PESQUISA DE PROFESSOR DA UNEB JUAZEIRO PODE AJUDAR PLANTAS A SOBREVIVEREM NA SECA

Com as recentes mudanças climáticas que acometem todo o planeta, somado à realidade de queimadas e degradação de espaços naturais como a região da Amazônia, um cientista baiano, preocupado com o futuro da humanidade, realiza um estudo para tornar a vegetação mais resistente aos solos, cada dia mais inférteis. 

Quando concluído, o trabalho promete soluções para que plantas possam crescer em regiões que sofrem com a seca, entre as quais está o semiárido baiano.

A mente por trás deste projeto, Adailson Feitoza, professor e coordenador do curso engenharia de bioprocessos e biotecnologia, da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), em Juazeiro, afirma que a inspiração surgiu dos dados alarmantes que apontam aumento na variabilidade de chuva e seca até 2050, o que pode, dentre outras coisas, prejudicar a produção agrícola. Para Adailson, umas das maneiras de reverter este cenário é investindo no plantio de mais árvores, entretanto, surge o questionamento: como manter produtividade agrícola em solo árido?

A partir desta questão, que intriga diversos pesquisadores, Adailson pensou numa proposta de estimular micro-organismos que habitam ao redor, e partes do tecido interno, de plantas típicas da caatinga, para fornecer os nutrientes necessários a diversas espécies. Essa técnica pode auxiliar a vegetação a tolerar as condições climáticas nocivas de uma determinada região.

Com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e investimentos internos da própria Universidade, a pesquisa teve origem no bioma caatinga e se desenvolveu na Estação Ecológica Raso da Catarina, área considerada uma das mais quentes e com menor índice pluviométrico da Bahia. “Estamos investigando bactérias nativas da caatinga, que sejam tolerantes a condições de seca, como déficit hídrico, salinidade e temperatura elevadas, e que auxiliem o desenvolvimento de culturas como milho, feijão, tomate, em condições consideradas desfavoráveis para o seu desenvolvimento”, explicou.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), até 2030 quase metade da população mundial sofrerá com a escassez de água. No futuro, o pesquisador espera encontrar um conjunto de bactérias que possam ser transformadas em um produto comercial e ajude a reparar os danos causados pelas mudanças climáticas consequentes da degradação do meio ambiente.

Para a experimentação do estudo são utilizadas plantas endêmicas desta região, com microbioma específico e características relevantes para a tolerância à seca. O impacto científico proporcionado por este estudo pode gerar uma nova tecnologia, permitindo que produtores de áreas onde há pouca demanda hídrica consigam manter sua produtividade e com isso gerar lucro e renda. “A tecnologia será voltada para micro e pequenos produtores e também para os que produzem em larga escala”.

(FONTE: Essa publicação integra a série de reportagens Bahia Faz Ciência, da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e da Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb)

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PRODUTORES DO SEMIÁRIDO BAIANO APRENDEM COMO MELHORAR PRODUTIVIDADE DE CAPRINOS E OVINOS

Iniciativas simples de manejo sanitário e nutricional são algumas das ações que estão sendo adotadas pelos criadores(as) de caprinos e ovinos do Semiárido da Bahia, para melhorar a produtividade do rebanho. 

Isso porque, após receberem assessoramento técnico especializado, eles e elas estão tendo a oportunidade de ver na prática como a adoção de técnicas baratas podem fazer a diferença na hora de comercializar os animais.  

Um bom exemplo disso é a iniciativa da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), por meio do edital Aliança Produtiva, que está sendo executado na região, em parceria com a Central de Comercialização das Cooperativas da Caatinga (Central da Caatinga), e envolve diretamente famílias agricultoras beneficiadas pelos projetos Pró-Semiárido e Bahia Produtiva. 

Além do assessoramento técnico, dentre as atividades realizadas pela equipe para assegurar a troca de saberes entre as famílias, desenvolvimentos das capacidades, inovação e formação dos(as) criadores(as) estão as visitas de intercâmbio. Nesse sentido, a comunidade Brejão da Caatinga, no município de Campo Formoso, foi o cenário da visita de intercâmbio, que reuniu cerca de 32 pessoas entre produtores/as e técnicos(as), no último dia 05 de outubro. 

Durante o intercâmbio, os(as) participantes puderam conferir diversas práticas, como a escolha de reprodutores, crias e carneiros para terminação, estação de monta, importância da suplementação animal, estação de monta, além de verificar quais os tipos de forragens mais adaptados e adequados às suas realidades. 

"Os produtores viram que tem como criar com pouco, gastando pouco e com instalações simples", explicou o técnico Paulo Henrique, que organizou e acompanhou a realização da atividade. Para a técnica em desenvolvimento produtivo do Pró-Semiárido, Telma Magalhães, a ação só ressalta como iniciativas pequenas como essa podem mudar a realidade das famílias que agora, com uma produção que é facilmente absorvida pelo mercado, podem melhorar a renda e a qualidade de vida.  

"Trata-se de uma iniciativa sobre um novo arranjo significativo e potencial de combate à pobreza. Nessa atividade, os participantes puderam dialogar sobre técnicas de manejo semiconfinado e confinado do rebanho, estratégias de alimentação, sanidade animal e novas tecnologias, voltadas para a melhoria da produção de cordeiros e cabritos. O objetivo é viabilizar uma melhor organização produtiva, além de promover o aumento de renda a partir do fornecimento continuado de animais com padrão e qualidade ideais exigidos pelo mercado", explica Telma Magalhães. 

O edital Aliança Produtiva envolve, diretamente, produtores e produtoras de 28 comunidades rurais dos municípios de Itiúba, Monte Santo, Uauá, Casa Nova, Campo Formoso, Jaguarari, Andorinha e Juazeiro. O grupo é acompanhado por 10 técnicos e técnicas que fazem assessoria técnica especializada para assegurar a boa produtividade dos animais e facilitar a comercialização dentro das exigências dos abatedouros e do mercado. 

O Pró-Semiárido e o Bahia Produtiva são projetos executados pela CAR, empresa pública ligada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR). O Pró-Semiárido é cofinanciado pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida) e o Bahia Produtiva, pelo Banco Mundial. 

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IRPAA: FORMAÇÃO DE EDUCOM É REALIZADA COM ESTUDANTES DE SOBRADINHO

Educomunicação como prática libertadora, discussão sobre como a mídia aborda o Semiárido, importância da comunicação popular e comunitária, além de teoria e prática sobre fotografia e produção audiovisual foram alguns temas debatidos durante a oficina de Educomunicação realizada com estudantes da Escola Familiar Agrícola de Sobradinho (EFAS).

 A oficina teve como objetivo estimular os estudantes a utilizarem a Educom para defender seus direitos e os direitos de suas comunidades.

Sobre os conteúdos ministrados durante a oficina, a estudante Emily Gonçalves destaca que foi muito relevante aprender sobre como produzir conteúdo para as mídias sociais e como o monopólio de conteúdo acontece. Além disso, a estudante ressalta a importância de se comunicar. 

“Quando a gente não se comunica, o que a gente sabe não é passado, e o que a gente não sabe, não é aprendido. Se eu não falo com o outro, se eu não passo o que eu sei para o outro, ele não vai saber o meu ponto de vista (...) Então, a comunicação vem para mostrar o que é dito sobre tal tema e para mostrar a realidade de certo lugar, como o nosso Semiárido”, opina Emily.

A imagem parcial que a mídia geralmente mostra do Semiárido foi questionada pela estudante, Débora da Silva. “Ela [a mídia] só mostra a parte da estiagem, não mostra parte da chuva, não mostra a captação de água da chuva, não mostra as técnicas que hoje em dia são utilizadas para se conviver com o Semiárido”. Em consonância com a posição de Débora, o estudante Guilherme Cardoso expõe que a mídia deveria conhecer o Semiárido, conhecer a sua riqueza, a cultura e costumes para assim poder divulgar a região como ela realmente é.

O estudante César Souza, que gostou de aprender sobre as técnicas para produção de fotografia e vídeo, como luz e enquadramento, também fala sobre como a mídia mostra o Semiárido. “A gente vê uma imagem na televisão de um solo rachado, animais morrendo, pessoas passando fome, passando necessidade, mas na verdade não é simplesmente assim. A gente tem uma biodiversidade imensa, a gente tem a Caatinga, nosso bioma que é maravilhoso, tanto na sua fauna, quanto na sua flora (...) a gente tem também uma cultura muito linda (...) E a gente sabe que no Semiárido não falta água, falta justiça”, aponta o estudante.

A partir da experiência que vivenciou, César também destaca que pretende compartilhar com sua comunidade os conhecimentos que adquiriu. 

“Às vezes, as pessoas não têm essa oportunidade que eu estou tendo, aí vão se tornando pessoas alienadas. Acham que a vida é só aquilo que estão vendo na televisão ou no rádio. É importante eu estar levando isso para minha família, para minha comunidade e falar que eles têm que lutar pelos seus direitos, que têm que mostrar a realidade de vida deles e fortalecer ainda mais esse Semiárido maravilhoso que a gente vive”, afirma.

Assim, com a consciência de que a mídia apresenta um discurso distorcido sobre a região semiárida e com os conhecimentos adquiridos na oficina, os estudantes também podem divulgar nas mídias sociais, por exemplo, através de fotografias e vídeos, a verdadeira imagem do Semiárido, colaborando para a construção de uma nova representação deste lugar.

A oficina facilitada pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa) teve como maior parte do público as/os adolescentes estudantes da EFA de Sobradinho. As produções fotográficas e audiovisuais realizadas durante a oficina mostram belezas e possibilidades de Convivência com o Semiárido e serão apresentadas no I Workshop Nacional sobre Agroka’atinga no Semiárido Brasileiro, que acontecerá de forma virtual entre os dias 10 e 13 de novembro, através do canal TV EFA no YouTube. (FONTE: Texto e foto: Eixo Educação e Comunicação)

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ALDEIA VELHO CHICO CONVIDA A REENCANTAR A VIDA

“O Agora nos Espera: é preciso reencantar a vida!”. É com este tema que evoca a arte como resistência na construção de dias melhores, que o Sesc Petrolina vai realizar de 31 de outubro a 13 de novembro, a 17ª edição da Aldeia do Velho Chico – Festival de Artes do Vale do São Francisco. 

O evento tem a parceria da Prefeitura Municipal e contará com oficinas, espetáculos de dança, teatro, música e performances online e presencias em espaços de Petrolina e Juazeiro (BA).

Importante projeto multicultural, a Aldeia é um desdobramento do Palco Giratório, maior projeto de artes cênicas em circulação no país, e contará com a participação de artistas regionais e nacionais. Este ano, a programação está mais extensa ao agregar o projeto a Aldeia Vale Dançar, já que o festival não foi realizado no primeiro semestre por causa da pandemia da Covid-19.

A abertura do Festival será no domingo (31/10). Das 10h às 16h, no parque aquático do Sesc, o Sesc Lazer ganhará roupagem especial e terá como atração musical Temir (Petrolina-PE). Às 16h, na orla da cidade, o público poderá assistir ao Reisado da Mata de São José (Orocó-PE) e à performance “Guardiões do Velho Chico”, com Eliza Oliver, Elielci Barros, Tássio Tavares, Ramon Souza, Julia Gondim, Salem Michele, Zezinho Lécter, Pedro Cresley e Pedro Lacerda (Petrolina/PE - Juazeiro/BA).

A partir das 18h, o cortejo de barcos, tendo à frente o Barco Nilo Brasileiro, navega pelas águas do Rio São Francisco, com Afoxé Filhos de Zaze (Juazeiro/BA) e Samba de Véio da Ilha do Massangano (Petrolina/PE).

Na segunda-feira, 1º de novembro, a programação começará logo cedo, a partir das 9h, com o Aldeia Podcast, que trata o programa “Deixe de Pantim” e convidados (Petrolina/PE). Às 18h, no Muro da Galeria de Artes Ana das Carrancas, será apresentado o Painel Visualidades da Aldeia, com Netão Ribeiro (Petrolina/PE), Lys Valentim (Petrolina/PE) e Pincelada Nômade (Natal/RN - São Paulo/SP) e lançamento do Catálogo da Exposição "Carina, Isso Não é Coisa de Mulher!", de Carina Lacerda (Petrolina/PE). Às 19h, no canal do Sesc Pernambuco no Youtube, o público poderá assistir ao projeto Amplitudes Visuais "Carina, Isso Não é Coisa de Mulher!" - Mediação Filmada (Petrolina/PE). Às 20h, no Teatro Dona Amélia, será apresentado o espetáculo “Andanças: Minha Origem Sagrada”, com Artistas Independentes (Petrolina/PE).

Ainda na segunda-feira, a partir das 21h, a programação migrará para a cidade baiana de Juazeiro, no Espaço Filhos de Zaze, onde a Cia de Dança do Sesc Petrolina apresentará o espetáculo Aterrágua. Em seguida, o Afoxé Filhos de Zaze (Juazeiro/BA) se apresentará com o seu ijexá. Às 23h, a cantora Nara Couto (Salvador/BA) subirá ao palco para encerrar a noite.

Até o dia 13 de novembro, diversas atrações se revezarão na Aldeia, que contará com espetáculos musicais no Teatro Dona Amélia, como o cantor Almir Rouche (Recife-PE), no dia 8 de novembro, às 20h, e a cantora Fabiana Cozza (São Paulo -SP), que se apresentará às 20h, no dia 13. Além dela, o último dia do festival contará com performances, dança, apresentações musicais e o tradicional Mercado Cultural. A programação completa da Aldeia do Velho Chico pode ser conferida no site do Sesc Pernambuco (www.sescpe.org.br). O festival conta com o apoio da TV Grande Rio e JB Hotel.

Serviço: Aldeia do Velho Chico

Data: de 31 de outubro a 13 de novembro         

Locais: Teatro Dona Amélia (Sesc Petrolina), Centro Cultural Filhos de Zaze (Juazeiro), Casa Cores e Ilha do Massangano

 Oficinas: R$ 40 (Inteira) e R$ 20 (Meia)

 Ingressos: Espetáculos no Teatro Dona Amélia - R$ 30 (Inteira) e R$ 15 (Meia); Shows Fabiana Cozza e Almir Rouche - R$ 60 (Inteira) e R$ 30 (Meia); Passaporte Ilha do Massangano (Transporte + Travessia) R$ 40 (Inteira) e R$ 20 (Meia); Passaporte Centro Cultural Filhos de Zaze (Transporte) - R$ 20 (Inteira) e R$ 10 (Meia); Casa Cores - R$ 20 (Inteira) e R$ 10 (Meia); Sesc Lazer  - R$ 6 (Inteira) e R$ 3 (Meia)

 * As ações em espaços alternativos serão gratuitas

Mais informações: (87) 3866-7454


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HOMENAGEM AOS 75 ANOS DO CANTOR BELCHIOR ACONTECE NESTA TERÇA (26)

Nesta terça-feira (26), o cantor que marcou a história da música brasileira, Belchior, completaria 75 anos. Em homenagem a essa data marcante, o Itaú Cultural dedicará uma postagem ao músico.

Com o tema “ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro”, retirado da canção Homem de sorte, a postagem destaca o legado de Belchior e por meio de depoimentos de personalidades da família do artista, da música e do jornalismo cultural responde a pergunta: como não morrer no ano que vem?

Entre as pessoas convidadas para fazerem depoimentos inéditos estão a filha do compositor, Vannick Belchior; o jornalista responsável pela biografia do músico, Jotabê Medeiros; Ana Cañas, que recentemente lançou álbum de releituras de Belchior; e o filósofo Jair Barboza. Falas de carinho e saudad do ícone que morreu em abril de 2017

Além dos depoimentos próprios que passam pela resposta da pergunta e chegam a importância de Belchior para cada convidado, eles também escolhem as músicas favoritas do cantor. As canções estão disponíveis em uma playlist exclusiva no perfil do Itaú Cultural. Um verbete sobre o cantor também será novamente compartilhado junto com a homenagem.

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COMEÇA TERÇA-FEIRA (26) O FESTIVAL DE CANTORIA E CANTADORES EM FORMATO ON LINE

Com a participação confirmada de mais de 12 artistas, entre nomes nacionais e talentos nordestinos, começa nesta terça-feira (26) e vai até o dia 29, o I Festival de Cantoria e Cantadores. Transmitido pelo canal do Youtube da Sincronia Filmes, a partir das 19h30, o encontro online vai promover também uma série de bate-papos musicados e palestras, em formato hibrido, para os alunos das escolas públicas de Petrolina – PE.
De acordo com os curadores do evento, Maviael e Marcone Melo, o festival será um grande encontro da música autoral e da diversidade de estilos e ritmos.

Vão se apresentar durante os quatro dias os cantores e compositores Maciel Melo (Iguaraci - PE), Ceumar (São Paulo - SP), Camila Yasmine (Petrolina - PE), Nilton Freitas (Uauá-BA), Mariano Carvalho (Salgueiro-PE), Paulinho Pedra Azul (Pedra Azul-MG), Álisson Menezes (Vitória da Conquista-BA), João Sereno (Juazeiro-BA), Gean Ramos (Jatobá-PE), Ivan Greg (Petrolina), além dos curadores, Marcone Melo (Petrolina - PE) e Maviael Melo (Salvador – BA).

O I Festival de Cantoria e Cantadores tem realização e produção executiva da Melodia Produções e conta com incentivo cultural da Fundarpe e da Secretaria de Cultura do Governo de Pernambuco (Secult-PE), através da sua aprovação no 3º Edital Funcultura de Música 2018/2019.
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99% DOS ESTUDOS ATRIBUEM AUMENTO DA TEMPERATURA GLOBAL A ATIVIDADES HUMANAS

Às vésperas da Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26) que começa no sábado 30 em Glasgow, um artigo publicado na revista Environmental Research Letters não deixa dúvidas sobre o motivo de o planeta estar sofrendo um aumento de temperatura a uma velocidade sem precedentes.

 É a ação humana que está por trás das alterações no clima e no tempo, constataram os autores, da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos. Ao avaliar 88.125 estudos relacionados ao tema, os especialistas descobriram que 99% deles apontam causas antropogênicas para o fenômeno.

Em 2013, a mesma equipe realizou um estudo com essa metodologia, verificando que 97% das pesquisas sobre mudanças climáticas, publicadas entre 1991 e 2012, apontavam as atividades humanas, como principal motor do aumento de temperatura e das consequências disso. Agora, a equipe de Cornell se concentrou nas publicações entre 2012 a novembro de 2020, mostrando que, mais do que nunca, as causas antropogênicas são um consenso científico.

“É fundamental reconhecer o papel principal das emissões de gases de efeito estufa para que possamos mobilizar rapidamente novas soluções, uma vez que já estamos testemunhando em tempo real os impactos devastadores dos desastres relacionados ao clima sobre as empresas, as pessoas e a economia”, disse, em nota, Benjamin Houlton, Reitor da Faculdade de Agricultura e Ciências da Vida em Cornell e coautor do estudo.

 Em agosto, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, formado por cientistas independentes de todo o mundo, já havia alertado, em relatório, que as atividades humanas estão por trás do aumento da temperatura e, consequentemente, de inundações, secas, elevação do nível do mar e derretimento de geleiras, entre outros.

“Estamos virtualmente certos de que o consenso está bem acima de 99% agora, e que é praticamente caso encerrado para qualquer debate público significativo sobre o fato de a mudança climática ser causada pelo homem”, afirma Mark Lynas, pesquisador da Universidade de Cornell e primeiro autor do artigo.

Para o estudo, os especialistas começaram com uma amostra aleatória de 3 mil pesquisas do conjunto de dados de 88.125 artigos climáticos, em inglês, publicados entre 2012 e 2020. Eles constataram que apenas quatro eram céticos em relação às causas antropogênicas das mudanças no clima. 

“Nós sabíamos que uma visão cética seria muito pequena em termos de ocorrência, mas pensamos que ainda deveria haver mais do que quatro em 88 mil”, diz Lynas. Se o resultado de 97% do estudo de 2013 ainda deixou alguma dúvida sobre o consenso científico sobre a influência humana no clima, as descobertas atuais vão ainda mais longe para dissipar qualquer incerteza, afirma o principal autor. “Essa deve ser a última palavra.”

FAKENEWS: Contudo, se entre os cientistas as causas antropocêntricas das mudanças climáticas são consenso, o mesmo não acontece entre leigos. Seja em mensagens nas redes sociais ou mesmo em falas de políticos, Lynas destaca que ainda há muita informação e notícias deliberadamente falsas. Em 2016, o Pew Research Center, um think tank sobre opinião pública, descobriu que apenas 27% dos adultos norte-americanos acreditam que “quase todos” os cientistas concordam que a mudança climática se deve à atividade humana.

Uma pesquisa Gallup de 2021 também nos EUA mostrou que, nos últimos anos, houve uma intensificação no debate entre políticos norte-americanos sobre as causas do aumento da temperatura serem as atividades humanas, com os mais conservadores tendendo a defender que, na realidade, seriam fenômenos naturais. “Para entender onde existe um consenso, você tem que ser capaz de quantificá-lo”, destaca Lynas. “Isso significa pesquisar a literatura de forma coerente e não arbitrária, a fim de evitar escolher artigos a dedo, que muitas vezes é a forma como esses argumentos são apresentados na esfera pública.”

Nigel Arnell, professor de Ciência do Sistema Climático da Universidade de Reading, no Reino Unido, e um dos autores do relatório do IPCC, destaca que não há mais espaço para ceticismo em relação às causas das mudanças climáticas, diante da robusta produção científica consensual sobre a relação entre atividades como queima de combustíveis fósseis e aumento de temperatura.

“O último relatório do IPCC confirma que as atividades humanas mudaram nosso clima e levaram a ondas de calor, inundações, secas e incêndios florestais mais frequentes que vimos recentemente. A evidência é incontestável”, diz.

Para Arnell, a confirmação de que o homem está por trás das catástrofes climáticas é essencial para que da COP 26 saiam metas que realmente possam mudar o curso do aquecimento global. “É necessário intensificar nossos esforços coletivos para nos adaptarmos às mudanças climáticas e aumentar a resiliência a desastres climáticos mais frequentes e extremos no futuro. Eventos recentes mostraram que todos estamos expostos a grandes riscos.”

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: Uma pesquisa internacional, liderada pela Universidade Vrije, de Bruxelas mostra que as mudanças globais nas temperaturas lacustres e nas coberturas de gelo não são devidas à variabilidade natural do clima e só podem ser explicadas por emissões maciças de gases de efeito estufa desde a Revolução Industrial. O estudo foi publicado na revista Nature Geosciences.

A equipe também previu o que pode acontecer, futuramente, em diferentes cenários. Em um quadro de baixa emissão, estima-se que o aquecimento médio dos lagos se estabilize em 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, e a duração da cobertura de gelo seja 14 dias mais curta. Em um mundo de alta emissão, essas mudanças podem levar a um aumento de 4° C e 46 dias a menos de gelo.

“A temperatura e a cobertura de gelo são fundamentais para os ecossistemas lacustres”, diz Luke Grant, principal autor do estudo. “Como os impactos deverão continuar a aumentar no futuro, corremos o risco de danificar seriamente os ecossistemas de lagos, incluindo a qualidade da água e as populações de espécies de peixes nativas. Isso seria desastroso para as muitas maneiras pelas quais as comunidades locais dependem dos lagos, desde o abastecimento de água potável até a pesca.”

A equipe ddesenvolveu várias simulações de computador com modelos lacustres em escala global. Depois de construir esse banco de dados, os cientistas aplicaram uma metodologia descrita pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Determinado o impacto histórico das mudanças climáticas nos lagos, eles constataram que é altamente improvável que as tendências nas temperaturas desses ambientes e na cobertura de gelo nas últimas décadas possam ser explicadas apenas pela variabilidade natural do clima.

Além disso, os pesquisadores encontraram semelhanças inequívocas entre as mudanças observadas em lagos e as simulações em um clima influenciado pelas emissões de gases de efeito estufa. “Essa é uma evidência muito convincente de que as mudanças climáticas causadas pelos humanos já afetaram os lagos”, diz Grant. “Se conseguirmos reduzir drasticamente nossas emissões nas próximas décadas, poderemos evitar as piores consequências para os lagos em todo o mundo”, acredita.

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