O MENINO JOSÉ CARLOS E O MESTRE DA SANFONA LUIZ GONZAGA NO OLHAR DE UMA FOTOGRAFIA

Já dizia o poeta: “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”. Na certeza dessa premissa, a possibilidade de revisitar um passado feliz, nem que seja em pensamento, é sempre uma experiência prazerosa. E a fotografia tem esse poder. Ao olhar para uma foto, riquezas de detalhes são observadas e, na nossa mente, uma cena é reconstruída.

Momentos históricos de Exu, Pernambuco, terra de Luiz Gonzaga em tempos de recursos digitais, facilidades de armazenamento estão ao alcance de um clique. Agora a internet, tempos digitais oferece um acervo de milhares de fotos com uma riqueza de detalhes impressionante.

Puxe pela memória e recorde vinte, trinta anos atrás! E se a década for de 70 e 80? Imagine as dificuldades de um registro fotográfico.  

Daí resiste a importância do escritor e memorialista Rafael Lima, autor do livro dedicado à cidade do Crato, Ceará, "o Rei do Baião e a princesa do Cariri, criador do programa Gonzaguear no YouTube, ter postado uma foto não digital que agora é histórica. 

O acervo fotográfico só faz sentido se ele tiver na mão de quem tem interesse na história e na cultura. Não adianta só guardar. Nós temos que guardar e dar a ver ao mesmo tempo.

Na foto postada nas redes sociais por Rafael Lima e professor Wilson Seraine existe um tesouro da história. Na Imagem o Rei do Baião, mostra a diversidade do talento, tocando triângulo. O ex-prefeito de Exu, José Peixoto de Alencar está no clique. Pela primeira vez, essas imagens estão na internet e isto faz muita diferença.

A foto revelou uma surpresa. Quem é o então menino? Uma criança e seu boné? Um olhar sério e de esperança registrado na fotografia?

O jornalista Ney Vital, apresentador do Programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga e Seus Amigos, na Rádio Cidade Am e editor do BLOG NEY VITAL, conversou com o personagem da foto. A criança é atualmente José Carlos Pereira da Silva. No próximo mês de novembro ele completa 43 anos. Ele revela que aquele dia era comemorado o aniversário de dona Maria Vicente, na época 90 anos. Ela morreu aos 105 anos. 

O local onde a foto foi registrada é na Fazenda Araripe, cerca de 12 m do centro de Exu. Puxando pela memória ele diz que na época "a Fazenda Araripe era um local amado por Luiz Gonzaga. Todo o progresso ali de energia elétrica e água através de um poço cartesiano que abastece colégio municipal, tudo foi Luiz Gonzaga que trouxe e para isto era festa", conta José Carlos.

Os traços familiares de José Carlos traz a riqueza de um patrimônio cultural que Exu possui. Ele é neto de José Praxedes dos Santos, seu Praxedes, antigo vaqueiro de Luiz Gonzaga e um dos guardiões da memória do Rei do Baião, personagem que sempre é encontrado no  Parque Asa Branca. 

José Carlos é neto pelo lado materno de seu Antonio Raimundo, líder da Banda de Pife, um patrimônio de Exu e das novenas da Igreja de São João Batista do Araripe.

Em tempos de poucos olhares e valorização  para o passado e história, a foto postada é uma espécie de flagrante jornalístico, um passeio pelo tempo em Exu, do Rei do Baião, estampando alegria para o povo que ele tanto amava. Na foto ficou registrado a pureza da criança e a curiosidade de quem conseguiu chegar bem perto da história tecida por sons e música.

O melhor de enxergar o passado e sua riqueza com tantos detalhes é notar muito mais semelhanças do que diferenças. Os brasileiros, sertanejos, gonzagueanos do passado tinham em comum com os de hoje, os que vivem o século 21: o olhar, um misto de curiosidade e esperança apontando para o futuro. A fotografia é a memória do futuro. (Texto jornalista Ney Vital)

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EDGAR MORIN COMPLETA UM SÉCULO DE VIDA

“A vida é curta, a arte é longa”, popularizou o poeta romano Sêneca, em um aforismo que venceu os séculos. Ou seja, a arte permanece mesmo quando seu autor já tiver cruzado a fronteira entre o terreno e o etéreo. O sonho de todos, contudo, é que a arte – cultura, consciência, criação, dê-se o nome que quiser – acompanhe pari passu o nosso caminhar, com a existência se alongando ao ponto de fazer com que as linhas paralelas que acompanham criação e vida se toquem, mais do que se tangenciem. É uma quimera? Para ainda alguns poucos, não, com a arte perene se confundindo com uma vida longa e criativa. 

Para ficarmos em apenas dois exemplos: o cineasta português Manoel de Oliveira viveu até os 107 anos, ativíssimo e trabalhando até o fim em três projetos inconclusos. E o arquiteto Oscar Niemeyer trabalhou em seu escritório quase até o fim, às vésperas de completar 105 anos. A esses, some-se agora talvez um paradigma dessa longevidade aliada à extrema lucidez nesses tempos estranhos: o sociólogo e filósofo francês Edgar Morin, criador da teoria do “pensamento complexo”, que neste dia 8 completa um século de vida. E como ele está comemorando essa marca centenária? Lançando mais um livro, que se soma aos 70 que ele publicou no decorrer de sua prolífica vida. 

Em Leçons d’un siècle de vie (Lições de um século de vida, em tradução literal), o pensador da transdisciplinaridade recorda etapas cruciais de sua vida, destaca os erros porventura cometidos, a dificuldade de compreender o presente e a necessidade do exercício da autocrítica para a vida em sociedade. Um longo e essencial inventário de cicatrizes e realizações.

Segundo Morin, como destaca o site da Radio France International (RFI), uma das grandes lições de sua vida foi deixar de acreditar na sustentabilidade do presente, na continuidade e na previsibilidade do futuro. “A história humana é relativamente inteligível a posteriori, mas sempre imprevisível a priori”, escreve ele em seu novo livro. E diante dessa imprevisibilidade do presente, o pensador destaca, é fácil cometer erros. Ele relaciona pelo menos dois que teria cometido ao longo de sua trajetória política e intelectual: seu pacifismo antes da Segunda Guerra Mundial, que o impediu de enxergar a verdadeira natureza do nazismo – ele depois consertaria esse equívoco, sendo parte atuante da Resistência Francesa, onde adotou o codinome “Morin”, que após a guerra o acompanharia para sempre, deixando de lado o sobrenome familiar judeu sefardita Nahoum. O outro foi sua crença no sistema soviético, mais tarde abandonada. “Minha estadia de seis anos no universo stalinista me educou sobre os poderes da ilusão, do erro e da mentira história”, relembra ele em Leçons d’un siècle de vie.

Mas, entre erros e acertos, na tabela de somas e débitos, Edgar Morin acertou muito mais. A conta final é totalmente favorável a ele – e sua obra e sua história pessoal e intelectual estão aí para provar. Uma obra, frise-se, monumental, não só na quantidade de livros publicados, mas principalmente – claro – na qualidade e na importância das ideias que ele estabeleceu.

“É impossível dar conta da importância de suas contribuições científicas, filosóficas, antropológicas, sociológicas, pedagógicas, mas, sobretudo, epistemológicas”, escreveu em artigo recente no jornal Valor Econômico o professor sênior do Instituto de Energia e Ambiente da USP e colunista da Rádio USP José Eli da Veiga. Em seu texto, Veiga faz referência aos seis volumes de O Método, talvez a obra maior de Morin, que trata “da natureza da vida, das ideias, da humanidade e da ética”. 

Aceitando a tortuosidade em se vencer as “difíceis 2.500 paginas” dos volumes, o professor aponta um outro caminho para iniciantes dispostos a “mergulhos mais profundos”: Meu Caminho, publicado pela Bertrand Brasil em 2010. “Não há melhor introdução à monumental obra de Morin do que estas treze entrevistas, concedidas em 2008, à jornalista Djénane Tager. Em linguagem coloquial, estão realçadas suas contribuições sociológicas, os estudos de física e biologia que o levaram à teoria da complexidade, a justificativa da escolha do termo ‘método’, sua maneira de analisar o estado do mundo”, assinala José Eli da Veiga em seu artigo.

Por tantas contribuições fundamentais em vários campos do conhecimento, Edgar Morin fez – e ainda faz – da transdisciplinaridade seu campo fértil de ação e reflexão. Não é exagero chamá-lo de principal pensador ocidental contemporâneo. No campo da educação, por exemplo, ele foi um dos primeiros a sugerir uma reforma de paradigmas, questionando o ensino meramente disciplinar e pautado em conteúdos técnicos. Para ele, o que importa é aplicar o conhecimento de maneira crítica. Em entrevista publicada no jornal português O Público, em 2009, por exemplo, ele defendeu uma “reforma radical” no ensino para acabar com o que ele chamou de “hiperespecialização”.

“Apenas com esta mudança de paradigmas no ensino as pessoas serão capazes de compreender os problemas fundamentais da humanidade, cada vez mais complexos e globais”, afirmou o autor de Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro, que criticou o fato de nas escolas e universidades não existir “um ensino sobre o próprio saber”, sobre “os enganos, ilusões e erros que partem do próprio conhecimento”.

 Para Morin, o ideal seria criar “cursos  de conhecimento sobre o próprio conhecimento”. “Conhecer apenas fragmentos desagregados da realidade faz de nós cegos e impede-nos de enfrentar e compreender problemas fundamentais do nosso mundo enquanto humanos e cidadãos, e isto é uma ameaça à nossa sobrevivência”, avaliou ele, com uma visão de humanismo que está difícil de se encontrar nos dias de hoje.

Em outra entrevista, esta para o programa Milênio, da GloboNews, Edgar Morin deu mais pistas da sua forma de pensar o mundo sensível e esclareceu, para quem ainda não tinha compreendido, sua teoria do pensamento complexo.

 “A tragédia do nosso sistema de conhecimento atual é que ele compartilha tanto os conhecimentos que a gente não consegue se fazer essas perguntas. Se perguntarmos ‘o que é ser humano?’, não teremos respostas, porque as diferentes respostas estão dispersas”, afirmou ele. “E, no fundo, é isso que chamo de pensamento complexo, um pensamento que reúne conhecimentos separados. 

O objetivo do ensino deve ser ensinar a viver. Viver não é só se adaptar ao mundo moderno. Viver quer dizer como, efetivamente, não somente tratar questões essenciais, mas como viver na nossa civilização, como viver na sociedade de consumo”, acrescentou o pensador na entrevista – para também apontar seu olhar para um outro problema dos tempos atuais: informação demais, conhecimento de menos.

“É preciso ensinar não só a utilizar a internet, mas a conhecer o mundo da internet. É preciso ensinar a saber como é selecionada a informação na mídia, pois a informação sempre passa por uma seleção”, afirmou ele. “Informação não é conhecimento. Conhecimento é a organização das informações”, esclareceu Morin, que ainda mantém uma conta bastante ativa no Twitter – “É uma forma de me expressar, de expressar ideias que me ocorrem, reações que tenho frente a acontecimentos e de uma forma muito concentrada”, revelou ele à Folha de S. Paulo em 2019.

Entre tantas áreas pelas quais Morin e suas complexidades trafegaram, talvez a da comunicação seja realmente aquela em que seu olhar tenha se debruçado com uma atenção mais específica. Já em 1960, ele fundou na École de Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris – ao lado de Roland Barthes e Georges Friedmann –, o Centro de Estudos de Comunicação de Massa, com a intenção de adotar uma abordagem transdisciplinar do tema. E suas teorias, nesse campo, germinaram – no Brasil, inclusive.

“Edgar Morin sempre teve uma relação particular com a comunicação, desde os seus primeiros escritos na década de 1960 sobre a cultura de massa e o cinema, até os influentes escritos sobre o imaginário.

Mas é como pensador e crítico da ciência monodisciplinar e fragmentada que atinge uma repercussão que só fez crescer junto aos estudos de comunicação no Brasil”, afirmou ao Jornal da USP a professora sênior da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP Maria Immacolata Vassallo de Lopes.

 “Tem havido uma singular correspondência da sua teoria da complexidade com o pensamento transdisciplinar, que é a marca da comunicação em torno dos princípios da dialogia, das interações e das interligações. A possibilidade de que a comunicação aproveite positivamente as reflexões de Morin fazem da ECA um centro irradiador de suas obras, não somente porque quebram e abrem as disciplinas, mas também porque as transbordam, estabelecendo relações cada vez mais densas entre as ciências exatas e ciências sociais e humanidades”, atesta a professora.

É por este caminho, apontando “transbordamentos” e interconexões no pensamento de Edgar Morin no campo das ciências humanas – e da comunicação, como extensão –, que acompanha a também professora sênior da ECA Mayra Rodrigues Gomes. “Ao entender a comunicação como processo que realiza o trânsito interpessoal de informações, ideias, opiniões, não podemos dissociá-la das instâncias que ela costura. 

Ela invoca necessariamente saberes de diversas naturezas que brotam em diferentes campos do conhecimento, incluindo técnicas e métodos particulares”, contextualiza a professora. “Edgar Morin trouxe há várias décadas a concepção do ‘paradigma da complexidade’, com a qual criou um instrumental de trabalho que leva em conta a natureza interdisciplinar da comunicação, a complexidade das sociedades contemporâneas, a diluição das fictícias oposições entre razão e mito, ciência e arte, real e imaginário.”

Mas diante de tantas teorias, de tantos olhares trans e interdisciplinares – e com tantos anos de vida e sabedoria –, como será que Edgar Morin se definiria? Falou-se lá no começo deste texto que ele é sociólogo e filósofo. Seria reducionismo? “A melhor definição seria não ter definição. De se bastar. A palavra ‘filósofo’ talvez me conviesse bem, mas hoje a filosofia, no geral, se fechou em si mesma e a minha filosofia é uma filosofia que observa o mundo, os acontecimentos. Sou muito marginal, quer dizer, sou marginal em todas essas áreas. Então, sou aquele que querem que eu seja.”

*Marcello Rolemberg-Jornal da USP

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IPUEIRA: AREIA, PARAÍBA SE DESTACA NA PRODUÇÃO DE CACHAÇA

A publicação ‘A Cachaça no Brasil: Dados de Registros de Cachaças e Aguardentes’, divulgado pelo Ministério da Agricultura na última terça-feira (6), revelou que a Paraíba aumentou em 21% o número de estabelecimentos produtores de cachaça e está entre os dez estados que mais produzem a bebida, ocupando a sétima posição.

A publicação destacou que o município de Areia ganhou destaque no cenário nacional e ainda ressaltou o título de Capital Paraibana da Cachaça, conferido por meio da Lei nº 11.873/21.

O anuário apontou que o município de Areia ganhou destaque no cenário nacional galgando posições entre os estabelecimentos produtores de cachaça, somando um total de nove estabelecimentos, assim como o município de Alto Rio Doce, em Minas Gerais, que possui a mesma quantidade de estabelecimentos.

No que diz respeito à produção, a publicação ‘A Cachaça no Brasil: Dados de Registros de Cachaças e Aguardentes’ identificou que a Paraíba ocupa o 11º lugar, mas a colocação indica ainda um ganho no número de posições, já que saiu do 16º lugar.

O Nordeste brasileiro está em segundo lugar no ranking regional, o que corresponde a 14,5% e 138 produtores de cachaça.

Em linguagem indígena, a palavra Ipueira, significa ‘terra alagada’, em alusão aos solos férteis e úmidos”. O empresário e técnico agrícola, Ricardo Araújo Feitosa, faz questão de ter uma produção limitada, mas com alta qualidade.

Quando conversamos com qualquer um dos envolvidos direta ou indiretamente no processo de fabricação da Ipueira, a resposta soa como um mantra: “O processo de produção da cachaça artesanal é custoso e cheio de detalhes – uma verdadeira obra de arte”. Em 2013 a Cachaça Ipueira ganhou o prêmio da associação dos Químicos da Paraíba em parceria com o Sebrae, ficando entre as três melhores cachaças do Estado”.


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PESQUISADORAS LANÇAM CARTILHA PARA ORIENTAR POPULAÇÕES TRADICIONAIS E DA AGRICULTURA FAMILIAR

Para orientar as mulheres rurais que precisam ter acesso a políticas públicas, a equipe do projeto “Tempo, custo e deslocamento: um estudo sobre o acesso aos serviços de cadastramento e atualização de registros do Cadastro Único no Nordeste brasileiro” lançou uma cartilha digital chamada “Cadastro Único: Populações Tradicionais e da Agricultura Familiar”.  

A cartilha foi elaborada como uma forma de apresentar os resultados de um estudo realizado por pesquisadoras das Universidades Federais do Vale do São Francisco (Univasf) e Rural de Pernambuco (UFRPE) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE).

A pesquisa apresentada na cartilha contou com a participação de mulheres rurais de 23 comunidades de 11 municípios dos estados de Pernambuco, Bahia e Ceará. A publicação é dividida em duas partes. A primeira traz informações sobre o Cadastro Único: o que é, quem pode se cadastrar, como funciona, como se inscrever etc. Já a segunda, apresenta histórias de mulheres das populações de comunidades tradicionais e da agricultura familiar sobre as dificuldades para ter acesso a esse serviço. 

Na cartilha, que contou com financiamento do Ministério da Cidadania e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), são apontadas algumas dificuldades sofridas por essas mulheres, habitantes das áreas rurais e que vivem em situação de pobreza, mesmo possuindo prioridade no acesso a várias políticas públicas. A falta e instabilidade de horário nos transportes públicos são algumas delas, além de insegurança no trajeto, preço do transporte, gastos extras, longas esperas nas filas de atendimento, entre outras.  

A egressa Bárbara Cristina Vieira da Silva, que se formou em Ciências Biológicas no semestre suplementar 2020.3, conta que a ideia da cartilha surgiu a partir do diálogo entre as mulheres da equipe de pesquisa. “Pensamos que a cartilha teria a função de devolver os resultados da pesquisa para as mulheres das comunidades que participaram, mas que também poderia abranger outras comunidades rurais com a mesma realidade”, relata a pesquisadora. O estudo que gerou a publicação da cartilha rendeu um prêmio às pesquisadoras no IX Concurso Anual Sudamericano para Jóvenes: Derechos Campesinos y Dinámicas Territoriales em Tiempos del Covid-19, promovido pelo Instituto para el Desarrollo Rural de Sudamérica (IPDRS), da Bolívia.

O CadÚnico é um banco de dados, criado pelo Governo Federal, para identificar famílias brasileiras de baixa renda (de renda mensal total de até três salários mínimos). A partir desses dados, essas pessoas/famílias podem participar de programas sociais, seja federal, estadual ou municipal. É necessário manter o cadastro atualizado para que a família possa continuar exercendo o direito de ter acesso às políticas sociais.

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CARLA VISI DEFENDE TESE MESTRADO A CANÇÃO DA NATUREZA E A NATUREZA DA CANÇÃO, MÚSICA BRASILEIRA PARA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Carla Visi,  cantora, gestora em Gestão Ambiental defendeu a tese de Mestrado em Ecologia Humana e Problemas Sociais Contemporâneos da FCSH pela Universidade Nova de Lisboa. Carla Visi é ex-vocalista da banda Cheiro de Amor e atualmente está empenhada em diversos projetos ligados a questão em defesa da Mãe Natureza.

Naturalista, não faz alimentação com carne vermelha ou toma refrigerantes. A cantora é militante das causas ambientais desde a década de 90, que foi quando percebeu que poderia contribuir com o meio ambiente através da música. Atualmente, Carla Visi realiza palestras sobre cultura e sustentabilidade em diversos lugares.

Além de acumular os ofícios de ambientalista, cantora e mãe, Carla também é formada em Jornalismo, possui uma pós-graduação em Gestão Ambiental.  “A música é minha comunicação maior e o jornalismo me faz pensar a palavra, a comunicação”.

Este ano a cantora concluiu o mestrado com o tema A Canção da Natureza e a Natureza da Canção, Música Brasileira para a Educação Ambiental Crítica.

Recentemente durante entrevista Carla Visi, declarou que esse momento não tem sido fácil para ninguém, principalmente para os profissionais que tiveram as suas atividades proibidas. 

"Sinto falta do abraço, dos palcos, da celebração da música, mas entendo a necessidade de nos reservarmos o tempo que for preciso para alcançarmos uma situação mais controlada da transmissão do vírus Sars-Cov-2.

"Há uma distorção de valores na gestão pública e uma inversão de valores na nossa sociedade, onde o ter é mais importante do que o ser, a aparência mais importante que a essência. Não só os projetos culturais, mas as instituições que nos associamos, os artistas que seguimos, os produtos que escolhemos comprar são reflexo dos nossos valores. Alguns exemplos… Uma marca que usa mão-de-obra infantil ou escrava deve ser boicotada; um gestor ou funcionário que manifeste qualquer tipo de preconceito deve ser punido; um artista que estimule a violência não pode participar e ser aprovado em editais públicos", afirmou Carla Visi.

Confira texto postado por Carla Visi nas redes sociais:

APROVADA no MESTRADO em Ecologia Humana e Problemas Sociais Contemporâneos da FCSH - Universidade Nova de Lisboa. Gratidão!!!

A CANÇÃO DA NATUREZA E A NATUREZA DA CANÇÃO

A música é a "linguagem das emoções" e a canção brasileira inspirada na Natureza pode ser um ponto de partida para uma nova topofilia, ou seja, provocar uma nova relação afetiva entre o ser humano e o ambiente.

A educação ambiental, entre as várias abordagens conceituais, visa promover a conscientização ecológica e a adoção de estilos de vida e atitudes compatíveis com a sustentabilidade no planeta. O objetivo deste artigo é avaliar se o discurso ecológico e a temática de algumas músicas brasileiras selecionadas podem contribuir para a construção e promoção de valores para a cidadania ambiental, já que um dos muitos atributos da música é expressar e difundir conhecimentos e valores.

Um forte movimento em torno das questões ambientais, o ressurgimento do debate sobre a ecologia e o desenvolvimento humano observado no cenário mundial na década de 1970 proporcionaram uma atmosfera favorável para o nascimento de várias canções com essa temática no Brasil.

Partimos da hipótese de que o discurso literomusical ecológico, desde a criação (composição) até o uso dessas músicas nas aulas (performance / interpretação), pode ser um instrumento didático-pedagógico eficiente para conscientização e educação ambiental crítica. A EA crítica aponta para a necessidade de ruptura com antigos padrões de abordagem e comportamento, de modo que por meio de um diálogo criativo e diverso, possamos alcançar o reencantamento na dimensão estética do discurso ecológico resultando em maior engajamento pela sustentabilidade local e global. 

Esta investigação é apenas mais um (com)passo, um convite para cantarmos juntos a mais linda canção: A VIDA.

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FESTIVAL QUIXADEIRA REÚNE ARTISTAS INDEPENDENTES DA BAHIA EM EVENTO VIRTUAL

Com o objetivo de fortalecer e difundir o cenário independente da música baiana, o Festival Quixabeira reúne artistas dos territórios de Irecê, Vale do São Francisco, Salvador e Região Metropolitana em evento virtual realizado nesta sexta-feira (9) e sábado (10), a partir das 20h, no YouTube da Opará Produtora Cultural, realizadora do projeto.

“O nome do festival é um resgate da cultura local. Quixabeira é o nome da árvore onde os primeiros migrantes do território se abrigavam. Dessa forma, o festival incentiva, já em sua primeira edição, um sentimento de identificação no público local. Esperamos que o Quixabeira sirva como fundamento para o desenvolvimento do ecossistema local da música”, explica Geraldo Júnior, produtor cultural da Opará.

A programação do festival é marcada pela diversidade de estilos. Na ocasião, o público poderá conferir o som de Yan Paiva (Ibititá-BA), o rock do Sanitário Sexy (Juazeiro-BA) e o forró do Fulô de Berdoeca (Irecê-BA), passando ainda pela batida eletrônica de DJ Belle (Salvador-BA) e DJ Werson (Natal-RN/Juazeiro-BA), o rap de Amanda Rosa (Chapada Diamantina), o pagode de Nêssa (Salvador-BA) e ainda o som afro-brasileiro do Africania (Bahia).

O evento foi gravado entre os meses de fevereiro e abril na Fazenda Mandala, em Irecê, e na Casa Preta Espaço de Cultura, em Salvador. 

SERVIÇO

O QUÊ: Festival Quixabeira

QUANDO: Sexta-feira e sábado, 9 e 10 de julho, às 20h

ONDE: Youtube  da Opará Produtora Cultural (https://bityli.com/owzKP)

VALOR: Grátis

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REDUÇÃO DE VAZÃO NO RIO SÃO FRANCISCO PREJUDICA ECOSSISTEMA E ECONOMIA LOCAL, AFIRMA PESQUISADOR

A redução de vazão no Rio São Francisco está prejudicando o ecossistema e a economia local. O motivo é que a situação crítica dos reservatórios do Sul e Sudeste por causa da seca fez com que a vazão do Velho Chico diminuísse.

A Usina Hidrelétrica de Sobradinho, na Bahia, regula as vazões do Rio São Francisco até a Foz. Atualmente, a represa da Chesf, subsidiária da Eletrobras, está operando com 58% da capacidade de armazenamento e vazão de 1.000 m³/s e 23% menor do que a vazão mínima aceitável, que é de 1.300 m³/s.

A situação é melhor do que em 2015, quando o lago ficou com 2% do seu volume útil. Na época, o impacto na irrigação foi enorme. As fazendas de produção de frutas foram forçadas a racionar água e, duas vezes por semana, todo o sistema de irrigação era desligado.

Já o setor elétrico não sentiu tanto porque as represas do Sul e Sudeste tinham água suficiente para atender a necessidade de geração de energia para o Sistema Interligado Nacional (SIN).

Este ano é diferente: Sul e Sudeste, além do Centro-oeste, enfrentam uma seca que compromete a geração de energia. E é por isso que o operador nacional do sistema decidiu reduzir as vazões nos reservatórios do nordeste.

O objetivo do ONS é aumentar o estoque de água, para utilizar gradativamente até o final do período seco, em outubro. enquanto isso, a região nordeste vai contribuindo com a geração de energia eólica.

A economia região do Vale do São Francisco é movida por água e energia. O setor de fruticultura irrigada emprega um 1.200.00 pessoas e produz mais de um milhão de toneladas de frutas por ano, grande parte exportada.

Os produtores temem que falte água para manter toda essa cadeia produtiva. "Hoje a prioridade dessa barragem é produzir energia. Então nós precisamos estudar um pouco melhor essa priorização, pra que não falte energia mas também não falte água pra irrigação", explicou o gerente executivo da Associação dos Produtores e Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco, Tácio Lustosa Silva Gomes.

A crise hídrica também preocupa porque a conta de luz das empresas dispara. "Há uma preocupação até porque esse custo de energia lá na frente vai impactar no preço da fruta pra o consumidor, na ponta final, né? E também vai ficar aqui pro produtor", observou o agrônomo Emerson Costa Oliveira.

O Velho Chico abastece grandes cidades, como Petrolina, em Pernambuco, e Juazeiro, na Bahia, que juntas têm quase 500 mil habitantes. E ainda tem que abastecer os dois canais da transposição que levam água para o Ceará e Paraíba.

Os problemas causados pelo represamento da água são visíveis a partir da hidrelétrica de Xingó, entre Alagoas e Sergipe, que está com vazão de 800 m³/s.

POUCA ÁGUA E MUITAS PEDRAS: Pescadores estão preocupados. “É que esse rio dentro em breve, ele não possa ser mais navegável, a gente não possa mais captar água, a gente não possa mais pescar. A pescaria hoje já é muito difícil. E só pensando na geração de energia, esse futuro que nós acharmos tão distante, ele cada dia mais fica tão próximo", lamentou o pescador Messias dos Santos.

A 30 quilômetros da Foz, o Velho Chico fica mais largo, raso e sem força. Um espelho d'água cheio de bancos de areia.

“Na maré seca, meu amigo, tá difícil de trabalhar aqui, viu? Tá muito difícil, muito assoreado, muito banco de areia e a gente realmente tem que ter habilidade pra conduzir a embarcação, se não acontece o que aconteceu com a gente aqui agora há pouco”, disse o empreendedor Fernando Peixoto Regueira.

ECOSSISTEMA COMPROMETIDO: A qualidade da água piora a cada redução de vazão. Essa situação foi comprovada por coletas e análises da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

“A situação interfere no abastecimento, na reprodução das espécies, na intrusão salina que avança em direção ao continente, no abastecimento das cidades, porque gera uma qualidade de água pior, ruim, e se gasta muito mais para tratá-la”, disse o pesquisador da Ufal Emerson Soares.

Segundo o Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, a vazão reduzida para priorizar a geração de energia compromete todo o ecossistema.

“O São Francisco com o aumento da população barranqueira, com as questões econômicas, com a exploração, tudo isso, o rio vem sofrendo. Nós não sabemos a que ponto vai chegar essa responsabilidade do São Francisco com a geração de energia para o país, né?", disse o ambientalista Jackson Borges.  (Fonte: A Reportagem  é de Amorim Neto, Jornal Hoje/RedeGlobo Televisão. Foto Ney Vital)

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