RITA LEE, RAINHA DO ROCK BRASILEIRO, MORRE AOS 75 ANOS

Rita Lee, uma das maiores cantoras e compositoras da história da música brasileira, morreu nesta segunda-feira (8), aos 75 anos. Ela foi diagnosticada com câncer de pulmão em 2021 e vinha fazendo tratamentos contra a doença.

A família da cantora divulgou um comunicado nas redes sociais dela: "Comunicamos o falecimento de Rita Lee, em sua residência, em São Paulo, capital, no final da noite de ontem, cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou". O velório será aberto ao público, no Planetário do Parque Ibirapuera, na quarta-feira (10), das 10h às 17h.

Rita ajudou a incorporar a revolução do rock à explosão criativa do tropicalismo, formou a banda brasileira de rock mais cultuada no mundo, os Mutantes, e criou canções na carreira solo com enorme apelo popular sem perder a liberdade e a irreverência.

Sempre moderna, Rita foi referência de criatividade e independência feminina durante os quase 60 anos de carreira. O título de “rainha do rock brasileiro” veio quase naturalmente, mas ela achava “cafona” - preferia “padroeira da liberdade”.

Rita Lee Jones nasceu em São Paulo, em 31 de dezembro de 1947. O pai, Charles Jones, era dentista e filho de imigrantes dos EUA. A mãe, a italiana Romilda Padula, era pianista, e incentivou a filha a estudar o instrumento e a cantar com as irmãs. 

Aos 16 anos, Rita integrou um trio vocal feminino, as Teenage Singers, e fez apresentações amadoras em festas de escolas. O cantor e produtor Tony Campello descobriu as cantoras e as chamou para participar de gravações como backing vocals.

Os Mutantes-Em 1964 ela entrou em um grupo de rock chamado Six Sided Rockers que, depois de algumas mudanças de formações e de nomes, deu origem aos Mutantes em 1966.O grupo foi formado inicialmente por Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias. 

Eles foram fundamentais no tropicalismo, ao unir a psicodelia aos ritmos locais, e se tornaram o grupo brasileiro com maior reconhecimento entre músicos de rock do mundo, idolatrados por Kurt Cobain, David Byrne, Jack White, Beck e outros.

O trio acompanhou Gilberto Gil em “Domingo no parque” no 3º Festival de Música Popular Brasileira da Record, em 1967, e Caetano Veloso em “É proibido proibir” no 3º Festival Internacional da Canção, da Globo em 1968, dois marcos da tropicália.

Os Mutantes também participaram do álbum “Tropicália ou Panis et Circensis”, de 1968, a gravação fundamental do movimento. 

Ela fez parte dos Mutantes no período mais relevante e criativo da banda, de 1966 a 1972. Gravou “Os Mutantes” (68), “Mutantes” (69), “A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado” (70), “Jardim Elétrico” (71) e “Mutantes e Seus Cometas no País dos Bauretz” (72).

O fim do relacionamento com Arnaldo Baptista coincidiu com a saída dela dos Mutantes. O primeiro álbum solo foi “Build up”, ainda antes de deixar a banda, em 1970. Ela também lançou “Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida”, em 1972, ainda gravado com o grupo.

A carreira pós-Mutantes tomou forma com o grupo Tutti Frutti, no qual ela gravou cinco álbuns, com destaque para “Fruto proibido”, de 1975, que tinha a música “Agora só falta você”.

A partir de 1979, ela começou a trabalhar em parceria com o marido Roberto de Carvalho, e se firmou de vez na carreira solo. Ela escreveu e gravou canções de pop-rock com grande sucesso.

Um dos álbuns mais bem sucedidos foi “Rita Lee”, de 1979, com “Mania de Você”, “Chega mais” e “Doce Vampiro”. No disco de mesmo título do ano seguinte, ela segue na direção mais pop e faz ainda mais sucesso com “Lança perfume” e “Baila comigo”. 

Ela era uma roqueira popular antes e depois de o gênero se tornar um fenômeno comercial no Brasil em meados dos anos 80. Entre os álbuns de destaque estiveram “Saúde” (1981) e “Rita e Roberto” (1985), com o qual os dois subiram ao palco do primeiro Rock in Rio. 

Entre 1991 ela começou um período de quatro anos separada de Roberto de Carvalho. O retorno foi em 1995, na turnê do álbum “A marca da Zorra”, quando ela também abriu os shows dos Rolling Stones no Brasil. No ano seguinte, eles se casaram no civil após 20 anos juntos. 

Em 1996, ela caiu da varanda do seu sítio, sob efeito de remédios, e quebrou o recôndito maxilar. Rita começou a tentar largar o álcool e as drogas, mas disse ao “Fantástico” que só conseguiu fazer isso em janeiro de 2006. 

Em 2001, RIta Lee ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa com “3001”. Ela ainda teria mais cinco indicações ao prêmio, e receberia em 2022 o prêmio de Excelência Musical pelo conjunto da obra.

Em 2012, ela anunciou que deixaria de fazer shows por causa da fragilidade física. “Me aposento dos shows, mas da música nunca”, ela escreveu no Twitter. 

Em 28 de janeiro daquele ano, no Festival de Verão de Sergipe, ela fez o show anunciado como último da carreira, quando ela discutiu com um policial. Ela foi acusada de desacato à autoridade, levada à delegacia e liberada em seguida. 

Rita Lee realmente nunca mais fez uma turnê. Mas ainda fez um show no Distrito Federal no fim de 2012, em que abaixou a calça para o público, e cantou no aniversário de São Paulo em 2013, ovacionada pelo público de sua cidade.

Seu último álbum de canções inéditas em estúdio saiu em abril de 2012. “Reza” era, então, seu primeiro trabalho de inéditas em nove anos. A faixa-título foi a música de trabalho, definida por ela como “reza de proteção de invejas, raivas e pragas”.

Ao todo foram 40 álbuns, sendo 6 dos Mutantes, 34 na carreira solo.

Em 2016, ela lançou “Rita Lee: uma autobiografia”. Uma das revelações do livro foi que ela foi abusada sexualmente aos seis anos de idade por um técnico que foi consertar uma máquina de costura de sua mãe em casa.

No livro, um sucesso de vendas, ela também falou com sinceridade sobre episódios da carreira, como quando foi expulsa dos Mutantes em 1972, e da vida pessoal, como a luta contra o alcoolismo.

Além da autobiografia, Rita Lee tem uma longa trajetória como escritora. A série “Dr. Alex” é de 1983, mas foi relançada em 2019 e 2020 e tem foco na luta pela causa animal e ambiental da cantora. Em março de 2023, ela anunciou "Outra Autobiografia", que está em pré-venda.

Ela também escreveu “Amiga Ursa: Uma história triste, mas com final feliz” na literatura infantil. “FavoRita”, “Dropz”, “Storynhas” e “Rita Lírica” são outros livros escritos pela cantora.

Na TV, Rita participou das novelas “Top Model”, “Malu Mulher”, “Vamp” e “Celebridade” em participações especiais.

Diagnóstico de câncer-Em maio de 2021, Rita Lee foi diagnosticada com câncer de pulmão. Ela seguiu tratamentos de imunoterapia e radioterapia.

Quatro meses depois, ela lançou o último single da carreira, “Changes”, em parceria com o marido Roberto de Carvalho e o produtor Gui Boratto.

Em abril de 2022, seu filho Beto Lee escreveu que ela estava curada do câncer.

Nos últimos anos, ela viveu em um sítio no interior de São Paulo com a família. Ela deixa três filhos: Roberto, João e Antônio.

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MANOEL GERALDO: UM TOCADOR AUTÊNTICO DE SANFONA DOS 8 AOS 120 BAIXOS

“A verdadeira sanfona é aquele instrumento menor, de oito baixos, onde abrindo o fole é uma nota e fechando é outra, ensinada de pai para filho, conhecido no interior do nordeste como pé-de-bode ou concertina, e no sul como gaita-ponto”. (Oswaldinho do Acordeon)

A definição acima é compreendida pelo sanfoneiro Manuel Geraldo, pai do músico percussionista Paulo Henrique (PH Lucas). A familia perdeu recentemente seu Pedro Rodrigues, que viveu 101 anos. A partida de seu Pedro representa que o mundo da sanfona de 8 baixos fica cada vez mais sem ícones que possam ensinar aos mais jovens e manter a tradição da cultura de tocar 8 Baixos.

Com a morte de seu Pedro, Manuel Geraldo, mantem a puxada da sanfona de 8 baixos. Manuel Geraldo é um dos poucos sanfoneiros que toca sanfona de 8 baixos e também a de 120 baixos.

Na atualidade são poucos os sanfoneiros de 8 Baixos que continuam mantendo a sonoridade considerada uma arte. O músico e neto PH Lucas, disse que o avô "era pura alegria e amante da música e da sanfona de 8 Baixos",

Manuel Geraldo, e considerado um dos mais talentosos da região, toca sanfona de 8 e de 120 baixos, um dos poucos sanfoneiros que possui este conhecimento.

"Meu pai, Pedro Rodrigues partiu. Cumpriu a missão na terra. Deixou uma história de determinação", disse Manuel Geraldo.

"Quem sabe tocar sanfona de oito baixos hoje está ficando velho, morrendo. É preciso renovar, buscar novos talentos, para a tradição não morrer". Essa é preocupação do sanfoneiro paraibano Luizinho Calixto, que há mais de 20 anos inicia crianças no instrumento, famoso nas mãos de Januário, pai de Luiz Gonzaga. O músico desenvolveu uma didática para facilitar o ensino, que carece de professores em todo o Nordeste. Em 2012, ano do centenários de Luiz Gonzaga, Luizinho Calixto realizou uma oficina para alunos de Exu Pernambuco que receberam o certificado de que aprenderam os primeiros passos na "pé de bode".

A sanfona de oito baixos é dividida em baixo, fole e teclado com 21 teclas. Cada tecla faz um som diferente quando o fole abre e fecha, ou seja, são 42 sons ao todo. As teclas do baixo têm que ser tocadas na hora certa, em harmonia com as do teclado. "A sanfona de oito baixos veio da Europa com uma afinação diatônica. Quando chegou aqui no Nordeste, alguém transportou, não se sabe o porquê nem baseado em quê, a afinação para o dó-ré, que é única no mundo todo", explicou Luizinho Calixto.

Esta falta de informação sobre a sanfona de oito baixos foi um desafio que o músico teve que vencer para poder elaborar a oficina de iniciação. "Diziam que só tocava quem tinha dom ou um parente na família para ensinar. Mas criei um sistema onde cada tecla é um número. Se a tecla está pintada de vermelho, é para fechar. De azul, para abrir. Assim, os meninos olham e pronto, já saem praticando sozinhos", disse. 

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O FORRÓ É PARA QUALQUER ÉPOCA MAS TEM PERDIDO ESPAÇO, NÃO É VALORIZADO COMO DEVERIA SER EM FESTA COMO O SÃO JOÃO, DIZ MACIEL MELO

Poeta e cantador quando cisma de melodiar um fato e dar letra a um causo "qualquer", não há impedimento que o remova da ideia. "Todo show que eu faço, tem uma galega perto do palco".

Justificativa razoável o suficiente para criar um xote e chamá-lo de "Xote da Galega" e, assim, celebrar galegas forrozeiras e apreciadoras de um dos nomes mais atuantes em prol da cultura nordestina, o cantor, compositor, poeta e escritor Maciel Melo, 61. 

Foi ele quem deu voz à composição de Glauber Martins, lançada no último mês de março e, por óbvio, em plena circulação às vésperas dos festejos juninos que já pairam na Região e, especificamente, Pernambuco afora.

DO SERTÃO PARA O MUNDO-De Iguaracy, cidade do Sertão pernambucano, distante pouco mais de 350 Km do Recife, Maciel segue ileso aos costumes e progressos (?) da "cidade grande".

Em visita à Folha de Pernambuco para uma prosa - e das boas - foi de sandália e o típico chapéu que o identifica sombreando os óculos, outro dos seus acessórios inconfundíveis, que ele deu as caras, atestando também pelo sotaque o quanto suas andanças ao longo de pouco mais de 40 anos de carreira Brasil e mundo afora, e pelo menos 400 composições, não lhe tiraram a essência de sertanejo estilo "caba da peste", admirador de Gonzaga e defensor do forró em toda sua legitimidade. 

"O forró é para qualquer tempo e palco, mas tem perdido espaço, não é valorizado, não é protagonista como deveria ser em festa como o São João. Acho que cabe todo mundo, todos os ritmos em todo lugar, mas precisamos de mais atenção", ressalta o "Caboclo Sonhador", em conversa que, claro, desaguou para o resfolego da sanfona dos festejos juninos.

"Estarei no São João da Roça em Caruaru, no próximo dia 19, lá em Terra Vermelha, e estou muito feliz por isso, pelo forró que vai chegar por lá, em um polo descentralizado", comentou Maciel que, além da "Capital do Forró", estará no dia seguinte, 20 de maio, em Serra Negra (Bezerros). Da agenda também constam passagens pelo Bairro do Recife e Zona Sul, entre outras programações.

Embora seja nos festejos de junho levados pelas batidas das zabumbas que ele se sinta "em casa" - época em que a essência do nordestino aflora em manifestações culturais e 'gonzaguianas' - como compositor e artista diverso que é, integrando o rol das referências da Música Popular Brasileira, Maciel Melo segue em meio a parcerias que lhe são o tanto quanto caras. Seu enlace com o renomado Renato Teixeira é um exemplo. 

"O instante mais sublime de minha vida foi cantar com Renato Teixeira”, confessa ele, depois de declamar o Recife em versos musicados por ele e por Teixeira, em "Recife Eu e Você", música gravada por ambos, disponível nas plataformas digitais. 

"Ele me ligou dizendo que queria celebrar a Cidade em uma canção comigo". E assim se fez, em letra que passeia pela Livro 7 e pelo "homem de azul que ensina a pensar", remetendo ao saudoso Tarcísio Pereira. Alceu, Ariano Suassuna, João Cabral de Melo Neto, as pontes e manguezais também estão incorporados nos versos.

Fagner, Zé Ramalho, Elba, Vital Farias, Dominguinhos, Xangai e Flávio José são outros nomes que dividiram palcos e discos com Maciel e/ou emprestaram a voz a composições assinadas por ele, que desde "Desafio das Léguas" (1989), o primeiro disco, até os dias atuais e os que ainda virão, tem fincado os seus cantos, causos e poesias no solar repertório da música nordestina (e brasileira).

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OS PERIGOS DAS FALÁCIAS ECOLÓGICAS

Um dos maiores desafios das ciências têm sido os estudos que buscam compreender como os indivíduos se comportam e até que ponto determinadas características de um grupo influenciam seu comportamento. Existe uma longa literatura que enfatiza a importância de evitarmos tirar conclusões sobre indivíduos com base em dados que se referem a um determinado grupo de pessoas ou dados agregados, e também evitar o erro inverso: usar a informação de indivíduos para generalizar o comportamento de um grupo. Em ambos os casos cometemos um erro que chamamos de falácia ecológica.

É especialmente difícil evitar as falácias ecológicas porque os dados agregados são baseados em dados coletados de indivíduos e por isso, muitas vezes, pensamos que temos informações suficientes para chegar a determinadas conclusões. Um exemplo recorrente deste erro pode ser observado em estudos realizados nos períodos eleitorais. 

Frequentemente, mapas são utilizados para generalizar padrões que supostamente existem entre as intenções de voto e renda dos eleitores. Nesses mapas, dados sobre a renda média e a porcentagem de votos em cada município do País são utilizados para afirmar que as localidades com renda média mais alta tendem a votar contra partidos progressistas. A conclusão implícita é que níveis de renda mais altos levam os indivíduos a ter uma maior probabilidade de não votar nos candidatos progressistas. 

Porém, ao chegarmos a esta conclusão levamos o leitor a uma falácia ecológica porque generalizamos a relação entre renda e padrões de votação como se fosse válida para todos os indivíduos dentro dessa localidade. Na realidade, a relação entre renda e padrões de votação pode ser diferente para subgrupos de indivíduos dentro de cada município.

Esse problema, entretanto, não se limita às conclusões equivocadas acerca da relação entre comportamento eleitoral e renda. Dados sobre comportamento eleitoral são comumente utilizados para afirmar que os indivíduos em determinadas regiões têm maior probabilidade de adotar comportamentos específicos. Durante a pandemia da covid-19, por exemplo, vários artigos foram escritos nos quais afirmou-se haver uma correlação entre os votos para Bolsonaro em 2018 e a mortalidade causada pelo vírus. 

Em um artigo recentemente publicado no Brazilian Political Science Review, procuramos explicar os problemas metodológicos destas pesquisas e por que devemos desconfiar da conclusão de que existe uma correlação direta entre ideologia conservadora e mortalidade na pandemia. Explicamos que, ao não considerar potenciais variáveis de confusão, como fatores demográficos, e omitir outros fatores, como a adesão às medidas de distanciamento físico, tais artigos identificam uma correlação espúria entre voto e mortalidade.

Dado o aumento de partidos radicais e extremistas em processos eleitorais no Brasil e em outros países, existe uma preocupação crescente em estudar como eleitores que participam de eleições democráticas livres e justas podem apoiar partidos antidemocráticos. Esta preocupação se fundamenta na experiência histórica do Partido Nazista, que chegou ao poder após ter conseguido 31,1% dos votos em 1932, sendo que o mesmo partido somente tinha obtido menos de 3% dos votos na eleição de 1924, durante a transição de um sistema monárquico para uma democracia representativa parlamentarista, historicamente conhecida como a República de Weimar.

Um argumento frequente é que isto foi possível devido ao apoio que os nazistas ganharam dos grupos mais afetados pela desastrosa depressão econômica. Esse tipo de argumento é desmentido por King, Rosen, Tanner e Wagner (2008), quando concluem que a existência de uma correlação positiva entre maior pobreza e a vitória do Partido Nazista nas urnas não se comprova, uma vez que são levadas em conta a religião e as diferenças entre os indivíduos pobres que trabalham e que não estão empregados. Com métodos que procuram superar o viés produzido por falácias ecológicas, os autores mostram que os desempregados não apoiaram o Partido Nazista, mas sim houve um apoio desproporcional entre os trabalhadores pobres, sobretudo em distritos protestantes.

Em outras palavras, os autores mostram que, para evitar a falácia ecológica, existem técnicas e métodos que podemos empregar para estudar a relação entre renda/classe social e voto. Entre elas podemos mencionar desenhos que consideram diferenças importantes entre grupos. No caso da República de Weimar, o Partido Nazista não adotou programas que apelavam para aqueles que estavam desempregados ou em alto risco de ficarem desempregados, e sim para aqueles eleitores que foram prejudicados pela economia, mas correram pouco risco de desemprego – como lojistas e profissionais autônomos -, grupos que deram o apoio desproporcional aos nazistas.

Os estudos ecológicos nos permitem realizar comparações entre regiões e entender tendências nessas localidades em diferentes períodos. São úteis para avaliar a eficácia de uma determinada intervenção, testar a plausibilidade de hipóteses e gerar novas possíveis correlações, mas nada pode ser afirmado sobre os indivíduos sem dados sobre os mesmos. Na medida em que os cientistas produzem estudos que procuram evitar falácias ecológicas com dados populacionais, também compreendemos a importância de estudar os mesmos processos no nível dos indivíduos. Esses desenhos oferecem diferentes olhares que muitas vezes se complementam.

Por Lorena Barberia, professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP

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PARA CUMPRIR META DE REFLORESTAMENTO, BRASIL PRECISARIA PLANTAR 8 BILHÕES DE ÁRVORES

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou recentemente a retomada do compromisso de reflorestar 12 milhões de hectares de vegetação nativa no país, assumido no âmbito do Acordo de Paris, em 2015, mas nunca de fato implementado. Falta ele detalhar, no entanto, como seu governo pretende cumprir essa meta desafiadora. Para especialista, será necessária a estruturação de uma “indústria de recuperação florestal no país”.

Desde o início de 2016, quando o Acordo de Paris passou a vigorar, o Brasil restaurou ativamente, por meio do plantio de árvores nativas, apenas 79 mil hectares, ou 0,65% da meta brasileira, segundo cálculos do Observatório da Restauração e Reflorestamento. 

A iniciativa, coordenada pela Coalização Brasil, Clima, Florestas e Agricultura, diferencia as áreas em restauração – quando há o plantio ativo de mudas e que contabilizam os 79 mil hectares citados acima – e as áreas em regeneração natural, que somam hoje cerca de 11 milhões de hectares.

Segundo Sérgio Leitão, diretor executivo do Instituto Escolhas, se toda a área prevista no compromisso brasileiro fosse reflorestada de forma ativa, seriam necessárias 8 bilhões de árvores. 

“O anúncio do presidente Lula é fundamental para que a gente tenha uma perspectiva de que vamos sair desse índice absolutamente irrisório, insignificante, indigente que temos [de reflorestamento], diante de uma meta de 12 milhões de hectares”, diz.

Leitão ressalta que, para dar conta da meta, seria necessário um esforço conjunto de vários órgãos estatais na estruturação de um “sistema de recuperação florestal” no país, onde os Ministérios da Fazenda, Agricultura e Meio Ambiente, o BNDES e outros bancos de fomento na Amazônia atuassem ativamente.

“Nós não fizemos nenhum investimento para estruturar um sistema de recuperação de florestas tropicais, não existem mudas, não existem sementes, não existe financiamento. E isso, se não for feito, é impossível que o país dê conta. Quando a gente fala 12 milhões de hectares de floresta, nós estamos falando de oito bilhões de árvores, nós estamos falando de plantar uma área do tamanho da Inglaterra”, diz.

Atualmente, o Instituto Escolhas – voltado para a geração de estudos e pesquisas em economia e meio ambiente – trabalha na análise de quanto a tarefa demandaria em termos financeiros. Em 2015, quando a meta de restauração foi anunciada, essa cifra estava em R$ 52 bilhões.

Além do ponto de vista climático, investimentos em reflorestamento também significam geração de empregos e movimentação da economia, diz Leitão. Em meados de março, o Instituto Escolhas lançou um estudo mostrando o impacto da restauração florestal em estados amazônicos.

No Pará, por exemplo, a recuperação de 5,9 milhões de hectares de florestas tem o potencial de geração de R$ 13,6 bilhões em receita, geração de 1 milhão de empregos e redução de 50% no índice de pobreza no estado.

Enquanto isso, no Maranhão, a recuperação de 1,9 milhão de hectares de florestas poderia gerar R$4,6 bilhões de receita, criar 350 mil empregos diretos e reduzir em 21,5% o índice de pobreza no estado.

“É necessário um conjunto de esforços para que o Brasil estruture uma indústria de recuperação florestal. Ou a gente encara isso como uma atividade em escala industrial, ou ela [restauração] nunca irá acontecer”, finaliza Leitão. (Fonte-Eco jornalimo ambiental)

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JORGE DE ALTINHO É UMA DAS PRINCIPAIS ATRAÇÕES DA FESTA DE SANTO ANTÔNIO DE BARBALHA, CEARÁ-ANO 2023

A prefeitura de Barbalha, Ceará, lançou a programação da Festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio de Barbalha 2023. A programação se inicia no sábado, dia 3 de junho, com a Noite das Solteironas e seguirá até dia 17, com o Festival de Quadrilhas Juninas.

O palco da tradicional Noite das Solteironas estará montado na Rua da Matriz e contará com shows de Fábio Carneirinho e João Cláudio Moreno. No domingo (4), o dia do cortejo inicia com Alvorada Festiva às 5h da manhã e com a tradicional Celebração da Santa Missa na Igreja Matriz de Santo Antônio, às 9h. Após a Santa Missa, os grupos folclóricos desfilam no corredor cultural, localizado na Rua do Vidéo.

No centro da cidade, estarão instalados três palcos, o do Largo do Rosário contará com apresentação de D’do Norte, Ítalo Queiroz, Alcimar Monteiro e Elba Ramalho. Na Praça da Estação se apresentarão Maninho e Banda, Waldonys e Jorge Altinho. O Marco Zero, receberá Forró Tapera, Joãozinho do Exu, Luiz Fidelis e Santana o Cantador.

A programação também contará com a Quarta do Forró, com apresentação do Wawá Pinho, Gustavinho e Aroldinho e Taty Girl. No Dia dos Namorados, os casais poderão curtir o som de Paulo Breno, Marcelo e Raian e Bonde do Brasil.

O encerramento das festividades acontecerá no dia 13 de junho, com a Procissão em Homenagem a Santo Antônio e Show religioso com o Padre Fábio de Melo que será realizado no Santuário de Santo Antônio, a partir das 19h.


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BARTÔ GALENO UMA VOZ REFERÊNCIA DA MÚSICA BRASILEIRA ROMÂNTICA, DO BREGA AO FORRÓ

A foto é de Bartô Galeno e Roberto Carlos. Escutei um dias desses, Bartolomeu da Silva, mais conhecido como Bartô Galeno, no Programa de Francisco Fernandes, apresentado na Rádio Grande Rio Am. Francisco Fernandes é um desses profissionais capaz de saber o valor de um artista.

Desde 1975, Bartô lançava um LP a cada ano, todos eles com músicas que o público nunca esqueceu. Ele tem uma rica discografia e uma linda história no mercado musical brasileiro. Por isso, faz parte das lembranças, memórias e vida de muitas pessoas.

Precisamos valorizar mais nossos artistas. Bartô Galeno é paraibano, cantor e compositor brasileiro do estilo romântico,  considerado brega. Detalhe: Bartô Galeno gravou num dos melhores estúdios de produção de discos do Rio de Janeiro lançado em 1978, No toca-fita do meu carro, música que tornou Bartô Galeno um astro da música. 

Bartô Galeno tem ritmo, melodia e ótimos arranjos e impressiona qualquer admirador dos bons acordes musicais. Detalhe: muitas de suas músicas inclusive traz uma sanfona na harmonia.

Com 10 anos de idade, saiu de Souza e  mudou-se para Mossoró, Rio Grande do Norte, na época do surgimento do movimento da jovem guarda. Bartô Galeno, como era chamado, passou a cantar na Rádio Rural e a participar de vários programas de calouros, nos quais frequentemente ficava em primeiro lugar, chegando a ser considerado “a mais bela voz do Rio Grande do Norte”.

Barto Galeno É um dos mais talentosos artistas da música brasileira. Basta você se despir do preconceito musical e ouvir os CDs, músicas ou mesmo os discos vinil: Essa cidade é uma selva sem Você, Máquinas Humanas, Só Lembranças, Meu Lamento, Lembrança do Rei. Detalhe: antes de criticar lembre Caetano Veloso gravou Peninha e Fernando Mendes, também Ícones da música romântica brega.

Aliás o talento de Bartô Galeno também construiu o Forró gravado pelo Trio Nordestino, “Toque Toque” que revela o valor de dançar com a mulher amada e o cheiro do perfume dela. Bartô Galeno é também parceiro de Carlos André ou Oseas Lopes que foi produtor de vários CDS/Discos de Luiz Gonzaga.

 A música Toque Toque foi regravada pelo cantor Petrucio Amorim.

Barto Galeno gravou com Vicente Nery e Agnaldo Timoteo. Recentemente numa entrevista o cantor e compositor Chico Cesar citou Barto Galeno, Elino Julião e outros cantores que ele ouvia na rádio Emissora Rural de Caicó, e que até hoje provoca bons sentimentos no espaço e no tempo.

O jornalista e historiador Paulo César é o autor da biografia “proibida” do “Rei” Roberto Carlos – leitura obrigatória para quem conseguir encontrar algum exemplar do livro censurado. Paulo pesquisou durante sete anos a história da chamada música brega entre 1968 e 1978 – os anos de chumbo da ditadura militar no Brasil. 

O livro mostra que os cantores Odair José, Benito Di Paula, Diana Pequeno, Barto Galeno, Evaldo Braga, Fernando Mendes, Agnaldo Timóteo foram ignorados por estudos e pesquisas sobre o período e marginalizados na história cultural do país. É preciso saber: os cantores (chamados) bregas, embalavam as massas, foram quase tão vitimados pela censura quanto Chico Buarque, Caetano Veloso. Foram massacrados pela industria cultural. No livro Eu Não Sou Cachorro, Não, título extraído de um grande sucesso de Waldick Soriano, o historiador tenta fazer justiça a esses ídolos populares.

Odair José, por exemplo, teve  música proibida por ter sido lançada quando o governo fazia programas de incentivo ao controle de natalidade entre as populações pobres, apesar da posição católica contrária ao uso de anticoncepcionais. Para os censores, a canção de Odair José representava uma conclamação à desobediência civil e uma referência explícita à sexualidade.

A maioria dos trabalhos sobre música brasileira trata da tradição, como o folclore nordestino, e da modernidade, como o tropicalismo', diz o escritor. 'O brega não é nem uma coisa, nem outra. Caiu no limbo. 'A ideia é mostrar que os bregas também tiveram importância na história de nossa cultura'.

Então tenho dito: Viva Barto Galeno. Viva a música brasileira!

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