DIA DA CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA: "AGORA PERCEBO QUE ESTOU LUTANDO PELA HUMANIDADE", DIZIA CHICO MENDES

O Dia da Consciência Ecológica teve origem como uma homenagem à data de morte do seringueiro e ambientalista Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes, assassinado em 1988 no Estado do Acre. Era conhecido por defender o meio ambiente e por sua luta incansável contra a exploração e o desmatamento da Floresta Amazônica. 

Porém, a consciência ecológica surge a partir da preocupação com os problemas socioambientais decorrentes dos processos equivocados de crescimento e desenvolvimento econômico, que ocorreram de forma diferenciada tanto no tempo quanto nos espaços.

A consciência ecológica tem precisão conceitual unívoca, dessa forma, significará sempre em sua essência que os seres humanos devem compreender o meio ambiente em que vivem, bem como propor soluções necessárias para reduzir os impactos negativos no meio ambiente. 

Nesse contexto, desde 1972, na Conferência de Estocolmo, diversos agentes de diferentes países, entre governos, organizações internacionais, entidades da sociedade civil, indivíduos e coletividades, uniram-se para desenvolver ações com o objetivo de minimizar a degradação na natureza. 

A Educação Ambiental é um instrumento essencial para despertar a consciência ecológica nos seres humanos no decorrer da vida. 

Educação Ambiental é um processo contínuo e permanente de aprendizagem, em todos os níveis e modalidades de ensino, em caráter formal e não formal para a formação individual e coletiva, reflexão, crítica e construção de valores, saberes, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências visando o desenvolvimento da cidadania ambiental para a melhoria da qualidade da vida de todos e a construção de uma relação sustentável da sociedade com o ambiente que a integra.

A Educação Ambiental busca um novo ideário comportamental nos seres humanos, tanto no âmbito individual quanto no coletivo. Deve começar em casa, ganhar as praças e as ruas, atingir os bairros e as periferias, evidenciar as peculiaridades regionais, apontando para o nacional e o global. É um passo fundamental para desenvolver a consciência ecológica.

Os problemas socioambientais passaram a ser percebidos em escalas “evolutivas” diferentes, que inicia com os particularizados e se amplia aos de escala planetária que atinge toda humanidade. Em escala maior são discutidas e elaboradas políticas públicas ambientais com ações e metas de desenvolvimento praticadas pelos estados nacionais, e em escala menor, cidadãos e cidadãs comuns procuram desenvolver práticas sustentáveis que somando fazem a diferença no meio em que vivem. A exemplos práticos, o que deve ser feito para desenvolver uma consciência ecológica e despertar essa consciência em outras pessoas?  

Indivíduos e coletividades desenvolvem a consciência ecológica por meio de mudanças de hábitos e pequenas atitudes no seu dia a dia, que contribuem para conservação dos recursos naturais, tais como:

Praticar o consumo consciente (evitar o desperdício de energia, de água e de alimentos);

Separar os resíduos sólidos para reciclagem;

Destinar corretamente os resíduos sólidos (reciclagem e reutilização de materiais);

Utilizar utensílios e produtos retornáveis;

Realizar compostagem reaproveitando cascas de frutos e de legumes para fazer adubo, e utilizá-lo em hortas e em jardins;

Desenvolver sua própria horta;

Implantar área verde em casa, caso haja espaço;

Utilizar racionalmente veículos automotores,

Realizar pequenos percursos a pé, caso seja possível;

Utilizar transporte coletivo;

Quando possível, utilizar bicicletas para deslocamentos diários;

Explicar sobre o modelo de desenvolvimento sustentável;

Alertar sobre a necessidade de um meio ambiente equilibrado para a presente e as futuras gerações;

Demonstrar que seres humanos e natureza estão interligados.

Fonte: Superintendência de Educação Ambiental-Maranhão. Foto: Sema-Mato Grosso)

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OLIMPÍADA DE LÍNGUA PORTUGUESA RECONHECE O TRABALHO DE PROFESSORES E ALUNOS DE ESCOLAS PÚBLICAS

2021 está terminando com o reconhecimento do talento e do esforço de estudantes e de professores de 20 escolas públicas brasileira.

Com palavras se conta a história do que passou. "É uma cultura que vem passando de geração à geração", afirma uma professora. E também é com palavras que o futuro será escrito. "Tenha visão. Racismo fere. Sou Brasil misturado", diz uma estudante.

Nesse país misturado, a língua portuguesa é nossa identidade comum. Construída dia a dia; palavra por palavra; sobretudo nos bancos das escolas. Dominar o idioma, a escrita e a leitura, é uma tarefa olímpica. E tem até competição que premia quem se sai melhor nesse processo.

A Olimpíada de Língua Portuguesa reconhece o trabalho de professores e estudantes de escolas públicas do Brasil inteiro, do 5º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio. O concurso pede um olhar para o lugar onde se vive.

Em Planaltina, Distrito Federal, está a turma do 5º ano da professora Mayara. O que os alunos enxergaram foi o preconceito.

“O lugar onde a gente vive não tem só coisas boas, não é só um mar de flores. E eles começaram a identificar que esses problemas também estavam ali em nossa comunidade”, destaca Mayara Silva, professora.

Nem a professora escapou do olhar atento dos alunos.

“Eu usava o cabelo alisado e tudo e eles me perguntavam: ‘Professora, como que é esse cabelo?'. Naquele momento eu cortei o cabelo, tive coragem de me assumir, e nós gravamos o curta-metragem a partir da poesia de uma aluna. Foi incrível”, conta a professora.

E os alunos ganharam, no gênero poema. “Sou Brasil misturado com raiz africana. Sou negro rejeitado. Pela cor, vou em cana", diz um trecho da poesia.

Em União dos Palmares, Alagoas, o trabalho do professor Gilmar Oliveira Silva ao longo do ano inteiro também foi reconhecido. Ele criou podcasts, lives, discussões nas redes sociais e até na feira, ultrapassando barreiras no ensino remoto.

“Foi um norte para o meu trabalho pedagógico. Primeiro, porque eu estava perdido. Eu não sabia como que eu ia trabalhar mais um ano letivo de forma remota”, destaca o professor.

Com a ajuda de um intérprete de libras, a Cecília, que tem uma deficiência auditiva, conta que escreveu sobre as mulheres que, na pandemia, fizeram da produção de máscaras um ganha pão: “Desenvolvi o tema e consegui fazer, foi bom. Com muito trabalho, mas deu certo”.

Ao lado do professor, o estudante José Raí da Silva fala que a inspiração do texto dele veio do sentimento de liberdade: “Aqui é um costume muito grande de ter morte de animais ilegais. Aí optei por falar dessa parte da liberdade dos animais, e foi isso”.

Tudo para que os alunos do último ano do ensino médio concorressem na categoria "Artigo de Opinião", que é uma espécie de "esquenta" para a redação do Enem. Quanto mais envolvida a escola na Olimpíada de Português, maiores as chances de vitória.

“O importante aqui é pensar que a escola está sendo envolvida num trabalho de língua que é a base de todo o conhecimento da escola. Outros professores se envolvem também nesse processo”, afirma Angela Dannemann, superintendente do Itaú Social.

Um processo em que todos ensinam e aprendem.

“Essa experiência me proporcionou uma oportunidade de aprender e me reinventar”, diz Mayara.

“Eu me sinto hoje uma pessoa mais capaz. Sou um outro ser humano, não só um outro profissional”, comenta Gilmar.

Entre os prêmios, os vencedores da olimpíada ganharam notebooks, tablets e livros para as bibliotecas das escolas.

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ADRIANO THALES E O CENTRO CULTURAL EMOÇÕES ROBERTO CARLOS

Depois de reprisar o show em Jerusalém em 2020, a Globo exibe nesta quarta (22) o especial de fim de ano de Roberto Carlos. Inédito, o programa começa após a novela "Um Lugar ao Sol" e é uma das atrações mais esperadas pelos brasileiros.

"Esperei o ano inteiro por este reencontro. Que saudades que eu estava!", afirmou Roberto Carlos em nota. Ivete Sangalo, Sandy, Fafá de Belém, Zeca Pagodinho, Wanderléa e Erasmo Carlos estão entre os convidados do show neste ano.

Entre os milhares de brasileiro, em Petrolina, um está mais ansioso. Trata-se de Adriano Thales Valdevino, um dos maiores pesquisadores e colecionadores de discos, objetos raros, fonogramas gravados no exterior, souvenires, documentos e revistas que contam a trajetória do Rei Roberto Carlos. 

O acervo do colecionador é histórico e de uma contribuição imensurável à memória do artista. São várias vitrines expondo discos raros em vinil, CDs, fitas cassetes, filmes em VHS, DVD, revistas, pôsteres, entre outras peças que traduzem a história do menino de Cachoeiro do Itapemirim (ES).

Em 2012 Adriano Thales fez o famoso cruzeiro do Rei Roberto e conheceu uma senhora do interior de São Paulo, a quem Adriano prefere chamar apenas de Anjo Bom. Ela e seu marido são apaixonados fãs de Roberto Carlos e tiveram a oportunidade de conhecerem Adriano que lhes contou a história dos anos que acompanha o rei e do acervo que tinha juntado nesse tempo todo. Ela ficou interessada e depois de outras conversas ainda no navio perguntou ao fã petrolinense qual era o seu maior sonho.

Adriano em sua simplicidade que lhe é peculiar, disse ao seu Anjo Bom que o seu maior sonho era construir um centro de cultura onde pudesse reunir todo o seu acervo e que oferecesse cursos de música para crianças carentes. Depois de alguns meses, Adriano recebeu um telefonema dela dizendo que uma equipe de apoio o procuraria em Petrolina para ver um local onde pudesse ser montado o centro de cultura que pudesse atender os anseios de Adriano. 

O jovem ficou emocionado e alguns dias depois a equipe chegou a cidade, identificou um prédio na Rua Castro Alves, 428, no centro da cidade e a equipe técnica que veio para dar apoio na construção do centro passou alguns dias em Petrolina fazendo todo o planejamento. O projeto foi concebido e a obra foi concluída com acompanhamento de arquiteto e engenheiro. 

Num domingo, dia 19 de abril de 2015, dia do aniversário de Roberto Carlos, Petrolina ganhou o CENTRO CULTURAL EMOÇÕES.

Adriano revelou que Na infância, a paixão por uma única música de Roberto Carlos acabou desenhando o amor do garoto pela trajetória do Rei. Tudo começou no Recife depois da separação dos pais, quando ele ficou morando com a mãe e os irmãos. Era começo da década de 80, até que um dia a mãe ouvia um disco do cantor. A canção Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo impressionou o menino, então com 12 anos. Certo dia, com saudade do pai, que morava em Fortaleza, pegou o LP e ouviu incansavelmente a mesma faixa. 

“Ouvi tanto que o disco começou a enganchar. Aí eu usava o truque de colocar uma caixa de fósforo sobre o braço da antiga vitrola, para não pular”, conta.

Naquele mesmo ano, o pai esteve no Recife para lhe visitar e disse que queria dar um presente. Seria um brinquedo, mas o menino surpreendeu dizendo que queria ir a uma loja de discos da Avenida Conde da Boa Vista. Lá, pediu ao pai que comprasse um disco de Roberto Carlos. Acabou ganhando vários. 

E o primeiro encontrou com o ídolo? “Foi um show inesquecível em Campina Grande (Paraíba), quando tive acesso ao palco e ao camarim, e fiz a primeira foto com ele”, lembra Adriano. 

Não parou mais. Assistiu a apresentações em várias cidades. Assim tornou-se amigo de músicos e assessores. Em uma dessas ocasiões, conseguiu provar ao Rei que ele havia gravado a canção Jesus Cristo em língua inglesa num compacto de 1971, lançado na Holanda. 

Roberto Carlos só acreditou quando teve uma cópia na mão dada por Adriano. Em 2012, o fã embarcou pela primeira vez no Cruzeiro. E foi no mar que recebeu o sinal de um empresário que o apoiou para abrir o Centro Cultural Emoções. “Meu ideal é compartilhar sempre a trajetória de Roberto Carlos, que é a história da cultura e da música brasileira”, completa Adriano.

"É um reencontro com o público via televisão. A noite de todos os brasileiros é mais especial na voz de Roberto Carlos", finalizou Adriano.

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DISTRITO DE JUREMAL: BELEZAS E RIQUEZAS DA DIVERSIDADE DA CAATINGA

A caatinga é um ecossistema único, encontrado no sertão nordestino. A palavra caatinga, é indígena, de origem tupi, e quer dizer "mata branca", "mata rala" ou "mata espinhenta". Muitas das plantas da caatinga têm capacidade de reter água no caule e nas folhas, o que acaba servindo para matar a sede de pessoas e animais quando a seca se prolonga muito.

O BLOG NEY VITAL se embrenha numa série de reportagens pelo interior de Juazeiro e chega nos Distritos para mostrar as suas belezas e ouvir também as reivindicações dos moradores. O distrito de Juremal é nosso primeiro destino. Distrito Juremal distante cerca de 40 km da sede de Juazeiro.

O morador, funcionário público, Rinaldo José do Nascimento, conhecido por "Seu Pora, diz que antigamente o nome era Jurema. Ele mostra com orgulho a "antiga estação de trem de Juremal. Detalhe: a Estação foi a primeira em que a caixa de água era usada para abastecimento das locomotivas atendia até duas ao mesmo tempo, por possuir um sistema subterrâneo de abastecimento, ao invés de ser o comum direto da caixa d'água."

Nos arredores do Distrito, está localizada a Fazenda Lajes, Maravilha e Altamira. Nestes pedaços de terra o sertão se faz presente qual nas escritas da literatura brasileira. Beleza, cores e sons se misturam. Problemas e soluções ambientais tambémm gritam, pedem socorro.

"Seu Pora", mostra que com a chuva e a conservação é possível observar as cores das árvores caraibeiras, pau de colher, quixabeira, juazeiro, ouvir o canto dos pássaros Sabiá, Caboré e Juriti. "Aqui as árvores são resistência e mostra toda exuberância da natureza vencendo todas as dificuldades em sua maioria postas pelo homem", diz.

Rinaldo mostra um cacimbão que possui mais de 100 anos no local e que ainda possui água. Mas a caatinga também dá sinais de perigo. Batizado pelo escritor brasileiro Euclides da Cunha (1866 - 1909) como a "árvore sagrada do Sertão", o umbuzeiro corre risco de extinção no semi-árido brasileiro. Não há exagero. 

A reportagem fotografou o Umbuzeiro morrendo. 

O umbuzeiro é uma espécie ameaçada de extinção, embora oficialmente não seja considerada ameaçada pelo governo brasileiro.

Esse alerta, é referenciado pelo agronomo José Wilson Chaves, o Chaveco, também criador de bode na região. Ele diz que na caatinga praticamente não existem novas plantas de umbuzeiro e a história mostra anos de exploração da caatinga que agora revela a morte de alguns pés de umbuzeiros.

As espécies de árvores encotrandas nos arredores do Distrito de Juremal têm entrre 50 a 100 anos de idade. "Por isto estamos com um projeto de plantio da árvore caraibeira, angico, juazeiro, mulungu e conscientização ambiental é essencial neste momento. Plantar árvores se faz necessário para garantir o futuro e conservação da caatinga', diz.

A proposta é bem recebida pelo empresário Italo Lino de Souza que pretende fazer um reflorestamento numa área plantando árvores nativas da região.

Para o autor do livro A Flora das Caatingas no Rio São Francisco, o principal problema que ameaça a espécie de arvores é a criação inadequada de bodes, cabras e ovelhas no nordeste – região que, segundo o professor, detém o maior rebanho do Brasil. Como muitos animais são criados soltos na caatinga, comem as plantas recém-germinadas – o que faz com que as espécies mais jovens desapareçam.

José Alves aponta que, para evitar a extinção do umbuzeiro, os animais precisam ser mantidos em ambientes mais confinados. O pesquisador ainda alerta que, se as comunidades não mudarem a forma de criação de ovinos e caprinos, a preservação do umbuzeiro, corre um sério risco.

O professor e pesquisador da cultura popular nordestina, Genivaldo Nascimento, diz que o umbuzeiro faz parte do universo sagrado do sertanejo. “Quando o sertanejo vê uma planta dessa secando traz angústia e tristeza e isso acaba interferindo no sentimento de pertencimento em relação a região e em relação a Caatinga”.

O umbuzeiro consegue armazenar até 1.000 litros de água nas raízes. O biólogo e especialista em fisiologia de plantas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Saulo de Tarso Aidar, explicou na reportagem em 2016 para o Globo Rural que as plantas tiveram que usar as reservas de água e por isso muitas chegaram a morte. “Os últimos anos houve menos chuva que o normal e talvez tenha sido muito abaixo da condição que a planta precisa para sobreviver. 

O agrônomo e especialista em plantas da Caatinga, Francisco Pinheiro de Araújo, revela que a morte dos umbuzeiros pode interferir nas produções do futuro. “Essas plantas estão morrendo e não estão deixando descendentes, o que é muito grave isso. Porque isso vai comprometer a produção atual, e com as mortes das plantas, as produções futuras, porque não tem plantas novas na nossa Caatinga”, ressalta.


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ARTICULAÇÃO SEMIÁRIDO FAZ CARTA ABERTA E DENÚNCIA GOVERNO FEDERAL: PROGRAMA CISTERNAS ESTÁ PARALISADO

Ao final de mais um ano da atual gestão do governo federal, a Articulação Semiárido brasileiro (ASA) não implementou as 4.047 tecnologias que guardam água das chuvas para consumo humano e para produção de alimentos que beneficiaria número igual de famílias.


 A construção destas 4.047 tecnologias sociais, a maioria cisternas, estavam previstas no contrato que a Associação Programa Um Milhão de Cisternas (AP1MC), instituição que faz a gestão física e financeira dos programas da ASA, assinou em dezembro de 2019 com o Ministério da Cidadania.

Ao ser questionado por meios de comunicação nas últimas semanas, a reposta do governo tem colocado a pandemia como justificativa central. Mas, para a ASA, esse não é o único motivo que tem impedido milhares de famílias de possuírem um reservatório para captar e armazenar a chuva.

Confira abaixo carta divulgada pela Rede, que possui mais de três mil organizações filiadas.

CARTA ABERTA-Ao destruir o Programa Cisternas, Governo Federal e Ministério da Cidadania condenam população do Semiárido brasileiro à fome e até  à morte

Nas últimas semanas, os grandes veículos de comunicação, tanto escritos quanto televisivos, têm trazido ao conhecimento da população brasileira e mundial a política de desmonte do Programa Cisternas, provocada pelo governo do presidente da República. Programa premiado e tido como a segunda melhor política do mundo pela UNCCD (na sigla em inglês para a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação) e um dos caminhos para atingirmos o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 6: Água potável e saneamento.

O Programa Cisternas está praticamente paralisado e neste ano de 2021 teve o menor investimento desde sua criação oficial no ano de 2003. Questionado sobre os baixos investimentos, o Ministério da Cidadania (MC) tem alegado que a paralisação é resultado da pandemia, que alterou os custos e tornou a ação inviável. Essa é parte da verdade.

Neste documento à sociedade brasileira, nós da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), rede de mais de 3 mil organizações que atuam no Semiárido - organizações que propuseram para o Estado Brasileiro a construção de 1 milhão de cisternas em 1999 e que acompanha desde então a execução das políticas de acesso à água no Semiárido, participando ativamente em sua execução, aperfeiçoamento e controle social - queremos esclarecer o que, de fato, está acontecendo e quais as providências estamos tomando com base nos dados a seguir.

O Programa Cisternas é o maior programa de água descentralizada que se tenha conhecimento na atualidade, alcançando mais de 6 milhões de pessoas. São mais de 1,2 milhão cisternas de água de consumo com capacidade de 16 mil litros; cerca de 200 mil tecnologias sociais que captam água da chuva para produção de alimentos; mais de 7 mil cisternas escolares; além de mais de 1.000 bancos de sementes crioulas; e de outras iniciativas que transformaram a vida do povo do Semiárido, não apenas pela chegada da tecnologia, mas pela dimensão mobilizadora e formativa encampada pelo Programa.

Esses processos foram fundamentais para a transformação de pessoas antes famintas em produtoras de alimentos saudáveis. Fundamentais para uma mudança de cenário, de vida, de narrativa acerca dessa região e do seu povo.

No entanto, pelo nosso levantamento, ainda existem milhares de famílias com sede e com capacidade produtiva, precisando apenas de água. Para atender essa demanda e universalizar o direito à água no Semiárido brasileiro, seriam necessárias 350 mil cisternas de placas de 16 mil litros e mais 800 mil tecnologias de acesso à água de produção de alimentos. E aqui não estamos falando de grandes obras, mas de tecnologias simples, baratas, de baixo impacto ambiental e alto impacto social e econômico.

Da verdade sobre a paralisação do programa de cisternas: O Ministério da Cidadania (MC), no Governo Bolsonaro, só realizou sua primeira chamada pública para a execução do Programa Cisternas em outubro de 2019, lançando o edital de Chamamento Público Nº 11/2019 de 21 de outubro de 2019. O primeiro movimento do MC foi criar regras para impedir a participação da Associação Programa Um Milhão de Cisternas (AP1MC), OSCIP que representa a ASA juridicamente, sendo responsável pela execução de mais da metade de todas cisternas construídas no Semiárido. 

No entanto, o MC foi obrigado a aceitar a proposta da AP1MC por ordem da Justiça Federal. O edital foi organizado em 3 lotes, sendo a AP1MC a primeira colocada em todos eles. Porém, uma outra forma de barrar a participação da AP1MC foi, de forma inovadora, proibir que a mesma organização vencedora pudesse ser contratada em mais de um Lote. 

Nesse sentido, para os outros dois lotes foram classificadas a Cáritas Brasileira e a Associação de Orientação às Cooperativas do Nordeste (Assocene). Por fim, a AP1MC optou pelo lote 01, no valor de R$ 50.070.212,38 (cinquenta milhões, setenta mil, duzentos e doze reais e trinta e oito centavos), que levaria 4.047 cisternas para os estados de MG, PB, PE, RN e SE.

O Termo de Colaboração (contrato) para tal lote, foi assinado em dezembro de 2019, mas somente em 24 de março de 2021, 15 meses depois, foi repassado o valor da primeira parcela. Em períodos normais os valores já estariam defasados. Com a pandemia da Covid-19 no processo, esse quadro se agrava ainda mais. 

Aqui é parte da verdade do MC, mas falta toda a parte restante. A não viabilidade financeira foi confirmada pela própria consultoria jurídica do MC que emitiu parecer de atualização dos valores de referência, sendo, em março de 2021 para as cisternas de consumo humano, e em maio do mesmo ano, para as cisternas de produção e de água para consumo humano nas escolas. No entanto, o orçamento não foi ajustado e os valores já estão defasados novamente.

 O MC, para não executar o programa, não atualiza os custos e metas do contrato, o que impossibilita a execução das implementações. Completam-se quase dois anos de contrato assinado sem as condições de execução por parte do governo federal.

Tentativas de diálogo e busca por caminhos possíveis: Vários ofícios, telefonemas e contatos foram feitos pela AP1MC ao longo desses meses, na tentativa de viabilizar a execução do contrato e ter a autorização de construção. Tudo em vão. Enraizado em posturas burocráticas - que, antes de tudo, destroem a Política Pública - e desumanas, pois impactam na vida de milhares de pessoas necessitadas, o Ministério da Cidadania continua silencioso e inoperante.

Na esperança de contar com a solidariedade do próprio povo brasileiro e não ver o retrocesso na vida do povo do Semiárido, a ASA deu início à campanha Tenho Sede, visando a captação de recursos para construção de cisternas – www.tenhosede.org.br – e também tem contado com o apoio do Fórum de Governadores do Nordeste e do Fórum de Secretários da Agricultura Familiar nessa iniciativa.

No entanto, a nossa campanha não substitui o papel do Estado. E, no sentido de levar ao cumprimento de suas obrigações contratuais e, sobretudo, de cumprir com seu papel de garantir os direitos do povo brasileiro, especialmente dos mais pobres, estamos levando a questão à justiça.

Judicializar é a última saída; Conclamamos a sociedade a se juntar conosco nessa luta para que o Estado brasileiro volte a assumir as políticas públicas que garantem a dignidade do povo brasileiro. Não podemos permitir que os nossos direitos continuem sendo negligenciados em função dos interesses políticos partidários.

Recife, 21 de dezembro de 2021

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RIACHO DO NAVIO: ZÉ DANTAS O POETA DO PAJEÚ, MÚSICA BRASILEIRA QUE PARA SEMPRE SEJA LEMBRADO

Neste ano de 2021, o Brasil comemorou os 100 anos de nascimento, do compositor e médico, um dos mais talentosos nomes da cultura brasileira e internacional, José de Souza Dantas Filho, o poeta Zé Dantas. 

O filho de Zé Dantas, José de Souza Dantas Neto, atualmente respeitado profissional da medicina, o doutor Dantas Neto, coronel médico aposentado do Exército Brasileiro, mestre pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, ex-chefe de clínica e da residência médica do Hospital do Exército por mais de 10 anos, participou do PROGRAMA NAS ASAS DA ASA BRANCA-VIVA LUIZ GONZAGA E SEUS AMIGOS, apresentado pelo pesquisador e jornalista Ney Vital.

A entrevista com o médico Dantas Neto foi para marcar o que representa um século de vida de Zé Dantas, o compositor que deve continuar sempre lembrado na história da música brasileira.

Com uma simplicidade e conhecimento da vida e obra do pai, Zé Dantas e da amizade por Luiz Gonzaga, o doutor Dantas Neto apresentou várias histórias.

Doutor Neto Dantas "deu um presente que surpreendeu". Ele apresentou o cantor José Tobias, o primeiro a gravar (antes de Luiz Gonzaga), a música Acauã. José Tobias iniciou a carreira artística no Recife onde nasceu, em 6 de março de 1928. José Tobias declarou o amor e carinho que tinha por Zé Dantas. "Era um mais que irmão".

José Tobias trabalhou na Rádio Jornal do Comércio na capital pernambucana, Recife. Pouco depois transferiu-se para o Rio de Janeiro, sendo levado para a Rádio Tupi por João Calmon. Da Tupi do Rio de Janeiro foi para a Rádio Record de São Paulo e passou a realizar dois programas semanais nas duas emissoras. Ao produzir um dos melhores álbuns de sua carreira, “Rapsódia Brasileira”, acompanhado por Radamés Gnattali, Camerata Carioca e Octeto Brasilis, Hermínio Bello de Carvalho escalou José Tobias e o definiu como “um cantor de mil cantorias”.

José Tobias teve a voz elogiada pela cantora Elis Regina. 

José Tobias é um nome quase esquecido no cenário musical brasileiro. Pouco se ouve falar deste magnífico cantor, dono de uma voz única, grave. Pelas suas evidentes qualidades vocais encantou milhares de ouvintes, não demorando muito para ser apresentado também no Rio de Janeiro e São Paulo, onde seguiu carreira em diversas rádios. Gravou também alguns Lps nos anos 50. Muitas dessas músicas, gravadas em discos de 78rpm, foram novamente regravadas. 

Em 1952, portanto há 69 anos, José Tobias fez sua estreia em disco no selo Star com os baiões “Acauã”, de Zé Dantas e Luiz Gonzaga e “Chora baixinho”, de Zé Dantas. Em 1953 gravou o samba canção “De tanto acreditar”, de Hervê Cordovil e Renê Cordovil e o baião “Baião do pescador”, de Luiz Gonzaga e Hervê Cordovil. No ano seguinte gravou do pernambucano Capiba os sambas “Igarassu, cidade do passado” e “Recife, cidade lendária”, de Luiz Gonzaga e Ghiaroni o samba “Criança má” e de Elpídeo dos Santos a rancheira “Você vai gostar”. Em 1955 gravou de Dorival Caymmi a canção “Saudade de Itapoã”.

Em 1959 gravou o maracatu “Eh! Ua! Calunga”, de Capiba e o coco “Lua…lua…”, de Teófilo de Barros e Sebastião Lopes. No ano seguinte gravou  as toadas “Se eu soubesse”, do ex cangaceiro Volta Seca e “Vai jangada”, de Geraldo Serafim e Newton Castro. 

Em 1961 gravou do maestro Guerra Peixe o samba “Se você voltasse”. Gravou ainda pelo pequeno selo Athena. Por essa época lançou o LP “Poema triste” no qual interpretou de sua autoria, a “Balada da solidão” e “Só voltou de madrugada”; de Ronaldo Bóscoli e Roberto Menescal a música “Negro”, de Peterpan, “Hoje é Domingo outra vez” de Hervê Cordovil e Vicente Leporace, “Jangada”, de Zé Dantas, “Acauã” e de Luiz Vieira, o “Prelúdio para ninar gente grande”.

Em 1984 lançou o LP “Rapsódia brasileira”, com a participação do maestro Radamés Gnatalli, Camerata Carioca e Octeto Brasilis, no qual interpretou, entre outras músicas, “Meu caboclo”, de Laurindo de Almeida e J. Lourival, “Minha terra” de Waldemar Henrique, “Luar do sertão”, de Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco, “Isso é o Brasil” de José Maria de Abreu e Luiz Peixoto e “Azulão” e “Modinha”, de Jayme Ovalle e Manuel Bandeira.

José Tobias de Santana começou sua carreira musical de um modo muito particular: após uma vitória de seu time de futebol (chegou a receber propostas para se profissionalizar pelo Náutico) contra o time da Rádio Jornal do Comércio de Recife, foi comemorar no chuveiro ao som de “Marina”, de Caymmi. 

Ao ouvi-lo cantar, Ubirajara Mendes – programador da rádio, que tinha ido ao vestiário com a intenção de contratá-lo para o futebol da emissora – não teve dúvidas: levou-o para a rádio, uma das mais importantes do país na época, que contava no seu elenco com músicos e arranjadores de peso como Guerra-Peixe e Sivuca.

Um dos sonhos de José Tobias, 94 anos, é realizar um show em Recife, Pernambuco.

ZÉ DANTAS: O gosto musical sempre foi o grande aliado do pernambucano José de Souza Dantas Filho (1921-1962), também chamado de Zé Dantas. Nascido em Carnaíba de Flores, no Sertão do Pajeú, desde menino se revelava compositor. Apaixonado por ritmo, melodia e harmonia, Zé Dantas, criava com facilidade xotes, baiões e toadas. No Recife estudou medicina conforme desejavam os pais, mas nunca abandonou a vocação artística.

Aquele que viria a ser um dos principais parceiros musicais do Mestre Lua é  tema do livro Na batida do baião, no balanço do forró: Zedantas e Luiz Gonzaga, da antropóloga Mundicarmo Ferretti. A publicação do livro é fruto da dissertação de mestrado da pesquisadora, que na década de 1970 fez o primeiro estudo acadêmico sobre a parceria entre os dois pernambucanos.

“Conheci o trabalho de Zedantas e de Luiz Gonzaga ainda na infância, no Piauí, e, posteriormente, vi que a música dos dois permanecia muito viva. Além disso, passou a atrair a atenção de um público classe média e universitário, da mesma maneira que em outros tempos interessou a imigrantes nordestinos”, conta. Em Pernambuco, Ferretti entrevistou amigos e familiares do compositor; e no Rio de Janeiro colheu depoimentos de pessoas ligadas a gravadoras, lojas de discos, casas de forró.

Segundo a pesquisadora, Zedantas conheceu o Rei do Baião em 1947, antes mesmo de terminar o curso de medicina na UFPE, em 1949, e de partir para o Rio de Janeiro no ano seguinte. Embora fosse “doutor”, era notado sobretudo pelo humor e talento com os quais contava histórias e criava versos. De 1950 a 1958, Luiz Gonzaga gravou 50 composições do conterrâneo, que as escrevia com a intenção de divulgar os costumes e as artes populares tipicamente nordestinas.

Com olhar voltado para as próprias raízes, Zedantas compunha canções sobre festividades sertanejas, práticas medicinais e agrícolas, poesia, artesanato. Chegou a ser diretor do programa O Rei do Baião, da Rádio Nacional, e do Departamento Folclórico da Rádio Mayrink Veiga. Quando morreu, aos 41 anos, um busto foi levantado na cidade natal, em sua memória.

Mas foi do cantor e compositor Antonio Barros, o paraibano que recebeu o maior tributo, a música Homenagem a Zedantas, interpretada por Luiz Gonzaga que empunhava versos como: “Chora meu olho d' água,/ chora meu pé de algodão./ As folhas já estão se orvalhando,/ saudade do nosso irmão,/ Zedantas”. 

Além de Luiz Gonzaga, as composições do pernambucano foram gravadas por artistas como Carmélia Alves (O calango), Quinteto Violado (Chegada de inverno), Ivon Curi, (Dei no pai e trouxe a filha), e Jackson do Pandeiro (Forró em Caruaru).

A vida e a obra de Zedantas também são o enfoque de Psiu!, filme documentário produzido e co-dirigido por Juliana Lima, com direção de Antônio Carrilho. “Partimos de conversa com dona Iolanda para colher depoimentos de outros familiares e amigos. Falamos com o filho de Zedantas, o cunhado, colegas de profissão no Rio de Janeiro, sertanejos que trabalharam na fazenda dos pais do compositor, além de artistas como Geraldo Azevedo e Fagner, que até hoje cantam as músicas dele”, ressalta a co-diretora.

No documentário, Zedantas é descrito como uma pessoa carismática, alegre e talentosa. Psiu! traz também imagens inéditas e gravações com a voz do compositor, que registrou em áudio entrevistas. A direção de fotografia é assinada por Léo Sete, Pedro Urano e Zé Cauê.

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MUSICALIDADE DO POETA MACIEL MELO É DESTAQUE DO CALENDÁRIO DA CLASS COMUNICAÇÃO E MARKETING 2022

A série de calendários da Clas Comunicação e Marketing, que esse ano completa 18 anos com edições consecutivas e distribuição gratuita, ilustra os 12 meses de 2022 com a poesia e a musicalidade de um cantor e compositor que é hoje uma referência da música nordestina, Maciel Melo.

Produzido em parceria com a Cadan Distribuição e a Gráfica Bandeirante, o anuário com o tema 'Maciel Melo - Que nem vem-vem' escolheu para cada mês uma canção do 'Caboclo Sonhador' e pediu a 12 fotógrafos que traduzissem em imagem os versos desse melodista engenhoso e letrista preciso.

O resultado desse casamento, ora imagem poética, ora poema visual, você pode acompanhar através dos olhares de Ana Araújo, Alexandre Justino, Wesley Lopes, Samuel Morais, Marcus Ramos, Maurício André, Sílvia Nonata, Lais Lino, Lizandra Martins, Chico Egídio, Roberta Guimarães e Carlos Laerte, também idealizador da série e diretor da Clas Comunicação e Marketing.

Na abertura do texto de apresentação do calendário, o cantor e compositor Renato Teixeira diz: "O tempo de Maciel é o tempo da música. Em sua vida tudo é ritmo, pulsação, estradas e sonhos..." E, mais adiante lembra: "... Fomos muitas vezes juntos para os palcos fazendo inesquecíveis cantorias que eu pude constatar a perenidade da sua arte tão bem fundamentada no que o Estado de João Cabral  tem de melhor na música e na poesia...".

Além da homenagem a Maciel Melo,  a série destacou  nestes 18 anos os temas: Os Cartões Postais de Petrolina e Juazeiro (2004); As Imagens do Vale do São Francisco (2005); As Flores da Caatinga (2006); A Arte que Vem do Vale (2007); Fé e Folguedo (2008); Brincávamos Assim (2009); Paisagem de Interior (2010); Espetáculos do Vale do São Francisco (2011); Assim na Terra como no Céu de Celestino (2012); Olhar poesia (2013); Beleza pra Mim (2014), Artesanato de Petrolina (2015), Geraldo Azevedo, pelos raios desse sol (2016); São Francisco – Reflexos de um Rio (2017); Noturno Vale do São Francisco (2018); Sentires em preto e branco (2019); A Poesia de Manuca Almeida (2020) e Os meses e suas cores (2021).

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