POLUIÇÃO DO PLÁSTICO É DESAFIO PARA O DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE

Todos os anos, desde 1972, 5 de junho é celebrado como o Dia Mundial do Meio Ambiente. A Organização das Nações Unidas (ONU) anualmente escolhe um tema relacionado às questões mais prementes da atualidade e este ano o mote é Beat Plastic Pollution (Combater a Poluição Plástica).

A poluição causada pelo descarte de objetos de plástico é um dos grandes desafios da atualidade. De acordo com a ONU, são necessários pelo menos 450 anos para que uma garrafa de plástico se decomponha e desapareça do meio ambiente.

Em todo o mundo, 1 milhão de garrafas de plástico são compradas a cada minuto. Todos os anos são usadas até 500 bilhões de sacolas plásticas descartáveis.

Apenas na última década foi produzido mais plástico do que em todo o século passado. Todos os anos, são utilizados 17 milhões de barris de petróleo para produzir garrafas plásticas. No total, metade do plástico que utilizado é de uso único.

Levando-se em conta que a taxa média global de reciclagem desses produtos é de 25%, isso significa um volume enorme de lixo plástico descartado nos oceanos.

Estima-se que pelo menos 8 milhões de toneladas de lixo plástico vão parar nos mares anualmente, onde sufocam os recifes de corais e ameaçam a fauna marinha vulnerável.

Até 2050, 99% das aves marinhas terão ingerido plástico. O lixo prejudica mais de 600 espécies marinhas, 15% delas em extinção.

De acordo com a campanha da ONU Mares Limpos (Clean Seas), outro grande vilão dos mares são os microplásticos, partículas que medem menos de 5mm e que estão presentes também em cosméticos e produtos de higiene. Pelo menos 51 trilhões de partículas de microplásticos já estão nos oceanos.

A campanha Beat Plastic Pollution, que tem a Índia como país anfitrião este ano, convida as pessoas a agirem, individual ou coletivamente, para combater a poluição plástica.

São exemplos práticos como parar de usar canudinhos e talheres de plástico, levar sua própria caneca para o trabalho, pressionar as autoridades locais para melhorar a maneira como administram o lixo da sua cidade, utilizar sacolas de tecido ao fazer as compras e recolher lixo plástico que encontrar nas praias, florestas e cachoeiras que for visitar, entre outras iniciativas.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, reforçou - em um comunicado - o apelo pelo combate à poluição plástica.

"Nosso mundo é inundado por resíduos plásticos prejudiciais. Todos os anos, mais de 8 milhões de toneladas acabam nos oceanos. Os microplásticos nos mares agora superam as estrelas da nossa galáxia. De ilhas remotas ao Ártico, nada é intocado. Se as tendências atuais continuarem, até 2050 nossos oceanos terão mais plástico do que peixes".


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INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO LANÇA MANUAL DE SINALIZAÇÃO DE TRILHAS

Mais de 60% dos visitantes de unidades de conservação (UCs) utilizam as trilhas como principal meio de recreação, seja para alcançar uma cachoeira ou um mirante, seja como um atrativo em si, quando o próprio passeio na trilha é o principal objetivo da visita. Para tornar esses trajetos mais acessíveis, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) acaba de aprovar, através da Portaria, o Manual de Sinalização de Trilhas para Unidades de Conservação Federais.

 “O propósito do manual é oferecer uma base comum para que a sinalização de trilhas seja realizada segundo um referencial técnico unificado”, destaca Pedro Menezes, coordenador-geral de Uso Público e Negócios do ICMBio.

Com a divulgação do manual, o Instituto espera estabelecer uma padronização nacional, mas que também permita uma identidade local, respeitando e valorizando as particularidades de cada UC. Assim, todos os trajetos estão sendo sinalizados com a marca da pegada em amarelo e preto, mas o desenho da pegada muda a depender do local da trilha, personalizando cada caminho regional com suas próprias características.

SEGURANÇA E CONSERVAÇÃO
Ainda segundo o coordenador-geral, uma boa sinalização é importante por duas razões principais. A primeira, e mais óbvia, é relativa à segurança: evitar que os visitantes se percam. A segunda tem a ver com a conservação, uma vez que a sinalização é também uma ferramenta de manejo. “Às vezes, o caminho mais simples passa por uma área frágil, que deve ser poupada, e isso se resolve com os instrumentos de sinalização”, explica Menezes.

TRILHAS DE LONGO CURSO
As conhecidas pegadas amarelas e pretas, descritas no manual, já estão sendo utilizadas nas trilhas de longo curso que o ICMBio vem implementando ou atuando como parceiro. O Instituto está focado na criação do Sistema Brasileiro de Trilhas de Longo Curso, no contexto do Programa Conectividade de Paisagens – Corredores Ecológicos, em atendimento à demanda instituída por portaria do Ministério do Meio Ambiente.

A partir das indicações da publicação, as pegadas podem ser personalizadas de acordo com aas características locais. É o que ocorre nos trechos das trilhas de longo curso que passam por UCs federais. Na Reserva Extrativista Chico Mendes (AC), elas apresentam as seringueiras; na Floresta Nacional de Canela (RS), as araucárias; já na Trilha Transcarioca, que passa pelo Parque Nacional da Tijuca (RJ), as pegadas trazem a imagem do Cristo Redentor.

ORIENTAÇÕES
O manual apresenta, ainda, os tipos de sinalização de trilhas (de entrada, percurso, destino, distância percorrida, educativa, etc), instruções para sinalização (simbologia, percursos sobre o mesmo leito, trilhas de uso múltiplo, técnicas para aplicação da sinalização) e conceitos básicos de planejamento de trilhas.

A proposta é que a sinalização seja realizada de forma simples e com baixo custo, sendo acessível a qualquer unidade. “O manual será a base para as UCs federais, mas poderá ser utilizado por unidades estaduais e municipais que tiverem interesse e também em trilhas que não estejam localizadas em áreas protegidas”, conclui Pedro Menezes.

Fonte: IcmBio-Ministério do Meio Ambiente

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MARQUINHOS CAFÉ, SANFONEIRO NO RITMO CERTO DO BAIÃO AO JAZZ

O Programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga e seus seguidores, destacou neste domingo (03), o cantor, compositor e sanfoneiro Marquinhos Café. O programa é um dos primeiros colocados na audiência e é transmitido pela Super Jovem Rádio Emissora Rural de Petrolina.

Marquinhos é um dos mais talentosos sanfoneiros da atualidade. Virtuoso já foi o vencedor do Festival Nacional de Forró de Itaúnas, Espírito Santo e é presença garantida do Festival Internacional do Forró-Juazeiro-Bahia.

O trabalho de Marquinhos é fruto das inúmeras horas de dedicação, anos de aprendizado dos acordes da sanfona do Mestre Camarão. Marquinhos foi um dos alunos do Mestre Camarão na Escola de “Acordeon de Ouro” (criada em 1994).


Mas, as primeiras lições aprendeu com o pai, "Seu Antonio", sanfoneiro, consertador e afinador de sanfona que colocava na radiola os discos de Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Trio Nordestino, Marinês e Jackson do Pandeiro para o filho escutar.


Nascido em Caruaru, Agreste de Pernambuco, Marquinhos cresceu no universo do Forró e da Música mais brasileira. Impressiona a virtualidade. Com o mesmo talento que executa um forró, xote ou baião, desfila no ritmo do jazz e blues. 

O sanfoneiro traz do Mestre Dominguinhos, a humildade e atenção com os amigos e fãs. Todos os anos é um dos gonzagueanos que prestigia a data de nascimento de Luiz Gonzaga, em Exu, Pernambuco.

Este ano ele gravou mais um CD, Marquinhos Café ao Vivo e Tome Sanfona. O CD agrada com muita inovação e dinamismo musical. Com personalidade não abriu mão dos seus princípios de músico, moderno e atualizado Marquinhos Café valoriza e deixa mais rica a música brasileira.

Marquinhos Café é um dos integrantes do Quinteto Sanfônico do Brasil, com os amigos e sanfoneiros Targino Gondim, Gel Barbosa, Rennan Mendes e Sebastian Silva, viaja o Brasil, tocando e concretizando que a música não tem fronteiras e em cada acorde revela o que existe de mais belo da música universal.


Entre os projetos já realizados, recentemente Marquinhos Café, participou do lançamento, junto aos principais forrozeiros da coletânea Forró, Festa e São João. O CD idealizado por Flávio José com direção e produção musical deTargino Gondim conta com a participação de 29 artistas do segmento, entre eles Antonio Barros e Ceceu, homenageados no projeto.

Para o cantor Targino Gondim o álbum simboliza a luta do segmento pela valorização da música. “O cd vem no momento oportuno para todos nós que levantamos a bandeira do forró e com ele pretendemos vender shows, divulgar canções do universo junino e conquistar o mercado, que cada vez mais vem perdendo espaço pela descaracterização das festas de juninas no Nordeste”.

É Marquinhos Café um músico antenado com a música mais brasileira, universal. Sanfoneiro e cantor que faz balançar um forró e agrada a mais refinada plateia aficcionada por jazz e blues.

Marquinho Café ao Vivo e Tome Sanfona...Forró Xote Vaquejada e Baião...




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AGROVALE ENVIA NOTA DE PESAR PELA MORTE DO PUBLICITÁRIO JUAREZ CANEJO

A Agrovale vem a publico manifestar o mais profundo pesar pelo falecimento do publicitário Juarez Canejo, neste domingo (03). Em tempo, presta condolências aos familiares e amigos enlutados pela irreparável perda.

Juarez prestou serviços relevantes ao Vale do São Francisco, através da Criação Original, nossa Agência de publicidade há mais de 25 anos, aonde contribuiu sobremaneira para o desenvolvimento de Juazeiro e Petrolina.

Que descanse em paz nosso amigo de sorriso largo e gestos solidários.
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LUIZ GONZAGA PLANTOU A SANFONA, ESTAMPOU A ZABUMBA E TRANCAFIOU UM TRIANGULO IMORTALIZANDO A VOZ


O Nordeste continuaria existindo caso Luiz Gonzaga não tivesse aterrissado por lá há cem anos. Teria a mesma paisagem, os mesmos problemas. Seria o mesmo complexo de gentes e regiões. Comportaria os mesmos cenários de pedras e areias, plantas e rios, mares e florestas, caatingas e sertões.

 Mas faltaria muito para adornar-lhe a alma. Sem Gonzaga quase seríamos sonâmbulos. Ele, mais que ninguém, brindou-nos com uma moldura indelével, uma corrente sonora diferente, recheada de suspiros, ritmos coronários, estalidos metálicos. A isso resolveu chamar de BAIÃO.

Gonzaga plantou a sanfona entre nós, estampou a zabumba em nossos corpos, trancafiou-nos dentro de um triângulo e imortalizou-nos no registro de sua voz. Dentro do seu matulão convivemos, bichos e coisas, aves e paisagens. Pela manhã, do seu chapéu, saltaram galos anunciando o dia, sabiás acalentando as horas, acauãs premeditando as tristezas, assuns-pretos assobiando as dores, vens-vens prenunciando amores.

 O seu peito abrigava o canto dolente e retotono dos vaqueiros mortos e a pabulagem dos boiadeiros vivos. As ladainhas e os benditos aninhavam-se por ali buscando eternidade. Viva Luiz Gonzaga do Nascimento!

Fonte: Aderaldo Luciano-professor doutor em Ciência da Literatura
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PROFESSORA THEREZA OLDAM LANÇARÁ O LIVRO IGREJA DE SÃO JOÃO BATISTA DO ARARIPE EXU-PERNAMBUCO

A Igreja São João Batista do Araripe completa 150 anos. No dia 23 de junho, véspera de São João, a professora Thereza Oldam Alencar, lançará o seu segundo livro "Igreja de São João Batista do Araripe-Exu, Pernambuco-Sesquicentenário (1868-2018). O evento acontecerá às 21hs, ao final da nona noite do novenário, no Povoador do Araripe.

A professora e escritora Thereza Oldam de Alencar é pesquisadora dos episódios e sentimentos que nortearam a criação, o desenvolvimento e a consolidação do território exuense. Desde a época da colonização, quando a região ainda era habitada pelos índios da nação Cariri. Passando pela chegada de seu fundador Leonel de Alencar Rego, até os dias atuais.

A professora escreveu no ano de 1968, uma apresentação para o disco Luiz Gonzaga-São João do Araripe. Transcrevemos aqui o que a professora escreveu na época:

"O Povoado do Araripe, tantas vezes cantado pelo Rei do Baião, Luiz Gonzaga, é o desdobramento da Antiga Fazenda do Barão de Exu. Domina-o até os dias atuais, a Casa Grande. de estilo Colonial e a Capela de São João Batista. O Povoado do Araripe, está situado à margem esquerda do Rio Brígida, próximo da Fazenda Caiçara, berço de Barbara de Alencar.

Para os descendentes direto dos primeiros povoadores, o São João do Araripe é único. É o culto das suas melhores tradições. Anualmente, os festejos juninos são um pretexto para a confraternização, pois no calor da fogueira, comendo milho assado, discutem política, exaltam os seus herois, choram seus mortos e pedem aos céus a oportunidade de voltar sempre, sempre ao Araripe.

Ali, no Araripe aprenderam a venerar São João Batista, ouvindo vozez de Sinhazinha e Nora, ecoando o coro da Capela. Quem dos seus desconhece o Barão do Exu, Sinhô Aires, Neném de João Moreira, Santana de Januário, Dona de Seu Sete. Qual dos seus meninos não sentiu o irresistível desejo de puxar a corda do sino da igreja?

O Povoado do Araripe é um santuário de fraternidade do presente com o passado. Seu fundador deu-lhe a fidalguia e tradição e um seu filho deu-lhe a melodia do baião, este filho é Luiz Gonzaga.

Luiz Gonzaga nasceu no Araripe e ai sempre viveu! Ninguém melhor do que ele preservou as suas tradições e podemos afirmar que Luiz Gonzaga é a encarnação do Araripe, no amor que dedica á sua terra, na exaltação de sua gente. 

Ainda menino, Luiz Gonzaga, correu por aqueles patamares, gritando o bode ou tocando forró, crepitava em seu peito a ternura do Araripe, sem saber porque. Era a voz de um pássaro, os costumes do sertão, a beleza das coisas...e fugiu...fugiu porque seu coração não comportaria aquele grito da alma. Era a voz da terra. Era a arte. 

E a arte explodiu: surgiu o artista, o Rei do Baião, o filho de Januário e Santana, o cantor do Araripe. E hoje (1968), ocasião de seu Centenário, o Povoado do Araripe recebe comovido a homenagem de Luiz Gonzaga. É uma mensagem de arte e de amor: da arte que nasceu dele e não cabe nele, do amor que o torna maior fazendo os outros felizes.

O Araripe pede a Deus para seu filho a eternidade da arte que o persegue.

Fonte: Professora e escritora Thereza Oldam, Exu, Pernambuco, 20 de fevereiro de 1968
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DONA MARIA DOS PRAZERES, PARTEIRA, PLANO DIVINO, MULHER PATRIMÔNIO VIVO

Dona Maria dos Prazeres tem uma interpretação diferente para o que leu na Bíblia. “Deus fez a mulher de uma maneira tão especial, sabia? Primeiro, ele fez os pássaros, os rios, o mundo todinho, o homem e só depois disso tudo, ele fez a mulher. A mulher não foi feita diretamente do pó da terra, ela veio do osso e é por isso que ela é tão forte”, lembrou ela, religiosa que é, ao falar de um dos personagens principais do trabalho que lhe conferiu o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco em 2017.

Parteira há mais de 60 anos com mais de 5 mil partos e nenhuma morte no currículo, Prazeres tem propriedade para falar da potência de um momento que pode ser a expressão máxima da fortaleza feminina, não só pelo esforço físico, mas também pelo que a maternidade representa. Como testemunha de situações diversas que a profissão lhe proporcionou, pode observar que o parto também é um ato de resistência e reafirmação da mulher que, ao dar à luz, assume um novo compromisso e resinifica a sua permanência no mundo.

“Já atendi partos em que a mãe não sabia o que fazer porque o pai não queria registrar o filho, em que não havia roupa para vestir o bebê, em que eu mesma paguei para a família comer algo”, descreve ela algumas das experiências que presenciou e também ajudou a solucionar extrapolando, várias vezes, os limites da sua função. A escolha por um ofício tão difícil, ela acredita ser consequência de um plano divino. “Para ser parteira é preciso ser corajosa, não andar com mentira e, o mais importante, tem que ser escolhida por Deus”, defende ela que, apesar da sua religião particular, tolera os diferentes tipos de credo e cultos durante os partos que atende.

A empatia para ajudar tantas mulheres em um momento determinante talvez seja fruto da sua própria origem tão desafiadora quanto a de tantas mães que atendeu. Filha de um breve relacionamento ‘proibido’, Dona Prazeres teve que ir embora de Natal, onde nasceu em 1937, com apenas 15 dias de vida, quando seu pai a trouxe para Jaboatão, onde foi criada pela parteira Dona Francisca. A medida foi necessária para que a mãe biológica não fosse castigada pela relação não oficializada com o visitante funcionário da rede ferroviária e assim, Maria dos Prazeres foi registrada como pernambucana. “Quando recebi o prêmio Bertha Lutz, em 2008, eu fui a única do Nordeste e até disseram: você está com 9 estados nas suas mãos. É muito, né? Mas eu gosto muito do Nordeste”, comenta ela, sobre a mistura.

Neta e filha de parteiras, Dona Francisca havia herdado a tradição do partejar que, desde a infância, intrigava Maria dos Prazeres. “Eu era muito curiosa, queria saber de tudo. Fui criada numa época de muita rigidez, quando eu perguntava a minha mãe o que ela fazia, ela dizia que menina não podia saber dessas coisas. Havia uma tradição antigamente que, quando o bebê nascia, queimava-se alfazema. Quando eu sentia o cheiro de alfazema, já ia para o quarto para ver o que era. Minha mãe não me dizia nada, mas eu ficava escutando tudo o que ela falava com as outras e prestando atenção”, diz ela.

Um dia, surgiu uma emergência na vizinhança e Dona Francisca não estava em casa. “Eu fui e fiz tudo do jeito que eu via minha mãe fazer e falar. Quando ela chegou em casa, quis saber onde eu estava. ‘Na casa de Dona Teté. Peguei a menina’, respondi. Ela achou uma loucura, mas viu que saiu tudo bem”, relembra ela, sobre o primeiro parto em 1958. Depois desse episódio, Dona Prazeres conquistou a confiança da mãe e passou a acompanhá-la nos demais partos. Não satisfeita com os conhecimentos de parteira tradicional, concluiu o curso de Enfermagem Obstetrícia, na Faculdade de Medicina, em 1971, e fez vários outros cursos relativos ao partejar, inclusive a faculdade de Farmácia, para aprimorar seus trabalho.

“Tenho um bisneto que nasceu na minha mão com 4kg e 54cm. Minha nora não levou ponto nenhum por conta do nascimento dele, porque eu aprendi na faculdade uma técnica para proteger o períneo. Antigamente, as parteiras tradicionais recomendavam as mulheres a passarem oito dias deitadas na cama após o parto. Na faculdade, aprendi que era importante para a circulação já algumas horas depois do parto normal a mulher caminhar”, lista ela, a necessidade de possuir o conhecimento científico para o exercício da função.

Embora defenda o parto humanizado, ela não insiste para que os bebês nasçam em domicílio, caso haja contraindicações ou mesmo se a mãe simplesmente achar melhor ir para o hospital. “A mulher deve fazer o que ela quiser. Ela é a protagonista do próprio parto. Se ela quiser parir de cócoras, de banda, na rede ou pendurada, é ela quem decide, eu a ajudo a fazer isso. Se quiser ir para o hospital e fazer uma cesárea, eu não me oponho também. O que posso fazer é dar algumas sugestões diante do que é possível”, explica ela, que diz já ter sido consultada por médicos que tentavam fazer partos humanizados e sempre terminavam na cesárea.

A proximidade com o meio veio com os anos de trabalho também em hospitais. Após formar-se em Enfermagem Obstetrícia, passou 24 anos trabalhando no Hospital da Beneficência Portuguesa. Como aposentada, ainda ganhou mais 10 anos de disponibilidade, quando trabalhou também no Hospital Português e na Maternidade da Encruzilhada. Somente em 2005, parou de trabalhar completamente nas maternidades. Mesmo enquanto era funcionária dessas instituições, nunca deixou de atender os partos em domicílio, sem nunca cobrar pelo serviço.

“Depois do primeiro parto, disparei. Fiz parto na minha casa, na dos outros, na rua, na maternidade, em ônibus. Me formei enfermeira obstetra, mas é como parteira que me sinto realizada e completa”, destaca ela, que deu à luz a três filhos. Dois nasceram em casa e um de parto normal na maternidade, somente porque a parteira amiga estava de plantão na ocasião.

“A parteira é uma heroína, ela faz simbiose, ela está em todas. Parteira é ser mãe, é ser amiga, é ser líder, é ser tudo. Às vezes, a gente vai atender um parto e a mulher está sozinha. Enquanto ela se contorce de dor, eu lavo os pratos, a roupa, arrumo e faço o comer. É mais do que ser parente, porque os parentes têm medo. A mulher confia na parteira, porque a gente para, olha e escuta. É a parteira quem fica ali de frente para receber o bebê. Depois de 9 meses no ventre, a primeira coisa que o bebê encontra é a parteira”, conclui ela, sobre o privilégio de vir ao mundo sem sofrimento, pelas mãos cuidadosas de uma mestra da nossa cultura tradicional.

Fonte: Camila Estephania-Fundarpe
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