O Boticário, São João, Sanfona de 8 Baixos e Orquestra Sanfônica de Exu

O mês de junho é tempo bom para os sanfoneiros. O melhor do ano, aliás. É quando mais tem eventos para que eles cutuquem seus instrumentos nos arraiás da vida. O repertório que remete às raízes da festa, contudo, tem estado cada vez mais distante dos shows que ocorrem Nordeste afora. Um movimento de resgate deste repertório fez surgir websérie que o Boticário exibe nos estados nordestinos durante o mês de junho. No centro desta narrativa está o mestre Luiz Gonzaga e a já escassa sanfona de oito baixos.

Com direção assinada por Giovani Lima, o programa está sendo exibido nas redes sociais da marca de cosméticos, com episódios curtos de cerca de 1,30 min. Protagonizando as cenas, estão histórias de Luiz e a formação da Orquestra Sanfônica de Exu, montada especificamente para o projeto.

A propósito disto, a pequena cidade de Exu, no árido sertão pernambucano, foi onde Luiz Gonzaga nasceu e, também, o cenário escolhido pela produção para que as gravações ocorressem.

Entre as diversas locações da websérie, dois espaços ganharam destaque. Um deles é umas das casas onde Gonzaga morou, no Parque Aza Branca (grafado com Z mesmo), uma fazenda comprada por ele no ano de 1974. Este complexo de construções abriga, hoje, o Museu do Gonzagão, que ele construiu ainda em vida e onde está enterrado.

“Luiz Gonzaga viveu nesta casa. Então, tem toda uma energia. E foi um dos maiores representantes da música popular brasileira, especialmente, da música nordestina. Um cara que conseguiu retratar nas obras a fauna, a flora, os amores, a religião, as comidas...”, acredita a atriz, cantora, compositora, instrumentista e sanfoneira Lucy Alves.

“Eu comecei escutando Luiz Gonzaga desde a barriga da minha mãe. Meus pais são do sertão da Paraíba, tenho tios sanfoneiros. Meu bisavô tocava fole de oito baixos, como Januário”, lembra. É ela quem conduz a narrativa da série e conta as histórias do homenageado, além de cantar no espetáculo que costura os episódios.

O outro lugar que virou set de filmagens foi a Praça da Matriz, onde foi montado palco e instalada toda a decoração junina para receber o show da Orquestra Sanfônica, no último dia de gravações. Outras figuras dão corpo à série, como o cantor, compositor e instrumentista Targino Gondim, que, além de ser entrevistado no vídeo, coordena a Orquestra Sanfônica de Exu, com cerca de 30 pessoas no palco. O sanfoneiro e amigo de Gonzaga, Luizinho Calixto, também está presente no projeto, além do sobrinho do homenageado, o, também sanfoneiro, Joquinha Gonzaga.

“O primeiro instrumento de Luiz Gonzaga foi uma sanfona de oito baixos, porque herdou do pai, seu Januário. Foi o primeiro instrumento, também, de Dominguinhos, também porque herdou do pai, Chicão. Foi o primeiro instrumento de Sivuca. E, na minha família, eu tenho mais três irmãos, e todos tocamos, herança deixada pelo meu pai”, narra Luizinho. Tocador da sanfona de oito baixos, Luizinho é uma das poucas pessoas que levam pra frente a tradição deste instrumento que é tão difícil. “É um instrumento pobre em harmonia, mais voltado para solo”, define.

A coordenação da orquestra montada para o webdocumentário ficou com Targino. Foram cerca de 30 pessoas (sendo 20 sanfoneiros) de diversos locais do País, como Exu, Fortaleza, Teresina, Serra Talhada, Minas Gerais e outras cidades. E tudo ocorreu de forma muito rápida: em 10 dias foram escolhidos os músicos, que só chegaram a se encontrar poucos antes da gravação.

“Com o repertório de Luiz Gonzaga, todos nós já temos uma certa intimidade, os sanfoneiros. Todos eles têm essa ligação com a obra de Luiz Gonzaga”, explica Targino. Ele coordena projeto com formato semelhante, o Festival Internacional da Sanfona, que ocorre há quatro anos em Juazeiro (BA). “(A época junina é) o auge dos sanfoneiros. É quando todos os sanfoneiros - grandes e pequenos - estão trabalhando. É a hora em que a obra de Luiz Gonzaga está mais viva no Brasil inteiro”.

 Fonte: O Povo-Camila Holanda-Multimídia
Nenhum comentário

Tese de Doutorado: Indústria Cultural e Forró eletrônico no Rio Grande do Norte

A música brasileira está decadente – sans élégance. Difícil encontrar alguém que nunca tenha ouvido uma frase como essa. Refine o gênero, e as frases continuarão a fazer sentido para muitas pessoas. O funk, o sertanejo, o forró, o pop, todas as músicas consumidas pelas massas não prestam.

Um estudo acadêmico parte do forró eletrônico, ouvido à exaustão em todo o Nordeste, para investigar o que muitos chamam de “degeneração” da música popular. O professor Jean Henrique Costa, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, obteve o título de doutor em Ciências Sociais com a tese “Indústria Cultural e Forró Eletrônico no Rio Grande do Norte”, defendida na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

O pesquisador defende que o gênero preferido entre os nordestinos faz parte de uma engendrada indústria cultural, por meio da qual são criadas e sustentadas formas de dominação na produção e na audição desse tipo de música.

Segundo ele, quando uma banda de forró eletrônico recorre a canções de temática fácil, na maioria das vezes ligadas à busca de uma felicidade igualmente fácil, ela está criando mecanismos para a formação de um sistema de concepção e circulação musical. Nele, nada é feito ou produzido por acaso. Tudo acaba virando racionalizado, padronizado ou massificado.

O ideal de uma vida festeira, regada de uísque, caminhonete 4×4 e raparigas (mulheres) é hoje um símbolo de status e prestígio para muitos dos ouvintes. Ninguém quer ficar de fora da onda de consumo. Numa das partes da pesquisa, Costa analisou o conteúdo das letras dos cinco primeiros álbuns da banda Garota Safada (Wesley Safadão) e descobriu que 65% das músicas falam de amor, 36% de sexo e 26% de festas e bebedeiras.

“Parte expressiva das canções de maior sucesso veicula a ideia de que a verdadeira felicidade acontece ‘no meio da putaria’, ou seja, nos momentos de encontros com os amigos nas festas de forró”, escreveu Costa. “Não se produz determinada música acreditando plenamente que se está criando uma pérola de tempos idos, mas sim um produto para agradar em um mercado competitivo muito paradoxal: deve-se ser igual e diferente concomitantemente.” Ou seja, a competitividade do mercado induz à padronização dos hits.

“O que move o cotidiano é isso mesmo: sexo, amor, prazer, diversão. O forró e quase toda música popular sabem muito bem usar desse artifício para mover suas engrenagens”, explicou Costa. “Não é por acaso que as relações sexuais são tão exploradas pelas canções de maior apelo comercial a ponto de se tornarem coisificadas à maneira de clichês industriais.”

REFERENCIAL TEÓRICO:
Outros gêneros musicais também recorrem a estratégias semelhantes. O forró eletrônico consegue se diferenciar dos demais ao dar uma roupagem de “nordestinidade”, criando a identificação direta com o seu público. Mas o objetivo final de todos é proporcionar diversão. O problema, segundo Costa, é que “se vende muito pão a quem tem fome em demasia”.

Costa baseou sua pesquisa no referencial teórico de Theodor W. Adorno, um dos ideólogos da Escola de Frankfurt. O pesquisador procurou atualizar o conceito de indústria cultural a partir da constatação de que as músicas do forró eletrônico são oferecidas como parte de um sistema (o assédio sistemático de tudo para todos) e sua produção obedece a critérios com objetivos de controle sobre os efeitos do receptor (capacidade de prescrição dos desejos).

O pesquisador recorreu ainda a autores como Richard Hoggart, Raymond Williams e E.P. Thompson para abordar o gênero musical a partir da leitura dos estudos culturais (a complexa rede das relações sociais e a importância da comunicação na produção da cultura), que dialogam com outro conceito anterior, o de hegemonia, de Antonio Gramsci. Pierre Bourdieu também serve de referencial teórico.

Ao amarrar essas teorias, o pesquisador argumenta que o público consumidor de músicas acaba fazendo parte de esquemas de consumo cultural potentes e difíceis de serem contestados. Neles, até o desejo acaba sendo imposposto. Costa explica esse fato com a atual “cobrança” pelo consumo de álcool, onde a sociabilidade gira em torno de litros de bebidas.

“O que se bebe, quanto se bebe e com quem se bebe diz muito acerca do indivíduo. O forró não é responsável por isso, mas reforça.” Para o pesquisador, o consumo de bebidas se relaciona com a virilidade masculina, que, por sua vez, se vincula à reprodução do capital.

“Não reconheço grande valor estético (no forró eletrônico), mas considero um estilo musical que consegue, em ocasiões específicas, cumprir o papel de entreter”, afirmou. O pesquisador ouve todo tipo de música (samba-canção, samba-reggae, rock nacional dos anos 1980 e 1990, bolero, tango, entre outros), mas sua predileção é por nomes como Nelson Gonçalves e Altemar Dutra.

Para cobrir essa lacuna sobre o gênero que iria pesquisar, Costa entrevistou nomes como Cavaleiros do Forró, Calcinha de Menina, Balança Bebê e Forró Bagaço. O seu objetivo foi esquadrinhar desde uma das maiores bandas de forró eletrônico do Rio Grande do Norte até uma banda do interior que mal consegue fazer quatro apresentações por mês e cobra em torno de R$ 500 por show.

É dentro desse contexto de consumo de massa de hits que nascem e morrem, diariamente, pelas rádios e carrinhos de CDs piratas, que prevalece o forrozão estilo “risca a faca” e “lapada na rachada”, para uma população semiformada (conceito adorniano de Halbbildung), explica Costa. Sobra pouco ou nenhum espaço para nomes consagrados do gênero.Entre os extremos de quem ganha muito e quem mal consegue sobreviver com o forró, o professor constatou que o sucesso é um elemento em comum, e algo difícil de ser obtido. Depende de substanciais investimentos financeiros e também do acaso – ter um hit pelas redes sociais ajuda. É por isso que Costa afirma que Aviões do Forró e um forrozeiro tecladista independente estão em lados completamente opostos, mas ainda têm algo basilar em comum: a indústria cultural.

Luiz Gonzaga, por exemplo, embora seja o símbolo maior do gênero e tratado com respeito pela maioria dos nordestinos, acaba sucumbindo a essa indústria cultural. “A competição é desigualmente assimétrica para o grande Lua. O assum preto gonzagueano, nesse sentido, bateu asas e voou.”

Costa diz não ser um pessimista ou só um crítico ferrenho do forró eletrônico. Tampouco que tem pouca esperança de que a música brasileira seja apenas uma eterna engrenagem da indústria cultural. Ao contrário, é dentro dela própria que ele vê saídas para o futuro da produção nacional.

“Se vejo alguma possibilidade de mudança pode estar justamente nesses estúdios caseiros de gravação de CDs, nas bandas de garagem, no funk das periferias, no tecnobrega paraense. Não afirmo que a via é essa, mas que é um devir, uma possibilidade que pode não ir para além do sistema, mas minar algumas de suas bases”, concluiu.

 Fonte: Pragmatismo Político
Nenhum comentário

Leandro Gomes de Barros: Quem foi temperar o choro e acabou salgando o pranto?

De tempos em tempos somos surpreendidos por uma explosão de vida. Sem nos darmos conta, uma aparece e nos encanta, arrebata, congela todo o conhecimento outrora adquirido, e só pensamos naquela música, soneto, pintura, um acorde de violino ou o rasgo de uma gaita.

Anoitecemos e amanhecemos com aquilo na cabeça. Temos até medo de adentrarmos nela para conhece-la melhor, participar, olhar de mansinho sobre o privilégio de ser só o que é: grande! Leandro Gomes de Barros é vida! Este homem, que viveu na peregrinação e pousos da escrita popular é hoje considerado o mais notável e importante entre os poetas. Nasceu em 1865, no dia 19 de novembro, na cidade de Pombal, sertão paraibano. Aos dez anos começou a escrever e foi o pioneiro na escrita e edição de histórias em folhetos. Escreveu, editou, publicou, distribuiu e vendeu sua própria produção. Teve sua própria tipografia.

Muitos foram as autoridades das letras e da história que falaram sobre ele. Câmara Cascudo escreveu: “ Viveu exclusivamente de escrever versos populares, inventando desafios entre cantadores, arquitetando romances, narrando as aventuras de Antônio Silvino, comentando fatos, fazendo sátiras.

Fecundo e sempre novo, original e espirituoso, é o responsável por 80% da glória dos cantadores atuais” – Vaqueiros e Cantadores – Ed. De Ouro. Seu espólio literário foi vendido e muitos usaram de sua poesia e o plagiaram. Alguns se apropriaram de seus versos a ponto de mudarem o acróstico do fim da história. Foi o primeiro poeta a lutar por direitos autorais no Brasil.

Em 1976, Carlos Drumond de Andrade publicou no Jornal do Brasil na edição do dia 9 de setembro: “Em 1913, certamente mal informados, 39 escritores, num total de 173, elegeram por maioria relativa Olavo Bilac príncipe dos poetas brasileiros. Atribuo o resultado a má informação porque o título, a ser concedido, só poderia caber a Leandro Gomes de Barros, nome desconhecido no Rio de Janeiro, local da eleição promovida pela revista FON-FON, mas vastamente popular no Nordeste do País, onde suas obras alcançaram divulgação jamais sonhada pelo autor de “Ouvir Estrelas”. ...

E aqui desfaço a perplexidade que algum leitor não familiarizado com o assunto estará sentindo ao ver defrontados os nomes de Olavo Bilac e Leandro Gomes de Barros. Um é poeta erudito, produto da cultura urbana e burguesa média; o outro, planta sertaneja vicejando à margem do cangaço, da seca e da pobreza. Aquele tinha livros admirados nas rodas sociais, e os salões o recebiam com flores. Este, espalhava seus versos em folhetos de cordel, de papel ordinário, com xilogravuras toscas, vendidas nas feiras a um público de alpercatas ou de pé no chão.

Bebeu na fonte do poeta ninguém menos que Ariano Suassuna, que no Auto da Compadecida expõe o cavalo que defecava dinheiro. Suassuna o trata de filósofo numa de suas últimas entrevistas em que o repórter pergunta de sua crença ou não em Deus. “ – Eu estaria lascado! se não acreditasse em Deus”. Disse o escritor ao recitar um ícone da coletânea de Leandro:

“Por que Existem o Mal e o Sofrimento Humano?
Se eu conversasse com Deus/ Iria lhe perguntar:/ Por que é que sofremos tanto/ Quando se chega pra cá? / Perguntaria também/ Como é que ele é feito/ Que não dorme, que não come/ E assim vive satisfeito. / Por que é que ele não fez? A gente do mesmo jeito? Por que existem uns felizes/ E outros que sofrem tanto? / Nascemos do mesmo jeito, / Vivemos no mesmo canto. / Quem foi temperar o choro/ E acabou salgando o pranto? ”

Leandro Gomes de Barros é patrono da cadeira número um da ACADEMIA BRASILEIRA DE LITERATURA DE CORDEL. Encontrou a sua grande e única certeza irremediável no dia 4 de março de 1918, em Recife.

Neste ano 2017 celebramos os 152 anos de nascimento do poeta.

Fonte: Angelo Rafael-artista plástico-Campina Grande-Paraiba
Nenhum comentário

Joquinha Gonzaga: sobrinho de Luiz Gonzaga e neto de Januário e a peleja de divulgar o verdadeiro forró

Apesar da "invasão" das bandas eletrônicas nos festejos juninos ainda mais evidente neste ano de 2017, principalmente, nos contratos envolvendo prefeituras, o legítimo herdeiro musical de Luiz Gonzaga, o sobrinho Joquinha Gonzaga arruma o chapéu de couro, afina a  sanfona, zabumba e triangulo e ganha a estrada para fazer forró do bom.

A filha de Joquinha, Sara Gonzaga é a atual produtora empresária do sanfoneiro que traz a humildade e o sorriso de Luiz Gonzaga estampado em cada abraço. Sara diz que durante todo o ano a vida do pai e sanfoneiro Joquinha Gonzaga "é andar por este Brasil percorrendo os sertões para manter a tradição dos verdadeiros sanfoneiros".

No período das festas juninas, de maio até julho, a agenda de Joquinha Gonzaga ganha outro ritmo. É mais acelerada! O sobrinho do Rei do Baião ganha a estrada e vai mostrar o valor da herança do tio e avô. Januário alias ainda hoje é considerado o  mais afamado tocador de sanfona de 8 Baixos que o Nordeste teve notícia.

"É é assim que vou pelejando! Alô Exu, meu moxotó e cariri tô chegando prá tocar ai", brinca Joquinha Gonzaga, ressaltado que "todo ano é uma peleja pra levar o verdadeiro forró prá frente e mostrar o baião e xote, forró para o povo, como pediu "meu tio Luiz Gonzaga".

Se a sanfona de Dominguinhos, discípulo maior de Luiz Gonzaga, cabia em qualquer lugar, a sanfona de Joquinha Gonzaga tem a herança original do pé de serra. Joquinha traz com sua sanfona o tom cada vez mais universal divulgado por Luiz Gonzaga.

Na obra do sanfoneiro herdeiro do ritmo de Luiz Gonzaga, vai Joquinha com seu chapeu de couro cumprindo sua agenda. A caminhada teve início no dia 5 de Junho quando soltou a voz e puxou a sanfona em Barbalha-Ceará, na Festa de Santo Antonio, Patrimônio da Cultura. Pega poeira e chuva se preciso for e toca nas margens do Rio São Francisco, Paulo Afonso e Delmiro Gouveia-Bahia. Vai alegrar os festejos de Teresina-Piauí. Caruaru, Pernambuco.

Seguindo o estradar e os sinais da vida do viajante Joquinha cumpre os compromissos de agenda puxando o fole e soltando a voz, valorizando a tradição e mostra para as novas gerações a contemporaneidade, modernidade dos acordes da sanfona modulada no ritmo, melodia e harmonia.

João Januário Maciel, o Joquinha Gonzaga é hoje um dos poucos descendentes vivos da família. Dos nove filhos de Santana e Januário, todos eles, ja morreram. Joquinha Gonzaga, nasceu no dia 01 de abril de 1952, filho de Raimunda Januário (Dona Muniz, segunda irmã de Luiz Gonzaga) e João Francisco Maciel.

Sara conta que Joquinha Gonzaga é o mais legítimo representante da arte de Luiz Gonzaga. Mora em Exu, Pernambuco.  "Sempre está  contando histórias. Não foge da tradição, das características do forró,  xote, baião. Procura sempre a melhor satisfação do público que tem uma admiração especial a família, a cultura de Luiz Gonzaga, Zé Gonzaga, Severino e Chiquinha também tocadores de sanfona e já se foram. O estilo musical não pode ser diferente. É gonzagueano", diz Sara, na vitalidade da juventude.

Joquinha conta que quando completou 23 anos começou a viajar com Luiz Gonzaga e foi aprendendo, conhecendo o Brasil inteiro. "Ele não só me incentivou, como também me educou como homem. Era uma pessoa muito exigente, gostava muito de cobrar da gente pelo bom comportamento. Sempre procurando ensinar o caminho certo. Tudo que ele aprendeu foi com o mundo e assim eu fui aprendendo", revela Joquinha.

Luiz Gonzaga declarou em público que Joquinha é o seguidor cultural da Família Gonzaga. Com Luiz Gonzaga cantou em dueto a música "Dá licença prá mais um'. Em 1998 Joquinha Gonzaga participou da homenagem "Tributo a Luiz Gonzaga", em Nova York, no Lincoln Center Festival.

“É emocionante a devoção que todo nós ainda hoje temos por Luiz Gonzaga e Dominguinhos e isto cresce a cada ano, mesmo com a invasão dessas bandas. Mas o importante é que o verdadeiro forró não morre”, diz Joquinha Gonzaga.

Contato para shows de Joquinha Gonzaga: (87) 999955829 e watsap: (87)999472323

Nenhum comentário

Confira o valor pago aos cantores e bandas no São João 2017 de Petrolina


O vereador Gabriel Menezes divulgou em sua rede social os valores pagos aos artistas contratados no São Joao 2017 de Petrolina. De acordo com Gabriel houve uma cobrança feita através de requerimento aprovado  na Câmara Municipal de Petrolina e  a prefeitura finalmente está cumprindo a Lei Estadual 15.818/16 expondo uma placa com os valores das atrações do São João, seus valores e a origem dos recursos. "Mesmo de forma tímida e de costas para a entrada principal do evento, como algo intencionalmente escondido, a placa está lá", disse o vereador ressaltando que "se São João é bom, com transparência fica ainda melhor".
Confira a lista:
Aviões R$ 210.000,00
Léo Magalhães R$ 130.000,00
Gabriel Diniz R$ 110.000,00
Flávio José R$ 110.000,00
Césio Tenório R$ 4.000,00
Tayrone R$ 120.000,00
Márcia Felipe R$ 115.000,00
Forró Pegado R$ 60.000,00
Iohannes R$ 35.000,00
Jonathan Araújo R$ 5.000,00
Matheus e Kauan R$ 220.000,00
Solange Almeida R$ 150.000,00
Jonas Esticado R$ 100.000,00
Magníficos R$ 75.000,00
Pega Leve R$ 17.000,00
Jorge e Matheus R$ 490.000,00
Bell Marques R$ 250.000,00
Felipão R$ 37.500,00
Lenno R$ 20.000,00
Samuel M. de Rua R$ 4.000,00
Marília Mendonça R$ 350.000,00
Mano Walter R$ 90.000,00
Dorgival Dantas R$ 90.000,00
Ciel Rodrigues R$ 60.000,00
Targino Gondim R$ 45.000,00
Henrique e Juliano R$ 350.000,00
Simone e Simária R$ 250.000,00
Maciel Melo R$ 45.000,00
Wallas Arrais R$ 30.000,00
Pra Casar R$ 15.000,00
Wesley Safadão R$ 450.000,00
Israel Novaes R$ 90.000,00
Pablo R$ 100.000,00
Gean Mota R$ 15.000,00
Trio Granah R$ 5.000,00
Luan Santana R$ 245.000,00
Bruno e Marrone R$ 222.000,00
Pedrinho Pegação R$ 55.000,00
Wilson e Welson R$ 4.500,00
Andréa Vitória R$ 6.000,00
Toca do Vale R$ 80.000,00
Flávio Leandro R$ 35.000,00
Sérgio do Forró R$ 25.000,00
Guilherme Dantas R$ 12.500,00
Fabiana Santiago R$ 4.500,00
Nenhum comentário

Festival de Inverno de Garanhuns 2017 homenageará Belchior

O Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), Agreste de Pernambuco, será realizado de 20 a 9 de julho e homenageará o cantor e compositor cearense Belchior. De acordo com a Secult-PE e a Fundarpe, a escolha se deu pela poética que traduz nossos anseios contemporâneos e a esperança que muitos brasileiros precisam vivenciar no Brasil de hoje.

Um concerto em homenagem a Belchior vai marcar a abertura oficial do FIG que, pelo segundo ano consecutivo, acontecerá na Catedral de Santo Antônio. A poesia de Belchior vai estampar a decoração da cidade durante o evento.

Outros dois espaços do FIG também prestarão homenagens a artistas nordestinos. A Praça da Palavra vai lembrar o centenário de Hermilo Borba Filho e e o Palco de Cultura Popular, a partir deste ano, passa a se chamar Palco da Cultura Popular Ariano Suassuna, para marcar o 90º aniversário do escritor paraibano.
Nenhum comentário

Elba Ramalho: "Minha voz não carrega preconceito, açoite ou ofensa"

Essa entrevista surgiu de uma conversa de Elba Ramalho com o jornalista Hildebrando Neto, da TV Cabo Branco, Paraíba. Elba queria, de uma vez por todas, esclarecer alguns pontos dessa polêmica sobre a programação do São João. Segue a conversa.

Sílvio Osias – Uma entrevista que você deu em Pernambuco deflagrou um debate sobre a descaracterização das festas juninas no Nordeste. Para começarmos essa conversa, como você resumiria aquela fala?

*Elba Ramalho – O movimento Devolva Meu São João, lançado na rede e criado pelo sanfoneiro Chambinho ( que fez o papel de seu Luiz no filme De Pai prá Filho), ganhou adesão de todos os artistas regionais e se disseminou com muita força. Isto ocorreu logo após a apresentação das grades artísticas pelas prefeituras, bem antes da minha fala! Quis manifestar  meu apoio ao movimento, porque achei justo. Ratifico: só falei porque fui perguntada. Procurei ser delicada e democrática na minha fala, mesmo sabendo que poderia ser fogo em pólvora. Inicio dizendo: o céu é grande, cabem todas as estrelas e nenhuma atropela a outra. O resto, já sabemos. Não havia, de minha parte, revolta, nem discussão inflamada, porque isso não resolve, não auxilia nem ilumina.

A sua postura me pareceu muito clara. Mas nem todos entenderam assim. Que tipo de desconforto você enfrentou (e enfrenta) por causa desse debate?
*O desconforto maior veio nas palavras  de um jornalista campinense, coordenador de comunicação da prefeitura de Campina. Foi difícil digerir e compreender a razão de tanto ódio, destilado de forma deselegante contra minha pessoa. Coisas que um ser humano não deve fazer a outro. Faltou-lhe perseverança, pela função que exerce. Respondi desejando-lhe paz e bem. A partir daí, o que deveria ser um diálogo saudável, ganhou ares de competição, intolerância, infelizmente. Continuo em paz, aguardando o concurso sábio do tempo.

Vivemos no Brasil um momento de muita intolerância. Você acha que os desdobramentos desse debate, com alguns excessos de ambos os lados, têm a ver com isso?
*Vivemos debaixo do mesmo céu. Devemos buscar sempre a reconciliação e nunca a intolerância. Picasso disse, entre outras coisas: aprenda as regras como profissional para que possa quebrá-las como artista. Os debates que se seguiram saíram do limite da  tolerância, reconheço, de ambos os lados, mas não foram gerados por mim. Minha voz não carrega preconceito, açoite ou ofensa. Sou cristã e, apesar das confusões mentais geradas pela ignorância, continuo emanando luz na tentativa de dissipar as quimeras. Amo o que faço, respeito o que os outros fazem, isso é tudo. Espero que alcancemos o tempo onde falar sobre árvores não seja uma falta. O ministério que me foi dado por Deus não pode ser desacreditado, porque minha voz é verdadeira.

Os seus vínculos profundos com a música do Nordeste nunca lhe impediram de dialogar com outras expressões musicais. Tenho a impressão de que isso não ficou claro nessa discussão de agora. Você concorda?
*Sim, construí minha carreira sobre rochas, com os pés no Nordeste e os olhos no mundo. Meu diálogo com a música transpõe os muros do preconceito, repito. Não podemos limitar a música já que tem o poder de aproximar povos e promover a paz. Minha maior satisfação não é ter vendido milhões de discos, nem ganhar dinheiro, é dividir o palco com meus colegas. E não importa a nacionalidade, cor ou crença. Cantei com artistas diversos; cubano, venezuelano, chileno, porto-riquenho, americano, português, alemão, francês e até japonês. O Brasil é o celeiro da diversidade. Rico, vasto, com uma cultura híbrida, tudo parece estar junto e misturado. Aliás, tenho um projeto de verão que se chama Elba Convida, onde recebo, há mais de 15 anos, artistas de todos os segmentos da música brasileira no meu palco. Resumindo, no verão deste ano estiveram comigo: Zélia Duncan, Maria Gadú, Chico César, Ney Matogrosso, Timbalada, Mart’Nália, Samuel Rosa, Aline Rosa, Margareth Menezes, Simone e Simaria. Inclusive a própria Marília foi convidada, mas não obtivemos resposta.  Mas samba é samba, baião é baião, rock é rock, sertanejo é sertanejo.

Para além do mercado, para além da terceirização, você não acha que os gestores públicos devem ter um compromisso maior com a manutenção de algumas das nossas tradições?
*Chegamos ao cerne mais importante da questão. Esse discurso já foi conclamado por diversos artistas e não preciso citar nomes: a responsabilidade da preservação da cultura dessa ou daquela região está nas mãos de gestores, de curadores, ou seja, pessoas que são credenciadas para fazê-lo. Precisamos saber se essas pessoas têm consciência, responsabilidade e capacidade para gerarem arte e cultura devidamente.Uma modalidade musical pode ser arte ou show business para alguns. Para Miles Davis, jazz não era apenas jazz, para Almir Sater, sertanejo não é apenas sertanejo, para mim, forró não é apenas forró, mas o caminho pelo qual nos conectamos com o infinito.
Para Elba Ramalho, forró e São João não são assuntos de show business, vão além do cultural, alcançam o espiritual, o místico. Não tenho outros interesses nessa festa senão a emoção de ouvir a voz de seu Luiz, a sanfona de Dominguinhos e Sivuca, o pandeiro de Jackson, a voz de Marinês, o barulhinho bom dos trios regionais. Isso não é xenofobia, é afeto.

Numa mensagem ao prefeito de Campina Grande, você adotou um tom de conciliação, de harmonia, que tem a ver com a sua formação, com o que você é. Pra você, esse episódio está superado? O que teremos no seu show da noite do dia 23?
*Silvio, o conflito não edifica. O prefeito desejou falar comigo, ratificou sua admiração pelo meu trabalho e foi muito cortês. Reconheço que, ao terceirizar a festa, o risco que ele corre é muito grande porque qualquer equívoco lhe será atribuído. Música é também comércio e pode gerar muito, muito dinheiro. Ok, está tudo certo! O problema é a força da grana que ergue e pode destruir coisas belas. Respondi à sua gentileza com a mesma delicadeza que precede minhas ações neste mundo. Claro, estou ansiosa para cantar em Campina Grande, a cidade que me deu régua e compasso, no palco onde tudo começou. Desejo realmente que tudo seja passado a limpo. E passado. Isso só vai ocorrer se as coisas estiverem fundadas na VERDADE! Infelizmente, VERDADE não é base e ética de alguns profissionais. Só para atualizar, estou cantando nas grandes festas de São João do Brasil, pelo menos onde nossa música nordestina é considerada original, genuína. Muitas quadrilhas do Rio e São Paulo me homenageiam, contam minha história, o que muito me honra. Logo que acabem os festejos juninos, sigo para shows no Japão e na Europa. Quem estiver aberto a compreender minhas palavras vai saber que estão carregadas  de amor e de zelo. Aos amigos sertanejos, Zezé, Luciano, Chitão, Xororó, Daniel, Vanessa Camargo, Simone e Simaria e todos os  outros, digo: sejam bem vindos ao Maior São do Mundo. Sejam bem vindos também Zeca Pagodinho, Skank, Ney Matogrosso, Martinho da Vila, Zélia Duncan, Cidade Negra, Maria Gadú, Mestrinho, FalaMansa. Viva a democracia, viva a diversidade! No final, nada é entre você e os homens, mas tudo é entre você e Deus! É vida que segue! E viva São João do Carneirinho!
Nenhum comentário

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial