28 de julho: Noite de Amor em Poço Redondo

Aquela noite, 28 de julho, era a noite de seus desejos. Seus corpos se amariam como nunca. Seus olhos confessavam seu amor. Havia uma necessidade de abraçar mais forte, de se beijar mais quente, de sussurrar segredos. O suor os unia em complexa solução salgada. Seus fluidos se misturavam cumprindo seu destino. A lua, a noite, o silêncio no campo. A terra calava-se diante de tanta cumplicidade. Nus, abraçados, juraram amor eterno, enquanto seus dedos se entrelaçavam. A rusticidade de suas vidas nunca invalidara seus momentos de paixão. O cactus, a poeira da caatinga, os bichos mais estranhos, a brisa inexistente, tudo reverenciava e abençoava sua união. Naquela noite, toda a alegria do mundo invadia-lhes a aura. Até que veio a manhã e adormeceram para sempre.

Fonte: professor Aderaldo Luciano-doutor em ciencia da literatura
Nenhum comentário

Carnaval de Petrolina terá Geraldo Azevedo, Elisson Castro-Pega Leve e Matingueiros

De 25 a 28 de fevereiro, a cidade de Petrolina vai se preparar para o Carnaval. Este ano, o ciclo carnavalesco da cidade vai priorizar os artistas da região do São Francisco, orquestras de frevo e terá dois polos culturais, sendo eles a Praça 21 de Setembro e na Orla Fluvial.

No Polo Orla, entre as principais atrações do Carnaval de Petrolina, estão Geraldo Azevedo, André Rio e a banda Araketu. Já na Praça 21 de Setembro, a energia e a tradição do frevo irão tomar conta do Centro durante os quatro dias com orquestras da região. O público ainda vai contar com bandas, blocos, fanfarras e orquestras de chão circulando pela área.

A homenageada este ano será a professora Déa Carvalho, petrolinense e apaixonada por Carnaval, Déa trabalhou durante 30 anos na Prefeitura de Petrolina, onde atuou como diretora de Cultura, Turismo e Esportes. Confira a programação a seguir: 
Polo Orla (19h às 3h)  Sábado (25): Antony Sandey, Orquestra Frevo Premier, Ana Costa e Geraldo Azevedo.
Domingo (26): Fabiana Santiago, Gueber Pereira, Jonathan Araújo e André Rio
Segunda (27):Pega Leve,  Dubaia, Fernando Junior, Sem Radar e Thiago Carvalho
Terça (28): Matingueiros, Super Banda, Trio Granah e Araketu

Polo 21 de Setembro (18h às 0h30) 
Sábado (25): Orquestra de Frevo Visão Musical e Orquestra de Frevo Skalla Musical 
Domingo (26): Orquestra de Frevo Novo Skema e Orquestra de Frevo Joãozinho Maravilha 
Segunda (27): Orquestra de Frevo Novo Skema e Orquestra Joãozinho Maravilha 
Terça (28): Orquestra de Frevo Skalla Musical e Orquestra de Frevo Aquarela

Nenhum comentário

Raimundo Aniceto: o Tocador de Pife

Aderaldo Luciano numa carta endereçada ao cantador cantor Beto Brito, relatou a certeza, "e vai colocar isso em um livro, que Deus era um tocador de pife e foi soprando nele, num pife feito de taboca, que deu vida ao Homem com seu sopro fiel".
 
Visitei no Crato, Ceará, o mestre da cultura de tocar pife, Raimundo Aniceto, 83 anos, nascido em 14 de fevereiro de 1934. Fui na casa do líder da Banda Cabaçal de Pife dos Irmãos Aniceto.  A Banda de Pífe é Patrimônio Cultural Imaterial.

Formado no século 19 pelo “Véi Anicete”, ou José Lourenço da Silva, que mais tarde se tornaria José Aniceto, um descendente de índios do Kariri, o grupo se encontra na quarta geração — e não deixa de lado a música do sertão. A Banda de Pífe já tem mais de dois séculos de fundação.
 
Seu Raimundo começou a tocar com 6 anos, ele acompanhou de perto a renovação da banda. A formação atual é composta por  Adriano, Antonio (seu irmão), Jeová e Ciço. Eles têm um sexto integrante, Ugui, escalado em situações especiais.
 
Durante a visita o mestre Raimundo Aniceto mostrou as fotos e os ollhos marejam com retratos da disposição de outrora. Responsável pela coreografia, ele dançava, pulava e arriscava até um salto mortal na apresentação.

Raimundo Aniceto está se recuperando de um AVC-Acidente Vascular Cerebral. Já não toca! Todavia a mente, alma e corpo falam do Guerreiro Cultural que bem sabe e pede socorro: o pife não pode acabar!

No final da visita fiquei a pensar: o Brasil trata realmente com o maior desprezo a sua verdadeira riqueza cultural. A situação atual de Raimundo Aniceto carece de maior respeito e dedicação por parte do poder público...

Mestre Raimundo Aniceto tem seis filhos e de acordo com Dona Raimunda a esposa pediu para que não deixassem acabar o grupo e manter vivas essa tradição. Preocupada Dona Raimunda sentenciou: "É muito difícil, pois a juventude não está muito ligada na tradição. Mas vamos conseguir".

Nenhum comentário

Garanhuns: Viva Dominguinhos

Dominguinhos encantou o Brasil com sua sanfona e voz, simplicidade e humildade.  Dominguinhos tornou-se um cantador que melhor soube interpretar a alma brasileira e vive na boca do povo, no puxado da sanfona em todos os recantos desse Brasil.

A prefeitura de Garanhuns vai realizar a Quarta Edição do Festival Viva Dominguinhos-2017. O evento já é considerado o maior encontro de sanfoneiros em todo o Brasil. Na oportunidade os gonzagueanos e forrozeiros de todo o Brasil tradicionalmente, a exemplo de Exu, marcam o encontro regado a sanfona, lógico, valorizando o ritmo, melodia e harmonia do verdadeiro forró.

Garanhuns, o lugar onde nasceu Dominguinhos é uma cidade encantadora. Frio de 18 graus e uma sensação térmica abaixo dos 10 graus.

Garanhuns nesse sentido também consolida um calendário turístico ao movimentar a economia da região. O Festival firma o incentivo e valorização da cultura e arte, um festival ancorado na alma e no profissionalismo do filho mais ilustre da música brasileira: Mestre Dominguinhos.

Garanhuns abastece assim todo o Brasil, Estado, através da impressionante riqueza de ritmos e artes, do cordel aos cantadores de viola, do aboio ao frevo, do armorial ao maracatu, do baião ao xote e xaxado,  as múltiplas variações da música nordestina/brasileira presentes na sanfona, triangulo e zabumba, “uma autêntica orquestra”, na definição de Luiz Gonzaga.

O professor paraibano, radicado no Rio de Janeiro, Aderaldo Luciano, sempre me lembrou que Luiz Gonzaga foi pedra angular, referência -mor do forró, mas o Rei do Baião, não trilhava sozinho. Havia por trás de si, uma constelação de compositores, músicos, além de profícuos conhecedores do seu trabalho, amigos talhados de sol, nascidos do barro vermelho, com almas tatuadas por xique-xiques e mandacarus.

E por isto Garanhuns é o local apropriado para ser o palco capaz de reunir milhares de admiradores, com sede e fome de ouvir, cantar, silenciar, transformar e aplaudir em noites e nuances do céu estrelado sanfonado do mestre Dominguinhos, o discípulo que inovou a arte do mestre Luiz Gonzaga.

Garanhuns proporciona com o Festival Viva Dominguinhos a oportunidade de conhecermos e ampliar o debate sobre compositores, músicos, artistas que sabem divisar o Cruzeiro do Sul do Sete Estrelo e muito além disso discutir e como lidar com a máquina capitalista avassaladora dominante hoje da “indústria musical”.

Dominguinhos Vive. Garanhuns é agora um pedaço de terra de todos nós brasileiros. Dominguinhos, qual Luiz Gonzaga tornou-se uma estrela luminosa a brilhar. Como disse Fernando Pessoa, “quem, morrendo, deixa escrito um belo verso, deixou mais ricos os céus e a terra, e mais emotivamente misteriosa a razão de haver estrelas e gente”.

Viva Garanhuns. Viva o Nordeste. Viva Petrucio Amorim, Alceu Valença, Xico Bizerra, Três do Nordeste, Jorge de Altinho, Elba Ramalho, Anastácia, Paulo Vanderley, Luiz Ceará,  Quinteto Violado, Flávio Leandro, Flávio José, Viva o Fole de Oito Baixos, Targino Gondim... Viva o Festival Dominguinhos.

Nenhum comentário

Padre Agio, 99 anos transformando vidas através da música

O monsenhor Ágio Augusto Moreira, conhecido como Padre Ágio, completou 99 anos no inicio deste ano. Apesar da idade o movimento e pensamentos vibram com as notas musicais.

Há cinco décadas ele se dedica à Escola de Educação Artística Heitor Villa-Lobos, mantida pela Sociedade Lírica do Belmonte - SOLIBEL, em Crato, Ceará. A instituição ensina música a jovens, a maioria da zona rural, que possuem inclinação para a arte musical. Em 2015, Padre Ágio foi homenageado com o documentário “O Padre Azul”, de José Wilton Soares e Silva, que conta a história do projeto que começou com uma orquestra de camponeses.

O sacerdote nasceu na cidade de Assaré e mora em uma casa simples no sítio Belmonte, no sopé da Chapada do Araripe. A escola de música está localizada no distrito de mesmo nome, próxima à sua residência, onde a vida e obra de artistas como Beethoven, Mozart, Chopin, Villa-Lobos e Luiz Gonzaga são referências para os cerca de 150 alunos da instituição.

As aulas são ministradas para crianças a partir dos 4 anos e ultrapassam gerações, como é o caso de Cícero Galdino, que entrou na escola aos 8 anos, em 1989, por influência dos pais que também foram alunos, e permanece até hoje, agora como professor e um dos diretores.

“A escola de música mudou minha família, ampliou o nosso olhar sobre a vida e, sobretudo, me fez um ser humano melhor”, diz.

Fonte: Foto: Patrícia Silva/Diocese de Crato- CE)
Nenhum comentário

Mestre Manuel Eudocio terá Memorial em Caruaru

Nesta segunda-feira (13), será inaugurado no Alto do Moura, em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, o memorial em homenagem ao Mestre Manuel Eudócio, um dos maiores nomes da cultura. A data marca um ano da morte do artesão.

Em 2005, Eudócio se tornou Patrimônio Vivo de Pernambuco. Ele morreu aos 85 anos, após uma insuficiência renal crônica. A ideia do memorial é da família do artesão, para manter viva as obras criadas em 68 anos de dedicação a arte.
Segundo o filho do artesão, Ademilson Eudócio, o memorial era um desejo do artista, que queria deixar sua história registrada.

Manuel Eudocio nasceu em Caruaru em 28 de janeiro de 1931.

"Era um desejo dele em vida. Inclusive algumas peças ele já tinha separado para o memorial. Com a morte dele, passou um ano fechado. Nós achamos por bem não abrir. Como está completando um ano, em homenagem a ele, a essa cultura, nós resolvemos abrir para receber os admiradores da arte. Vamos manter aberto, é a maneira que encontramos de deixar tudo isso vivo", disse.

As peças de Manuel Eudócio relatam os folguedos, as manifestações culturais e o cotidiano do povo, ele ficou conhecido como o 'cronista do barro'. Uma das esculturas mais famosas é o Reisado. Outra obra que ficou bastante conhecida é a Família de Retirantes, entregue ao Papa Emérito Bento XVI, pelo ex-presidente Lula.

Manuel Eudócio morou na Rua Mestre Vitalino, no Alto do Moura. Começava a trabalhar às 5h. Antes do café da manhã, ele já sentava para esculpir as peças. Do contato com o barro, surgiram obras espalhadas pelo mundo e também sucessores dA arte, como o filho, Luiz Carlos.

"Ele sempre nos orientava sobre o trabalho, a posição de uma peça, os cuidados com a perfeição. Convivendo com ele, eu fui desenvolvendo o trabalho, creio que é um dom. É quase impossível fazer sem existir o dom, é impossível fulgir dessa arte. Temos que prosseguir. Se ele partiu, ficou para nós dar prosseguimento a nossa cultura", disse.
Nenhum comentário

Graciliano Ramos: "A realidade profunda, a verdade única está no fundo da alma"

O escritor alagoano Graciliano Ramos tinha amava a verdade nua e crua, sem nenhum enfeite ou remendo. José Lins do Rego comentou em artigo que alguns dos personagens de Graciliano falam sozinhos — falam para dentro, mantêm diálogos com sombras. “A realidade profunda, a verdade única está no fundo da alma.”

O escritor Graciliano Ramos em menos de duas décadas, o autor deixou uma obra que divide a literatura nacional entre antes e depois de sua produção. Apenas 22 anos separam seu primeiro romance, Caetés de 1933 da sua morte em 20 de março de 1953. Seu romance de estreia veio, aos 41 anos de idade, mas, prolífero como poucos, deixou um dos maiores legados literários naquilo que se convencionou chamar  romances sociais.

Considerado o maior romancista moderno, “o velho Graça” era reconhecido como grande escritor já pelos seus contemporâneos. Não apenas sua escrita, mas seu pensamento crítico, sua filosofia e postura política o fizeram crescer em popularidade entre os intelectuais e artistas de seu tempo. Ramos assistiu em vida sua consagração.

Estilista do regionalismo, o escritor alagoano misturava simbolismo a um realismo pungente e construía com verdade cortante personagens que em suas trajetórias espelhavam os dramas da vida brasileira. Era mestre em tornar palpável a tristeza do mundo. Suas obras foram traduzidas para mais de 28 idiomas, transportadas para o cinema e para o teatro, analisadas por críticos e literatos. E mesmo, após 63 anos de sua morte, seus escritos ainda carregam inúmeras dimensões da realidade nacional.

Nenhum comentário

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial