BAZAR COLAB-FEIRINHA COLABORATIVA ACONTECE NESTE SÁBADO (23) E DOMINGO (24), EM PETROLINA

O Bazar Colab-Feirinha Colaborativa acontce neste final de semana, no sábado (23) e domingo (24), a partir das 16hs, na rua Barbosa Lima, 193, na Petrolina Antiga, centro.

O evento contará com gastronomia, artesanato, acessórios, decoração, presentes, doces, moda. As atrações culturais musicais são Djs Paulo e Ewerton Tavarez.

O Bazar é uma feirinha colaborativa que busca evidenciar empreendedores e artistas do Vale do São Francisco para que possam ganhar mais visibilidade e conquistar novos e futuros clientes. 

A feirinha da Colab é sem fins lucrativos. Todo valor arrecadado na inscrição da feirinha também será revertido para a  Ong Cores/Casa cores, em Petrolina.

A ONG Cores é um movimento de defesa da cidadania do orgulho LGBT+, da cidade de Petrolina. Seu objetivo é renovar, empoderar e fortalecer a população de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e mais na região, trazendo esperança de dias melhores, com oportunidade de trabalho, arte, cultura, diversão, social e defesa de direitos dessa população. 

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GUARDIÃES DA TERRA: AGROECOLOGIA, CIÊNCIA E SABERES, UM MUNDO MELHOR É POSSÍVEL

Ninguém passa impunemente pela leitura de Baltasar Gracian: sempre se ganha em inteligência, engenho e arte. Ao assistir o filme Guardiães da Terra-Agroecologia em Evolução  lembrei desta reflexão. 

Baltasar Gracián disse: Tudo tem seu tempo e até certas manifestações mais vigorosas e originais entram em voga ou saem de moda. Mas a sabedoria tem uma vantagem: é eterna.

A frase nos mostra que desde quando a humanidade existe, há questionamentos e reflexões que sempre são atuais. Baltasar Gracián, no século XVII, já advertia que tudo que está na moda hoje, perderá seu vigor e desaparecerá, mas a sabedoria nunca acaba, é eterna.

Uma pessoa que consegue se concentrar com humildade em suas decisões e lembrar que a sabedoria lhe trará lucros “eternos”,  cuida das pessoas, da natureza, espiritualidade e também onde aplicar o dinheiro.

O filme foi exibido no auditório do CETEP-Sertão do São Francisco, aula da professora Janine Cruz, engenheira agrônoma e especialista em segurança do trabalho, na disciplina de Agroecologia e Permacultura.

A linguagem cinematográfica mistura emoção, envolvimento, enredo, ação, música, luz, movimento, mistério, desafio, suspense,  por isso mesmo apresenta ampla capacidade de comunicação.

Os filmes têm imenso potencial de aproveitamento no processo educativo, aliado de uma aula expositiva.

O cinema em sala de aula é uma metodologia valiosa. O filme Guardiães da Terra consegue contribuir para uma percepção crítica.

O filme Guardiões da Terra revela as nuances da agroecologia, que passou de “alternativo” a disciplina científica, prática agrícola e também movimento social e político. O filme provoca a reflexão sobre a evolução e o atual panorama da agroecologia no Brasil, trazendo questionamentos e alertas sobre o modelo de produção agrícola e segurança alimentar no país.

O documentário divulga a agroecologia enquanto ciência ampla e em evolução e debate questões como: segurança alimentar, acesso do homem ao campo, uso indiscriminado de agrotóxicos na agricultura, sustentabilidade e valorização das famílias camponesas.

A turma do Curso Técnico em Agroecologia teve início com 35 alunos. Apenas 03 (três), estão assistindo aulas em busca da conclusão e certificado para serem habilitados na área. Anne Louise, Josielson Araujo e Valdiney Vital Guedes.

Anne Louise, Pernambucana, 35 anos, nasceu em Belém do São Francisco, Pernambuco. "Passei parte da minha infância intercalada entre a cidade e a zona rural no interior de Orocó. O contato com a natureza e a agricultura sempre foi meu fascínio, ainda me lembro do jardim na cidade, onde eu brincava em meio ao manjericão, quebra pedra. Contava os dias para poder ir brincar na roça nas férias", conta Anne.

Josielson Araújo dos Santos, nasceu em Juazeiro, Bahia. Tem 25 anos de vivência nas Comunidades Tradicionais de Base. A Serra dos Badecas, Distrito de Pinhões foi onde ele passou a infância. Atualmente é funcionário público municipal concursado.

"Sou filho de agricultores familiares. Tenho contato direto com o semiárido e vejo na agroecologia um meio de valorizar o histórico das comunidades de base com enfase na extenção rural. Algo me chama muita atenção são as Comunidades Eclesiais de Bases e o Movimento de Mulheres e a beleza e importância os quintais agroecológicos", diz Josielson. 

E o terceiro aluno, este amigo, Ney Vital. Paraibano nascido em Areia. No próximo mês de outubro completo 54 anos. Atuo no jornalismo profissional, rádio, televisão e agora mídia digital. Jornalista há mais de 30 anos. Tenho Curso especialização em Jornalismo Ambiental promovido pelo  Deutshe Welle Akademie - Centro Educacional e de Assessoria Herbert de Sousa, DWA/CEAHS, Alemanha. Sou Membro da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental.

O filme Guardiães da Terra-Agroecologia em Evolução marcou uma certeza: a esperança de mundo melhor é possível.

Tenho dito: só a educação liberta

*Texto-jornalista Ney Vital-Pós-graduado em Ensino de Comunicação Social


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MINI DOCUMENTÁRIO BECO DA CULTURA: ENTRE MEMÓRIAS E HISTÓRIAS JÁ ESTÁ DISPONÍVEL NAS REDES SOCIAIS

Beco da Cultura, situado na Travessa Treze de Maio, em pleno centro da cidade de Petrolina- PE, na década de 1980 e 1990 foi palco para o surgimento de poetas, artistas conhecidos e desconhecidos da região. Reunindo uma variedade de vertentes culturais o BECO DA CULTURA passou a ser um espaço para o fomento do desenvolvimento artístico.

MINI DOCUMENTÁRIO BECO DA CULTURA: ENTRE MEMÓRIAS E HISTÓRIAS tem o objetivo de resgatar a memória cultural e eternizar esse movimento marcante do Vale do São Francisco.

O projeto foi contemplado pelo 2º Edital de Criação, Fruição e Difusão - Lei Aldir Blanc/2021, através da Fundarpe, Secretaria de Cultura e Governo de Pernambuco @culturape.

É realizado por Laila Melo Produção Cultural, Coordenação Geral de José Geraldo e apoio do GUTERIMA.

Já está disponível no canal do Guterima:

https://youtu.be/jpfgHXTaVlk 

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ENERGIA EÓLICA: A OMISSÃO E A CONVIVÊNCIA DOS ÓRGÃOS AMBIENTAIS

Nosso país possui um enorme potencial em energias renováveis, em particular a energia dos ventos (energia eólica) na região Nordeste, com a qual poderá gerar energia para as atuais e futuras gerações, e assim contribuir no enfrentamento às mudanças climáticas, com a redução da emissão de gases de efeito estufa.

Todavia o atual crescimento vertiginoso das instalações dos parques eólicos, nos estados nordestinos, e em Pernambuco em particular; está assentado em um modelo de expansão predatório, que não respeita o homem do campo e a natureza que o rodeia, assim contribuído para inúmeros conflitos e impactos socioambientais.

Os órgãos do governo federal, estadual e municipal, que deveriam zelar e proteger o ambiente e as pessoas (segundo a Constituição Federal) se omitem, e muitas vezes são coniventes com situações que privilegiam os interesses econômicos dos empreendimentos, sem levar em conta as questões socioambientais. Locais de nascentes de água, resquícios de Mata Atlântica ("ilhas"), áreas costeiras, vegetação do bioma Caatinga, brejos de altitude, têm sido ameaçados e impactados pelos "negócios do vento".

Não se pode aceitar que o poder econômico dos grupos empresariais que estão à frente dos "negócios do vento", exerçam um total controle das decisões, em nome de prometerem "energia limpa"(?), emprego e renda. No campo verifica-se que não são cumpridas as boas práticas socioambientais, e nem levado em conta questões fundamentais relacionadas aos direitos humanos como a saúde, o bem-estar dos moradores das áreas rurais; e os direitos da natureza com sua proteção e conservação ambiental, respeitando seus limites.

Não somos contrários à energia eólica, e nem a outras fontes renováveis de energia, mas é necessária uma maior transparência nas relações que envolvem o arrendamento e compra da terra, o respeito a legislação vigente, a proteção e conservação ambiental nas fases de implantação dos empreendimentos. Importante não é somente garantir uma maior segurança energética, mas também respeitar o modo de vida das populações rurais e a saúde ambiental.

Pernambuco, assim como outros estados nordestinos, tem dado um péssimo exemplo de como não se deve proceder com relação a utilização das fontes renováveis de energia. Chegando assim a comprometer as excelentes vantagens intrínsecas destas fontes energéticas (Sol e vento).

É a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco (SEMAS) que tem a missão institucional de "assegurar a realização de políticas públicas ambientais e sustentabilidade, defendendo o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e equânime, promovendo a preservação, conservação, recuperação dos ecossistemas e qualidade de vida para todas as gerações. "

A esta secretaria cabe, entre suas competências, a de executar as atribuições do Estado relativas ao licenciamento e à fiscalização ambiental. Um dos lamentáveis equívocos cometidos no processo de licenciamento ambiental para complexos eólicos ( e também usinas solares) é considerar que as fontes renováveis de energia são "limpas" (https://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/576649-energia-eolica-nao-e-limpa), e assim de baixo impacto ambiental. Desta forma acabam isentando o empreendedor de apresentarem avaliações mais pormenorizadas sobre a intensidade e dimensão do impacto no meio ambiente pelo empreendimento. 

A exigência atual é o Relatório Ambiental Simplificado (RAS) para a implantação de parques eólicos. Insuficiente para atender os requisitos dos projetos eólicos.

Pesquisas e estudos realizados nos últimos anos pelas universidades públicas nordestinas (em especial a UFC, UFPE, UFCG, UFBA, UFRN), centros de pesquisas, Observatório da Energia Eólica da UFC, organizações não governamentais, dioceses, tem apontado vários impactos provocados no meio ambiente, e que afetam as pessoas que vivem próximas aos empreendimentos.

Em Pernambuco, no bioma Caatinga, é onde se localiza as pessoas mais atingidas diretamente pelos "negócios do vento". É onde vivem os agricultores familiares, e as populações originárias. Todavia, tais impactos têm uma abrangência global. Por ex., o desmatamento para instalação dos equipamentos/aerogeradores, e para a construção de estradas de acesso; afetam o aquecimento global, e assim todo o planeta.  

Recentemente por sugestão da representação da Federação dos Trabalhadores Rurais de Pernambuco (FETAPE) no Conselho Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CONSEMA/PE), foi criado um Grupo de Trabalho (GT) cujo objetivo é o de avaliar o cenário da geração eólica em Pernambuco, sob o aspecto da conservação ambiental de áreas protegidas, e a proteção das condições de vida dos trabalhadores rurais.

Lamentavelmente, houve um desvirtuamento dos objetivos do GT, transformando as reuniões em espaços para justificar tais empreendimentos sob a ótica econômica, como uma atividade essencial para a economia pernambucana. Sem ao menos levar em conta, a proposta original para criação do GT que foi o de avaliar os impactos socioambientais dos complexos eólicos instalados.

Tal situação na condução do GT, de forma unilateral, ignorando as ponderações para que os aspectos socioambientais fossem levados em conta no licenciamento e na fiscalização dos parques eólicos, motivou o envio de carta assinada por membros deste Conselho, para o Secretário Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, presidente do CONSEMA/PE, exigindo a retomada do objeto que motivou a criação do GT.

Uma das principais formas de controle ambiental e social dos impactos de empreendimentos é o licenciamento ambiental. Esta obrigatoriedade, com regras e etapas para avaliação dos estudos ambientais, que auxiliam na tomada de decisão acerca da autorização ou não de atividades impactantes, estão previstas na Resolução 01/1986 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA, 1986).

Com relação a postura da presidência do CONSEMA/PE, ao negar a ouvir e atender os movimentos sociais revela o lado autoritário, o desprezo pela ciência, e a total subserviência a outros interesses que não o do meio ambiente e o de cuidar das pessoas.

Exigimos a abertura de diálogo sobre os impactos socioambientais da instalação de parques eólicos (usinas solares). Exigimos que o poder público exerça seu papel de regular, fiscalizar e punir os excessos cometidos; que a lei seja cumprida. Exigimos respeito ao homem do campo, e seus modos de vida. Exigimos políticas públicas que venham responder às demandas desta população, assim como proteger o bioma Caatinga.

Sem dúvida exigir o Relatório de Impacto do Meio Ambiente (RIMA) e o Estudo do Impacto Ambiental (EIA), para empreendimentos de larga escala com Fontes Renováveis de Energia, é nada mais do que seguir o que a ciência ensina a partir dos fatos revelados ao longo dos últimos 10 anos, e o que a legislação determina.

Heitor Scalambrini Costa-Professor aposentado da Universidade Federal de Pernambuco


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LIÇÕES DA PANDEMIA: FIOCRUZ LANÇA E-BOOK SOBRE COVID-19 COM ESTUDOS COMPARATIVOS DE NOVE PAÍSES

Uma crise multidimensional, cujas consequências para a saúde das populações a médio e longo prazos são potencializadas pelas desigualdades e pelas situações de alta vulnerabilidade social.

 É dessa forma que três pesquisadores da Fiocruz, organizadores do e-book Políticas e Sistemas de Saúde em Tempos de Pandemia: nove países, muitas lições, classificam uma pandemia, com foco especial na emergência da Covid-19. 

Fruto da parceria entre o Observatório Covid-19 Fiocruz e a Editora Fiocruz, o livro foi lançado no início deste mês de abril e está disponível para download gratuito na plataforma SciELO Livros.   

Acesse o e-book: books.scielo.org/id/t67zr

Organizado por Cristiani Vieira Machado, Adelyne Maria Mendes Pereira e Carlos Machado de Freitas, professores da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), o volume encerra a série Informação para Ação na Covid-19, uma parceria entre o Observatório e a Editora Fiocruz. 

A obra segue a ideia central da iniciativa encabeçada pelo Observatório: reunir o conjunto de respostas, pesquisas e ações técnicas produzidas pela Fiocruz durante a pandemia, mapeando a evolução do vírus e as ações de enfrentamento.

"A resposta dos países foi bastante variada no que concerne à capacidade de adoção de medidas de contenção e mitigação e à efetividade das ações implementadas", afirmam os três pesquisadores, no texto de apresentação da coletânea. 

A pesquisa que originou o livro, intitulada Os Sistemas de Saúde no Enfrentamento à Covid-19: experiências de vigilância e atenção à saúde em perspectiva comparada, abrangeu nove países de três regiões do mundo.

 Da Ásia foram incluídas a China e a Coreia do Sul, atingidas pela Covid-19 em uma fase mais precoce. Da Europa, a segunda região no decorrer da evolução da pandemia, foram analisados os casos de Alemanha, Espanha e Reino Unido. Na região das Américas, atingida mais tardiamente, quatro países foram estudados: Argentina, Brasil, Canadá e México.

Foram pesquisadas as políticas de enfrentamento da Covid-19 em cada uma dessas nações, considerando seus contextos e características prévias de seus sistemas e coberturas de saúde, além das estratégias adotadas no âmbito da atenção e da vigilância. 

"O livro também analisa, em perspectiva comparada, esses países, buscando identificar aspectos positivos e limites, bem como extrair lições para o fortalecimento da capacidade dos sistemas nacionais de saúde no enfrentamento desta e de futuras emergências sanitárias", reflete Cristiani Machado, vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz.  


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MUSICALIDADE DO OGAN VAI ALÉM DO CANDOMBLÉ E CARECE DE MAIOR RECONHECIMENTO

Na música brasileira e universal, o toque de um tambor é facilmente identificado! Seja na bateria de uma escola de samba, onde instrumentos (tambores) de diferentes timbres, formas e sons são responsáveis pelo ritmo. 

Seja pela arte de um músico percussionista, que pode atuar em diferentes ritmos musicais, lá está o “tambor” e seus diferentes “toques”. “Por isso defendo que a musicalidade de um mestre Ogan de Candomblé é de suma importância para a música brasileira”, diz o músico e pesquisador Vítor Israel Trindade de Souza.

Ele é autor de uma pesquisa de mestrado apresentada na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP intitulada O Ogan Otum Alabê: sacerdote e músico percussionista da Nação Ketu no Ilê Axé Jagun. Sob a orientação do professor Alberto Tsuyoshi Ikeda, docente colaborador do Programa de Pós-Graduação em Música da ECA e da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Trindade analisa e destaca a importância do Ogan do Candomblé no que ele chama de um “reposicionamento necessário” dentro da música brasileira. “Além disso, o Ogan merece ser devidamente reconhecido pela cultura de um modo geral e pela sociedade como um todo”, enfatiza. E ser reconhecido numa sociedade, como defende Trindade, passa também pela profissionalização. 

“Ogan já é uma profissão devidamente reconhecida pelo Ministério do Trabalho. Assim, um mestre Ogan pode atuar, além da música, em diversos campos, como na educação e na cultura, por exemplo”, destaca o pesquisador ao Jornal da USP.

OGAN CIDADÃ: A trajetória de Trindade como Ogan é um dos motivos pelo qual ele passou a empreender seu estudo. Há cerca de 30 anos, durante visita a uma casa de Candomblé, o músico foi, como ele diz, “designado pelo santo” a exercer a atividade de Ogan. E assim o fez na Casa de Candomblé Ilê Axé Jagun, onde cumpriu e seguiu todos os rituais necessários para se tornar um Ogan e, ao mesmo tempo, exercendo suas atividades de músico profissional e arte-educador.

Além do reconhecimento da musicalidade do Ogan dentro da música brasileira, Trindade também mostra em sua pesquisa o quanto o trabalho de um Ogan está ligado à educação, principalmente no que diz respeito à Lei 10.639/03 de diretrizes da educação.

Mas, além de sua própria trajetória, Trindade resolveu descrever em sua pesquisa a trajetória de um outro Ogan da mesma casa, chamado “Otum Alabê” William Eduardo dos Santos, conhecido como Opotum Bicudo. 

“De certa forma, pude acompanhar o trabalho dele enquanto Ogan da casa e sua dificuldade para ganhar seu sustento”, conta Trindade. Ele ressalta que um Ogan na casa de Candomblé é o responsável por quase tudo, desde manutenções diversas das instalações até a sua principal função que é tocar e comandar os rituais. “O Ogan Otum Alabê é um sacerdote e um músico que se tornou profissional, porque na maioria das vezes ele vive exclusivamente do que recebe como honorários por seus serviços no tambor”, descreve o pesquisador. Mas nem sempre tais honorários são suficientes.

Além da trajetória de William Eduardo dos Santos, Trindade apresenta em sua pesquisa um recorte sobre a Nação Ketu, uma das nações referenciais do culto aos Orixás. Como relata Trindade em seu estudo, “o Ogan Otum Alabê, ou William Eduardo dos Santos, é o principal Ogan da Casa do Candomblé. Ele é o ‘faz-tudo’ no mundo da Nação Ketu. É o que conhece os preceitos de iniciação com todos os detalhes que o ritual exige, como as cantigas, os movimentos pertencentes a cada Orixá e as muitas outras importantes funções no cotidiano da Religião dos Orixás.”

NA EDUCAÇÃO: Além do reconhecimento da musicalidade do Ogan dentro da música brasileira, Trindade também mostra no estudo o quanto o trabalho de um Ogan está ligado à educação, principalmente no que diz respeito à Lei 10.639/03 de diretrizes da educação, que inclui no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da presença da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Africana” nas disciplinas dos ensinos fundamental e médio.

Todo o meu trabalho se direciona à cultura afro-brasileira, e é impossível falar de música afrodescendente sem falar do Ogan, seja ele de qualquer nação ou religiosidade, como os músicos cubanos ou do reggae jamaicano ou haitiano que tem as mesmas raízes", descreve Trindade.

“O meu trabalho mostra que a atividade do Ogan pode ser inserida na educação”, enfatiza o pesquisador. O próprio trabalho de Trindade, por exemplo, se fortaleceu por intermédio de projetos desenvolvidos na cidade de Embu das Artes, em São Paulo, em que foram atendidos mais de mil professores que tiveram acesso a ferramentas de aplicação da lei. “É onde surgia o trabalho do Ogan, por exemplo”, cita o músico, lembrando que nesses projetos houve participação de sua mãe, Raquel Trindade, e de seu filho, Marcelo Tomé.

DA TRADIÇÃO: O papel do Ogan, como conta Trindade, surge com a fundação, no início do século 19, de uma casa de Candomblé no bairro da Barroquinha, na cidade de Salvador, Bahia. “A casa foi fundada por três mulheres que frequentavam uma comunidade católica chamada Ordem da Irmandade da Boa Morte. As africanas Adetá ou Iá Detá, Iá Calá, Iá Nassô”, relata, destacando que, por ser um culto mais direcionado às mulheres, foi criado o cargo de Ogan. “Afinal, os homens teriam de ter uma função.”

Um Ogan, como descreve o pesquisador, geralmente nasce espiritualmente como abian (iniciante no Candomblé) e cresce como “homem tambor”. Ele vive o cotidiano do Candomblé, come a comida da casa desde criança: o acarajé, o acará, o omalá ou o caruru fazem parte do seu menu trivial. “Quando ele assume seu cargo na Casa, é um homem que tem todas as referências de um militar de alta patente e muito condecorado ou, mesmo, de um mestre ou doutor em sua profissão”, explica Trindade.

TRADIÇÃO POPULAR: O pesquisador e músico Vitor Trindade se considera um Ogan “tardio”, pois se iniciou na atividade por volta dos 30 anos. “Em geral, a maioria dos Ogans está na função desde pequeno, como é o caso de William”, diz. Além de músico e arte-educador, Trindade dirige o Teatro Popular Solano Trindade, localizado na cidade de Embu, na Grande São Paulo. Filho de Raquel Trindade, escritora, artista plástica e folclorista, Vitor Trindade é neto de Solano Trindade (pai de Raquel), que também foi poeta, folclorista, pintor, ator, teatrólogo, cineasta e militante do Movimento Negro.

Enquanto músico, Trindade já gravou sete discos: Ayrá Otá, Vitor da Trindade e Carlos Caçapava (2000, São Paulo), Revista do Samba (2001, Alemanha), Outras Bossas (2003, Alemanha), Revista Bixiga Oficina do Samba (2005, São Paulo), Hortensia du Samba (França, 2011), Samba do Revista (2011, São Paulo), Ossé, Vitor da Trindade (2015, São Paulo). Trindade orgulha-se em ressaltar que sua pesquisa é o “primeiro projeto de música negra na ECA”. Ele também é autor do livro Oganilu, O Caminho do Alabê, publicado em 2019 de forma independente. 

Mais informações: e-mail vitordatrindade@lwmail.com.br
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ÉRICA FORMIGA E SAMUEL PEREIRA VALORIZAM A FORÇA DO RÁDIO ATRAVÉS DO PROGRAMA MINUTO MAIS SAÚDE

O  rádio passa por uma profunda transformação diante do avanço do áudio digital. Apesar das mudanças sofridas, ele preserva um conjunto de características que o torna capaz de absorver e explorar uma série de inovações.

Para Washington Olivetto, publicitário tanto o rádio quanto o podcast - que se popularizou nos últimos anos - possuem capacidade singular de lidar com a instantaneidade e a imaginação do público se comparado aos demais meios de comunicação:

"O rádio continua vanguarda por ter duas características imbatíveis: a instantaneidade e a capacidade de mexer com a imaginação das pessoas. Esse tipo de imaginação o rádio sempre vai ter e o podcast também. E isso bem produzido tem tudo para ser cada vez mais sucesso, seja para os anunciantes que apostaram nisso, seja para as agências que precisam de prestígio para trabalho criativo".

Exemplo dessa afirmação é o Programa de Rádio Minuto Mais Saúde, que em 2022, continua sendo apresentado na Rádio Literária Carrapato, localizado no Crato Ceará.  O Programa Minuto+Saúde é transmitido todos os sábados, às 15hs com apresentação e produção de Samuel Nascimento e Erika Formiga Sousa.

Erika é graduada em Enfermagem e Obstetrícia pela Universidade Estadual da Paraíba, especializada em Saúde Pública, Saúde da Família, Enfermagem do Trabalho, Educação em Enfermagem e Vigilância em Saúde. Samuel Nascimento é coordenador da Rádio Literária Carrapato e atual presidente da Associação Comunitária  do Sítio Belo Horizonte (Sítio Carrapato).

O programa Minuto+Saúde tem conteúdo e foco na saúde coletiva. A programação envolve uma rede de colaboradores e parceiros como a Rede Humanizasus, Fiocruz Brasília, Movimento SUS NAS RUAS.

"O programa é dividido em três blocos. Foi criado para aproximar a equipe de saúde através do repasse de informações sobre saúde, arte e cultura. O programa traz um conceito de saúde ampliado. E nesse diálogo ouvimos os saberes científicos e populares, valorizando a cultura estabelecendo redes colaborativas na troca de conhecimentos e também como um ato político transformador, unindo vários lugares, conectando pessoas, fortalecendo o Sistema Único de Saúde-SUS em defesa da vida.", explica Erika.

O programa é um forte aliado e instrumento de divulgação e produção de temas relacionados ao Sistema Único de Saúde. O Programa tem parceria também com a Rádio Universitária Paulo Freire. A Rádio Paulo Freire (AM 820 KHz), Recife Pernambuco é uma emissora que atua como rádio-escola e extensão universitária, balizada pelas ideias do seu fundador Paulo Freire, Patrono da Educação brasileira, pautada no valor da cidadania.

A Rádio Literária Carrapato é um Ponto de Cultura e tem como objetivo promover conteúdos que priorizam a valorização do ser humano e desenvolvimento social, evitando ao máximo músicas com apologias chulas, drogas, preconceito ou violência em geral. A Rádio Literária Carrapato é um patrimônio que dá voz e vez a toda a comunidade e ouvintes. 

HISTÓRIA: O Jornal Brasil de Fato destacou que o Sítio Belo Horizonte (Carrapato), localizado no município de Crato, Ceará funciona desde fevereiro de 2019, a Rádio Literária Carrapato, iniciativa realizada a partir de um ponto de cultura instalado na comunidade. O Carrapato é conhecido por ser base cultural da região, mantendo um grupo de tradição cultural como o Maracatu Nação Uinu-Erê. 

A rádio funciona 24 horas via web rádio funcionando também com transmissão local por caixas de som distribuídas pela comunidade, contando com programação própria e retransmissões. 

“A programa da Rádio Literária Carrapato é bem diversificada. Temos música, promoções, ligações da comunidade que interage pedindo música, incentivo à leitura e programas especiais que fazemos dentro da rádio”, relata Samuel Nascimento. A locução é feita de forma voluntária por moradores da comunidade, que doam um pouco do seu tempo para fazer parte da construção coletiva da rádio. 

“A gente busca incentivar, dentro da rádio, valorizar o empreendedorismo da comunidade, fazendo a divulgação das produções que são feitas por aqui e acolhendo sempre as demandas que chegam até nós”, diz Samuel.

Para Aline Oliveira, ligada ao Setor de comunicação de Movimentos Sociais, a comunicação popular se preocupa em passar a mensagem de forma clara para a população, e que, em tempos de pandemia, é importante que o ouvinte consiga entender toda a informação divulgada. 

"No período em que estamos vivendo, a gente não pode ficar sem acesso à informação, então temos feito uma força tarefa de garantir que a comunicação chegue para todos, uma comunicação em que todos possam participar, dialogar, tirar dúvidas". Ainda de acordo com Oliveira, o fato das rádios serem construídas pelos próprios moradores ajuda no envolvimento das comunidades.

Confira programação http://radioliterariacarrapato.xyz

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