PREFEITO DE BELO JARDIM VISITA PETROLINA E EMPRESÁRIO JADIEL SANTOS SOLICITA AO PRÉ-CANDIDATO MIGUEL COELHO UM OLHAR PARA A CULTURA GONZAGUEANA

 

O prefeito Gilvandro Estrela (de Belo Jardim) esteve em Petrolina neste final de semana. O gestor ao lado do prefeito Miguel Coelho conheceu vários projetos e programas desenvolvidos na Capital do Sertão do São Francisco.

“Miguel Coelho é um exemplo de gestor para o Brasil. Vim para ver de perto e copiar as coisas boas que tem sido feito em Petrolina”, complementou Gilvandro Estrela. 

Na oportunidade o empresário Jadiel Santos, filho de Belo Jardim, porém residente em Petrolina, solicitou ao prefeito um olhar especial e com afinidade de desenvolver a cultura, exemplo, o patrimônio histórico de Exu, Pernambuco, terra de Luiz Gonzaga.

 


"Temos uma afinidade com a cultura gonzagueana, Luiz Gonzaga é filho de todo o Brasil e precisa agora e no futuro de um olhar mais profundo para o município que pode através da vida e obra de Luiz Gonzaga e do Patrimonio de Exu gerar emprega e renda, desenvolver o turismo da região  a partir da chapa da Araripe", explicou Jadiel.

Os radialistas Laetson Silva e Josa Leite, da Rádio Bitury Fm, e o empresário Giva acompanharam o encontro. O prefeito de Belo Jardim vai propor ainda este ano ao pré candidato também uma visita a Exu. "Compreendo que Luiz Gonzaga é Patrimônio do Estado de Pernambuco e do Brasil e merece mais respeito por parte dos governantes e a partir de Exu, toda uma cadeia econômica pode ser ampliada em todo o Estado', disse Gilvandro Estrela.

Miguel tem recebido nos últimos seis meses representantes de diversas regiões pernambucanas. O prefeito petrolinense agradeceu os colega do Agreste e se comprometeu a visitar Belo Jardim. 

“É sempre uma oportunidade para trocarmos ideias sobre nossas cidades e sobre como ajudar Pernambuco a retomar seu protagonismo. Belo Jardim é um municipio importante do Agreste que pretendo visitar e conhecer melhor. Agradeço a visita de Gilvandro e dos filhos de Belo Jardim, que sempre serão bem-vindos a Petrolina”, falou Miguel após as reuniões.

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O PROCESSO DE TORNAR O FORRÓ PATRIMÔNIO CULTURAL CONTINUA EM ANDAMENTO

“Agora as leis estão reconhecendo a riqueza do forró, mas ele sempre foi nosso patrimônio cultural. E quem decide isso é o povo, nenhuma lei ou decreto.” A fala de Leda Alves, estudiosa da cultura popular, rememora a resistência da comunidade forrozeira na preservação de um dos mais autênticos gêneros musicais brasileiros e nordestinos. 

Em maio de 2019, diversos agentes culturais, gestores públicos, artistas e pesquisadores do país compartilharam suas experiências e sua relação com o forró durante o seminário Forró e Patrimônio Cultural, evento que aconteceu no Recife para anunciar e celebrar que o gênero irá se tornar Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.

Após anos de iniciativas, projetos e lutas perante o poder público para a efetiva salvaguarda do forró, o Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) deu início, em 2019, à elaboração do Dossiê de Registro das Matrizes Tradicionais do Forró, procedimento técnico necessário para a inscrição do gênero no Livro das Formas de Expressão do Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. O Dossiê resultará de uma extensa pesquisa textual, audiovisual e fotográfica para catalogar e apresentar, junto ao Iphan, os aspectos históricos, sociais, culturais e musicais que envolvem as matrizes tradicionais do forró.

Assim, para dar início a essa pesquisa, o Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan (DPIIphan), em parceria com a Associação Respeita Januário (ARJ) e outras entidades do país ligadas ao forró, promoveu o seminário Forró e Patrimônio Cultural, discutindo diretamente com a comunidade forrozeira os desafios e as perspectivas da construção desse Dossiê.

Foram três dias de debates, escutas compartilhadas dos instrumentos tradicionais do forró (sanfona, sanfona de oito baixos, rabeca, zabumba) e trocas sobre as diversas formas de “fazer forró”, as quais ultrapassam a música e a dança e envolvem também a produção de festas, de acervos discográficos, de vestimentas, enfim, complexas práticas culturais atuantes em várias cidades brasileiras.

Embora o processo de salvaguarda só tenha efetivamente se iniciado em 2019– no ano em que se comemora o centenário de um dos seus expoentes, o músico Jackson do Pandeiro –, o desejo e a mobilização de tornar o forró um dos patrimônios culturais imateriais do país já existiam desde 2011, quando a comunidade forrozeira do estado da Paraíba pleiteou o primeiro pedido de reconhecimento ao Iphan.Desde então, inúmeras articulações no âmbito estadual e nacional foram feitas não só para fortalecer e valorizar o gênero, mas também para possibilitar a implantação de mais políticas públicas e espaços de difusão, assim como criar melhores condições de trabalho para a sua cadeia produtiva de músicos, dançarinos, produtores e mestres.

Para que uma expressão cultural seja registrada pelo Iphan é preciso que ela tenha continuidade histórica, relevância para a memória nacional e integre as referências culturais de grupos formadores da sociedade brasileira. O forró, considerado um dos mais legítimos estilos musicais do país, tornou-se símbolo expressivo do imaginário nordestino, atuando como difusor da identidade cultural sertaneja – tanto através da música, quanto das festividades – desde que Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira revelaram, nos anos 1940, o baião.

Em A sociologia do um gênero: o baião (Iphan-Al, 2016), o sociólogo e pesquisador Elder Maia Alves explica que, durante o processo de modernização cultural vivido no Brasil entre os anos 1930 e 1950, nenhum outro gênero musical narrou, cantou e celebrou mais o Sertão. “Foi, em grande medida, em decorrência da profusão e nacionalização do baião e da sua narrativa poético-musical que o Nordeste se definiu como região no imaginário coletivo brasileiro (…), por meio do seu interior, o sertão (o nordestino), que passou, paulatinamente, a ser percebido, narrado e consumido como o Sertão por excelência, apanágio do mundo rural brasileiro, uma espécie de síntese espacial da fome, da migração, da violência, da tenacidade e, após o advento do baião urbano-comercial, também um repertório da criatividade lúdico-musical e das criações artísticopopulares”, escreve o pesquisador.

A partir da expansão dessa criatividade musical e popular do sertão, promovida pioneiramente por Gonzaga, o forró foi incorporado por diversos outros artistas, como Genival Lacerda, Trio Nordestino, Dominguinhos, Sivuca, Jackson do Pandeiro, Marinês, que também transformaram o forró em um estilo musical nacional.

Essa difusão também se desdobrou em várias mudanças rítmicas e fonográficas, como, por exemplo, no surgimento de bandas estilizadas nos anos 1980, formadas para além da instrumentação básica do forró – que é composta pela tríade “sanfona-triângulo-zabumba” e compõe musicalmente o chamado forró pé de serra –, ou até mesmo a ausência de trios locais ou nomes do forró tradicional em grandes palcos dos arraiais, onde hoje se apresentam, em sua maioria, cantores sertanejos e grupos de forró eletrônico.

Apesar das crescentes reinvenções musicais das últimas décadas, as matrizes tradicionais do forró ainda resistem como um gênero de canção popular de massa. Além de retratar inúmeros traços da identidade sertaneja, é representado também por diversos atores envolvidos em suas celebrações e festejos durante todo o ano, em especial nos ciclos juninos que homenageiam os santos católicos e movimentam não só as capitais e municípios do interior do Nordeste, como também outras regiões do Brasil. E é essa cultura cheia de simbologias, música, dança e memória que o inventário de salvaguarda pretende registrar e resguardar para as gerações próximas.

EU PENEI, MAS AQUI CHEGUEI: A primeira solicitação de Registro das Matrizes Tradicionais do Forró como Patrimônio Cultural junto ao Iphan foi protocolada oficialmente em 2011 pela Associação Cultural Balaio Nordeste, entidade paraibana sem fins lucrativos que promove, estimula e difunde a produção artística nordestina. Com o pedido, foram anexados uma coletânea de livros, LPs e DVDs de forró e um documento com mais de 400 assinaturas de representantes das comunidades forrozeiras de todo o país com a solicitação de ações de sustentabilidade e salvaguarda do ritmo.

A pesquisadora paraibana Joana Alves, presidente da Associação Cultural Balaio Nordeste e coordenadora do Fórum Forró de Raiz – evento que também promove debates e projetos sobre o forró –, esteve à frente dessa e de inúmeras articulações com o poder público para reivindicar as demandas dos produtores e artistas do forró. Em entrevista à Continente, Joana conta como foi essa trajetória, que envolveu a promoção de debates e ações voltadas para a melhoria das condições de trabalho dos forrozeiros e pleiteou o reconhecimento das matrizes tradicionais do forró como patrimônio.

“Desde aquela época, nós discutíamos formas de levar ao poder público as necessidades da cadeia produtiva do forró e a possibilidade de sua patrimonialização. Assim, em 2011, entregamos o pedido de Registro ao Iphan, mas não tivemos sucesso”, relembra ela. 

“Em 2015, nós elaboramos uma Carta de Diretrizes para Instrução Técnica do Registro das Matrizes do Forró como Patrimônio Cultural do Brasil, que foi enviada e, portanto, aceita pelo Instituto. Desde então, continuamos nossas articulações e debates em vários encontros, fóruns e audiências públicas, como a realização dos Fóruns Nacionais do Forró, os quais possibilitaram um maior diálogo entre forrozeiros de todo o país e as instâncias governamentais – como o Iphan e suas superintendências estaduais.”

Produzida conjuntamente pelos participantes do Encontro Nacional para Salvaguarda das Matrizes do Forró, que aconteceu em 2015 na cidade de João Pessoa, Paraíba, a Carta de Diretrizes para Instrução Técnica do Registro das Matrizes do Forró tornou-se documento basilar e norteador para o Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan (DPI-Iphan) orientar todo processo de pesquisa que envolverá agora a produção do Dossiê de patrimonialização.

A fim de abarcar os variados elementos que contemplam o universo do forró, a Carta define os três eixos principais de direcionamento da pesquisa e produção do Registro: o primeiro eixo indica a necessidade de definição de aspectos conceituais que envolvem a complexidade das matrizes tradicionais do forró, suas danças, instrumentos, estruturas melódicas e rítmicas; o segundo abarca a territorialidade da pesquisa, ou seja, a localização e descrição dos festejos e de seus atores sociais; e o último eixo trata das perspectivas e ações de salvaguarda e sustentabilidade do forró.

Com esse direcionamento em mãos, o Iphan promoveu, no final de 2018, o edital de Chamamento Público para instrução do processo de Registro das Matrizes Tradicionais do Forró como Patrimônio Cultural do Brasil, com o objetivo de selecionar a melhor proposta para a elaboração do Dossiê em dois anos (2019-2020). Assim, a instituição selecionada foi a Associação Respeita Januário (ARJ), entidade que já possui uma vasta experiência na salvaguarda de expressões culturais pernambucanas, como caboclinho, cavalo-marinho, ciranda e reisado.

Criada nos anos 2000, a ARJ realiza pesquisas e consultorias para a divulgação e a valorização da produção musical tradicional do Nordeste, sendo composta por acadêmicos e pesquisadores das áreas de música, antropologia e ciências sociais, estudiosos também vinculados à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), entre eles o etnomusicólogo Carlos Sandroni, que coordenará a pesquisa e a produção do Dossiê de Registro das Matrizes Tradicionais do Forró.

Professor e pesquisador do Departamento de Música da UFPE, Sandroni também possui uma importante experiência na área de salvaguarda de bens imateriais, pois coordenou a pesquisa para o reconhecimento do Samba de Roda do Recôncavo Baiano como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco, em 2005. S

androni explica à Continente que o mesmo processo multidisciplinar contemplará a pesquisa do registro do forró, de modo a investigar e catalogar as diferenças entre seus os ritmos, danças e festas e festivais que acontecem no país.

“Nossa intenção é não somente descrever, com olhares interdisciplinares de diversos profissionais – da antropologia, etnomusicologia, história, música, dança, letras etc. –, como atuam os grupos detentores do forró, mas também estar em constante diálogo com eles, que tornam esse patrimônio vivo e ativo. Por isso, a pesquisa também será fruto da troca com os próprios forrozeiros, mestres, dançarinos, atores e agentes culturais, a fim de compreender o saber fazer de cada um, seus processos de produção, circulação, consumo e suas demandas”, reforça.

XOTE, MARACATU E BAIÃO: TUDO ISSO EU TROUXE NO MEU MATULÃO: Dessa forma, a primeira etapa de produção do Dossiê se dará pela preparação das equipes da ARJ que irão a campo, com discussões bibliográficas e acionamento da rede de forrozeiros existente em cada localidade. Após essa fase, haverá efetivação da própria pesquisa, com visitas e entrevistas com músicos, mestres forrozeiros, dançarinos, artesãos, produtores culturais, o que também inclui a investigação de dois ciclos anuais de festejos juninos.

Nessa perspectiva, as matrizes que serão documentadas envolvem os gêneros musicais tradicionais do forró – baião, xote, xaxado, arrastapé, rojão, coco – e suas estruturas rítmicas, melódicas e harmônicas, assim como suas danças, festas, modos de fazer, instrumentos musicais e os atores sociais do forró. Paralelo a isso, o Dossiê mapeará museus, universidades, bibliotecas, acervos públicos e particulares e coletará em arquivos, cursos, sites, blogs, comunidades virtuais, artigos, monografias, dissertações, teses, livros materiais que estejam envolvidos com o universo do forró.

A última etapa da elaboração do Dossiê de Registro das Matrizes Tradicionais do Forró se dará, enfim, com a organização de todo material produzido ao longo da pesquisa (vídeos, áudios, textos) para ser encaminhado para análise do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan, que deliberará se o bem receberá o reconhecimento como Patrimônio Cultural do Brasil.

Segundo Sandroni, “além da elaboração deste registro, que integrará o Livro das Formas de Expressão do Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, outros materiais complementares também enriquecerão a pesquisa, entre eles um registro fotográfico, um portfólio fonográfico, uma lista de contatos de referência do forró e dois videodocumentários de caráter etnográfico”. 

O coordenador da pesquisa também ressalta que o processo de patrimonialização não se encerra com a produção desse registro: este documento deve se desdobrar também em posteriores ações de salvaguarda. “Nele haverá, além da descrição dos elementos que caracterizam as matrizes tradicionais do forró, suas transformações históricas e referências bibliográficas para pesquisas posteriores, uma avaliação das condições de risco, sustentabilidade e salvaguarda dessas matrizes”, pontua ele.

O FORRÓ JÁ COMEÇOU, VAMOS GENTE, RAPAPÉ NESSE SALÃO: Entidade responsável pela proteção e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional brasileiro desde 1937, o Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional só passou atuar no âmbito da salvaguarda de bens culturais imateriais no ano 2000, com o Decreto nº 3.551. Essa lei foi o instrumento que instituiu o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial com o objetivo de proteger, preservar e valorizar a memória dos bens simbólicos do país.

Diferentemente das ações que envolvem a patrimonialização dos bens culturais móveis e imóveis do país, como o tombamento, que é o mais antigo instrumento jurídico de proteção e conservação do Iphan, esse Decreto propõe a metodologia de patrimonialização e salvaguarda a partir da produção do Dossiê de Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial e de sua inscrição em um dos Livros de Registro, que são divididos entre categorias baseadas no tipo de expressão cultural imaterial: o Livro dos Saberes, das Celebrações, das Formas de Expressão e dos Lugares. Será no Livro das Formas de Expressão – que abarca as manifestações literárias, plásticas, cênicas, lúdicas e musicais praticadas no Brasil –, que as matrizes tradicionais do forró serão inventariadas.

De acordo com o Registro do Patrimônio Imaterial: dossiê final das atividades da Comissão e do Grupo de Trabalho Patrimônio Imaterial, relatório produzido pelo Ministério da Cultura e pelo Iphan em 2006, a salvaguarda de bens imateriais visa, além de fortalecer e dar visibilidade à complexidade e heterogeneidade dos detentores destas práticas culturais, “promover a apropriação simbólica e o uso sustentável dos recursos patrimoniais para a sua preservação e para o desenvolvimento econômico, social e cultural do país. Significa também compartilhar as responsabilidades e deveres dessa preservação e promover o acesso de todos aos direitos e benefícios que ela gera”.

Kátia Bogéa, então residente do Iphan, ressalta, em entrevista à Continente, que a entidade contabiliza hoje mais de 40 bens imateriais registrados como Patrimônio Cultural Imaterial – entre eles o Ofício das Baianas de Acarajé, o Jongo no Sudeste, a Feira de Caruaru, o Carimbó, o Maracatu Baque Solto etc. Para ela, a iniciativa de incluir o forró como um bem imaterial do país tem como objetivo aprofundar a compreensão de toda complexidade musical, histórica e cultural do gênero e gerar assim diversas ações para sua a manutenção e resistência.

“O patrimônio não é só um título: é uma política de valorização dos nossos saberes e expressões culturais, bens que são tão importantes para a formação da nossa identidade multicultural. E a patrimonialização do forró envolve uma responsabilidade conjunta, uma gestão compartilhada de salvaguarda que promova o cuidado dessa herança e dessa riqueza, que representa tanto o Nordeste e o Brasil”, afirma Kátia. “Portanto, após a efetivação do Registro das Matrizes Tradicionais do Forró no Livro de Formas de Expressão, o Iphan se tornará mediador entre a comunidade forrozeira e os órgãos e instituições de apoio, interlocutores que promoverão ações de curto, médio e longo prazo para difusão e fomento do forró.”

Nessa perspectiva, inúmeras ações de salvaguarda são esperadas como resultado da pesquisa e produção do Dossiê de Registro das Matrizes Tradicionais do Forró. Entre as práticas de sustentabilidade do gênero, faz-se necessário, primeiramente, priorizar o mapeamento e a valorização das comunidades forrozeiras que atuam no interior do Nordeste e do Brasil, onde dificilmente são contempladas por políticas públicas culturais, assim como a identificação de interlocutores da sociedade civil e dos poderes públicos que poderão mediar as políticas de patrimônio cultural promovidas pelos órgãos competentes.

Portanto, essas políticas devem promover a elaboração de projetos alinhados às urgências e demandas dessas comunidades forrozeiras, criando também centros de referências culturais voltados para a identificação, reconhecimento e salvaguarda das matrizes do forró – através de um processo contínuo e amplo.

A expectativa é de que a patrimonialização também possibilite a inserção do forró em mais festivais e festas locais que vão além do período junino, gerando mais demandas de trabalho para artistas e produtores, já que a maioria deles tem o forró como o único ofício e meio de sobrevivência. É o que acontece com o zabumbeiro pernambucano Reginaldo Pereira de Melo, mais conhecido como Quartinha, que vive de forró há 60 anos.

Ele começou a tocar zabumba na infância, aos oito anos, e, durante sua longa carreira, já acompanhou artistas importantes, como Luiz Gonzaga, Dominguinhos e a banda Quinteto Violado. Quartinha não teve estudo, mas sustentou a família e os filhos através do forró, como conta à Continente. “O forró foi o que me deu e o que me dá o pão de cada dia. E é assim com vários artistas: muitos dos colegas meus de profissão amam tocar forró e fazem disso seu único sustento. Por isso o forró nunca pode se acabar”, afirma ele.

Da mesma forma se construiu a relação entre o sanfoneiro Chambinho e o forró. Nascido em São Paulo, devido à seca do Nordeste, o sanfoneiro voltou ao Piauí para resgatar suas raízes musicais, tocando a sanfona herdada da família. Para ele, o forró já é um patrimônio do Brasil. “Eu posso dizer isso porque vivo de forró o ano todo, ele é a trilha sonora da população de janeiro a janeiro. Durante o ano todo, eu toco por esse Brasil sem sair da pisada.”

Já Maciel Salú, um dos expoentes da rabeca em Pernambuco, relembra que, no início da sua carreira, tocava triângulo e zabumba com o tio na banda Os quentes do forró. Na adolescência, aprendeu com o pai e com o avô a tocar músicas de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Trio Nordestino na rabeca – o primeiro instrumento melódico a ser usado no forró, anterior à utilização da sanfona. Em entrevista à Continente, Salú expressa seu desejo de que a salvaguarda do forró possa trazer os artistas locais aos shows promovidos pelo poder público, já que hoje eles estão sendo esquecidos nesse cenário.

“Infelizmente, os grandes mestres do forró estão perdendo espaço nas celebrações tradicionais das cidades, nas festas de Reis, das Padroeiras e no São João. Com isso, outros instrumentos típicos também vão sendo esquecidos, como a sanfona de oito baixos, os pífanos. Então, a gente espera que a patrimonialização do forró possa dar mais oportunidades a essas expressões culturais que estão sendo deixadas de lado”, reforça ele.

Conhecida como a rainha do forró, Anastácia reclama da demora de transformar o forró em Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. A cantora é também compositora de diversos forrós famosos, entre eles Eu só quero um xodó, sendo parceira de Dominguinhos em mais de 200 canções. Recifense radicada em São Paulo, Anastácia sente orgulho da marca nordestina que o forró deixa no Sudeste.

“Aqui em São Paulo, onde vivo desde 1960, a gente vê o forró na boca do povo: hoje em dia, em todo bairro tem uma festa de forró, em todo canto você encontra um salão de dança, um bar, uma casa de show que só toca forró. São quatro milhões de nordestinos que moram na cidade e estão sempre revigorando o ritmo, que antes sofria muito preconceito por ser coisa do Nordeste, mas que hoje só cresce entre o público de jovens, que também tomou gosto pelo forró”, comemora ela.

Assim, entre celebrações e expectativas de toda a comunidade forrozeira, a salvaguarda do forró deve preservar os aspectos culturais e históricos que já o constituem como um patrimônio do país. O gênero integra um imaginário coletivo e a memória social de um Brasil que vai muito além do Nordeste, carregando em suas músicas, ritmos, instrumentos e festejos não só traços da identidade e diversidade brasileira, mas, sobretudo, a sua sensibilidade artística. Logo em breve, portanto, as Matrizes Tradicionais do Forró se tornarão Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, garantindo assim que a história que compõe essa complexa expressão cultural seja uma narrativa conhecida por todos.

*Texto: PAULA MASCARENHAS, graduada em Letras pela UFBA, estudante de Jornalismo na UFPE.

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A CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO É A PRÁTICA DA AGROECOLOGIA NO BIOMA CAATINGA

No dia 3 de outubro é comemorado o Dia Nacional da Agroecologia, uma data que chama a atenção para a importância da Agroecologia na saúde da sociedade e do meio ambiente. A agroecologia se caracteriza pela produção de alimentos em harmonia com o ambiente natural, conservando a biodiversidade, diferentemente do modo mais comum de agricultura utilizada pelo agronegócio, que destrói o meio ambiente.

Na região Semiárida, a Agroecologia está presente através das práticas de Convivência com o Semiárido, que também traz como premissas a conservação do meio ambiente, Recaatingamento, produção apropriada, segurança alimentar e nutricional para as famílias, sistemas justos e sustentáveis de produção, distribuição e consumo de alimentos, dentre outras. Assim, para abordar mais sobre as inter-relações entre Convivência com o Semiárido e Agroecologia, conversamos com colaboradores e colaboradoras do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa) que vão elucidar alguns pontos importantes sobre essa discussão, explicando que a Convivência com o Semiárido é a prática da Agroecologia no bioma caatinga.

Irpaa: A agroecologia é um conjunto amplo de diretrizes, práticas e saberes, que prezam pela produção em consonância com a preservação da vida. Aqui na nossa região, dizemos que a Agroecologia é a Convivência com o Semiárido. Quais princípios demonstram esta similaridade entre os dois conceitos?

Judenilton Souza: Na região semiárida, a Agroecologia está contemplada dentro da discussão da Convivência com o Semiárido. Não dá pra discutir as duas coisas como se fossem diferentes, uma vez que, a Convivência com Semiárido articula diversas dimensões que já estão contidas na discussão da Agroecologia. Por exemplo, se a gente pega a discussão do social que preza pela qualidade de vida, pela redução da pobreza, da miséria, as questões culturais, pensando na produção de novas formas de relações entre homens e mulheres, entre o meio ambiente, entre o natural e o social, a geração e distribuição de renda, através de uma produção apropriada e solidária, buscando a conservação e preservação dos bens naturais, principalmente, pensando o bioma Caatinga. Já, se a gente pensa a Agroecologia no bioma cerrado, ela usa os mesmos princípios, porém precisa ser contextualizada dentro daquele bioma com as particularidades das populações que vivem naquele espaço, assim como em outros biomas. Então, para cada região existem os princípios da Agroecologia que precisam ser adequados à realidade daquela região.

Então, a Convivência com o Semiárido já faz essa reflexão, buscando contextualizar as práticas agroecológicas dentro do contexto do Semiárido. Nesse sentido, a gente pode afirmar que a Agroecologia é a Convivência com o Semiárido.

Irpaa- No Encontro Nacional de Agroecologia (ENA) realizado em 2014, em Juazeiro foi acordado que o termo Agroecologia no Semiárido seria chamado de Convivência com o Semiárido. O que motivou essa discussão e decisão?

Moacir Santos: O Encontro Nacional de Agroecologia de 2014 foi muito emblemático para a discussão sobre Agroecologia no Brasil, porque aqui no Semiárido estávamos passando por uma das maiores secas já vividas e, no entanto, você não tinha calamidade de fome, de morte, de imigração. As pessoas estavam no Semiárido e estavam bem, justamente, porque tinham desenvolvido técnicas de Convivência com o Semiárido que culminaram também em políticas e programas públicos de Convivência com o Semiárido. Então, tudo que o conceito de Agroecologia defende é a criação de conhecimentos a partir da experiência do povo e do conhecimento da academia e da pesquisa, que se torna política pública. E foi isso que aconteceu no Semiárido com a proposta de Convivência. Se discutia também que a Agroecologia precisa ser contextualizada ao clima e ao bioma onde ela é desenvolvida, daí se chegava à conclusão que o Semiárido brasileiro era uma das regiões onde já experimentavam o que de fato significa Agroecologia, contribuindo para o desenvolvimento legal e bom das pessoas daquela região. A partir daí, se convencionou que o Semiárido já faz Agroecologia quando faz a proposta de Convivência com o Semiárido. Convivência com o Semiárido é a prática da Agroecologia no bioma caatinga.

Irpaa- A agroecologia objetiva uma interação entre a conservação do bioma com o cultivo das culturas adotadas, na agricultura e na pecuária, por exemplo. Sendo assim, os princípios agroecológicos podem ser considerados estratégias de Convivência com o Semiárido?

André Luiz: Todos os principais fundamentos da Convivência com o Semiárido são Agroecológicos ou estão fundamentados na Agroecologia. Por exemplo, quando dizemos que as plantas cultivadas no Semiárido devem ser adaptadas ao clima queremos dizer que as mesmas devem ter uma pegada hídrica, ou seja, o que elas gastam de água, desde o preparo do solo, plantio, até chegar à mesa do consumidor final, devem ter uma pegada hídrica muito menor do que as plantas, os alimentos que são produzidos que não são adaptados ao nosso clima.

Outra questão a ser analisada é quando defendemos que no Semiárido, a criação muitas vezes é mais eficiente do que as lavouras, nós temos que analisar que para produzir alimentos para a criação nós também temos que levar em conta a adaptação dessas plantas que vão virar comida para os bichos. Então, se a cabra é mais adaptada, nós temos que produzir também alimentos para elas, já que a Caatinga só é produtiva para alimentar os pequenos ruminantes durante uma parte do ano, a outra parte do ano, nós temos que fazer estoque de alimento. Essas plantas também devem ser adaptadas, para que não tenhamos gastos com água e prejuízos ao meio ambiente.

Também quando a gente relaciona a Agroecologia e a Convivência com o Semiárido, temos que levar em conta que o bioma que os agricultores familiares usam como um pasto para os animais também precisa ser cuidado. Hoje, estamos tentando aumentar o número da realização dessa atividade que é fazer o cálculo da capacidade de suporte da área de Caatinga, ou seja, quantos animais esse pasto, essa Caatinga consegue alimentar durante um ano, sem degradar a mesma.

Irpaa- A agroecologia fortalece as técnicas do cooperativismo, associativismo e vai de encontro à prática do agronegócio, que insiste na produção de monoculturas e no uso de agrotóxicos, degradando o meio ambiente. Dessa forma, quais práticas da agroecologia, a Convivência com o Semiárido aplica em prol de proporcionar benefícios tanto sociais, quanto ambientais?

Adriana Nascimento: Dentro da Convivência com o Semiárido existem diversas práticas agroecológicas que fortalecem essa convivência. A gente traz as práticas agrícolas que se preocupam com o manejo e conservação do solo, o uso racional dos recursos hídricos, entre diversas outras ações que somam para o equilíbrio ambiental e que vem sendo realizado por agricultores e agricultoras familiares. Nesse processo, a gente traz muita questão da troca de sementes entre agricultores e agricultoras. Essa cooperação com a natureza de criação coletiva, o uso da terra coletiva. Então, pensar Agroecologia no Semiárido é pensar em produzir usando o mínimo de água possível e também utilizando o solo de maneira a preservar e potencializar a capacidade que a natureza tem. Com isso, é preciso que agricultores e agricultoras conheçam o clima, a fauna e a flora de sua comunidade, para conseguir trabalhar um cultivo e uma criação animal que adaptadas a esta região.

É geração de renda, melhoria da qualidade de vida para agricultores e agricultoras familiares, além de garantir a preservação da Caatinga, a gente também observa um trabalho do beneficiamento das frutas nativas que além de ter um extrativismo sustentável, valoriza o que é local. Tudo isso, soma para que as comunidades se tornem mais organizadas e fortalecidas, aumentando tanto a qualidade de vida das famílias, quanto à qualidade do meio ambiente onde estão inseridas.

Irpaa- O Irpaa executa o projeto Assessoria Técnica e Extensão Rural - Ater Agroecologia que visa estimular iniciativas agroecológicas, a partir de processos educacionais contextualizados, voltados para as famílias do campo, tendo como perspectiva uma assessoria técnica que valoriza os saberes populares locais e regionais, alinhando com outras formas de conhecimentos, fortalecendo a transição agroecológica nos municípios da Bahia. Assim, de que modo esse projeto colabora com a disseminação da Convivência com o Semiárido e o Bem Viver?

Alessandro Santana: As famílias e as comunidades atendidas já vêm praticando empiricamente há muito tempo a Convivência com o Semiárido. Por isso, o projeto Ater Agroecologia pretende fortalecer, dar visibilidade às experiências exitosas, promover troca de experiências através de intercâmbios sobre questões de gênero e juventude, autossustentação das famílias no campo, garantia da segurança alimentar e nutricional, inclusão sócio produtiva e melhoria da qualidade de vida. Potencializar e dar visibilidade às ações anima e fortalece as famílias para consolidar a Convivência com o Semiárido e o Bem Viver.

Irpaa- Ultimamente temos visto a mulher ocupando mais espaços nos diversos ambientes. Qual a ligação entre esse protagonismo feminino e a Convivência com o Semiárido?

Gizeli Maria: Atualmente, as mulheres vêm participando cada vez mais nesses espaços de discussão política, de organização social tanto na zona urbana quanto na zona rural. Isso reflete diretamente no protagonismo feminino, nas ações que diz respeito à Convivência com o Semiárido, já que essas mulheres protagonistas conseguem enxergar a região semiárida em que vivem com outros olhos, e tornar esse lugar, um lugar bom para viver, buscando sempre outras estratégias que possibilitam essa Convivência. Com as práticas de políticas públicas, de organização social que acontecem nas comunidades e ações, principalmente, voltadas para a Agroecologia que é um espaço onde a mulher está diretamente envolvida, fez com que a região semiárida fosse vista de outra forma pela mulher que consegue participar e provar que é possível sim, viver na região semiárida. (Texto e Foto: Eixo Educação e Comunicação)

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EM SEU PRIMEIRO LIVRO, AUTORA CONTA HISTÓRIAS REAIS DE TRABALHADORAS DA LIMPEZA URBANA DE PETROLINA E JUAZEIRO

"Margaridas" é como são chamadas as trabalhadoras da limpeza urbana desde os anos 1970, aqui no Brasil. As vidas, histórias, os sonhos, as alegrias e tristezas de oito mulheres que estão inseridas nessa profissão, nas cidades de Petrolina e Juazeiro, no Sertão do São Francisco, estão no livro-reportagem "Os Caminhos das Margaridas", da autora petrolinense e Jornalista em Multimeios, Gislaine Milca.

A obra é fruto do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)  de Gislaine Milca. A escritora se formou em 2019 pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em Juazeiro. Foi indo para as aulas, de ônibus, barquinha, de carro ou a pé, durante os cerca de cinco anos de graduação, que ela começou a perceber as mulheres que fazem a limpeza das ruas das duas cidades.

"Comecei a produzir o pré-projeto em 2017. Estava convicta do que queria. No primeiro semestre de 2018, comecei a escrever o projeto definitivo e ao mesmo tempo passei a conversar com as trabalhadoras. Conquistei a confiança delas, que aceitaram participar da pesquisa, e passei a acompanhar o dia de cada uma, desde a saída de casa até as horas em que estavam trabalhando varrendo as ruas", recorda Gislaine.

O passado, o presente e os anseios pelo futuro de oito mulheres, antes "invisíveis", se transformam em histórias da vida real no livro "O Caminho das Margaridas". E como toda e qualquer história real, a obra traz partes boas, como os laços de amizade e  o empoderamento feminino; e as ruins, como os sonhos interrompidos, o preconceito, a desvalorização e as dificuldades.  

A obra está disponível em pré-venda através deste link: 

https://bit.ly/caminhodasmargaridas.  (Fonte: Texto: Bia Braga/ASCOM)

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PESCADORES DE REMANSO FARÃO ATO EM DEFESA DO RIO SÃO FRANCISCO NO PRÓXIMO DIA 04

Na próxima segunda-feira (4), dia de São Francisco de Assis e em que celebramos o nosso Velho Chico, a Associação de Pescadores e Pescadoras de Remanso e a Colônia Z-41, com o apoio de outras entidades, irão realizar o ato "O Nosso Pescado é Saudável". 

A iniciativa surgiu após inúmeros prejuízos que os/as pescadores/as e toda essa cadeia produtiva têm tido nas últimas semanas devido à grande desinformação sobre a doença de Haff, conhecida como "doença da urina preta". O ato tem como objetivo esclarecer para a comunidade em geral a qualidade e segurança do pescado da região.

A mobilização terá início às 9h, na sede da Universidade Aberta do Brasil (UAB). Representantes das secretarias municipais de Saúde e de Aquicultura de Remanso, assim como do Serviço de Inspeção Municipal (SIM) e do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) estarão presentes para uma roda de conversa destinada aos pescadores/as, compradores de peixe, consumidores e população em geral. Dando continuidade ao ato, das 12h às 14h, haverá uma degustação de pescados na Praça Manoel Firmo Ribeiro.

A doença de Haff é uma síndrome que causa ruptura das fibras musculares caracterizada por sintomas como dor muscular, falta de ar, perda de força no corpo e urina da cor de café. As ocorrências registradas estão associadas à ingestão de pescados, como o olho-de-boi e badejo. Este ano, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia confirmou 13 casos da doença no estado, todos eles registrados na capital e região metropolitana.

A presidente da Associações de Pescadores e Pescadoras, Lucília Freitas, explica que a realização do ato é uma forma que a categoria encontrou para chamar a atenção dos órgãos públicos para a situação quase desesperadora dos/as trabalhadores/as que estão sem poder exercer sua atividade. Freitas comenta que informações falsas sobre a doença de Haff, as chamadas fake news, que estão circulando nas redes sociais têm afetado a pesca e o consumo do pescado no município.

"Os pescadores estão voltando sem vender o pescado, uma vez que isso acontece, a pescaria para porque não tem pra quem vender. Por conta dessa situação, o impacto já está sendo grande, afetando a economia, essa categoria de pescadores. O número de pessoas desempregadas vai ser grande porque o rio São Francisco é o nosso grande empregador", ressalta a presidente da Associação.

Oriundo de uma família de pescadores há três gerações, Ezequias Rodrigues, pescador e secretário geral da Colônia Z-41, reforça a situação que os/as pescadores/as de Remanso têm enfrentado. "Depois das fake news, o comércio do peixe entrou em decadência de forma que o pescador não consegue mais tirar o seu sustento, escoar a produção. O pescado perdeu valor e as famílias estão quase em desespero porque já tem alguns dias desse jeito", afirma Ezequias. (Texto: Comunicação CPT Juazeiro-BA / Foto: Divulgação)

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150 ANOS DA LEI DO VENTRE LIVRE É TEMA DE SELO

Os Correios lançaram a emissão filatélica "Bloco Comemorativo de 150 Anos da Lei do Ventre Livre". Trata-se de um produto dos Correios produzido em parceria com o Museu Afro do Brasil. No canal dos Correios no YouTube, é possível conferir um vídeo sobre a peça lançada.

O motivo "Sesquicentenário da Lei do Ventre Livre" foi um dos oito eleitos pela 118ª CFN e homologado pelo Ministério das Comunicações, com base nas sugestões populares inseridas no sistema "Sua Ideia Pode Virar Selo".

Há 150 anos, no dia 28 de setembro de 1871, era promulgada a Lei 2.040 que declarava condição livre aos filhos de mulheres escravizadas nascidos a partir de então, tornando-se conhecida como Lei do Ventre Livre ou Lei Rio Branco.

 Embora sua aprovação tenha resultado de um processo moroso, costurado por meio de uma série de debates e embates políticos que seguiram, muitas vezes, por vias tortuosas, a Lei do Ventre Livre desencadeou um processo inexorável em direção à liberdade e foi significativa sob vários aspectos.

Quando a lei foi aprovada, a extinção da escravidão ainda era algo abstrato para uma nação como o Brasil, com uma economia estruturalmente baseada no trabalho escravo. Em termos concretos, essa lei determinava que os filhos de mulheres escravizadas, que nascessem a partir da data de sua promulgação, permaneceriam sob a autoridade daqueles que exploravam suas mães até completarem 8 anos de idade. 

A partir de então, este proprietário poderia escolher entre manter a criança até os 21 anos, utilizando seus serviços, com a condição de não a submeter a castigos excessivos, ou entregá-la ao Estado, recebendo uma indenização em troca.

A inauguração deste novo status cívico das filhas e filhos de mulheres negras escravizadas explicitava as margens entre a escravidão e a liberdade. Paradoxalmente, os nascituros de escravizadas de "ventre livre" não herdariam a escravidão, mas dificilmente seriam considerados "livres" em sua plenitude.

A emissão de um selo comemorativo dos 150 anos de promulgação da Lei do Ventre Livre pelos Correios, nesta parceria com o Museu Afro Brasil, permite que os significados e desdobramentos deste evento sejam revisitados e problematizados. A efeméride é, desse modo, atualizada, à luz da contemporaneidade e de pesquisas acadêmicas mais recentes. E, sobretudo, por meio da arte, que permeia e é permeada pelos embates, desafios e tensões da vida em uma sociedade que lida com a herança e as mazelas do passado colonial e escravocrata brasileiro.

ARTE NO SELO: O bloco de dois selos traz a arte com duas crianças negras brincando como o ápice simbólico da liberdade. Elas sorriem, saltam, quase como se voassem livres. Os lençóis e os varais presentes na obra figuram como elementos simbólicos, remetendo ao resgaste dos afetos criados no interior das famílias.

O artista se insere nessa lembrança nostálgica, através da figura de sua avó e no afeto que ela colocava no trato com as roupas. As camadas sobrepostas das peças no varal se conectam a este lugar da memória, a esses afetos familiares que se constroem e que, de alguma forma, protegem e prezam por essas vidas e liberdades.

Todavia, uma sombra ameaçadora se insinua atrás dos lençóis, representando os diversos braços institucionais que mantém essas vidas vigiadas, reféns do medo e da lembrança de que liberdade não é algo definitivo para a população negra brasileira.

A imagem problematiza, desse modo, a celebração dos 150 anos da Lei do Ventre Livre. Enquanto os selos exaltam a liberdade, os sorrisos e a beleza no cotidiano nas vidas negras, o bloco propõe uma reflexão sobre o significado e valor da liberdade no Brasil. O artista do selo é Diego Mouro. Foi utilizada a técnica de pintura à óleo.

Com valor de R$ 5,90 e tiragem de 10 mil blocos, a emissão está disponível para venda na loja virtual, em breve, e nas principais agências dos Correios.

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TREMORES DE TERRA SÃO REGISTRADOS EM CANINDÉ DO SÃO FRANCISCO. CHESF ENVIA NOTA E GARANTE SEGURANÇA DA USINA XINGÓ

Tremores de terra foram registrados no município de Canindé de São Francisco, nessa segunda-feira. A informação foi confirmada nesta terça (28) pelo Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

De acordo com o professor Eduardo Meneses, os tremores foram pequenos e sentidos pela manhã e agora à noite. “O evento chegou a magnitude maior de 1.3 e os outros em torno de 1 e menos de 1. A intensidade deles é bem pequena, mas como devem ser rasos é por isso que foram sentidos pela população”, explicou.

Os moradores do município informaram que o estrondo ouvido poderia ter ocorrido na Usina Hidrelétrica de Xingó, mas segundo a assessoria de imprensa da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), foi feita uma varredura de segurança e a Usina não foi atingida.

O último tremor de terra foi registrado no município de Gararu, no dia 16 de setembro e não há relatos de moradores da região que o tenham escutado ou sentido.

A assessoria de imprensa da Chesf enviou umaNota de esclarecimento. Confira:

A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) informa que a Usina  Hidrelétrica de Xingó se encontra em condições seguras, operando em total normalidade.

Todas as barragens da Chesf são monitoradas de forma contínua, com procedimento de rotina de inspeção local e avaliação dos instrumentos de segurança. 

A Empresa possui estações sismográficas que registram tremores de terra sempre que eles ocorrem. Os últimos tremores verificados nas proximidades da usina não ocasionaram anormalidades nas estrutura da Instalação. 

A Chesf reafirma a sua permanente atuação no sentido de garantir a segurança de todas as suas instalações. 

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