Instituto Federal de Petrolina realizará Workshop Sanfona com Ivan Greg

O Núcleo de Música do IF-Sertão, Campus de Petrolina, promoverá na próxima terça-feira 22, o Workshop Sanfona com Ivan Greg. O evento acontecerá das 10h às 12hs.

Ivan Greg é um dos músicos mais talentosos da atualidade da música brasileira. Nascido em Petrolina aos 9 anos já tocava teclado e sanfona. Em 2006 mudou-se para a Europa e trabalhou na divulgação e valorização da música brasileira e a cultura nordestina. Gravou e realizou shows na Alemanha, Holanda, Espanha, Itállia, França, Suécia e Bélgica. A música também o levou aos Estados Unidos onde desenvolveu vários projetos.

Ivan Greg atualmente cursa licenciatura em Música, no Instituro Federal do Sertão. Aponta que tem inflência musical de Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Jackson do Pandeiro, Sivuca, Gilberto Gil, Djavan. O samba é outra referência na trajetória de Ivan Greg.

As inscriões devem ser feitas às 9hs no local do evento, no IF-Sertão Campus Petrolina Zona Rural.
Nenhum comentário

Luiz Gonzaga e a defesa pela cultura do plantio de umbuzeiros

"Umbuzeiro velho
"Veio" amigo quem diria
Que tuas folhas caídas
Tuas galhas ressequidas
Íam me servir um dia/
Foi naquela manhãzinha
Quando o sol nos acordou
Que a nossa felicidade
Machucou tanta saudade
Que me endoideceu de amor/
Indiscreto passarinho solitário cantador descobriu nosso segredo acabou com nosso enredo/ Bateu asas e vou/ Hoje vivo pelo mundo tal o qual o vem-vem assobiando o dia inteiro quando vejo um umbuzeiro me lembro de você  meu bem"...

Luiz Gonzaga, numa composição de João Silva homenageou o pé de Umbu! Ouvindo esta música na madrugada aqui em Petrolina, que mais surgere ser dia, temperatuda 30 graus, me reportei que nessa época de seca, a salvação de muitas famílias no Nordeste é o umbuzeiro - árvore símbolo de resistência da caatinga.

No cenário de vegetação quase sem vida, sem comida, o umbuzeiro exibe fartura.  Nada é mais alegre para os catadores de umbu do que encontrar o chão de um único jeito: forrado de frutas.

O umbuzeiro é a única árvore verde no meio da caatinga arrasada.  O segredo está embaixo da terra. As raízes têm batatas que funcionam como uma caixa d’água. A água fica dentro da batata. E como são centenas de batatas enterradas, elas vão irrigando a árvore. As pesquisas calculam que um umbuzeiro grande chega a acumular 1.500 litros de água. É por isso que ele atravessa todo o período de seca verde e dando frutos.

Fonte de vitamina C e até de inspiração para os poetas nordestinos. Nesta época o umbu é a salvação.
Mas até o umbuzeiro está sofrendo com a seca extrema. Segundo um estudo da Embrapa, em algumas regiões do Nordeste, como no sertão pernambucano, de cada quatro umbuzeiros, apenas um consegue sobreviver.
Nenhum comentário

Reisado do Inhanhum de Santa Maria da Boa Vista, Patrimônio Vivo da Cultura

No Dia Nacional do Patrimônio Histórico, celebrado nesta quinta-feira 17, o governador Paulo Câmara entregará o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco aos seis novos diplomados, durante solenidade no Teatro de Santa Isabel, área Central do Recife.

Neste ano, foram agraciados Maria dos Prazeres (parteira tradicional/Jaboatão dos Guararapes); Mestre Chocho (música, choro/Jaboatão dos Guararapes); André Madureira (dança, música, teatro/Recife); José Pimentel (artes cênicas/Recife); Reisado Inhanhum (reisado/Santa Maria da Boa Vista); e Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo (bacamarte, cultura popular/Cabo de Santo Agostinho).

Daqui de nossa região os Parabens para o Reisado do Inhanhum. O Reisado do Inhanhum está associado às festas de Santos Reis que acontecem desde o século XVIII na comunidade Quilombola de Inhanhum, município sertanejo de Santa Maria da Boa Vista. As pessoas que atualmente fazem parte do Reisado do Inhanhum procuram manter viva esta tradição secular que foi transmitida por diversas gerações. Nos últimos dez anos, participa ativamente de festivais de cultura, promoveu festas de Santos Reis entre 2011 e 2013, contribuindo para valorização e divulgação do Reisado.

Eleitos pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (CPPC), no último dia 13 de julho, os novos Patrimônios Vivos de Pernambuco já são fruto da atualização da Lei 12.196/2002 (Registro do Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco), que ampliou de três para seis os candidatos outorgados com o título.
Nenhum comentário

Grupo Amigos de Luiz Gonzaga e a defesa do Meio Ambiente

Com a proposta de ajudar construir um Vale do São Francisco mais Verde, o Grupo Amigos de Luiz Gonzaga recebeu apoio do empresário Neto Tintas para estimular o plantio de árvores. Fazenda Barão, Aldizio Barboza também aderiram ao Projeto.

A proposta de acordo com o jornalista Ney Vital é ampliar o plantio de árvores, principalmente o Umbuzeiro. "O nome umbu ou imbu deriva do tupi-guarani yumbu e significa árvore que dá de beber. Vamos em breve também plantar árvores além de Petrolina e Juazeiro vamos chegar no Exu, Terra de Luiz Gonzaga", disse Ney Vital.

O sanfoneiro Flávio Baião e Targino Gondim participaram do plantio na Ilha Nossa Senhora, em Juazeiro-Bahia. O Grupo Amigos de Luiz Gonzaga pretende plantar pelo menos 113 mudas em um ano.

O projeto foi denominado "Amigos de Luiz Gonzaga plante 113 Árvores". O nome do projeto foi idealizado porque todos do grupo são admiradores da obra e vida de Luiz Gonzaga. "Luiz Gonzaga cantou muito a natureza e ainda nos anos 80 já defendia a ecologia e o meio ambiente e nosso grupo não compreende como mesmo com tanto calor em nossa região, ainda cortam as poucas árvores que tem", disse Ney Vital.

A ideia surgiu do sanfoneiro e cantor Flávio Baião e Afonso José, ator e artesão que participou da novela Senhora do Destino, exibida na Rede Globo. "Umbu é conhecida como a árvore sagrada do sertão, é importante e rica fonte de alimentação", destaca Neto Tintas.

Para o professor e biólogo Júlio Cesar silva, a iniciativa é importante para o meio ambiente, mas requer cuidados, principalmente na escolha das espécies e locais onde vão ser plantadas. "A primeira recomendação é sempre buscar espécies nativas, evitar as exóticas que muitas vezes causam problemas",  explica o professor, que elogiou a iniciativa do Grupo Amigos de Luiz Gonzaga.

Por Ney Vital - Jornalista e Radialista
Nenhum comentário

Patrimônio Cultural será tema de Seminário

As atividades formativas são o grande destaque da programação da 10ª Semana de Patrimônio Cultural de Pernambuco nesta terça-feira (15). É quando começa, às 8h30, o Seminário de Políticas Públicas e Gestão do Patrimônio Cultural, no Teatro Arraial Ariano Suassuna.

Na primeira mesa, será debatido o tema “Marco legal para o reconhecimento dos Patrimônios Culturais (panorama da legislação mundial, nacional, estadual e municipal e suas complexidades)”, que, com mediação da presidente da Fundarpe, Márcia Souto, contará com os palestrantes Hermano Queiroz, diretor de Patrimônio Imaterial do Iphan, Mário Pragmácio, professor do Mestrado Profissional do IPHAN, e Marcelo Renan, doutorando Pós-Cultura UFBA.

Já o segundo debate discutirá a “Preservação dos Patrimônios Culturais – atuação e limites do Estado, dos Agentes Públicos, dos Conselhos e dos Detentores de Bens Culturais”. A mesa reunirá, a partir das 14h, os palestrantes: Telmo Padilha Cesar, do Instituto Defender – Defesa Civil do Patrimônio Histórico, do professor Leonardo Barci Castriota, arquiteto-urbanista e Diretor da pós-graduação da Universidade Federal de Minas Gerais, e será mediada por Rodrigo Cantarelli, do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural. Confira aqui a ementa das palestras.

Além das duas principais mesas, o evento será marcado pela apresentação de projetos do Funcultura na área de preservação, como do “Catálogo do Museu IAHGP” (José Luiz Mota Menezes e Edy Fernandes) e “Naufrágios de Pernambuco e Ruas literárias do Recife (Eric Laurence), e da obra de conservação da igreja de São Lourenço de Tejucupapo, em Goiana (Nazaré Reis, Roberto Carneiro e Larissa Cisne, técnicos da Fundarpe).
Nenhum comentário

Pesquisador da Embrapa revela o Bioma Caatinga representado nas músicas interpretadas por Luiz Gonzaga

É natural que aspectos da zona seca do Nordeste, principalmente da Caatinga, tenham uma presença marcante na música regional. Dois fatos explicam isto: 1. O Nordeste era rural, situação que predominou até recentemente, a maioria dos compositores era de origem rural, e o próprio Luiz Gonzaga  também o era; 2. O drama das secas periódicas que ocorrem na região, castigando a população, e cujo sofrimento sensibiliza por demais a sociedade. 

No Documento “O Bioma Caatinga representado na Cultura Popular Nordestina”, publicado pela Embrapa Semi-Árido, o autor garimpa em cerca de 34 clássicos do cancioneiro regional, versos, nos quais procura analisar a vinculação entre a sabedoria popular e o conhecimento cientifico sobre o Semi-Árido, especialmente a Caatinga. A sua origem rural e o fato de muito apreciar a música nordestina estimularam o autor a vasculhar em versos primorosos paralelismo com o trabalho de pesquisador que exerce há 26 anos.

Já na apresentação do referido documento chama-se a atenção para o fato de que se a tecnologia criada pela pesquisa não chegar ao produtor, numa seca prolongada, a vaquinha vai ficar realmente no couro e no osso, podendo até morrer, em alusão à música O último pau-de-arara (Venâncio/Corumba/J. Guimarães).

O primeiro aspecto abordado no documento é a caracterização da Caatinga, a pastagem nativa mais densa do mundo, ou seja, com maior quantidade de arbustos e árvores, e isto é enfatizado na frase “... pra ver um cabra entrar no mato encorado, derrubar touro amontado ...” da música Moxotó (Rosil Cavalcanti). 

Esta característica da vegetação obriga o vaqueiro a usar a roupa de couro, uma indumentária única no mundo, que foi alçada à condição de símbolo cultural da região, tendo sido adotada de modo artístico por cantores como Gonzagão. Outra característica da Caatinga é a queda das folhas. Como economia d’água, as plantas lenhosas perdem as folhas na época seca, e isto é retratado em várias músicas, como em Maria Fulô (H. Teixeira/Sivuca), no trecho “Adeus Maria fulô, marmeleiro amarelou, Adeus Maria Fulô, olho d’água esturricou”. 

O marmeleiro é citado porque as folhas desta planta, antes de caírem, se tornam amareladas, prenunciando a estação seca. No grande clássico Luar do Sertão (Catulo da P. Cearense), há o trecho “Ai que saudade do luar da minha terra, lá na serra branquejando folhas secas pelo chão.

Outro aspecto abordado é o efeito das secas na morte das plantas. Vejam estas duas músicas: “... Se não vier do céu, chuva que nos acuda, macambira morre, xique-xique seca, juriti se muda...” (Meu Cariri - Rosil Cavalcanti); “Quando a lama virou pedra e mandacaru secou; quando ribaçã de sede bateu asas e voou ... ” (Paraíba - H. Teixeira/L. Gonzaga). Se há algo comum no Semi-Árido é a morte de plantas numa seca prolongada. Nestas duas músicas, no entanto, a morte das espécies citadas são licenças poéticas dos compositores. 

Essas são plantas que não morrem. Seus mecanismos fisiológicos permitem que elas não percam água e, por isso, são plantas muito utilizadas pelos pecuaristas para alimentar os rebanhos nas secas prolongadas. Elas não morrem mas aparecem nas músicas porque têm aspectos fenotípicos diferentes, que atraem a atenção. As cactáceas e bromeliáceas são plantas bonitas e muito resistentes aos estresses hídricos da região. Ao cantá-las mortas, os compositores ressaltam até que ponto as secas se mostram severas.  As secas causam realmente degradação da caatinga pelo perecimento de arbustos e árvores. Mas se não houver sobreuso por parte do homem, a vegetação volta ao normal por ela mesma.

O documento ainda aborda o aparecimento, com força total, das músicas ecológicas a partir dos anos 70. O romantismo do caboclo, tão bem caracterizado na música Juazeiro (L. Gonzaga/H. Teixeira) (“Juazeiro, não te alembra onde nosso amor nasceu, ...”) , passa a dividir espaço com a ecologia, representada em músicas como Umbuzeiro (Elomar) (“Mas cadê meus umbuzeiros, que floravam todo ano; ...”) e Matanças (Jatobá) (“... É caviúna, cerejeira, baraúna, imbuia, pau d´arco, cedro, juazeiro, jatobá; gonçalo alves, paraíba, itaúba, louro, ipê, paracaúba, peroba, massaranduba ...”). 

O que chama a atenção nestas duas músicas ecológicas é a preocupação com as árvores. Os compositores, ao invés de se “ligarem” mais no solo, se “ligam” mais na vegetação, e as árvores, por serem de maior porte, em menor número e de maior valor, são as primeiras a sentirem o peso da degradação. Aquele jargão dito durante as brigas de rua entre meninos, qual seja, “quanto maior o tamanho, maior a queda”, serve muito bem para a ecologia. O perigo de extinção está sempre nos maiores carnívoros, nos maiores herbívoros, nas maiores árvores, e assim por diante.

Fonte: Embrapa-Autor – Pesquisador aposentado,  Engenheiro Agrônomo Severino Gonzaga de Albuquerque
Nenhum comentário

Deus era um tocador de pife e foi soprando nele que fez o homem com seu sopro fiel

Minhas mais remotas lembranças de uma banda de pífanos levam-me às margens do Rio São Francisco, em Propriá, no Sergipe. Ali onde o calor entra pela boca do rio e desce sobre os viventes, devagar e sempre.

O São Francisco foi o primeiro rio que vi de verdade. Nessa primeira vez, passei sobre ele por volta das 4 da manhã. Viajava num velho ônibus da São Geraldo que vinha de Natal, no Rio Grande do Norte, passava em Campina Grande, descia por Caruaru, se mandava para dentro das Alagoas, parava em São Miguel dos Campos e caminhava para Aracaju. Antes de Aracaju, deixou-me na entrada de Propriá. Não havia ninguém me esperando. Com minha mochila, caminhei a pé por mais ou menos dois quilômetros até à Rua Japaratuba, à procura da Fraternidade Marista. Em lá chegando, sentei praça sob o comando do Irmão Salatiel.

Pois bem, desse tempo passado no Sergipe conheci todo o sertão e as cidades para baixo de Propriá. Lembro bem de Brejo Grande, onde me batizei nas curvas do rio, e de Neópolis, onde atravessei para Penedo, Alagoas numa balsa barulhenta com medo de ser arrastado pelas águas.

Nessas minhas viagens, tinha eu 17 anos, escutei uma banda de pífano, banda cabaçal, zabumba, como queiram. A Briga do Cachorro Com a Onça e O Besouro Mangagá foram minha primeira aula. E ainda não ouvira falar da Banda de Pífanos de Caruaru. Aquilo arrebatou-me de tal forma que fiquei como metido em um transe. O casamento dos pífanos, um na melodia, outro numa espécie de contracanto, a zabumba marcando num compasso diferente de tudo que eu ouvira, uma caixa malassombrada marcando um xaxeado e um par de pratos como um enxame de chuveirinhos juninos.

Nunca mais parei de ouvir. Depois encontrei com João do Pife, em Caruaru e, com seus discos debaixo do braço, fui fazer uma comparação com Zé da Flauta, nos discos de Alceu Valença. Olhem bem, desculpem-me vocês aí da Bossa Nova, mas o pife é nosso. O pife é o sopro da vida, é o bicho escondido rosnando enfezado.

Tenho certeza, e vou colocar isso em um poema, viu Beto Brito, tenho certeza que Deus era um tocador de pife e foi soprando nele, num pife feito de taboca, que deu vida ao Homem com seu sopro fiel. Foi mesmo. E vou mais além em meu sonho de jeca: a trilha sonora do Universo, viu Stephen Hawking, é da Banda de Pífanos de Caruaru: é a Briga do Cachorro Com A Onça!


Fonte: Texto professor doutor em Ciencia da Literatura Aderaldo Luciano-facebook
Nenhum comentário

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial