LUIZ ROSA, APRENDEU TOCAR SANFONA QUANDO SE APOSENTOU E DIZ QUE LUIZ GONZAGA TOCA A ALMA DO POVO

‘’Sanfona Brasileira toca a alma da gente’’. A frase de Dominguinhos, um sanfoneiro que deixou saudades nos meios musicais, principalmente do caboclo do sertão, permanecerá viva na mente de todos por muito tempo. É o que promete o aposentado Luiz Rosa, sanfoneiro e proprietário da Casa dos Artistas em Petrolina, Pernambuco.

Luiz Joaquim Rosa nasceu em Floresta, Pernabuco. Apaixonado pela origem de agricultor e pela região sempre ouviu a voz e os baiões de Luiz Gonzaga. Despertou que tinha vocação para ser tocador de sanfona. "Fiquei aposentado e resolvi aos 60 anos aprender tocar sanfona. Hoje já faço forró é so chamar que junto com a sanfona, zabumba e triangulo, a animação está garantida", diz Luiz Rosa.

Detalhe:  Luiz Rosa se tornou professor de aula de sanfona. "Nós sanfoneiros fazemos uma roda e vamos ensinando os acordes, e o principal incentivo é quando temos crianças e jovens interessadas na arte da sanfona". Na casa dos artista o aprendiz não paga."O objetivo é manter principalmente para os mais jovens a tradição de tocar sanfona e valorizar Luiz Gonzaga, Dominginhos", ressalta Luiz Rosa.

Na casa dos artista já existe mais de 80 sanfonas. "Na verdade é uma coleção de sanfona. Temos até uma sanfona de 8 baixos, a origem de todo forró brasileiro, a famosa sanfona pé de bode", conclui Luiz Rosa. 

Nas gravações realizadas em Exu, durante os festejos dos 70 anos da música Asa Branca, Luiz Rosa foi um dos sanfoneiros em destaque do documentário. Ele também participou do Clisertão 2018=Congresso de Literatura, Leitura e Linguagens do Sertão

Os interessados podem se inscrever e agendar as aulas na Casa dos Artistas, das 7h30 às 14h e das 14h às 16h30, que fica na Rua Engenheiro Valmir Bezerra, centro de Petrolina,  fone watsap 87996085740.


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CONCURSO SARAU POÉTICO, A PROMESSA DO BARÃO DE EXU, 150 ANOS DE HISTÓRIA, ACONTECE NESTA QUINTA-FEIRA 21, EM EXU

Este ano a igreja de São João Batista do Araripe comemora 150 anos. A Budega Cultural Vale do Ançu, realiza o concurso “Sarau poético, com o tema "a promessa do Barão de Exu, 150 anos de história". 

A divulgação do resultado e a cerimônia de premiação acontecerá em um evento público a ser realizado no dia 21 de junho de 2018, a partir das 21 horas, nos festejos da igreja de São João Batista, no povoado do Araripe no municipio de Exu.

O Concurso tem o objetivo de comemorar o aniversário de 130 anos de Fernando Pessoa e os 150 anos da igreja São João Batista do Araripe, que foi construída por Gualter Martiniano de Alencar Araripe (O Barão de Exu), como pagamento a uma promessa feita a São João Batista por salvar seu povo de uma epidemia de cólera que invadiu principalmente o nordeste brasileiro, tendo atacado o Crato, Ceará de 1862 a 1864.

Serão premiadas com um certificado comemorativo todas as poesias selecionadas, e mais premiação em dinheiro para as três poesias finalistas do concurso.
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PROFESSOR URBANO, JORGE DE ALTINHO E CARUARU, A CAPITAL DO FORRÓ

Caruaru. Capital do forró, da poesia. Denominação criada pela extraordinária poesia e melodia de Jorge de Altinho - o olindense mais matuto de Pernambuco - gigante da nossa musicalidade, e que de quebra fez a bela canção Juazeiro – Petrolina, Capital do Forró está inserida no repertório daqueles forrós que se tornaram imortais, e tem inúmeras razões para isso. Gravada pelo Trio Nordestino, no ano de 1980, fase na qual o excelente grupo vendia 1 milhão de discos a cada lançamento, a capital do agreste ganhou uma homenagem perpétua e inigualável.

Do ponto de vista de construção poética, Capital do Forró é um texto que fez o marketing da cultura caruaruense de um modo que nunca foi superada. Musicalmente, Caruaru pode ser representada por 4 canções extraordinárias, respectivamente: Feira de Caruaru, de Onildo Almeida, Capital do Agreste, de Nelson Barbalho, Caruaru Azul Palavra de Carlos Fernando e Capital do Forró, de Jorge de Altinho. 

Essas canções banham de poesias a terra de Vitalino. E o povão adora, sempre alguém sabe cantar ao menos um trechinho de uma delas. A minha preferida? Não tenho, as quatro acima estão lado a lado no meu arquivo de memória.

Desde o início dos anos 80, “Capital do Forró” emplacou e não saiu mais das playlists de rádios do nordeste. Quem nunca foi, já ouviu falar / se você for vai gostar / quem já foi volta sempre lá / pra dançar forró no arraiá....é uma construção textual fantástica, na altura do slogan “de tudo que há no mundo, nela tem pra vender” destaque na música da feira.

 A parte que sempre lembro quando retorno das minhas viagens, geralmente a noite: “bonito pra você ver, nas noites de são João, quem vem pra Caruaru, de longe vê o clarão”... e vê mesmo, dezenas de quilômetros em qualquer direção, pelas rodovias que nos trazem ao agreste, as noites estão iluminadas pela energia do povo caruaruense.

Nessa esteira de sucessos regionais, surgiram compositores que impulsionaram a música regional. De saudosa memória e que tive a honra de conhecer pessoalmente, Juarez Santiago, maestro Camarão, Bau dos 8 baixos, Ezequias Rodrigues e tantos outros merecedores da nossa reverência. 

Não satisfeito com a homenagem musical, Jorge teve um novo sopro de poesia Gonzaguena e fez Juazeiro – Petrolina, no mesmo molde poético, leve, bonito, pleno de bom gosto. Essa canção é uma narrativa, que descreve a região do rio São Francisco que une Pernambuco e Bahia a partir das duas cidades belas. Pernambuco decantado em prosa, verso, poesia e forró de qualidade

Não é possível separar o forró de sua poesia - seja urbana ou matuta - pois quando se toca e altera essa fórmula sagrada, o próprio gênero musical perde o seu valor, e a maior prova disso é que não se eterniza na mente e coração dos nordestinos, gente de muita sensibilidade, de uma cordialidade sui generis.

 Olha pro céu amor/vê como ele está lindo...eis a grandeza musical que alcança voos infinitos na seara poética, subindo como um balão, nas asas da Asa Branca. É danado de bom!

Fonte: Professor Urbano Silva-historiador
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LIVRO DE THEREZA OLDAM COMEMORA OS 150 ANOS DE HISTÓRIA DA IGREJA SÃO JOÃO DO ARARIPE, EM EXU PERNAMBUCO

A história de fé da Igreja de São João do Araripe, no município de Exú, no Sertão pernambucano, é contada pela primeira vez no livro “Igreja de São João Batista do Araripe, Exu-Pernambuco – Sesquicentenário (1868/2018)”, de Thereza Oldam de Alencar. 

A obra, que será lançada na própria igreja no dia 23 de junho, véspera de São João, ao final da nona noite do novenário, remonta a trajetória do Barão de Exú, bisavô da autora, que construiu a igreja como pagamento de uma promessa ao santo, e relembra as tradições e festejos até os dias atuais. Aos 87 anos, Thereza escreveu o livro à mão, durante quatro anos de pesquisas e entrevistas.

“Fui juntando peças e ouvindo a voz da tradição. Entrevistei octogenários que guardavam importantes informações e fui vendo se formar, diante de mim, uma linda história de amor e fé. Foram quatro anos de pesquisa e peleja, andando, trabalhando e trabalhando. E, também, me baseei em o que minha mãe – nora do Coronel João Carlos, criado pelo Barão – escreveu”, conta Thereza.

A história começa com a chegada dos Alencar, vindos de Portugal, ainda no século XVII, e chega ao Barão de Exú,Gualter Martiniano de Alencar Araripe, nas fazendas Araripe e Caiçara. Com o “caos de dor” trazido pela epidemia de cólera no Crato, vizinho a Exu, entre 1862 e 1864, o Barão fez uma promessa a São João, para que a doença não se alastrasse por seu povo. 

Com a graça alcançada, o fazendeiro iniciou a construção da igreja, inaugurada na véspera do Dia de São João em 1868. Em seu testamento, deixou expresso que seus descendentes cuidassem da igreja.

Os 150 anos do Arararipe também se entrelaçam com a vida de outro conhecido morador de Exu: Luiz Gonzaga. A bisavó do Rei do Baião se abrigou na Fazenda Caiçara, também do Barão, durante a peste de cólera. Foi na igreja que os pais de Gonzagão, Januário e Santana, se casaram. Gonzaga eternizou os 100 anos da igreja na canção “Meu Araripe”. Foi Thereza, a autora do livro, quem escreveu, inclusive, a apresentação do disco “São João do Araripe”, em 1968.

“Meu sonho é que a história dessa igreja seja disseminada por todos. Pelos devotos, pela nossa família, por Exu, por Pernambuco, pelo Brasil. É uma história simples e verdadeira e não pode ser esquecida. É um santuário de fé, patrimônio histórico e cultural do povo de Exu. Não é só um prédio bonito. Sua argamassa é feita de amor e fé”, conclui a autora.

Dividido em 12 capítulos, “Igreja de São João Batista do Araripe, Exu-PE – Sesquicentenário (1868/2018)” faz um passeio detalhados sobre esses 150 anos, misturando a história dos Alencar, dos Gonzaga, do município de Exu e do povoado do Araripe. Sua última parte, intitulada “Memorial Idílico do Araripe”, conta com depoimentos de 33 personalidades da região ou que têm uma relação de carinho com o lugar. Entre eles, o jornalista Francisco José e Dominique Dreyfus, biógrafa francesa de Luiz Gonzaga.

O livro tem prefácio escrito pelo advogado Dario Peixoto, filho de Thereza, e orelha da capa escrita pelo ator e humorista piauiense João Claudio Moreno. A contracapa tem autoria do marido da autora, Francisco Givaldo Peixoto de Carvalho, também escritor. E a orelha da contracapa, com perfil biográfico da autora, foi escrito pelo poeta e escritor cearense José Peixoto Júnior.

Thereza Oldam de Alencar é mestra em Educação Básica, formada pelo Colégio Santa Tereza de Jesus, no Crato (CE), e doutora em Letras pela Faculdade de Formação de Professores de Petrolina (PE). Em 2011, publicou seu primeiro livro “Exu – Três séculos de história”. Condensou, ainda, em livros, memórias de seu pai, Antholiano Ayres Peixoto de Alencar, e de sua mãe, Maria Geralda de Alencar.

Fonte: Digital ComunicaçãoExecutiva -Recife-PE
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TODO O NORDESTE LASTIMA, FRAQUEJA, RÓI, DESANIMA, TENDO NO PEITO UMA CHAGA ESCULHAMBARAM O SÃO JOÃO

E o que vejo no São João 
É esse golpe gritando
Golpeiam o corpo e a alma
E a vida vão golpeando
Golpeiam no coração
Golpeiam na tradição
O golpe é quem nos estraga
E apaga todo lampejo
Procuro luz e não vejo. 
Valei-me, Luiz Gonzaga!!!

Campina Grande cedeu!
Vencida, Caruaru.
Mas a resistência é firme
Na cidade do Exu
Todo o Nordeste lastima,
Fraqueja, rói, desanima,
Tendo no peito uma chaga.
Esculhambaram o São João,
Fizeram trato com o Cão.
Valei-me, Luiz Gonzaga!

Essa turma do dinheiro
Quer acabar com o São João 
Joga água na fogueira
Mijando no foguetão
Prefeito tome cuidado
Que o povo tá revoltado
E vai cassar sua vaga.
Veja aí esses meninos
Valentes, fortes, ferinos
Louvando Luiz Gonzaga!

Fonte: Aderaldo Luciano-Professor. Doutor em Ciência da Literatura
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FILME PEDRO LUCAS, O MENINO QUE FEZ UM MUSEU, SERÁ EXIBIDO NO FESTIVAL DE CINEMA DE OURO PRETO

Em 2013, Pedro Lucas Feitosa, então com 8 anos, voltou encantado de uma visita que fizera ao Museu do Gonzagão, em Exu, Pernambuco. Ao voltar para a sua casa, no Crato (Cariri cearense), Pedro Lucas já sabia como dar vazão à admiração que nutre por Luiz Gonzaga: ele criaria um museu dedicado ao Rei do Baião, na casa em que sua falecida bisavó morava, vizinha à dele.

Três anos depois, o espaço na rua Rua Alto da Antena, no distrito de Dom Quintino, reúne cerca de 100 objetos que recriam a época em que Gonzagão viveu. Pedro Lucas guia as visitas no local, contando a história de cada objeto do museu, função que divide com o primo, Caio Éverton, de 8 anos. Além de vinis do artista, o museu exibe sanfonas, ferramentas de trabalho e utensílios, partes do universo cantado por Luiz Gonzaga. 

Esta história virou filme e ganhou a Europa, foi exibido nos Festivais Internacionais, em Londres e Italia. Agora a história de Pedro Lucas será exibido na Mostra de Cinema de Outro Preto, Minas Gerais.

Com 20 anos de jornalismo, sete deles dedicados à cobertura internacional, Sérgio Utsch prefere dizer que é um contador de histórias. Mesmo em situações difíceis, como guerras, atentados e crise de refugiados, o correspondente mineiro sempre busca abordagens humanas, tentando explicar, como ele mesmo destaca, um pouco das complexidades de uma determinada cultura.

É com esse olhar do contador de histórias que Utsch se aventurou no cinema, estreando como diretor no curta-metragem “O Menino que Fez um Museu”, um dos destaques da programação da Mostra de Cinema de Tiradentes e que também será exibido na 13º Mostra de Cinema de Ouro Preto, Minas Gerais, nesta segunda, dia 18, na Sessão Cine-Escola. 

A oportunidade surgiu quando chegou em suas mãos um vídeo de um garoto cearense de 10 anos que criou um museu dedicado ao músico Luiz Gonzaga.

“Pedro Lucas é também um contador de histórias. É ele quem conduz o filme com seu jeito divertido na maneira como narra a história dele, do museu e dos personagens de Dom Quintino, distrito de Crato, Ceará. Somos apresentados, por exemplo, a Dona Rita, cujo marido escreveu na porta de casa ‘Rita, não ponha as roupas no varal’. Apesar do aviso, ela continua botando as roupas”, registra o jornalista.

Utsch admite que fez o filme pensando em festivais internacionais, receoso de que a abordagem doce e esperançosa pudesse soar exagerada pelos brasileiros. Em Londres, onde mora atualmente, ele exibiu o filme na embaixada do país.

“O Brasil é muito bombardeado lá fora. Não somos esse inferno todo. Há muitos problemas, mas não dessa forma como os próprios brasileiros pintam o país, sempre se colocando para baixo. Meu filme busca dar uma quebrada nisso”, salienta Utsch.

No interior do Ceará, um menino então com 10 anos transforma uma casa de barro no primeiro museu de sua cidade. O documentário mostra a história de Pedro Lucas, um pequeno brasileiro orgulhoso de suas origens e muito sensível em relação aos problemas do Nordeste. 

O Museu Luiz Gonzaga, além de uma homenagem ao cantor, é uma viagem pela comunidade, pela cultura nordestina e pelos sentimentos de Pedro Lucas. O filme foi gravado em 2016 e finalizado em 2017 por uma equipe de profissionais brasileiros e britânicos em Londres. É resultado de uma tentativa de mostrar um Brasil desconhecido pelo mundo e por muitos brasileiros.

Fonte: Paulo Henrique Silva-O Dia
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SEU BILINO, UM TOCADOR DE SANFONA DE 8 BAIXOS

Andar pelos sertões sempre me proporciona encontros! Novos conhecimentos. Entre Exu e Serrita encontrei "Mestre Bilino". Antônio Felizardo Alves, bom proseador e afinador de sanfona de 8 Baixos.

Seu Bilino começou a tocar ainda era menino, em 1958, quando seu pai comprou uma sanfona de 8 Baixos pra ele. Naquela época os forrozeiros tocavam nos casamentos, nos aniversários, diz Seu Bilino. “Ele comprou uma sanfona pra eu tocar pra ganhar um dinheirinho. Nessa época o povo tocava a noite toda”, conta ele, que veio de uma família de  músicos.

Seu Bilino diz que não é tocador profissional, que sua profissão mesmo é afinar sanfona: “Meu ramo mesmo é ser afinador de acordeon, quando o fole se acaba eu também recupero”, diz ele.

Mas é com maestria que ele pega o instrumento e desliza os dedos, puxando o fole. Depois ele mesmo reconhece sua sabedoria: “Tem uma música que eu fiz que eu botei o nome Avessinho, um chorinho.

É um forró tão bom de dançar que quando eu tou tocando ele todo mundo pega o ritmo, quer dançar. O finado Dominguinhos quando tava vivo foi tocar na rádio em São Paulo, aí um senhor me chamou pra tocar nessa rádio e eu fui tocar mais Zé Onório, que era um tocador de 8 Baixos de São Paulo. Aí ele fez assim – porque eu falei de Exu – ‘esse caba de Exu é bom”, conta.

Bilino teve dois mestres, um foi seu pai, que lhe ensinou duas coisas, uma é que “a música é pra ser tocada com carinho e amor, bem feliz”. A outra é que tem músicas que devem ser guardadas pra momentos especiais. “Meu pai dizia ‘Num toque essa música atoa não. Toque num momento especial, que você fica feliz e eu também fico”, ensina.

O outro mestre de Bilino foi Severino Januário, irmão de Luiz Gonzaga.  “Eu tocava com Severino Januário, eu considero ele meu mestre. Eu toco as músicas dele, tem gente que até chora. Hoje eu tou tocando as letras dele por causa dele. É um xote tão bom de dançar que todo mundo arrupeia os cabelos”, brinca Bilino.

Ele só fica triste com a falta de reconhecimento do seu mestre “Severino dos 8 Baixos  num era mostrado na televisão. Eu fiquei desgostoso, o homem tocava um 8 Baixos daquele jeito e num era mostrado. Eu fiquei meio triste, andei um tempo sem tocar”, conta o tocador que também não tem a atenção dos holofotes, apesar de seu talento merecido.

O vínculo com a família de Luiz Gonzaga começou desde cedo, Seu Bilino conta que seu pai só afinava o instrumento com Januário: “Ele trazia o 8 Baixos dele porque ele era mestre, aí quando a sanfona dele quebrava.  Ele vinha pra aqui”. E, Bilino, criança, vinha dentro de um caçoá, de Serrita, sua cidade, para Exu.

Hoje, assim como grande parte dos nordestinos, Bilino tem veneração por Mestre Lua: “Pro futuro ele vai ser nosso santo dos músicos, o santo dos sanfoneiros. Vai ser que nem o Padre Cícero, que nem Damião. Asa Branca é como se fosse um hino, como se fosse uma reza”, profetiza ele. “Ele é uma raiz do Sertão que a gente não pode abandonar”, afirma o sanfoneiro.

Consciente de que está cada vez mais raro achar pelas bandas do Araripe um tocador de 8 Baixos, “Daqui a uns 50, 100 anos quem tocar 8 Baixos vai ser chefe majoritário do mundo inteiro”, Bilino sente prazer quando consegue passar seu conhecimento a alguém “A coisa que eu acho mais feliz no mundo é eu dar aula pra uma criança, de 8 Baixos, porque de acordeon tá cheio já de tocador”

“Eu num posso abandonar essa carreira até o fim da minha vida”, diz com veemência. “Eu tou feliz desse jeito, porque dinheiro num é tudo na vida não. Eu sou um cara da roça, do mato, eu tenho um sitiozinho que eu plantei, tem 16 pés de coco. As filhas vem do meio do mundo passear. Eu acho bom estar no meio da terra aqui escutando Gonzaga tocar, chega um amigo, conversa comigo, chega outro”, conta o humilde tocador do fole típico do Sertão que hoje se tornou preciosidade.

Fonte: www.cultura.pe.gov.br/canal/mergulhe/um-modesto-tocador-de-8-baixos-2
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