Foi
lançado o livro Minha História, de Oséas Lopes, Trio Mossoró a Carlos André,
autoria do produtor e cantor Carlos André, Almir Nogueira e Lúcia Rocha. Você
confere aqui o artigo publicado no livro, autoria do paraibano
Higino Canuto Neto, pesquisador da Música Brasileira que mora atualmente
Juazeiro, Bahia.
“João
Batista Almeida Lopes, conhecido artisticamente por João Mossoró, começou a
carreira musical em 1956, quando participou com seus irmãos Oséas Lopes e
Hermelinda, do lendário Trio Mossoró, uma homenagem à cidade natal, no Estado
do Rio Grande do Norte.
Com a formação do Trio Mossoró, com Oséas na sanfona, Hermelinda no triângulo e
João Mossoró no zabumba, o grupo seguiu a mesma estética introduzida por Luiz
Gonzaga, caracterizada pela forte representação nordestina, nas vestimentas com
o gibão e o chapéu de couro e nas músicas a cadência rítmica alegre e festeira
do xote, do xaxado e do baião.
Apadrinhado por personalidades como José Messias, que atualmente é jurado do
programa do Raul Gil e o poeta cantador Luiz Vieira, o Trio teve o privilégio
de contar com a parceria de grandes compositores como Antonio Barros, Cecéu,
Anastácia, Dominguinhos e o maranhense João do Vale.
Em 1965, conquistaram o troféu Euterpe, o prêmio de maior importância da Música
Popular Brasileira, na época. A cerimônia de premiação aconteceu no Palco do
Teatro Municipal do Rio de Janeiro, tendo como sucesso premiado a música
“Carcará”, composta por João do Vale e José Cândido. No mesmo ano, Maria
Bethânia também gravou a canção que se tornou sucesso nacional e símbolo da
resistência do povo nordestino ante as agruras da seca e o sistema repressor
ditatorial que governava o Brasil na época.
Durante o tempo em que tocava nos programas na Rádio Mayrink Veiga, João
Mossoró conheceu e trabalhou com Luiz Gonzaga, tocando zabumba. Pelo Rei do
Baião foi apelidado de Cibito, numa referência às suas pernas, cuja alcunha
providenciou gravar em seu instrumento a frase “Cibito – O rei do zabumba”.
O Trio Mossoró se desfez em 1972 com 12 LP´s gravados, verdadeiras referências
do cancioneiro nordestino em todo o Brasil. Em carreira solo, João Mossoró se
manteve fiel às suas raízes, divulgando a sua arte como um menestrel dos
cantares e saberes do povo nordestino.
Em 2004 o artista concretiza o seu desejo de prestar uma homenagem ao seu ídolo
maior – Luiz Gonzaga, gravando o CD ‘O Mito e a Arte de Luiz Gonzaga’, com
reconhecimento pelo critico e historiador musical Ricardo Cravo Albin, que
dedicou todo um programa transmitido pela Rádio MEC à divulgação do trabalho. O
Sucesso do disco rendeu um novo álbum: ‘O Mito e a Arte de Luiz Gonzaga’ –
volume 2, complementando o ciclo de homenagens, prefaciado pelo Cravo Albin que
escreveu: ‘bela voz, lindo repertório, tudo isso faz deste disco uma alegria em
ligar o aparelho de som, no mais das vezes, emudecido por lançamentos bisonhos,
quase insuportáveis’.
Em seu mais recente CD ‘Conexão Nordeste – O Arauto das Raízes Nordestinas’,
João Mossoró interpreta canções de outros artistas também consagrados
(Belchior, Chico Salles, Gonzaguinha, Nando Cordel, Dominguinhos, dentre
outros), como num reconhecimento pela cumplicidade em produzir música de qualidade
inspirado pela essência que brota do interior profundo do nordeste brasileiro.
Juntamente com seus irmãos Oséas e Hermelinda, João Mossoró insere o estado do
Rio Grande do Norte na geografia musical brasileira, com a mesma grandiosidade
com que Jackson do Pandeiro introduziu a Paraíba, com a mesma intensidade com
que João do Vale revelou o Maranhão e o mesmo ideal e devoção com que Luiz
Gonzaga apresentava ao Brasil o seu estado Pernambuco, carregando todo o
sentimento nordestino em sua genialidade musical.
João Mossoró é um arauto, um menestrel, um dos últimos ícones do forró em plena
atividade, contemporâneo de outros forrozeiros históricos que o Brasil precisa
reconhecer e aplaudir em sua grandiosidade.”
Fonte: Texto de Higino Canuto Neto-Juazeiro da Bahia-
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