DIA DE SÃO JOSÉ: O SANTO QUE PROPORCIONA CHUVAS

No sertão nordestino, o Dia de São José, celebrado em 19 de março, carrega uma antiga crença: se chover até a data do santo, o ano será de boas chuvas e colheitas fartas. A tradição, passada de geração em geração, é lembrada e louvada por muitas famílias. Por isso, o dia é esperado com grande expectativa, seja pelas festas para o santo que mobilizam cidades, ou pelo aguardo da previsão.

Em Juazeiro, no norte da Bahia, a fé resiste na comunidade do Rodeadouro, da qual o santo é padroeiro. A moradora Célia Regina, 68, conta que, por lá, há, inclusive, um bendito (tipo de oração) especial para pedir chuva: "Tem vezes que está até chovendo quando a gente está rezando a novena. Quando começa a quebrar o bendito, o pessoal diz: 'Eita, ainda vai pedir mais chuva!".

Ela acrescenta que a oração não garante a queda d'água, mas fortalece a fé de quem cultiva esse costume dos antepassados: "A gente já cresceu assim, desse jeito. Não é que a chuva venha só porque a gente rezou – ela vem quando tem que vir –, mas a gente tinha essa fé".

E, de fato, a fé não costuma falhar. Registros da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), por exemplo, mostram que, no Ceará, choveu no Dia de São José em todos os últimos 21 anos.

Para a ciência, no hemisfério sul, a explicação é que a data acontece próxima ao equinócio de outono, período em que as chuvas costumam ser mais intensas. Além disso, a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), principal sistema responsável pelas chuvas no semiárido nordestino, atinge seu auge entre fevereiro e maio.

No entanto, a vida e a fé vão além. Para este dia 19, segundo o instituto ClimaTempo, a previsão não aponta chuva, mas a fé do Rodeadouro tem a força de mudar destinos.

Plantar no Dia de São José dá sorte?

Além das novenas, outro costume popular é plantar milho no dia do santo. Se, por um lado,  isso é garantia de 'fartura', por outro, é também certeza de colheita na época das festas juninas. Isso porque, tipicamente, o milho leva cerca de 90 dias para crescer, ficando pronto para a colheita justamente no tempo de São João. A fé dá força para o plantio e a sabedoria popular reforçam a ideia com um ditado antigo:

"Quem plantou em São José, no São João nunca falhou", canta Célia. Não só o milho, mas feijão, macaxeira e outros alimentos típicos também costumam ser plantados na data.

Por isso, a comunitária Ovídia Izabel de Sena, 76, diz que o dia é especial não só para os devotos, mas "para os agricultores, para pedir chuva, para que possa ter uma grande fartura pela frente", comenta.

Ainda assim, ela ressalta que, embora antigamente muitos agricultores da comunidade seguissem o costume do plantio no dia 19 de março, hoje em dia já não se sabe mais da sua realização, pois a agricultura familiar na região tem dado lugar aos grandes cultivos.

"São poucas as pessoas que têm pedacinhos de terra hoje. Já os grandes agricultores não costumam cultivar milho. Eles cuidam mais de melão, melancia e manga, que são os alvos aqui na comunidade", explica.

Seja como for, para além das chuvas, a comunidade possui uma relação fraternal com o santo, pedindo, no dia 19, por proteção, força para enfrentar dificuldades e auxílio aos irmãos. "A nossa comunidade é turística, possui muito movimento de pessoas. E São José cuida muito bem da gente e das nossas famílias", diz Ovídia.


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PROCISSÃO DAS SANFONAS DE TERESINA-EXISTIRMOS: A QUE SERÁ QUE SE DESTINA?

 

Procissão das Sanfonas de Teresina – Existirmos: a que será que se destina?

 A Procissão das Sanfonas de Teresina surgiu do sonho dos gonzaguianos piauienses de preservar e espalhar o legado de Luiz Gonzaga.

Gonzaguianos é um grupo formado por fãs do sanfoneiro Luiz Gonzaga (mais conhecido na música popular brasileira como “O Rei do Baião”. Ele nasceu na cidade de Exu, sertão de Pernambuco, no dia 13 de dezembro de 1912).

Foi esse sentimento de cuidado que motivou o grupo intitulado “Colônia Gonzaguiana de Teresina” para que, juntos, tornassem real a concretização do movimento cultural que é a Procissão das Sanfonas de Teresina— festividade que leva, anualmente, no dia 2 de agosto, data da morte de Luiz Gonzaga, a música do Rei do Baião pelas ruas do Centro de Teresina-PI.

Em 2025, o cortejo cultural completa 17 anos. Um momento sempre marcado pela união, música e pelo reconhecimento das personalidades que tanto contribuíram para a construção da identidade nordestina, além de celebrar marcos importantes na história regional.

A festividade reúne sanfoneiros e admiradores da cultura nordestina em um percurso que começa na Igreja Catedral de Nossa Senhora das Dores, na Praça Saraiva, onde ocorre a bênção das sanfonas. Em seguida, o desfile musical passa pelo calçadão da Rua Simplício Mendes, no centro comercial, até chegar ao Museu do Piauí, na Praça da Bandeira, onde acontecem apresentações dos músicos que acompanham o cortejo cultural danado de bom. 

Em 2021, a Procissão conquistou o Prêmio Profissionais da Música (PPM), ao concorrer na modalidade Criação e Categoria ‘Som na Rua’. O PPM é considerado uma das maiores e a mais abrangente das premiações do setor musical do Brasil. Em agosto de 2020, pela primeira vez, o evento ocorreu de forma virtual, devido à pandemia. Essa edição concorreu e levou o Prêmio.

Em um videoclipe, os forrozeiros apresentaram “Maria passa na frente”. A música homenageava Maria da Inglaterra, compositora piauiense que faleceu em 2020, e o multi-instrumentista Sivuca, que completaria 90 anos, à época.

“Em 2007, em uma conversa despretensiosa com o memorialista gonzaguiano Reginaldo Silva disse-lhe que tínhamos que fazer alguma coisa no dia 2 de agosto, dia do falecimento de Luiz Gonzaga. Muitas pessoas, no dia do falecimento, só fazia a missa ou alguma celebração religiosa.  Falei com o Reginaldo que Gonzaga era um homem festeiro. Aí, veio a ideia da Procissão das Sanfonas. Falamos com o professor Cineas, então presidente da Fundação Cultural Monsenhor Chaves que nos encaminhou para Vagner Ribeiro. E assim, em 2008, saiu a primeira edição da Procissão das Sanfonas. Vários sanfoneiros em cima de um caminhão rodando o centro de Teresina até chegar à praça do Liceu. Depois, mudamos o encerramento para o Museu do Piauí”, recorda o professor de Física do Instituto Federal do Piauí (Ifpi), Wilson Seraine. Ele é idealizador do evento e soma mais de 20 anos dedicados à pesquisa e divulgação da história e da obra de Luiz Gonzaga.

Seraine é considerado o maior colecionador e pesquisador de Luiz Gonzaga no Piauí e um dos maiores do país. Ele também apresenta o programa semanal: A Hora do Rei do Baião. Entre os trabalhos organizados por ele que abordam a temática Gonzaguiana estão: Cordéis Gonzaguianos – Antologia; A Festa da Asa Branca – uma história com pássaros cantados por Luiz Gonzaga; Causos Gonzaguianos Ilustrados; Reginaldo Silva: 12 anos com o Rei do Baião; CD Luiz Gonzaga em Alemão; Os Bichinhos de Luiz Gonzaga e Luiz Gonzaga em Palmeirais.

“Nossa intenção é também atrair os jovens para esse movimento de valorização da cultura nordestina. Colaborar com a revitalização do Centro de Teresina. E, claro, valorizar o legado e o trabalho daqueles que muito fizeram e fazem pela cultura regional”, explica Wilson Seraine.

A cada edição, cresce o número de jovens sanfoneiros e sanfoneiras que se juntam ao cortejo, o que atesta que a sanfona não é apenas um instrumento do passado, mas uma peça fundamental para o futuro da música nordestina.

Para além de um evento, a Procissão é uma manifestação democrática da cultura nordestina, e uma demonstração de que o sonho dos gonzaguianos que idealizaram esse evento, se tornou realidade, ganhou inúmeros adeptos em todas as gerações e transformou-se em um símbolo de resistência cultural. Unidos por esses propósitos, os gonzaguianos se mobilizam para o próximo 2 de agosto, momento de mais uma vez reafirmar a identidade, compartilhar ideais e celebrar a diversidade. 

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COLÔNIA GONZAGUIANA DO CARIRI PROMOVE PROCISSÃO DOS SANFONEIROS

O Crato, Ceará, Luiz Gonzaga visitava frequentemente e por isso deixou amigos, canções e lembranças. "Eu vou pro Crato, vou matar minha saudade. Ver minha morena, reviver nossa amizade". Eternizada na voz Luiz Gonzaga,

"Eu vou pro Crato" é uma homenagem à cidade que sempre acolheu o Rei do Baião, que, no dia 02 de agosto, sábado, completa 36 anos de saudades desde que "partiu para o "Sertão da Eternidade".

No dia 5 de julho, o Cariri se tornará palco de uma das mais vibrantes e emocionantes manifestações culturais do Nordeste brasileiro. A I Procissão dos Sanfoneiros do Cariri vai homenagear Luiz Gonzaga, celebrando os 36 anos de saudades do eterno Reio do Baião. O evento vai reunir sanfoneiros dos 32 municípios que formam o Cariri, entre eles o Juazeiro do Norte do Padre Cícero.

O evento vai acontecer no Crato, às 9h30 e a Procissão dos Sanfoneiros vai percorrer as principais ruas do centro, os "Caminhos de Luiz Gonzaga no Crato", lugares que o sanfoneiro reverenciava, exemplo Praça Siqueira Campos,  Crato Tênis Clube, Urca e Praça da Sé.

A Procissão dos Sanfoneiros foi definida durante reunião dos membros da Colônia Gonzaguiana do Cariri que aconteceu na noite de sexta-feira (14), na Casa de Cultura Festa no Sertão, espaço cultural idealizado pelo radialista José Ideval da Silva, Seu Zezé. Os membros do Grupo de Amigos e Admiradores do Reio do Baião, de Caririaçu, estiveram presentes.

Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, é uma das figuras mais importantes da música brasileira, responsável por popularizar o forró e outras tradições musicais do Nordeste. Seus 36 anos de falecimento serão lembrados com muita música e emoção.

Reginaldo Silva, memorialista e produtor cultural que trabalhou com Luiz Gonzaga explica que a Procissão dos Sanfoneiros será mais uma das mais ricas e emocionantes homenagens ao Sanfoneiro do Povo de Deus, Luiz Gonzaga, um momento de união, música e reconhecimento da arte gonzaguiana.

O historiador, Huberto Cabral, Doutor Honoris Causa da Universidade Regional do Cariri, considerado uma ‘enciclopédia viva’ da história regional, ressaltou a paixão que Luiz Gonzaga tinha pelo Crato.

"Uma justa homenagem. Luiz Gonzaga é exemplo de identidade cultural e merece todas as homenagens pelo cidadão brasileiro e que também recebeu título de Cidadão do Crato", finalizou Humberto Cabral.

O jornalista Ney Vital. Colaborador da REDEGN, durante entrevista ao Programa de Rádio Nordestão Sertanejo, exibido pela Rádio Educadora ressaltou que no mundo globalizado, toda e em especial atração cultural e turística que tem Luiz Gonzaga é fator de geração de renda e emprego. Na arte os gênios são os que revolucionam e por isso a Procissão dos Sanfoneiros do Cariri será um marco na história da região.

LUIZ GONZAGA E O CRATO-JUAZEIRO: Nascido em Exu, Luiz Gonzaga era apaixonado pelo Crato e Juazeiro. Huberto Cabral cita que era comum Luiz Gonzaga visitar o Município, principalmente no período da construção do Parque Aza Branca, em Exu, inaugurado em 1989, após a sua morte. 

A relação com o Crato, porém, começou bem antes. Na infância, Luiz e seu irmão, Zé Gonzaga, acompanhavam o pai, Januário, na feira da cidade, onde vendiam corda. Após sucesso na região Sudeste, na década de 1940, Gonzaga, já adulto, retornou ao Município para fazer seu primeiro show em solo cearense, no Cine Casino Sul Americano, no dia 10 de julho de 1946. Com plateia lotada, o Rei do Baião cantou e puxou a sanfona com alguns de seus sucessos, como "Vira e Mexe" e "Baião" e "No meu pé de serra".

Luiz Gonzaga animava os leilões da festa de São Francisco. Ele ajudou a arrecadar muito dinheiro para a construção do Hospital São Francisco e da Igreja de São Francisco.

"Ele obrigatoriamente transitava pelo Crato quando ia para Exu. Em 1951, inaugurou a Rádio Araripe, junto com Januário e Zé Gonzaga. O mesmo aconteceu em 1959, quando inaugurou a Rádio Educadora do Cariri. Antes disso, realizou o primeiro Show da Exposição do Crato no Parque Pedro Felício. Ele foi um grande benfeitor da Expocrato. Todo ano ele vinha", lembra o radialista Huberto Cabral.

Além da exposição, Luiz Gonzaga realizou shows na Praça da Sé, no Crato Tênis Clube e na AABB. O título de Cidadão do Crato,  ele recebeu em 1964, e a medalha Bárbara de Alencar.

Sempre que ia ao Crato, Luiz Gonzaga se hospedava na casa do amigo Manoelito Parente. A ligação começou desde os tempos de menino, no Exu, quando trabalhou na Fazenda Manoçoba, apanhando algodão. O dono da plantação era o pai de Hilda Parente, esposa de Manoelito. Depois que retornou, já consagrado "Rei do Baião", o cantor retomou o contato e começou a amizade com a família. "Quando vinha pra cá, ele começou a se arranchar lá em casa", conta Hildelito Parente, músico e filho do casal Hilda e Manoelito

"Meu pai falou com ele quando a Igreja de São Francisco estava em construção. Eles queriam que ele fizesse uma participação para tirar uma graninha para a igreja. Quando meu pai soube que ele era de Exu, e minha mãe também era de lá, ele fez o contato. Eles recordaram a amizade de jovens. Aí a amizade ficou mais aproximada", completa.

Hildeleito Parante teve duas músicas gravadas por Luiz Gonzaga "Sou do Banco", e "Bandinha de Fé".

Recentemente, Luiz Gonzaga ainda inspira muitas pessoas, como o menino Pedro Lucas Feitosa, que aos 12 anos, criou o Museu Luiz Gonzaga, no distrito de Dom Quintino, no município de Crato.

O gosto pelo artista começou aos cinco anos, quando ouviu "Asa Branca" na festa junina da escola. "Eu voltei pra casa cantando essa música e minha tia ouviu. Eu errava a letra, ela completava. Aí, ela me deu um CD e MP3 e aprendi mais músicas. Era ouvindo todo dia", conta o estudante.

Em 2013, visitou o Parque Aza Branca, em Exu, e se inspirou no Museu de Luiz Gonzaga e criou seu próprio museu aos oito anos. "Como aqui no Dom Quintino não tinha nenhum ponto turístico, tornei a casa antiga da minha bisavó o museu", explica. Lá, ele reúne objetos antigos, como rádio, ferramentas, máquina de escrever, além, claro, de fotos, cartaz, jornais, folhetos, discos, CDs do "Velho Lua". Tudo doado a partir da divulgação no rádio e TV.

"É Luiz Gonzaga sempre modernidade", finaliza Pedro.

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PATATIVA DO ASSARÉ COMPLETARIA 116 ANOS NESTA QUARTA-FEIRA, 5 DE MARÇO 2025

Neste 5 de março, Antônio Gonçalves da Silva, o eterno Patativa do Assaré, completaria 116 anos. Cantador, repentista, compositor e referência da poesia popular brasileira, o filho de Assaré deixou um legado que atravessa gerações.

Patativa foi porta-voz do povo excluído de seu tempo e denunciou as desigualdades sociais. Criou versos que retratavam a vida simples do homem do campo e preservou a oralidade de seus saberes profundos. Sua voz e sensibilidade única ultrapassaram as fronteiras do Ceará.

As obras “Inspiração Nordestina” (1956) e “Cante Lá Que Eu Canto Cá” (1978) lhe consolidaram entre os grandes da literatura nacional. O cearense deixou sua arte registrada em livros e discos. A partir deste reconhecido acervo, vários outros artistas, pesquisadores, memorialistas e historiadores tiveram o primeiro contato com a literatura e puderam desenvolver seus trabalhos.

Os versos de Patativa ganharam vida na interpretação de artistas como Luiz Gonzaga (1912-1989), que eternizou os versos de “Triste Partida”, um dos mais profundos retratos acerca da migração nordestina.

Quase duas décadas após sua morte, em 2002, a memória do cearense prossegue como inspiração para sua gente. O Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), criou e concede a “Comenda Patativa do Assaré”. Além de homenagear o poeta, a honraria celebra aqueles que dedicam suas vidas à arte e à tradição popular.

Criada pela Lei Estadual n.º 16.511, de 12 de março de 2018, esta iniciativa reforça o compromisso do estado com a valorização dos saberes e fazeres do povo, incentivando a preservação e difusão das manifestações culturais.

A condecoração é dada a pessoas que se relacionam com uma ou mais linguagens artísticas (música, teatro, dança, circo, literatura, cultura alimentar, artes visuais, humor, moda, expressões culturais afro-brasileiras e indígenas, dentre outras) e/ou a cultura tradicional popular (reisados, lapinhas, caretas e bois, entre outras).

No aniversário de 116 anos de seu nascimento, Patativa do Assaré continua ecoando os fazeres e saberes de um povo, reafirmando a tradição e a memória dos nordestinos.

Para salvaguardar e projetar a arte do poeta, a Biblioteca Pública Estadual do Ceará (Bece) reúne rico acervo e traz ao público um especial encontro com as obras de Patativa, bem como autores e autoras que o estudaram.

Ao visitar o espaço público do Governo do Ceará, os visitantes podem apreciar as obras no setor de “Coleção Ceará”. O acervo é composto por uma série de trabalhos como poemas, cordéis, biografia, coletâneas e publicações acadêmicas.

A Bece reúne títulos como o já citado “Cante lá que eu canto cá”, “Patativa em sol maior: treze ensaios sobre o poeta pássaro” (2009) e “O melhor do Patativa do Assaré” (2020), lançado pela Secult Ceará e organizado pela referência nacional nos estudos de cultura popular, o professor, pesquisador e comunicador Gilmar de Carvalho (1949-2021).

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PAPA FRANCISCO ELOGIA O TEMA DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2025: ECOLOGIA

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lança nesta Quarta-Feira de Cinzas (5) a Campanha da Fraternidade 2025, com o tema Fraternidade e Ecologia Integral. 

Já o lema bíblico escolhido para a campanha e extraído do livro do Genesis é: “Deus viu que tudo era muito bom”.

Em nota, a CNBB destacou que a campanha foi inspirada na publicação da Carta Encíclica Laudato Si’ do papa Francisco que, em 2025, completa 10 anos; nos 800 anos da composição do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis; e na 30ª Conferência das Partes (COP30), a ser realizada em novembro em Belém.

“O objetivo geral da campanha é promover, em espírito quaresmal e em tempos de urgente crise socioambiental, um processo de conversão integral, ouvindo o grito dos pobres e da Terra”, informou a entidade.

A CNBB divulgou ainda uma mensagem enviada pelo papa Francisco em razão da Campanha da Fraternidade 2025. No documento, o pontífice louva o que chama de “esforço em propor o tema da ecologia, junto à desejada conversão pessoal a Cristo”.

O santo padre chama a atenção de toda a humanidade para a “urgência de uma necessária mudança de atitude” em nossas relações com o meio ambiente e recorda que a atual crise ecológica simboliza um apelo a uma profunda conversão interior.

“O meu predecessor de venerável memória, São João Paulo II, já alertava que era preciso estimular e apoiar a ‘conversão ecológica’, que tornou a humanidade mais sensível ao tema do cuidado com a casa comum”, destacou Francisco.

“Que todos nós possamos, com o especial auxilio da graça de Deus neste tempo jubilar, mudar nossas convicções e práticas para deixar que a natureza descanse das nossas explorações gananciosas”, concluiu.

Celebrada nacionalmente desde 1964, a campanha da fraternidade, de acordo com a CNBB, é um modo de a Igreja Católica no Brasil celebrar o período da quaresma, em preparação para a Páscoa, com atitudes de oração, jejum e caridade.

“O ponto alto da campanha é a coleta da solidariedade, realizada em todas as comunidades do Brasil no Domingo de Ramos – neste ano, nos dias 12 e 13 de abril. Os recursos são destinados a projetos sociais em todo o país.”


 

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CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2025 REFLETE SOBRE A ECOLOGIA E OS CUIDADOS COM O PLANETA TERRA

Os cuidados com o planeta Terra, a conscientização sobre coleta seletiva de lixo e a preservação do meio ambiente serão os temas em 2025 da Campanha da Fraternidade, promovida anualmente pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Com o tema “Fraternidade e Ecologia Integral” e o lema “Deus viu que tudo era muito bom”, a escolha da campanha em 2025 teve uma série de motivações, entre eles, os 800 anos da composição do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis; os 10 anos de publicação da Carta Encíclica Laudato Si’; a recente publicação da Exortação Apostólica Laudate Deum; os 10 anos de criação da Rede Eclesial PanAmazônica (REPAM) e a realização da COP 30, em Belém (PA), a primeira na Amazônia.

“Em 1225 São Francisco compôs o hino das criaturas e a justificativa é como se ele estivesse se reconciliando com a natureza, de modo que ele chama tudo na natureza de irmão: irmão Sol, irmã Lua, irmã Terra, porque ele se compreende parte da natureza”, lembra o coordenador arquidiocesano da Campanha da Fraternidade 2025, monsenhor Robério Camilo. 

Em relação a outra motivação para escolha do tema, a Carta Encíclica Laudato Si completa 10 anos neste ano, sendo uma das primeiras ações do Papa Francisco após sua escolha para a missão de Sumo Pontífice. O documento constituiu um marco em mil anos de Igreja Católica, sendo a única dedicada exclusivamente aos desafios ecológicos dos tempos atuais com o tema “O cuidado da Casa Comum”.

“Esse tema é interessante demais porque, além disso, as mudanças climáticas estão aí na nossa cara. O calor que estamos sentindo hoje não é de graça, ele tem um motivo, tem uma causa”, acrescenta.
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O VALOR DO CAFÉ E SUA IMPORTÂNCIA PARA A ECONOMIA E CULTURA DO BRASIL

Artigo: O valor do café e sua importância para a economia e cultura de nosso país

O café, uma bebida consumida em vários países, teve sua origem na África, nas terras altas da Etiópia (Cafa e Enária).

O nome “café”, pode ter sua origem na região de Cafa, sendo atualmente uma das bebidas mais consumidas no mundo.

Há diversos tipos de grãos de café (arábica, robusto, etc.) e algumas derivações, como o expresso, cappuccino, mocha, café gelado, café com leite, dentre outros.

Ultimamente tem se discutido muito acerca do aumento de preços da cesta de consumo nos supermercados e em especial do café.

O preço do café subiu 46% em 2024 nas gôndolas do varejo e passou a pesar mais no bolso do consumidor brasileiro. A bebida mais consumida no país vem sendo considerada um dos vilões da inflação de alimentos. E, pelo menos por enquanto, a tendência é continuar subindo.

Mas, além do aspecto econômico, o café serviu de inspiração para artistas famosos e até como instrumento de realização de sua obra de arte.

Candido Portinari é considerado um dos artistas mais importantes do Brasil. A pintura Café é considerada sua obra prima, com ela o artista recebeu a segunda menção honrosa na Exposição Internacional de Arte Moderna do Instituto Carnegie, em Nova Iorque.

Como ele nasceu em uma fazenda de café, esse tema aparecia de forma recorrente em seu trabalho. Nessa pintura, ele retrata o árduo trabalho diário realizado por mulheres e homens em uma plantação de café. É um retrato realista e ao mesmo tempo simbólico da época em que o café era considerado o ouro verde do Brasil.

Em Pernambuco temos um expoente da pintura utilizando o café, além de ser um grande amigo pessoal, Abrãao Figueiredo.

Ele se formou na Escola de Belas Artes no Recife na década de 1980. Além de ser aquarelista, também trabalha com acrílica e óleo, e é retratista. Ele também cria esculturas em papel machê, especialmente voltadas para ambientação infantil.

Além de suas habilidades artísticas, Abraão é conhecido por suas oficinas e workshops, onde ensina técnicas de pintura com café e outras práticas artísticas. Ele tem participado de várias exposições e eventos culturais, promovendo a inovação e a criatividade através de seu trabalho.

Abraão Figueiredo é um grande artista que se destaca por sua inovação ao utilizar café como meio de pintura. Ele é o idealizador de uma exposição que tive a honra de ter ido “O Café Que Nos Une”, que reuniu obras de artistas de diversos países, todos utilizando café como material artístico. A exposição contou com a participação de 28 artistas de lugares como Portugal, Estados Unidos, México, Noruega, Ucrânia, Singapura, Filipinas, Malásia, Alemanha, França, Ilhas Maldivas, Indonésia, Suíça, Equador, Iraque e Quirguistão.

A mostra destacou a beleza e a versatilidade do café como material artístico, além de incluir palestras e degustações de cafés especiais.

Sua exposição “O Café Que Nos Une” não só destacou a versatilidade do café como material artístico, mas também promoveu a cultura e a história da bebida de uma maneira única e envolvente.

E sobre amizades e café, lembro da célebre frase de Immanuel Kant:

“A amizade é semelhante a um bom café; uma vez frio, não se aquece sem perder bastante do primeiro sabor”.

Que a produção artística em nosso país e em nosso Pernambuco continue efervescente e saboroso como um bom café, bem como as boas amizades.


Sérgio Ricardo Araújo Rodrigues-Advogado e Professor Universitário
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