Operação "Rodovidas" pretende diminuir acidentes nas 100 piores estradas brasileiras

Segue até dia 31 de janeiro em todo o país a operação da Polícia Rodoviária Federal “Rodovida Cidades” 2016/2017.  Esta será a primeira fase da operação que tem o objetivo de reduzir o número de acidente de transito e consequentemente os custos causados por eles.

A operação acontece nas principais rodovias da região, em especial a BR 407 e BR 428, onde segundo o chefe-substituto da delegacia da PRF em Petrolina, Moacir Gomes, esses locais tem concentrado um grande número de acidentes graves. “A BR 407 e BR 428 tiveram um aumento significativo no número de acidentes graves e estão entre as 100 piores do país”

A segunda etapa da operação terá início no dia 17 de fevereiro a 5 de março, para contemplar o período do carnaval
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Nova Olinda: Fundação Casa Grande festeja 24 anos e prestará homenagens ao jornalista Antonio Vicelmo

É tempo de renovar, de festejar e de louvar o coração de Jesus. Anualmente no dia 19 de dezembro, a Fundação Casa Grande promove uma bela festa que tem cantoria e alegria, a renovação é um momento de confraternização entre famílias e amigos.

A renovação na Fundação Casa Grande acontece todo ano, como uma data sagrada. Este costume foi preservado pelo casal de fundadores Alemberg Quindins e Rosiane Limaverde, que nesta data também comemoram seus anos de vida e trabalho dedicados a Fundação Casa Grande.

A renovação, sempre tem boas surpresas, movimento, cuidado, carinho, inovação e amor. Este ano terá o “Encontro de Arte, Ciência e Patrimônio, com profissionais das áreas de música, arqueologia, linguística, comunicação, direito, astronomia, meteorologia e psicologia e produção cultural, oportunizando momentos de círculos de conversa e formação de rede.

As celebrações musicais nos dias 16 e 18 ficarão por conta de Os Meninos dos Quindins , ABANDA, Os Cabinha, Elizah Rodrigues, Paulo Brandão e Marcelo Brissac.No dia 19, fica por conta dos grupos de tradição popular, Irmãos Aniceto, Reisado São Francisco, Bacamarteiros da Paz e Trio de Forró Flor do Pequi. Na segunda-feira 19, o jornalista Antonio Vicelmo será homenageado.

Durante o evento haverá o lançamento de dois livros:  Guia Brasileiro de Produção Cultural,  com Edson Natale  e  Meu Coração Coroado,  com o autor Eduardo Mota e o mestre Espedito Seleiro.

A Fundação Casa Grande - Memorial do Homem Kariri é uma organização não- governamental, cultural e filantrópica e foi criada a partir da restauração da primeira Casa da Fazenda Tapera, hoje cidade de Nova Olinda, ponto de passagem da estrada das boiadas que ligava o Cariri ao sertão dos Inhamuns, no período da civilização do couro, final do século XVII.

A Fundação Casa Grande - Memorial do Homem Kariri tem como missão a formação educacional de crianças e jovens protagonistas em gestão cultural por meio de seus programas: Memória, Comunicação, Artes e Turismo.

Hoje a Fundação Casa Grande-Memorial do Homem Kariri é uma escola de referência em educação e tem a visão de levar "o mundo ao sertão". Mas não qualquer mundo, e sim um mundo que proporcione as crianças e jovens o empoderamento da cultura e da cidadania.

Fonte: http://renovacaocasagrande.wixsite.com/renovacao/increva-se





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Ivan Greg e Convidados farão Tributo a Luiz Gonzaga em Petrolina

Para festejar os 104 anos de Luiz Gonzaga-(13 dezembro), o Hey Chico Music Bar, promoverá uma noite de forró, xote e baião com Ivan Greg e convidados, nesta sexta-feira (16), a partir das 20hs.

Ivan Greg é um dos músicos mais talentosos da atualidade. Nascido em Petrolina aos 9 anos já tocava teclado e sanfona. Em 2006 mudou-se para a Europa e trabalhou na divulgação e valorização da música brasileira e a cultura nordestina.

Gravou e realizou shows na Alemanha, Holanda, Espanha, Itállia, França, Suécia e Bélgica. A música também o levou aos Estados Unidos onde desenvolveu vários projetos.

Ivan Greg atualmente cursa licenciatura em Música, no Instituro Federal do Sertão. Aponta que tem inflência musical de Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Jackson do Pandeiro, Sivuca, Gilberto Gil, Djavan. O samba é outra referência na trajetória de Ivan Greg.

O Tributo a Luiz Gonzaga terá participação de Camila Yasmine, Fabiana Santiago, Guilliard, Pereira, Glaucia Lessa.
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A literatura que não vende a alma

“(…) dois ou três sucessos momentâneos – na escala brasileira – e nasce uma certa sensação de que sou romancista, o que é um lugar marcado em geral no mau sentido, se estamos no Brasil, mas somando tudo confere uma certa ilusão de autoridade…” (O espírito da prosa, de Cristóvão Tezza – Ed Record)

Conheci Cristóvão Tezza em 2014, durante o evento Vozes Contemporâneas, realizado na Academia Brasileira de Letras. Era uma tarde amena de terça-feira, dessas em que a gente anseia por beber um pouco das paixões que nos consolam. A aparente primeira impressão foi a de estar diante de um homem reservado e simples, que chega a nos despertar certo sentimento de ilusória intimidade, um contraponto que conflitava com a admiração que guardo pelo gigantismo do autor. No entanto, nossas preferências pessoais nunca devem obscurecer a visão crítica e eu estava ali para testemunhar a palestra de Tezza sobre a sua obra.

É inegável que atravessamos um momento em que a liturgia de escrever tomou ares de uma atividade fashion, um modismo que desfila pelas passarelas do Word. Há uns poucos que escrevem por vocação, outros pela trivial necessidade de se expressarem, alguns pela solidão e muitos pela carência vaidosa de reconhecimento. No século 21 a arte literária aluga suas virtudes para o discurso egocêntrico.

Tezza afirma que a boa literatura não brota dos felizes; diz que livros são frutos de um desconforto íntimo de pessoas que abdicam dos divertimentos mundanos e se trancam solitárias para engendrarem suas produções. Para Tezza, escrever é um verbo produzido por um substantivo: infelicidade. Escrever não é ação, é reação.

No circo regado por holofotes onde a literatura agora se apresenta, Tezza figura como um personagem em extinção. É um operário que ergueu seu nome a partir da obra. Um artesão que esculpe as palavras, é a joia que reluz entre o brilho fosco dos empresários autores que constroem a obra a partir do nome. Literatura é o que nasce da lapidação, um autor não é uma fábrica de livros.

“Um leque de ansiedades felizes”

“Tentei de novo falar com você esta madrugada, mas o quintal estava povoado de lobos ganindo contra minha sombra…” (Trapo, Cristóvão Tezza – Ed Rocco).

Em Trapo tive o primeiro contato com a obra do autor, num enredo que inquieta. Trapo, um poeta marginal e suicida. Morto, deixa um calhamaço de mil páginas que termina nas mãos de um rigoroso professor. Chamam o livro de romance metapoético, mas quando me recordo da leitura o que me ocorre é a imagem singular de uma narrativa apneica.

“Outra frase ao acaso, no meio do que parece ser uma carta: A poesia é uma merda. A dele, naturalmente. Dois pronomes oblíquos na mão desses poetas e eles morrem atropelados pela língua” (Trapo, C. Tezza – Ed Rocco, pág. 50).

Vocação é um coice pressentido em nossas costas, não nos deixa desistir, atormenta. E, acumulando mais de uma dezena de romances, Cristóvão Tezza nunca fraquejou. Lançou-se à frente, construindo uma trajetória sólida, preservando a paciência e a determinação que conquista espaço. Então, chega a hora e nasce O filho eterno, a catapulta que o arremessou à merecida fama.

“Sim, distraído quem sabe! Alguém provisório, talvez; alguém que, aos 28 anos, ainda não começou a viver. A rigor, exceto por um leque de ansiedades felizes, ele não tem nada, e não é ainda exatamente nada” (O filho eterno, C. Tezza – Ed Record).

Uma timidez indisfarçável

Assim discorrem as primeiras linhas de O filho eterno, um folhear de tantas páginas que nos levam por uma incômoda reflexão sobre o fracasso e o amadurecimento através dele. Não nos estranha ser esse livro a marca de maior sucesso do autor.

“Tudo bem: escritor. Aceito o título. Melhor: prosador. Escritor é uma boa definição, a meu favor – cabe tudo. Prosador é mais preciso, e também nele cabe quase tudo, exceto a poesia. Já romancista é uma coisa antiga, para determinada faixa de compreensão” (O espírito da prosa, C. Tezza – Ed Record).

Tezza define o realismo como a sua escola. Idolatra o cientificismo do russo Mikhail Bakhtin (1895/1975). Talvez haja nisso o autoengano de um autor que ordenha poesia da prosa. Quem, além de um poeta, largaria o idílio nacional de um emprego público como professor universitário para mergulhar de corpo inteiro no oceano incerto da literatura? Cristóvão Tezza o fez.

O espírito da prosa não é um manual de escrita, muito menos um tutorial para romances, coisas que andam em voga por aí, mas com certeza é um guia imaterial obrigatório e inevitável para aqueles que se sabem artesãos.

Cristóvão Tezza sobe ao palco do auditório da ABL e revela sua indisfarçável timidez ao puxar um maço de papéis e anunciar que prefere ler o que pensa a discursar de improviso. É o velho clichê do escritor avesso à fala. Tudo bem. De que serve a veneração se não para perdoar? Nós compreendemos, ele pode.

*Fonte - Observatório da Imprensa - Alexandre Coslei é jornalista e escritor
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Quinteto Violado, Assisão e Cezzinha cantam no XII Encontro Nordestino de Xaxado

Teve início hoje em Serra Talhada o “XII Encontro Nordestino de Xaxado”. O evento segue até domingo 17, com uma extensa programação, abordando o tema “90 Anos do Fogo da Serra Grande”. Nos quatro dias haverá apresentações culturais e shows musicais.

A festa começa hoje com os grupos Sertão Frevo (Serra Talhada-PE), Dinâmico Cultural (João Pessoa-PB), Abolição (Princesa Isabel-PB), Gilvan Santos (Serra Talhada-PE), Frutos do Pará (Belém-PA) e Cia de Dança Raízes da Paz (Ivoti-RS). Para encerrar a programação do dia, shows com Quinteto Violado e Cezzinha.

Nos próximos dias, grupos culturais de Pernambuco, Paraíba, Ceará, Pará, Rio Grande do Norte e Alagoas passam pela Estação do Forró. Estão confirmados shows com As Severinas, Karl Marx, Trio Nordestino, Assisão, Josildo Sá, Roberta Aureliano e Fulô do Maracujá. A programação ainda terá apresentação teatral, passeio turístico ecológico sobre o cangaço e oficinas.
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Eu pergunto, cativo de paixão, porque ainda não construíram o Memorial Sivuca

Nesta quarta-feira 14, faz dez anos da morte de Sivuca. Aos 76 anos, depois de uma longa luta contra o câncer.

O jornalista Silvio Osias aponta que Uma década se passou, e a Paraíba não tornou concreto o projeto do Memorial Sivuca. O acervo do grande músico está com a viúva dele, a compositora Glorinha Gadelha.

O escritor e escritor Aderaldo Luciano constuma expressar que é o forró é a música patrimonial do Brasil. E todos sabemos que o Brasil não é só samba, sertanejo, axé e funk. 

O Brasil é verdadeiramente uma grande sala de chão batido, uma sala de reboco, com folhas de eucalipto espalhadas e lá no canto da parede um trio tocando sanfona, triângulo e melê. Quem não souber o que é um melê, procure saber, forrozeiro não é.

A juventude forrozeira tem como base para seu gosto, geralmente, os acordes de Luiz Gonzaga, as sincopadas de Jackson, a genialidade de Dominguinhos e a leveza de Sivuca. 

Em João Pessoa, Paraíba, assisti a última apresentação de Sivuca, Severino Dias de Oliveira. Na época Sivuca estava lutando bravamente contra um câncer. Naquela noite vi um dos mais internacionais músicos brasileiros de todos os tempos, Sivuca, o sanfoneiro albino, o gênio da Paraíba. Gênio universal.

Noite que me marcou! Ali vi Sivuca desbravar recursos e sons inimagináveis para os acordeonistas.

Sorrindo Sivuca descreveu as características da sanfona brasileira, a de saber fazer o ritmo, a pulsação no próprio instrumento, seja tocando o choro ou o forró. O "pai" dessa escola é Luiz Gonzaga, que explorou não só o baião como o choro. A linha do choro teve outros dois instrumentistas clássicos, Chiquinho do Acordeon e Orlando Silveira. Sivuca andou pelos dois trilhos da sanfona.

Sabia todos os presentes naquela noite que ali ele estava se despedindo. Chorei...Era a hora do Adeus de Sivuca! Com a voz cansada o mestre pediu também que não deixassem o forró morrer! O público aplaudiu...Sivuca abraçou a sanfona e chorou...

Se Luiz Gonzaga redimensionou e popularizou o instrumento ao colocá-lo na condução de seu invento, o baião, Sivuca o expandiu, contribuindo significadamente para seu enriquecimento, bem como o da música brasileira em geral, com o requinte de seus arranjos a beleza de suas melodias e a versatilidade de instrumentista, transitando com desenvoltura entre o erudito e o popular, o jazz o choro e os ritmos nordestinos.

O acordeonista francês Richard Galliano, um de seus vários discípulos, comentou: "Um dia, Sivuca me disse: é uma coisa louca, parece que toda minha energia vem de Luiz Gonzaga". "É um gênio, abre os horizontes"

Severino Dias de Oliveira, Sivuca morreu aos 76 anos, em 2006. Nossa energia agora é de Luiz Gonzaga, Sivuca e Dominguinhos.

Sivuca nasceu em Itabaiana, a 80 quilômetros de João Pessoa, em 26 de maio de 1930, filho de agricultor. Os irmãos eram sapateiros. Aos nove anos conheceu a sanfona. Aos 15 anos teve as primeiras aulas de teoria musical com o clarinetista da orquestra, Lourival de Oliveira, estreou em um programa de calouros da Rádio Clube de Pernambuco, cujo responsável era o grande maestro Nelson Ferreira.

Permaneceu em Recife, em 1948 teve aulas com Guerra Peixe que o iniciou na arte da orquestração. Dois anos depois decidiu descer para o sul, convidado por Camélia Alves para tocar na Rádio Record com a grande Orquestra Record, dirigida por Gabriel Migliori.

Naquele ano, já plenamente enturmado com o grupo que criara o movimento da música nordestina ancorado no baião, gravou seu primeiro disco com Humberto Teixeira. Nele, o clássico "Adeus, Maria Fulô", dele e Humberto.

Em 1957 participou da famosa caravana de Humberto Teixeira que foi tocar na Europa. Entre outros, integravam a caravana o clarinetista Abel Ferreira, o Trio Irakitã, o maestro Guio de Moraes, o trombonista Antonio José da Silva Norato, o baterista Edson Machado, Waldir Azevedo. Quando o ouviu, na excursão, o maior clarinetista da história, Benny Goodman, quis levá-lo para os Estados Unidos.

Em 1964 foi convidado a tocar nos Estados Unidos, acompanhando a grande Carmen Costa. Descoberto pela cantora sul-africana Mirian Makeba, que fez enorme sucesso na segunda metade dos anos 60, acabou ficando 13 anos por lá. Conquistou Mirian ao acompanhar o ritmo em que ela cantava. Era o mesmo balaio, que tocava no nordeste. Seu arranjo de "Pata Pata", um dos hits dos anos 60, projetou-o internacionalmente.

Em sua temporada americana, limitou-se à guitarra. Uma vez, resolveu tocar acordeon em um show e recebeu a seguinte carta de um músico americano: "Finalmente encontrei alguém que me fizesse fazer as pazes com esse maldito instrumento que se chama acorden". O músico era Miles Davis.

Em 1975, Sivuca gravou um disco com a violonista Rosinha de Valença e casou-se com Glorinha Gadelha, cantora e compositora. Com ela compôs um clássico definitivo do forró, "Feira de Mangaio". O disco com Rosinha entrou em uma dessas relações americanas dos cem melhores álbuns do século 20.

De Chico Buarque colocou uma letra inesquecível na valsa "João e Maria", que Sivuca havia composto em 1947. A partir dali os letristas o redescobriram definitivamente. Compôs "No Tempo dos Pardais" com Paulinho Tapajós, "Homenagem à Velha Guarda", um dos clássicos do choro, gravado originalmente em 1956, que recebeu letras de Paulo Sérgio Pinheiro.

E por tudo isto eu pergunto, cativo de paixão, porque a Política Cultural do Brasil ainda nao construiu o Memorial Sivuca?

Fonte: Silvio Osias e Aderaldo Luciano
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13 dezembro, Chapada do Araripe e o imaginário de Luiz Gonzaga

Estive em Exu, para celebrar/comemorar os 104 anos de Luiz Gonzaga.  Não vi os olhos raros que enxergam além do que veem. Na terra onde nasceu Luiz Gonzaga, a mensagem não se fez ouvir.

Joquinha Gonzaga, neto de Januário e sobrinho do Luiz Gonzaga, lamenta a injustiça de em pleno mês de nascimento do Rei do Baião, Governo de Estado, Municipal  e Federal tratar com descaso a cultura mais brasileira. 

Exu, Pernambuco, forró deveria ser  pra lembrar o inventor do Baião, aquele que um dia deixou o seu pé de serra e embrenhou-se pelos emaranhados da busca e do sonho e que foi o começo de uma grande empreitada e de uma desafiadora lição de vida e vivência. 

Mas a vida é realizada nos extremos. O  amor e o ódio. O real e o fantástico, a dor e o prazer, a amizade e a covardia, o breu da incerteza e a luminosidade da esperança, o medo e a ousadia, o erro e a redenção, o pecado e o perdão, a fé e a crendice, a tristeza e a festa. 

Na Serra do Araripe, divisa com o Ceará, o passado ainda está presente, e o presente simboliza o futuro. Luiz Gonzaga vive!

Na Chácara Frei Damião, distante 26 quilometros do Crato-Ceará, próximo a Exu, "Seu" Cosme e dona Maria Cavalcante de Souza entregam-se a essência da alma e ainda fazem da cultura um sentimento mais humano.

A família, amigos e vizinhos, medem palmo a palmo a vastidão do imaginário popular e desvendam a perfeição dos sonhos e anseios, da fé e das várias conquistas.

Na casa da família existe  mesa farta de pamonha feita com manteiga da terra. A buchada e a cachaça, a galinha de capoeira e capote. O milho, a rapadura e a fogueira, a manifestação plena da essência humana e grandiosidade da noite de junho e do mês do nascimento de Luiz Gonzaga.

Foi no alpendre da casa onde escutei a professora Antonia, no balançar da rede, contar fatos que são ao mesmo tempo belos e misteriosamente encantados. Professora Antonia me faz compreender as figuras humanas mais humanas, a criaturas belas, mais belas, a natureza das pegas de bois, as origens de Cocaci, os Inhamuns-Ceará. Sonhei conhecer a Fazenda Corisco, la dos Feitosas dos Inhamuns.

Professora Antonia ao falar, os olhos faíscam de astros a escuridão da noite humana e se faz perceber entre vaga lumes e querubins a essencia que reluz do que havia se perdido e ali encontra as respostas para a própria razão de sonhar e viver.

Seu Cosme acompanhado de seu Zé Lira visitam o sitio Salva Vidas. Nome sugestivo quando vi o povo a rezar a Novena de joelhos. Havia ali a Capela São Francisco e escutei histórias de muitos que vieram ao mundo pelas mãos da parteira do local.

Tudo isto me fez lembrar da profecia do professor, danado e cantador, quase vidente, Aderaldo Luciano quando diz que o Nordeste continuaria existindo caso Luiz Gonzaga não tivesse aterrissado nestas paisagens há mais de cem anos.

O Nordeste teria e seria o mesmo complexo de gentes e regiões. Comportaria os mesmos cenários de pedras e areias, plantas e rios, mares e florestas, caatingas e sertões.

Luiz Gonzaga, mais que ninguém, brindou-nos com uma moldura indelével, uma corrente sonora diferente, recheada de suspiros, ritmos coronários, estalidos metálicos. Luiz Gonzaga plantou a sanfona entre nós, estampou a zabumba em nossos corpos, trancafiou-nos dentro de um triângulo e imortalizou-nos no registro de sua voz.

Ali em Exu, Chácara Frei Damião, Sitio Salva Vidas, Crato, Vi galos anunciando o dia, sabiás acalentando as horas, acauãs premeditando as tristezas, assuns-pretos assobiando as dores, vens-vens prenunciando amores.

Enfim, compreendi que a história vem se tecendo com a força da própria vida. E por isto, disse o cantador Virgilio Siqueira, daí não ser possível guardar na própria alma a transbordante força de uma causa. Daí não ser possivel retornar, afinal, a gente nem sabe ao certo se de fato partiu algum dia...


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