MAIS DE 16 MILHÕES DE MULHERES FORAM ATENDIDAS PELO LIGUE 180 EM 20 ANOS

Em 20 anos de existência, o Ligue 180 atendeu 16 milhões de mulheres. Por dia, o número de atendimentos chega a 900 mil em todos os estados brasileiros. "E eu quero dizer que não é só uma central de atendimento e de denúncia, como às vezes as pessoas pensam, na verdade é um serviço público essencial", destacou a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, em entrevista à Voz do Brasil na última sexta-feira (26/12).

Em 2025, a prioridade foi avançar na integração e gestão do atendimento do Ligue 180, ampliando a articulação com os estados e as oficinas de capacitação e qualificação das atendentes da Central, fortalecendo o acolhimento e a escuta das mulheres.

Nós estamos aprimorando cada vez mais o Ligue 180 e fazendo uma campanha para que todos os municípios do Brasil, para que a mídia assuma, para que as empresas assumam o 180 como um serviço público de absoluta relevância", afirmou a ministra.

Em agosto, foi lançado o Painel de Dados do Ligue 180, plataforma interativa que reúne e organiza informações sobre os atendimentos, reforçando a transparência e subsidiando políticas públicas baseadas em evidências. Em dezembro, o Ministério realizou encontro nacional reunindo pontos focais do Ligue 180 de 15 estados para alinhar fluxos de encaminhamento das denúncias registradas pela Central e fortalecer a atuação em rede.

A celebração dos 20 anos do Ligue 180 integrou a mobilização nacional dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres e do Racismo e contou com projeções em Brasília (DF), no prédio do Congresso Nacional; em São Paulo (SP), no edifício da Fiesp; no Rio de Janeiro (RJ), no Cristo Redentor; e em Salvador (BA), no Farol da Barra, entre outras ações como o lançamento do “Guia Prático – Ligue 180”.

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TARGINO GONDIM GRAVA AUDIOVISUAL COM FLÁVIO JOSÉ E SANTANA O CANTADOR

Targino Gondim reuniu Flávio José e Santanna O Cantador na gravação do audiovisual "TRÊS NORDESTINOS Um por Todos e Todos por Um!" na Ilha do Rodeadouro, às margens do Rio São Francisco, entre Juazeiro e Petrolina.

O encontro aconteceu em formato intimista e apostou em um repertório conhecido do público, com canções como "Petrolina, Juazeiro", "Eu Só Quero Um Xodó" e "Só Xote". A escolha do local reforçou a proposta do projeto, que uniu música e paisagem natural em um registro ao ar livre, acompanhado por convidados e equipe técnica.

Durante uma pausa da gravação, Santanna recitou versos que provocaram reação imediata do público presente. A cena se integrou ao clima do encontro, marcado por conversas, música e troca entre os artistas.

A gravação começou no fim da tarde e seguiu até a noite. Mesmo após o encerramento oficial, os músicos permaneceram no local, mantendo o repertório em clima informal. Registros do momento circularam nas redes sociais ao longo da noite.

Em publicação nas redes, Targino Gondim celebrou a parceria e indicou que o material integra um projeto previsto para 2026, reunindo os três artistas em torno de um trabalho conjunto.Targino Gondim grava audiovisual com Flávio José e Santanna no Vale do São Francisco

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LULA FAZ DISCURSO DE NATAL EM CADEIA NACIONAL DE RÁDIO E TELEVISÃO

Nesta véspera de Natal (24), o tradicional pronunciamento presidencial pelas festas de fim de ano será veiculado em cadeia nacional de rádio e televisão às 20h30. O conteúdo do discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi gravado ao longo da semana, mas não foi antecipado à imprensa.

Na noite de terça-feira (23), Lula encerrou a agenda oficial com deslocamento para a cidade de São Paulo, onde celebrará o Natal ao lado da primeira dama Janja Lula da Silva e dos filhos. Após as festividades de Natal, o presidente pretende passar o Réveillon na base naval da Restinga da Marambaia, no Rio de Janeiro.

No discurso do último ano, Lula reafirmou o cuidado com as pessoas, a prioridade aos mais pobres, o diálogo entre os Poderes e a sociedade e a defesa da democracia.  Este ano, a expectativa é que o presidente apresente um balanço de resultados alcançados pelo governo.

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DESERTIFICAÇÃO: CAATINGA É O BIOMA MAIS AMEAÇADO

A desertificação, suas consequências e diretrizes para seu enfrentamento foram pautas importantes da 30ª Conferência do Clima da ONU (COP30), realizada no último mês, em Belém (PA). Para se ter ideia, cerca de 18% do território brasileiro pode passar por este processo, sendo que grande parte desta área está localizada na região Nordeste, nas Áreas Suscetíveis à Desertificação (ASD) e seus entornos.

Segundo o Boletim Desertificação, documento lançado neste ano como resultados de pesquisas realizadas por uma coalizão entre o Instituto Nacional do Semiárido (Insa), Observatório da Caatinga (OCA), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), nessas áreas vulneráveis e em seus entornos vivem aproximadamente 39 milhões de pessoas, que poderão sentir os efeitos deste fenômeno que afeta a produtividade dos solos, os recursos hídricos e a biodiversidade, e que compromete a segurança alimentar, a economia rural e a qualidade de vida das pessoas que habitam esses territórios.

É importante ter atenção para um dado apontado pelo Boletim: entre os anos de 2000 e 2020, esse território suscetível à desertificação expandiu 170 mil km2, fato que alerta para a urgência de medidas de enfrentamento deste desafio socioeconômico que pode resultar em maiores desigualdades sociais, intensificação da pobreza rural e migrações forçadas.

Regiões que antes eram caracterizadas por climas úmidos, como algumas áreas do Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul, agora enfrentam o clima subúmido seco. A nova zona árida entre Pernambuco e Bahia, com 6 mil km², é um exemplo evidente das consequências dessas transformações.

De acordo com estudos realizados entre 2001 e 2021, a degradação cresceu até 5,5% nas terras de pequenos agricultores. Territórios Indígenas e Quilombolas também perderam áreas conservadas. Isso significa menos milho, feijão, mandioca no prato e mais insegurança alimentar nas mesas das pessoas que vivem no sertão. Além disso, As secas severas, cada vez mais longas, atingiram 90% das áreas suscetíveis à desertificação e deixaram metade desse território por mais de três anos consecutivos sob colapso hídrico. O resultado é cruel: rios secando, preços de alimentos subindo e famílias dependendo de programas de emergência para não passar fome.

É no Norte e no Nordeste onde esses impactos tendem a ser ainda piores. Já é possível observar que algumas áreas dessas duas regiões já registram mais de 54 meses sob seca severa e longa, ou seja, mais de 15% do tempo avaliado. Nas Áreas Suscetíveis à Desertificação (ASD) e entorno, 90% do território registraram ao menos 18 meses de seca severa, enquanto 50% dessas áreas passaram mais de 36 meses nessa situação crítica.

A Caatinga, bioma exclusivo do território brasileiro, é um dos mais afetados, com 11% de sua extensão em estado de degradação crítica e severa, o que equivale a 100 mil km2. Além disso, as pesquisas apontam que na extensão das áreas conhecidas como Suscetíveis à Desertificação esses processos já afetam de forma crítica e severa 14,2% do território, com sinais claros de erosão e a diminuição dos teores de carbono, fósforo e nitrogênio nos solos.

Para Aldrin Marin, pesquisador do Insa e um dos autores do Boletim Desertificação, é um grande desafio romper com um círculo vicioso que se retroalimenta há décadas no Brasil, sustentado por um processo histórico-colonial que aprofunda desigualdades e fragiliza o território. Segundo o cientista, esse ciclo tem sido a raiz da desertificação, da perda de biodiversidade e do agravamento das mudanças climáticas.

“É justamente essa lógica histórica que se atualiza no presente. O modelo econômico atual, baseado em commodities e grandes empreendimentos, tem agravado a crise. Usina eólicas e solares mal planejadas, agronegócio, monoculturas irrigadas e mineração intensiva ocupam o território sem respeitar limites ambientais nem as comunidades locais”, destaca.

Apesar da vulnerabilidade de suas áreas, o Semiárido brasileiro vem conquistando protagonismo como laboratório de resiliência e exemplo de convivência com os efeitos das adversidades climáticas, principalmente por meio de práticas agrícolas sustentáveis e regenerativas, ao mesmo tempo em que protege sua biodiversidade.

“No coração do Semiárido, brotam práticas de Agroecologia, cisternas comunitárias, quintais produtivos e bancos de sementes crioulas. Experiências que mostram que resistir é possível e que regenerar a terra é também regenerar a dignidade. É o momento de fazermos do Semiárido um espaço de produção de soluções que contribuam para reverter o quadro atual de degradação e promover a sustentabilidade na nossa região. Ao lado de nossos parceiros, instituições científicas e comunidades locais, vamos trilhar o caminho para garantir um futuro próspero para o Semiárido brasileiro”, ressalta Aldrin Marin.

Para o pesquisador, a convivência com o Semiárido, a preservação da Caatinga e o combate à desertificação exigem uma abordagem integrada que contemple as potencialidades da região e promova soluções adequadas às suas características ambientais e sociais. Esse caminho envolve uma mudança de paradigma, especialmente em relação ao modelo de desenvolvimento econômico atual.

“O sistema de consumo desenfreado e o modelo econômico linear de produção e exploração dos recursos naturais são incompatíveis com a ideia de desenvolvimento sustentável. Para combater a desertificação, é necessário adotar uma visão holística, que priorize a conservação ambiental e a justiça social”, ressalta.

Caminhos para soluções-Marin destaca como caminho para soluções a transição para energias renováveis, como a eólica e a solar, que já representam uma parte significativa da matriz elétrica brasileira, mas enfatiza que a transição deve ser acompanhada por uma gestão que respeite os ecossistemas e os direitos das populações locais. A democratização do acesso à terra, a regularização fundiária e a garantia dos direitos territoriais das comunidades quilombolas e povos indígenas como questões fundamentais para o avanço de um modelo de desenvolvimento mais justo e sustentável.

“Precisamos substituir a lógica de ‘viver melhor’, que assume um crescimento ilimitado e a exploração desenfreada dos recursos naturais, pelo ‘bem viver’. Conceito baseado em suficiência, equilíbrio e harmonia com o meio ambiente, que propõe um modelo de desenvolvimento mais sustentável, que respeita os limites naturais do Planeta”, finaliza.

As diretrizes propostas pela Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (UNCCD) indicam que o enfrentamento da desertificação deve ir além da recuperação ambiental, devendo promover mudanças estruturais nos territórios, com participação social, valorização dos saberes locais, transversalidade nas políticas públicas e fortalecimento da resiliência comunitária.

Para enfrentar esses desafios, a Sudene vem atuando por meio do Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste (PRDNE), com duração entre os anos de 2024 e 2027, abordando a desertificação como um desafio estratégico para o Nordeste brasileiro, com ações específicas voltadas para o combate e a mitigação desse processo:

Recuperação de ecossistemas degradados, com prioridade para o bioma Caatinga, mediante ações de revegetação, manejo sustentável do solo e implementação de sistemas agroflorestais adaptados ao Semiárido

Ampliação da infraestrutura hídrica, com construção de barragens, cisternas e sistemas de irrigação eficientes, garantindo acesso à água para consumo humano e produção

Fomento a práticas produtivas resilientes, como a Agroecologia e a criação de animais adaptados, associadas a programas de capacitação técnica e acesso a mercados

Monitoramento e alerta precoce, com modernização de sistemas de acompanhamento da degradação do solo e integração de dados climáticos (Fonte_Agencia Eco Nordeste/Alice Sales e Isabelli Fernandes)

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JORNALISTA NEY VITAL RECEBERÁ MENÇÃO HONROSA EM EXU, TERRA DE LUIZ GONZAGA

O  jornalista Ney Vital vai receber na quinta-feira  (11) uma Menção Honrosa da Prefeitura do Exu, Pernambuco. O reconhecimento é justificado pela dedicação e contribuição para o desenvolvimento turístico, educativo e cultural de Exu, Terra de Luiz Gonzaga e de Barbara de Alencar.

A cerimônia será realizada durante a inauguração do CAT GONZAGUINHA-Centro de Atendimento ao Turista), às 18hs na Praça da Estátua de Luiz Gonzaga.

Ney Vital é jornalista e técnico em agroecologia e atua há mais de 30 anos na produção de jornalismo para TV e Rádio. Atua no Sistema de Comunicação REDEGN e aos domingos 10hs, apresenta e produz o programa Nas Asas da Asa Branca Viva Luiz Gonzaga e seus Amigos, na Rádio Educadora do Cariri FM 102.1.

Em dezembro de 2020 Ney Vital recebeu o título de Cidadão da Cidade de Exu.


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IGUALDADE RACIAL AINDA É CENÁRIO DISTANTE, AVALIAM ATIVISTAS NEGRAS

Avanços obtidos por políticas como as cotas raciais e a demarcação de territórios quilombolas contratastam com um cenário de recrudescimento da violência racial e movimentos que negam o racismo. Na visão de ativistas do movimento negro ouvidas pela Agência Brasil para o Dia da Consciência Negra, a igualdade racial ainda é um cenário distante, mas a luta da população negra avança em sua direção. 

A assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Carmela Zigoni, não acredita que haja muito a ser comemorado no Brasil em termos de avanços em igualdade racial.

“São muitos os desafios ainda. A gente está longe de alcançar uma equidade racial de fato no Brasil, um país muito racista. E o avanço também dessa ideologia conservadora volta com uma série de práticas que estavam até melhorando, como o racismo mais direto, mais violento, a exemplo do que aconteceu com a invasão de uma escola que estava ensinando a história da cultura afro-brasileira e a professora foi ameaçada”, criticou Carmela, em entrevista à Agência Brasil.

Carmela se referiu à invasão da escola Emei Antônio Bento, situada no bairro do Butantã, na capital paulista, por policiais militares armados, depois de terem recebido a ligação do pai de uma criança de 4 anos que desenhou um orixá em uma tarefa escolar. O pai também é militar e não gostou que a filha estivesse aprendendo sobre a história e a cultura afro-brasileiras, apesar de a Lei 10.639/2023 garantir que o ensino sobre a contribuição afro-brasileira é uma obrigação das escolas. O caso ocorreu no último dia 12 e provocou repúdio de parlamentares e entidades.

“Então, acho que a gente deu alguns passos para trás como sociedade e como instituições também, porque a gestão do governo Bolsonaro foi extremamente racista, ao retirar a política de igualdade racial do plano de governo”, acrescentou.

Ela elogiou a retomada da política de igualdade racial no país pelo governo federal, que colocou a política de novo no plano plurianual, fez os decretos de regularização fundiária para as populações quilombolas e começou a colocar orçamento para essa política pública acontecer.

Para Carmela, a reestruturação da política de igualdade racial em âmbito federal e, principalmente, do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), bem como o retorno do orçamento para essa política pública, são os pontos positivos a serem destacados no Dia da Consciência Negra.

Na análise da ativista de direitos humanos e fundadora da organização não governamental (ONG) Criola - Pelos Direitos das Mulheres Negras, Lúcia Xavier, a mudança de um governo conservador para outro mais democrático melhorou um pouco o ambiente para a população negra brasileira.

"Mas [isso] não pode ser entendido como avanço dos direitos, sobretudo da população negra, como igualdade racial ou mesmo pelas condições dos direitos das mulheres”, disse à Agência Brasil.

Apesar disso, para Lúcia, há muitas boas intenções, mas nada que vença a desigualdade e impeça o nível de violência e desigualdade a que essa população está exposta.

“Você tem uma ação afirmativa voltada para a educação, o que é uma coisa muito positiva, mas, em compensação, não tem trabalho, há uma violência policial enorme, você tem dificuldade de permanecer nas universidades, os trabalhos com melhores condições não estão disponíveis para essa população, e você acaba sofrendo as consequências desse processo”.

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"MESTRINHO DE DISCÍPULO AGORA É MESTRE", DIZ GILBERTO GIL

Nome de batismo é Edivaldo Junior Alves de Oliveira. No mundo da música brasileira e internacional é Mestrinho. O cantor, compositor e sanfoneiro Mestrinho, ao lado dos cantores João Gomes e Jota.pê, conquistou o Grammy Latino 2025, com o álbum "Dominguinho". A entrega do prêmio aconteceu na última em Las Vegas, nos Estados Unidos.

Este final de semana Mestrinho esteve em Fortaleza. Durante o show, Eterno Rei, Gilberto Gil declarou: "o discípulo de Dominguinhos, agora também é mestre". Mestrinho visitou o escritor da biografia de Luiz Gonzaga, Paulo Vanderley que através das redes sociais destacou a festa do centenário de Luiz Gonzaga em Exu, quando Mestrinho tocou para Dominguinhos naquele que foi a ultima apresentação do mestre Dominguinhos.

Mestrinho é um sanfoneiro, cantor e compositor, considerado um dos discípulos mais proeminentes de Dominguinhos. A relação musical entre os dois começou quando Dominguinhos convidou Mestrinho para tocar em seus shows, e o mestre, vendo o potencial do jovem, o incentivou.

O jornalista Renato Teixeira/Jornal Unesp, define que Mestrinho carrega a herança de Dominguinhos e Luiz Gonzaga em seu trabalho, mas busca inovar e trazer sua própria personalidade musical. Mestrinho sente que Dominguinhos o ensinou não apenas sobre música, mas sobre a vida, e que o mestre era a personificação de sua música.

“Eu não escolhi a música, a música me escolheu. Quando vi, não havia outro caminho a seguir.” É esse sentimento forte de vocação, combinada com muito talento, que está por trás da trajetória de um dos principais sanfoneiros do Brasil hoje. Mestrinho foi discípulo de um dos principais nomes do instrumento no Brasil, Dominguinhos, e já compartilhou o palco com luminares da MPB do porte de Gilberto Gil, Hermeto Pascoal e Elba Ramalho.

Nascido na cidade de Itabaiana, Sergipe, em 1988, Erivaldo Júnior Alves de Oliveira, o Mestrinho, sempre viveu dentro de um universo musical. Neto do tocador de sanfona de “oito baixos” Manezinho do Carira, filho do sanfoneiro Erivaldo de Carira, e tendo como irmãos a cantora Thaís Nogueira e o também sanfoneiro Erivaldinho, ele herdou um DNA musical. Começou a tocar sanfona na infância e desde pequeno foi influenciado pela música de Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Sivuca, Oswaldinho do Acordeon, Hermeto Pascoal, Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Gilberto Gil, Milton Nascimento e Elba Ramalho, entre outros.

“A minha relação com a música começou antes de eu nascer, pois quando minha mãe estava grávida, ela já sonhava com um filho sanfoneiro. Nasci num berço musical, ouvindo muita sanfona, iniciando com Luiz Gonzaga. Com 5 anos ganhei meu primeiro acordeon e comecei a tocar. Asa Branca foi a primeira música que aprendi. Depois fui aprendendo outras canções. Desde então, minha relação com a música foi e continua sendo de muito carinho, valorização e respeito, pois é uma coisa preciosa em minha vida”, diz.

Desde o início, sua formação musical seguiu por uma via natural, intuitiva e autodidata. Apesar de frequentar por um breve período uma escola de música, seu aprendizado principal se baseava em sua grande percepção musical e auditiva. Graças a ela, rapidamente conseguia executar e reproduzir em seu instrumento as notas e acordes que escutava. Esta facilidade abriu caminho para a precoce decisão de viver de música.

“Não lembro muito do meu processo de aprendizagem, não tenho essa memória do  tipo ‘comecei aqui, desenvolvi ali’. Foi como se eu tivesse dormido e acordado sabendo tocar música. Por isso também não tenho didática para dar aulas, apontar um ou outro caminho. Deixo para os professores o ensino. Eu não me considero um professor, me considero uma pessoa que explora a música”, diz.

Já aos 17 anos, Mestrinho e sua irmã se mudaram de Aracaju para São Paulo e criaram o Trio Juriti. Juntos participaram de festivais e se destacaram pela composição da música autoral “Mais um dia sem te ver”. Ainda nesse trio gravaram dois álbuns intitulados Forró irresistível e Cara a Cara que contaram com a participação dos emboladores Caju e Castanha e com a produção do compositor João Silva, um dos maiores parceiros de Luiz Gonzaga.

Desde o início, o estilo de forró tradicional predominou na trajetória de Mestrinho. Porém, após conviver e tocar com Dominguinhos, o músico sergipano ampliou sua percepção sonora e alçou novos voos artísticos.

“Dominguinhos é um Deus da música pra mim. Um dos maiores artistas e músicos no quesito do conhecimento puro da música, da conexão única que existe entre o universo e a música. Ou seja, as mensagens que a gente recebe do universo e transforma em música”, diz. 

” Essa vivência foi uma espécie de reconexão. Como se nos conhecêssemos de outra vida e nos reencontrássemos, pois a gente acreditava em muitas coisas similares. A humildade, os conselhos de vida, da música… Dominguinhos me fez enxergar a importância do respeito pela música. A  fazer o melhor para a música, fazer música para melhorar o dia das pessoas, e não para o meu ego ou de outras pessoas. Comecei a enxergar a música de outra forma, com outras características. A usar harmonia moderna, tocar jazz… Ele abria esses caminhos e a partir daí pude ouvir outros gêneros que abrangem a música nordestina e também sonoridades modernas.”

Durante sua carreira, além de Dominguinhos, Mestrinho já teve a honra de dividir o palco com artistas consagrados como os já mencionados  Gilberto Gil, Hermeto Pascoal e Elba Ramalho, além de Rosa Passos, Antônio Barros e Cecéu, Zélia Duncan, Geraldo Azevedo, Jorge Aragão, Gabriel o Pensador, Paula Toller, Luciana Mello, Diogo Nogueira, Toni Garrido, Margareth Menezes, Elza Soares, Benito di Paula e Zeca Baleiro, entre outros.

Em 2014 lançou o primeiro álbum solo, intitulado Opinião, que conta com a participação do Gilberto Gil na faixa “Superar” de autoria do próprio Mestrinho. O trabalho também traz a participação de sua irmã Thais Nogueira na faixa “Arte de quem se ama” do compositor Elton Moraes. O álbum teve uma excelente repercussão de mídia e público. De lá pra cá, Mestrinho lançou outros diversos trabalhos, singles e canções que ampliam sua popularidade e o colocam como um dos principais nomes do acordeon no Brasil. 

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