiguração, apresentamos um cenário que se recolhe para uma espécie de pausa, algo bem significativo para o momento em que se deu, mesmo não sendo planejado", conta o vocalista. 

Portanto, para a volta do grupo, serão apresentados elementos que prosseguem a essa narrativa do terceiro disco, "agora é momento de sair para o sol, florescer, caminhar em direção à luz, sair de dentro da terra, rasgar o casulo em busca da Liberdade", completa Lirinha.

CORDEL DO FOGO ENCANTADO NO SESC PETROLINA
 Festival Aldeia do Velho Chico
Local: Orla Petrolina
Data: quarta-feira, 01 de agosto de 2018
Horário: 21h
Ingressos: gratuito
Informações: (87) 3866- 7454
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II SIMPÓSIO DO BIOMA CAATINGA ACONTECE ENTRE OS DIAS 30 DE JULHO A 3 DE AGOSTO

Discutir assuntos relacionados a fauna, flora, micro-organismos e aspectos físicos do bioma Caatinga. Este é um dos propósitos do II Simpósio do Bioma Caatinga, que acontece entre os dias 30 de julho e 3 de agosto no Complexo Multieventos, localizado no Campus Juazeiro da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). 

O evento é destinado a professores, estudantes, técnicos, gestores, pesquisadores, membros de órgãos governamentais e à sociedade em geral. 

O II Simpósio do Bioma Caatinga é organizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Semiárido), com apoio da Univasf e de outras instituições da região como a Universidade do Estado da Bahia (Uneb), o Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE) e a Universidade de Pernambuco (UPE).

De acordo com a professora do curso de Zootecnia da Univasf, Adriana Mayumi de Melo, o II Sibic possibilitará um momento de discussão com a sociedade sobre o bioma e sua sustentabilidade. “O evento também pretende dar visibilidade às pesquisas e aproximar esses estudos das pessoas que fazem uso delas”, afirma. 

Ascom Univasf
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ENCONTRO DE FOLES E SANFONA PROMOVE VALORIZAÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL

O Encontro de Foles e Sanfonas foi realizado pela Associação Balaio Nordeste – ABN em conjunto com a Secretaria de Cultura do Estado-SECULT e reuniu neste final de semana e sanfoneiros, com o intuito de promover a valorização da identidade musical nordestina. O encontro foi realizado em João Pessoa.

Durante o Encontro de Foles e Sanfonas da Paraíba aconteceu uma integração e troca de experiências entre os folistas e acordeonistas, músicos e estudantes de música, contribuindo para a democratização e acesso a estes instrumentos através de shows, oficinas, mesas redondas, debates e exibição de vídeos totalmente gratuitos.

A cada edição são homenageados ícones da música brasileira e internacional ligados à prática destes instrumentos. Os nomes que foram honrados durante o encontro este an: Severo do Acordeon e o Compositor Bastinho Calixto, ambos já foram parceiros de Jackson do Pandeiro.

Segundo Joana Alves, a partir dos anos de 1960 o fole e a sanfona perdem visibilidade no cenário musical brasileiro, por isso este projeto justifica-se enquanto possibilidade de incentivar tanto a sua prática, quanto os processos de ensino e aprendizagem destes, bem como de ampliar as discussões e o diálogo acerca deste fazer musical entre os participantes. Os instrumentos supracitados já foram muito populares no Brasil, e, mais especificamente na região Nordeste, contribuindo para a construção da identidade musical nordestina.

Joana enfatiza “Nesse sentido é que a ABN (Associação Balaio Nordeste) tendo como missão promover e incentivar ações e projetos de caráter formativo e informativo, que valorizem a nossa cultura, considera ser de extrema importância à realização de um evento capaz de evidenciar o valor do estudo destes instrumentos e difundir a sua prática como forma de salvaguardar o nosso patrimônio cultural”.

O fole e a sanfona são  instrumentos muito populares no Brasil, e, mais especificamente na região Nordeste, contribuindo para a construção da identidade musical nordestina.


Considerado pelos sanfoneiros como um dos instrumentos de mais difícil execução – pelo jogo de fole obrigatório – é ainda mais preocupante, já que sendo uma arte atualmente dominada por poucos, vem correndo sérios riscos de desaparecer. Por outro lado, este encontro, possibilitando ainda o intercâmbio entre músicos e pesquisadores nacionais e internacionais.
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MISSA DO CANGAÇO RELEMBRA OS 80 ANOS DE MORTE DE LAMPIÃO

A XXI Missa do Cangaço lembrou, ontem sábado (28), os 80 anos de morte de Lampião, Maria Bonita e cangaceiros, na Grota do Angico, em Poço Grande, em Sergipe, local onde o bando de Lampião foi emboscado. A celebração foi comandada pelo padre Agostinho dos Anjos, com a presença de Expedita, única filha do mais conhecido casal de cangaceiros. 

A missa encerrou o Seminário Sertão Cangaço, realizado em Piranhas, no Sertão de Alagoas, de onde partiu a volante que atacou o bando. Lá em Angico morreu um soldado, cuja cruz a família colocou no local, em 2012, e que até hoje provoca reações. O evento contou com palestras, exibições culturais de xaxado e encenações e foi concluído neste sábado, com a XXI Missa do Cangaço.

Para o historiador Wesckey Rodrigues, a XXI Missa do Cangaço se apresenta, de certa forma, como um momento de rememoração, mas também de ressignificação dos fatos ocorridos no amanhecer do dia 28 de julho de 1938. 

"Bom lembrar que nesse momento não só morreram 11 cangaceiros, tendo em vista que há um processo de criar uma ideia de herói, mas também nós temos o soldado Adrião (Pedro de Souza) que merece ser lembrado também, já que estamos num rito sacro. É importante esse processo de não só espetacularizar a morte, mas também de valorizar os outros indivíduos que morreram neste lugar", disse.


O padre Agostinho Justino dos Santos falou da satisfação de participar do evento religioso. "Satisfação muito grande porque admiro muito a cultura e, sobretudo, a região de Piranhas, Poço Redondo, sempre venho para os encontros culturais e aproveito e venho até aqui para a Grota de Angico para celebrar a missa em homenagem e sufrágio às almas de todos os nossos irmãos que tombaram aqui nesse local, na Grota de Angico", declarou.

Folha Pernambuco

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