FESTIVAL DE ECONOMIA SOLIDÁRIA SÃO JOÃO DA MINHA TERRA ACONTECE ENTRE OS DIAS 13 E 30 DE JUNHO

O Governo do Estado, por meio da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre),  realiza, entre os dias 13 e 30 de junho, a segunda edição do Festival de Economia Solidária São João da Minha Terra. O evento integra uma rede de agentes que atuam na economia solidária e agricultura familiar em 15 Territórios de Identidade da Bahia.

Realizado em formato virtual, o Festival agrega a diversidade de produtos de empreendimentos atendidos regionalmente pelas 13 unidades de Centros Públicos de Economia Solidária (Cesols), além de música, cultura, gastronomia e formações gratuitas em lives realizadas nas redes sociais. O evento é executado pela Associação Beneficente Josué de Castro e será exibido ao vivo nas redes sociais @economiasolidariaba.

O festival é uma alternativa de escoamento da produção dos empreendimentos econômicos solidários em meio à pandemia de Covid-19 que há mais de um ano afeta a população mundial. A iniciativa mostra a pujança desse importante setor produtivo na Bahia, que conta com o fomento da Setre, através de programas de capacitação, adoção de novas tecnologias e apoio à comercialização.

Entre os convidados, já estão confirmados os artistas Del Feliz e Zelito Miranda e as chefs de cozinha Cida Pescadora e Rosa Gonçalves.

Cesol Sertão do São Francisco- O Centro Público de Economia Solidária Sertão do São Francisco (Cesol-SSF) realiza assistência técnica para 128 empreendimentos de Economia Solidária e da Agricultura Familiar, em 10 cidades do território Sertão do São Francisco: Campo Alegre de Lourdes, Canudos, Casa Nova, Curaçá, Juazeiro, Pilão Arcado, Remanso, Sento Sé, Sobradinho e Uauá.

Esses empreendimentos recebem assistência técnica da equipe do CESOL, a partir do processo de qualificação dos produtos, análise das embalagens, rotulagens, marketing e publicidade digital e, principalmente, no apoio à comercialização, por meio da inclusão nos mercados convencionais, feiras e eventos realizados no território.

Licores, doces, queijos e artesanatos estão entre os produtos dos empreendimentos, atendidos pelo Cesol-SSF, que serão comercializados durante o festival de Economia Solidária São João da Minha Terra.

SERVIÇO

O QUÊ: Festival de Economia Solidária São João da Minha Terra – 2ª edição

QUANDO: 13 a 30 de junho

ONDE: redes sociais (@economiasolidariaba)

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RESPEITÁVEL PÚBLICO: POR ONDE ANDA O CIRCO EM TEMPOS DE COVID-19?

Na arquibancada seus olhos se encantavam com o equilíbrio do malabarista, a alegria do palhaço, que te arranca gargalhadas, a coragem do trapezista, a magia do mágico e do espetáculo. Mas, hoje a realidade é outra: são lonas guardadas e artistas circenses sem perspectivas de retorno.

Com a pandemia da Covid-19, esses circenses, que emocionam com sua arte, vivem uma crise financeira e precisam o tempo todo se reinventar para driblar a interrupção das atividades culturais como medida para conter a expansão do novo coronavírus, e sentem na pele a ausência do público.

"Nosso maior cachê é o público, o aplauso, o dinheiro faz parte disso tudo, mas nós estamos conseguindo sobreviver sem o dinheiro," comenta o produtor André Felipe, do Núcleo Itinerante Marcos Frota Show, que está localizado em Jacobina-Bahia.

Quem vive de Circo Itinerante, que circula entre cidades, sabe que tem que lidar com as incertezas e a necessidade de adaptação: morar em trailer, viajar constantemente, buscar a recepção das novas cidades, mas os artistas de circos não estão preparados para uma pandemia, que já matou mais de 460 mil pessoas no país. 

Em 30 de Julho do ano passado, a Fundação Nacional de Artes (FUNARTE), vinculada ao Ministério da Cidadania, realizou a pesquisa de Mapeamento dos Circos no Brasil, que identificou que 9.759 pessoas dependem das atividades provenientes do circo, abrangendo 651 unidades em todo o país. Cerca de 80% dos empreendimentos circenses estão concentrados no Sudeste (248) e Nordeste (271), e os 20% restantes nas demais regiões.

O Núcleo Itinerante Marcos Frota Show viajava pela Bahia a fim de realizar apresentações em 28 cidades. Mas foram realizadas em apenas duas,  Juazeiro e  Senhor do Bonfim. Foi quando chegaram em Jacobina e tiveram suas atividades interrompidas em decorrência da Pandemia da Covid-19. Surpreendidos, aportaram há 18 meses na cidade. Atualmente, cerca de 30 famílias dependem da atividade circense desse núcleo, e alguns até retornaram para suas cidades.

Com interrupção das atividades, foi necessário recorrer ao auxílio e políticas públicas para os artistas. A alternativa foi instituir a Lei 14.070/2020, Aldir Blanc, sendo decretado o repasse de R$ 3 bilhões para Municípios e Estados, posteriormente entregues aos artistas para uma renda emergencial, realização de eventos, manter instituições culturais e outras atividades.

Segundo o pesquisador e professor do curso de Teatro da Universidade do Estado da Bahia, Campus Senhor do Bonfim, José Benedito de Andrade, “a Lei Aldir Blanc apontou uma esperança e muitos artistas foram contemplados recebendo um auxílio. O recurso, no entanto, não foi suficiente para atender todos os artistas e linguagens”.

Desenvolvendo estudos sobre a atividade circense, o pesquisador comenta sobre os problemas de gestão entre Governo Federal, Estado e Prefeitura, com relação ao setor cultural, principalmente os profissionais circenses que estavam fora das suas cidades natais e não puderam retornar. Como são artistas itinerantes, as prefeituras devem atender demandas especificas, como, por exemplo, declarar os artistas como cidadãos em registo, para que recebam os auxílios destinados a eles. 

"É necessário construir políticas públicas que garantam com equidade a possibilidade dos itinerantes terem um registro específico, para que possa ser respeitada a sua condição e comprovada sua residência como indica o código civil Art. 72, que considera domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida", esclarece Benedito.

Em Jacobina-BA, os artistas circenses receberam a verba da Lei Aldir Blanc, através da mediação da Prefeitura, e que foi destinada à manutenção do circo, por haver um desgaste natural do material parado. Mas, não é o suficiente para manter todos os custos. O circo conseguiu também junto a administração do Município a disponibilização de um espaço para a instalação do picadeiro, reduzindo a despesa de infraestrutura.

ALTERNATIVAS: Além da beleza do espetáculo circense, há um custo que nem sempre é visto. Para erguer as lonas, o circo precisa pagar taxas de serviços de alvará, custear água, energia elétrica, anotação de responsabilidade técnica (ART), que obrigatoriamente precisa ser outorgado por um profissional de engenharia e entre outras licenças e burocracias que as cidades implementam. Também, precisa ter dinheiro para custear cachês dos artistas, equipe técnica e transporte dos materiais do circo.

Dessa forma, o auxílio é inferior às despesas que há, por isso, muitos artistas circenses foram buscar alternativas de emprego, como: fretes de mudanças, venda de produtos artesanais, biscoitos e doces. E, claro, receberam doações da população e de organizações religiosas.

O Núcleo Itinerante Marcos Frota Show buscou outras alternativas na cidade, os circenses passaram a prestar serviços em parceria com empresas locais. Venderam bolo de pote, salgadinhos, para sanar as necessidades pessoais.

Nesse período de Pandemia, é importante o alinhamento dos Órgãos Públicos para com a comunidade circense, pensando nas políticas públicas e reduzindo os danos. “ É preciso realizar algumas ações imediatas como: auxílio emergencial para alimentação, água, remédios se for o caso e infraestrutura como energia elétrica, água e esgoto para instalação dos banheiros. Conferir o público estudantil e matricular crianças e jovens em idade escolar, garantindo auxílio a merenda escolar e tecnologia para as aulas remotas", explica José Benedito.

Em Jacobina, o circo conseguiu apoio através de parcerias com colégios locais e têm todas as crianças e adolescentes matriculadas e estudando de forma remota.

É nesse cenário que as relações interpessoais fazem a diferença. Em Jacobina-BA, a comunidade circense teve um enorme acolhimento do público: "As pessoas receberam a gente de uma forma muito bacana, muito solidária, é gratificante", diz André Felipe. Além do apoio da prefeitura e negociações feitas com as empresas, as doações da população são constantes. O produtor admira a solidariedade das pessoas, pois a pandemia atinge a todos, mas ainda há esse olhar para com o outro.

O circo realizou um Festival Online, com oficinas de maquiagem artística e acrobacia com cama elástica, apresentação de espetáculo e palestra sobre a atividade circense no Brasil. No atual momento, se reinventam e buscam não deixar que a magia do espetáculo se perca. Eles desenvolveram um projeto de "Escolinha de Circo" para as crianças, e estão articulando com a prefeitura de Jacobina para colocar em prática a ação após retorno das atividades.

No momento, se preparam ansiosamente para o grande retorno e pensam no dia que possam se apresentar na cidade que tanto os acolheu.

O produtor do circo avalia que existe "uma história do Circo antes da Pandemia e outra pós Pandemia", e que ficará marcado na história dos artistas do segmento cultural, pela capacidade de adaptação. Ele também salienta a necessidade de que políticas públicas sejam feitas de forma coletiva e em diálogo com os artistas circenses de pequeno porte, que, nessa pandemia, sofrem mais consequências.

Reportagem especial de Mariana Brasileiro para Agência Multiciência  FONTE:  MULTICIÊNCIA  31 maio 2021  E-mail: maribrasileirom@gmail.com


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LUIZ CALDAS LANÇA ÁLBUM DE FORRÓ E RELEMBRA ENCONTROS COM LUIZ GONZAGA

"A sonoridade desse disco é original, é muito raiz", descreve Luiz Caldas, cantor e compositor baiano, sobre o álbum de forró Remelexo Bom, lançado nesta terça-feira (1º). Com dez canções autorais, o álbum conta com diversas participações, entre elas a do amigo Carlinhos Brown.

Para quem acha que o passo ao som do forró é o primeiro de Luiz Caldas, está enganado. Desde 2013, todo mês de junho, ele lança um álbum de forró. Todos os discos estão disponíveis no site do artista.

"Esse é o 11º disco de forró que eu gravo", destaca.

Contemplando o forró em uma versão mais tradicional e genuína, Luiz Caldas diz que não é fã dos "modismos" que fazem esse estilo musical e opina: "Tem certo tipo de música que não necessita de evolução, elas já são evoluídas ao ponto de serem únicas".

O cantor e compositor detalha que o disco de forró é uma forma de manter a originalidade do estilo musical, já que com o tempo, novos instrumentos e demais estilos estão sendo incorporados à música nordestina.

"É um cuidado também de poder manter intacta a raiz desse estilo, já que quando o comércio entra, ele consegue, muitas vezes, modificar tudo e isso serve para a música também. Então, o que é que eu fiz? Fiz um disco que é tradicionalmente acústico. Não tem baixo, não tem guitarra, não tem bateria", diz.

Luiz Caldas diz que esse disco foi gravado da mesma maneira que Luiz Gonzaga, o "Rei do Baião", gravava.

"Eu gravei como era antigamente, como seu Luiz [Gonzaga], que era com o regional, o mesmo grupo que tocava choro tocava forró. Então, era violão de 7 cordas, cavaquinho, instrumentos que as pessoas nem acham que existam no forró", conta.

Ainda sobre o xará, o artista aproveitou para relembrar um momento de gravação e descontração, no final dos anos 1980.

"Quando seu Luiz [Gonzaga] gravou comigo eu disse brincando: 'Olhe, todos os discos que eu fizer a partir de hoje vou sempre regravar uma música do senhor'. Aí ele olhou para mim, brincando: 'Rapaz, vai cuidar da sua vida e deixe a minha em paz'"

"O jeito que ele tinha, muito carinhoso, sempre brincalhão comigo, e meu deu bons conselhos e isso ficou em mim. Eu nunca cheguei para ninguém para dizer que sou forrozeiro, nem nada, porque eu já nasci com isso, com a coisa de gostar e respeitar muito [o forró]", conta.

Entre as lembranças das raízes do forró, Luiz Caldas conta que o estilo musical sempre esteve presente na vida dele e era bastante apreciado pelo seus pais.

"[O forró] Entrou na minha vida e ficou. Durante todo tempo que passei por bailes, eu toquei muito forró. Uma festa que nunca deixei de tocar, desde o tempo dos bailes. Quando eu comecei a gravar, de certa forma, a música que a gente usava no trio elétrico, ela é junina, que é o galope, um estilo que sempre foi gravado, não só por Luiz Gonzaga, Jackson [do Pandeiro] e por outros grandes. Já havia essa semelhança muito grande", explica.

Luiz Caldas ainda citou outro artista que, para ele, é referência do forró.

"Quando eu conheci seu Luiz Gonzaga, pra mim foi um sonho, porque depois eu comecei a conhecer outros grandes, como Zé Nilton. Pessoas que eu cheguei a conviver", relembra.

Participaram do novo álbum de trabalho, os sanfoneiros Marquinhos Café, Jussiê do Acordeon, Daniel Novaes e Theus Oliveira.

"Quatro grandes mestres que trabalharam comigo. São músicos muito bons. O São João sem sanfona, até pode rolar, mas que ela faz uma falta danada, faz. E esses quatro são mestres, então fica um disco bem dançante", diz.

Para gravar, Luiz diz que contou com a tecnologia. Em tempos de pandemia, não foi possível reunir os músicos, nem encontrar os amigos. Cada um fez sua gravação e o resultado ficou por conta da edição.

"A gente está vivendo um momento muito complicado. Eu estou gravando esses discos aqui no meu estúdio, como sempre gravei, e os outros músicos têm gravado em estúdios fora daqui. A gente tem que se cuidar. É um disco em que eu não usei os meus músicos que tocam na banda, são outros. Porque a gente teria que se encontrar em estúdio para ensaiar", explica.

Luiz Caldas também falou sobre a participação de Carlinhos Brown no disco de forró.

"A gente sempre está conversando e eu fiz participação em algumas músicas dele. Aí eu disse: 'Cara, quero que você faça parte do meu projeto também', e ele disse: 'a hora que você quiser'. Então eu pensei que é legal a gente fazer coisas que as pessoas não estão tão acostumadas. A gente não está acostumado a ver Brown cantando forró e é maravilhoso", diz.

A música que Carlinhos Brown canta no disco é Carta de Zé.

"A música conta uma história bem interessante. Eu fiz uma brincadeira com o lance dele [Brown] ter o mesmo nome de um dos três santos, que é Santo Antônio. Daí essa irmandade que a gente tem e musicalmente a gente está muito ligado à música brasileira em todos os seguimentos. Ficou bem divertido", disse Luiz sobre o amigo e artista que tem como nome de batismo Antônio Carlos.Além dos parceiros Reinaldo Barbosa e Paulinho Caldas, o compositor Cesar Rasec assina junto com Luiz as músicas Carta de Zé e Forró Zé Bode.

A coprodução do disco é de Nagib Barroso. O mestre Luiz Caldas, por sua vez, assina direção, produção, arranjos, gravação, violões, cavaquinho e voz. A percussão é de Claudinho Guimarães.

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AGROTÓXICOS PODEM AUMENTAR VULNERABILIDADE À COVID-19, DIZ RELATÓRIO INÉDITO

Com mais de 460 mil mortes, o Brasil ocupa a vice-liderança no número de óbitos por Covid-19 no mundo. Além da alta taxa de exposição ao vírus SarsCov-2, um grupo de pesquisadores acredita que o modelo de produção agrícola brasileira pode ter deixado o país mais vulnerável à doença. E o fator principal seria o uso intensivo de agrotóxico que afetam o sistema imunológico dos seres humanos os tornando mais suscetíveis a doenças infecciosas. 

A constatação está no relatório “Agronegócio e pandemia no Brasil —  uma sindemia está agravando a pandemia de COVID-19?”produzido pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) junto a rede de pesquisas internacional Ipen, obtido com exclusividade pela Agência Pública e pela Repórter Brasil.  No trabalho, assinado por nove pesquisadores de universidades do Brasil, Portugal e Dinamarca, o grupo trata a pandemia de Covid-19 como uma sindemia, um neologismo que combina as palavras “sinergia” e “pandemia”. 

“É um termo criado nos anos 90, usado quando uma doença interage com outra produzindo o agravamento do quadro clínico”, explica uma das autoras do trabalho, a médica Lia Giraldo, pesquisadora da Fiocruz e da Abrasco. Em uma sindemia, a interação entre as doenças é facilitada por condições sociais e ambientais que podem tornar uma população mais vulnerável ao seu impacto. O que ajuda a explicar, por exemplo, porque determinados países ou grupos sociais registram uma maior taxa de casos e óbitos por Covid-19. 

O relatório aponta o agronegócio como parte desse contexto. “O uso intensivo de agrotóxicos afeta o sistema imunológico, a agroindústria aumenta o risco de novas zoonoses e a produção de alimentos industrializados promove a obesidade, aumentando a vulnerabilidade à Covid-19”, diz trecho do estudo. 

O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos no mundo. E nem mesmo durante a pandemia, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ganhou o dever de avaliar os pedidos de uso de vacinas para Covid-19, o fluxo de aprovação de agroquímicos diminuiu. 

Desde 20 de março de 2020, quando foi decretado estado de calamidade pública, até o momento, 613 novos registros foram aprovados pelo Ministério da Agricultura, o Ibama e a Anvisa. Foram mais de 10 novos produtos liberados a cada semana durante a pandemia. 

Para o relatório da Abrasco, a médica e pesquisadora da Fiocruz e Abrasco Karen Friedrich fez um levantamento e analisou todas as substâncias aprovadas no governo do presidente Jair Bolsonaro. “Entre as substâncias, encontramos produtos que interferem no sistema imunológico, causam problemas hormonais, interferem em várias funções de metabolismo, diabetes, obesidade e até mesmo na defesa do organismo contra patógenos”, diz a médica.  

Agrotóxicos como a atrazina, carbamato e os organofosforados diclorvós e clorpirifós estão entre os que podem influenciar o sistema imunológico. Um trabalho de 2020 do pesquisador sulcoreano Gun-Hwi Lee encontrou diversos efeitos em várias células que tiveram contato com essas substâncias, como inibição da proliferação de células T e na produção de citocinas, que são importantes para garantir a recuperação de pacientes com Covid-19.

A atrazina é o quinto ingrediente ativo mais vendido no Brasil, com mais de 23 mil toneladas comercializadas apenas em 2019, segundo o Ibama. A substância é um herbicida, usado para controlar ervas daninhas em diversas plantações, como milho e cana-de-açúcar. 

Mas os estudos que medem a toxicidade de venenos como a atrazina ignoram uma informação importante: a mistura de agrotóxicos. Os testes feitos em animais e células por agências regulatórias, como a Anvisa, expõem as cobaias a apenas um tipo de agrotóxico por vez. Enquanto na realidade, a população é exposta a coquetel de venenos. 

A última edição do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), feito pela Anvisa, detectou alimentos vendidos nos supermercados brasileiros contendo resíduos de até 21 agrotóxicos diferentes em um único produto.  

“Essa interação das substâncias ainda é muito imprevisível. Se você tem um alimento com uma substância que tem efeito no sistema imunológico, somada a mais outra substância com o mesmo efeito, e mais outra e assim por diante, a probabilidade desse efeito se manifestar com mais força é maior”, conta Karen Friedrich. 

Tratar a Covid-19 como uma sindemia ainda é novidade no Brasil. Internacionalmente, o termo é usado desde o ano passado, e cientistas acreditam que o combate à doença deve mirar também nas comorbidades. 

Em setembro de 2020, uma das mais importantes revista científica do mundo, a The Lancet do Reino Unido, publicou um artigo onde o editor chefe, Richard Horton, disse que o vírus SarsCov-2 não atua sozinho, mas compactuando com outras doenças. Os “cúmplices” seriam as comorbidades, como a obesidade, diabetes e doenças cardíacas. 

“Precisamos separar a Covid doença do vírus SarsCov-2. A Covid começa com a infecção, mas depois evolui a um ponto que pacientes não têm mais nem o vírus no corpo, mas a doença, de forma sistêmica, já afetou o organismo. Vimos claramente que pessoas obesas, com doenças crônicas ou distúrbios imunológicos estão mais vulneráveis e suscetíveis a ter esses agravamentos”, diz a médica e pesquisadora Lia Girardo. 

“O agronegócio é parte desse contexto mórbido, por levar a um modo de produção e apropriação da natureza que torna a nossa sociedade mais vulnerável ao enfrentamento de um vírus com essas características”, diz Lia. 

O relatório ressalta ainda o avanço das produções agropecuárias em áreas de floresta, o que acaba com barreiras florestais e pode causar o surgimento de novas zoonoses de modo geral. As zoonoses são vírus e bactérias que originalmente infectavam animais, e que por alguma razão passam a atingir a espécie humana.

O terceiro ponto citado no relatório está relacionado à produção de alimentos industrializados, que promovem a obesidade, fator de risco para a Covid-19. “Em um cenário de pandemia, é ainda mais importante que o governo estimule e disponibilize mais alimentos saudáveis. Mas, ao invés disso, tivemos a disponibilidade de alimentos comprometida. Observamos aumento de preço do arroz e da soja”, explica Karen Friedrich. 

A má-nutrição tem um impacto no sistema imunológico e em muitas outras doenças crônicas. Nas últimas décadas, o padrão de subnutrição no Brasil passou por uma transformação, caindo de 11,9% para 2% entre 1997 a 2020. No entanto, no mesmo período, a obesidade aumentou de 11,9% para 22,3%. 

O Brasil seguiu uma tendência global de aumento na taxa de obesidade, impulsionado pelo consumo crescente de alimentos e bebidas com adição de açúcares, e sal, carboidratos refinados, segundo o relatório. 

Além da mudança da dieta, diversos estudos apontam a influência dos agrotóxicos no surgimento da obesidade. Os organofosforados e agrotóxicos desreguladores endócrinos (DE) podem afetar o metabolismo da glicose e dos lipídios e influenciar no desenvolvimento de obesidade e diabetes Tipo 2, segundo um estudo de 2020 de um grupo de pesquisadores da Université Toulouse, na França. 

“São vários fatores que estão interagindo e resultando em um cenário muito maior de vulnerabilidade da sociedade brasileira aos efeitos do Covid-19”, diz Friedrich.

MUITO TÓXICO: Com informações sobre registro internacional de países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e do Brics, a pesquisadora Karen Friedrich identificou que os agrotóxicos usados no Brasil já saíram há muito tempo da prateleira de outros países. 

Entre os os 400 ingredientes ativos de agrotóxicos classificados como químicos e semioquímicos e autorizados para uso agrícola no Brasil, 85,7% não tem autorização de uso na Islândia, 84,7% na Noruega, 54,49% na Suíça, 52,6% na Índia, 45,6% na Turquia, 44,4% em Israel, 43,4% na Nova Zelândia, 42,4% no Japão, 39,6% no Canadá, 38,6% na China, 35,842% no Chile, 31,6% no México, 28,6% na Austrália e 25,6% nos Estados Unidos.

Karen pesquisou também a toxicidade dos produtos. De 399 ingredientes ativos comercializados no Brasil, 120 foram relacionados a danos à saúde e ao ambiente. Considerando as substâncias para as quais estão disponíveis dados de comercialização no país, 67,2% deste volume está associado a pelo menos um dano crônico grave. (Fonte Agência Pública-jornalismo investigativo Pedro Grigori)

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VALE DO SÃO FRANCISCO COMEMORA O DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE COM PLANTIO DE MUDAS DA CAATINGA

O próximo dia 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, será comemorado no Vale do São Francisco com o plantio de 7 mil mudas de plantas nativas da Caatinga, o único bioma exclusivamente brasileiro.

As mudas, doadas pela Agrovale, que fica em Juazeiro - BA, serão plantadas em Petrolina - PE, às margens do Rio São Francisco, como parte do programa 'Orla Nossa - Cidades Ribeirinhas', da prefeitura do município. A proposta é recuperar a área da Orla II, que vai do Círculo Militar até o último restaurante da via beira rio.

De acordo com a coordenadora de Meio Ambiente da Agrovale, Thaisi Tavares, serão plantadas mudas como o marizeiro, ingazeiro, pau ferro, paineira, ipê roxo e caraibeira. "Espécies nativas da Caatinga mais adequadas para projetos de arborização, paisagismo, repovoamento e reflorestamento de áreas degradadas", ressaltou.

A coordenadora destacou ainda que a doação é mais uma ação do projeto socioambiental 'Viveiro de Mudas Nativas', que completou 13 anos com a marca de 400 mil mudas doadas para 45 municípios dos Estados nordestinos da Bahia, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte. A doação destas mudas vem ampliando a cobertura verde das cidades e contribuindo para uma maior conscientização e sustentabilidade ambiental da biodiversidade regional.

O viveiro da empresa, que é a maior produtora de açúcar, etanol e bioeletricidade e também a que mais gera empregos na Bahia, ocupa uma área de 2 hectares com mais de 70 espécies de plantas nativas da Caatinga. "Neste Dia Mundial do Meio Ambiente estamos fazendo o que mais gostamos: a preservação dos ecossistemas da Caatinga e das matas ciliares do Rio São Francisco", concluiu. FONTE: CLAS Comunicação & Marketing


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RÁDIO NACIONAL DE BRASÍLIA COMPLETA 63 ANOS

Em 31 de maio de 1958 foi inaugurada a Rádio Nacional de Brasília, a primeira de uma capital federal que nem havia sido fundada. Exatamente 63 anos depois, a emissora segue na tradicional frequência 980 AM, ensaia a expansão da programação para o FM e cresce na internet.

Além de ter parte da programação veiculada na Rádio Nacional FM (rádio fundada em 1976 e que pode ser sintonizada na frequência 96.1 FM em Brasília), a programação da Rádio Nacional de Brasília está sendo exibida na faixa 87.1 FM em São Paulo, Belo Horizonte e Recife desde o dia 7 de maio. 

Essa frequência está na chamada banda estendida FM, viabilizada com o desligamento analógico de canais de televisão, que ocupavam uma parte do espectro das rádios. Os aparelhos de rádio mais modernos já pegam a faixa estendida a partir de 76.1 MHz. 

"A maior vantagem da AM é a questão do alcance. O sinal da AM 'viaja' mais longe do que o da FM. Por outro lado, no FM a qualidade do áudio é melhor do que o áudio em AM. Isso por conta da diferença de modulação.", explica o gerente executivo de Engenharia da Empresa Brasil de Comunicação, Wagner Bastos.

Para Luciano Seixas, gerente executivo da Rádio Nacional, a expansão para a FM fará com que mais gente conheça a histórica rádio de Brasília. “A expansão representa a oportunidade de alcançar novos públicos, que estão em São Paulo, Belo Horizonte e Recife, locais onde não se tinha acesso direto à rádio pelo FM”, afirma.

Um dos novos ouvintes da Rádio Nacional de Brasília é o professor de história Eduardo Ferreira de Araújo. Morador de São Paulo, ele começou a ouvir a Nacional com a frequência no FM na capital paulista. “Eu vi em uma matéria que a Rádio Nacional iria estrear no dia 7 de maio e fiquei interessado. Ouvi e descobri que ela tem uma programação diferenciada em relação às rádios de São Paulo. A gente tem uma dimensão maior do próprio Brasil”, relata.

No Programa Eu de Cá, Você de Lá - um dos mais tradicionais da emissora, no ar desde o final da década de 1970 -, ouvintes das cidades com a nova faixa também já se manifestaram sobre a nova frequência. “Eu ouvia o programa por celular ou internet. Agora é pela 87,1 FM”, relatou o ouvinte Israel Queiroz, de Belo Horizonte.

Apesar da ida para a FM e da criação de novos públicos, Seixas ressalta que não existe qualquer previsão de a rádio deixar de ser transmitida em AM. “É importante destacar que a frequência 980 kHz tem uma potência única. Se tivéssemos operando em potência máxima, teríamos um alcance, inclusive, internacional”, aponta.

Não é só pelas ondas do rádio que a Nacional tem chegado à casa dos ouvintes. Por meio do site e do aplicativo Rádios EBC, a Nacional de Brasília também alcança internautas. Dados do Google Analytics, ferramenta de monitoramento de audiência na internet, apontam que a página do player da rádio é uma das mais acessadas no site.

Para Alessandra Esteves, gerente de Jornalismo Web da Empresa Brasil de Comunicação, o site ajuda a Nacional a romper o alcance do dial. “Precisamos considerar, também, que cada vez mais as pessoas estão inseridas nas plataformas digitais, então é um público que tende a crescer e não conhece fronteiras. Seja em Brasília ou até mesmo em outro país, é possível ouvir a programação da Nacional”, diz.

O motorista Cleidimar Nunes, da cidade de Taguatinga (TO), conta que a internet mudou a relação dele com a Rádio Nacional. “Escuto a Nacional desde que me entendo por gente. Ouvia na fazenda no radinho de pilha. Eu fui me adaptando e hoje escuto a rádio pela internet. Tem uma qualidade muito melhor. Não tem a questão de o som ficar fugindo, como no rádio”, conta.

Cleidimar também relata que a Nacional o inspirou a participar como ouvinte e até ter um programa de rádio em sua cidade. “Eu tinha muita vontade de participar. Até escrevi cartas e não enviei. Mas, com a internet, comecei a participar e neste ano enviei uma mensagem. Agora, participo direto. Tenho um programa de rádio na cidade e posso dizer que 100% da inspiração para criá-lo foi na Rádio Nacional”.

Entregar o conteúdo da rádio em diversas plataformas é a tendência para o futuro, aponta Luciano Seixas. “Através da instalação dos canais de faixa estendida, do site das Rádios EBC e do aplicativo, estamos expandido o nosso alcance junto ao público ouvinte, em todo o mundo”, completa.

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DIA NACIONAL EM DEFESA DO RIO SÃO FRANCISCO É COMEMORADO EM 03 DE JUNHO

O dia 03 de junho foi instituído pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) como o Dia Nacional em Defesa do Velho Chico. Para divulgar essa data o CBHSF lançou, em 2014, a campanha "Eu viro carranca para defender o Velho Chico". O objetivo é conscientizar a população sobre a preservação do rio e mobilizar todos pelo uso responsável dos seus recursos hídricos. 

É uma campanha exitosa, o que pode ser comprovado pelo resultado alcançado na mídia no período que antecedeu o Dia Nacional em Defesa do Rio São Francisco e na cobertura e repercussão da Campanha nos veículos de comunicação de todo o país, além da adesão voluntária de diversas ONGs, entidades governamentais, instituições, entre outros. Todo o esforço teve como consequência a conquista do primeiro lugar no Prêmio ANA 2021, na categoria SINGREH, reconhecimento que muito nos honra.

Este ano, com o mote VELHO CHICO PARA TODOS, a campanha tem como foco os usos múltiplos do Velho Chico e da necessidade de se concretizar o Pacto das Águas na bacia do São Francisco. " As águas do rio São Francisco, bem como seus reservatórios, estão vocacionadas para os usos múltiplos, e não só para a geração de energia. Queremos sinalizar, com essa campanha, que todos aqueles que se beneficiam das águas sanfranciscanas devem ter compromisso com a sua preservação e com a saúde do seu ecossistema", destaca o presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda.

Os usos múltiplos abrangem abastecimento público, agricultura, indústria, geração de energia, navegação, pesca e aquicultura, turismo e recreação, entre outros. A diversidade de setores usuários provoca uma série de impactos – positivos e negativos – entre as diferentes atividades, o que resulta em interações complexas.

Por conta de todas essas diferenças, o múltiplo uso não é uma questão consensual. Divergências e conflitos avançam à medida que aumentam a demanda e a escassez de recursos. O único consenso é que se trata de um tema que merece ser amplamente discutido pelos diferentes setores e a sociedade como um todo. Por isso, o CBH São Francisco vem elaborando estudos e realizando discussões para a concretização de um Pacto das Águas para a bacia do Velho Chico. O Pacto das Águas deve prever ações coordenadas que levem à distribuição harmônica das águas aos seus usos múltiplos, evitando conflitos e garantindo água de qualidade e em quantidade para todos.

O CBHSF continua seguindo as recomendações das autoridades de saúde, e para evitar aglomeração de pessoas, utilizará a mídia para a disseminação da campanha, por meio de podcasts, spots para rádio, VTs para veiculação em televisão e na web, além das redes sociais.  

"Este é um momento de conscientização geral para defender o rio de forma muito concreta, lutando pela restauração de suas matas ciliares, pela recarga de aquíferos, pela defesa e proteção das nascentes, contra o processo de contaminação de suas águas por agrotóxicos e pelo lançamento de esgotos", explica Anivaldo. E completa: " Devemos tirar de fato da gaveta o programa de revitalização e mobilizar todos para que os instrumentos de gestão sejam universalizados na bacia do São Francisco"

Participe da campanha e abrace essa causa! Contamos com o seu apoio!

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