CAIS DO SERTÃO HOMENAGEIA PATRIMÔNIOS VIVOS DE PERNAMBUCO COM SÉRIE NO INSTAGRAM

Com programação virtual recheada neste mês de maio, o Centro Cultural Cais do Sertão cede espaço para mais novidades. Desta vez,  o museu se dedica a homenagear os Patrimônios Vivos de Pernambuco em série de posts semanais. Nesta semana, o primeiro a ser destacado é o xilogravurista J.Borges, que mantém ateliê no município de Bezerros.

As publicações irão ao ar sempre às segundas-feiras, no perfil oficial do Instagram do Cais (@caisdosertao). Todo o trabalho de pesquisa e curadoria ficou a cargo das equipes de conteúdo e educativo do museu. As obras de J. Borges rodaram o mundo e também fazem morada no Cais do Sertão, que exibe 60 xilogravuras que ilustram a migração do Sertão para a cidade, no painel presente no Território Migrar.

SOBRE J.BORGES: José Francisco Borges nasceu no dia 20 de dezembro de 1935, em  Bezerros, Agreste de Pernambuco, onde vive até hoje e dá vida aos seus escritos, ilustrações e talhas. Aos 21 anos, Borges escreveu o cordel "O Encontro de Dois Vaqueiros no Sertão de Petrolina", que foi xilogravada por Mestre Dila e vendeu mais de cinco mil exemplares em dois meses.

Naquela época, Borges não tinha dinheiro para pagar um ilustrador, por isso resolveu que ele mesmo faria os desenhos. Desde então, começou a fazer matrizes por encomenda e também para ilustrar os mais de 200 cordéis que lançou ao longo da vida.

Suas gravuras foram usadas na abertura da telenovela "Roque Santeiro (1975)", da Rede Globo. Nessa época, Borges começou a gravar matrizes de tamanhos maiores que permitiu expor seu trabalho internacionalmente em galerias e exposições pela Europa, Estados Unidos e Novo México. J. Borges foi condecorado com a comenda da Ordem do Mérito e recebeu o prêmio Unesco na categoria Ação Educativa/Cultural.

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FAZENDA HUMAYTÁ: MANDACARU SE DESTACA NO SERTÃO E ESBANJA RESISTÊNCIA E BELEZA

O mandacaru representa a resistência do sertão nordestino e já inspirou letras musicais e cordéis.

De acordo com a definição do Dicionário Caldas Aulete, mandacaru significa “cacto (Cereus jamacaru) nativo do Brasil, de porte arbóreo, ramificado, com flores grandes que se abrem à noite, típico da caatinga, onde serve de alimento ao gado, e também cultivado como ornamental e por propriedades terapêuticas”.

Na Fazenda Humaytá, localizada em Curaçá, Bahia, o poeta, cantor e compositor Luiz do Humaytá, dedilha o violão no ritmo harmonia e define que o mandacaru florando é poesia dos sertões.

“Mandacaru, quando flora lá na seca é o sinal que a chuva chega no sertão toda menina que enjoa da boneca é sinal que o amor já chegou no coração"...assim começa uma das composições de Zé Dantas, Xote das Meninas. Aqui neste pedaço de terra a natureza está nos presenteando com este espetáculo. Temos mandacaru com mais de seis metros altura", revela Luiz.

Luiz Gonzaga interpreta o Xote das Meninas que traz na letra a flor do mandacaru o prenuncio da chegada das chuvas no sertão. Essa é a crença dos sertanejos. As flores do mandacaru são exuberantes e possuem a cor branca que se destaca principalmente durante à noite.

Devido a sua resistência à seca nordestina, esta planta se tornou um símbolo de força. Usada em projetos paisagísticos. O fruto, vermelho, se destaca entre o verde dos ramos e amadurece entre os meses de março a abril. Comestível, é muito apreciado pelo sabor adocicado. De novembro a janeiro apresenta flores brancas, com uma peculiaridade: elas florescem à noite e, logo pela manhã, murcham. Por isso, também é conhecida como flor-da-noite.

“O sinal do mandacaru florado nos traz muitas esperanças e nos alegra. Veja as nuvens como estão cheias. Vamos ter mais chuva. Mandacaru florou e escutamos no rádio que está chovendo no sertão e com a chuva o sertanejo alivia muitas amarguras e comemora uma boa colheita. Como bem disse Patativa do Assaré, “Pra gente aqui sê poeta basta vê no mês de maio um poema em cada galho e um verso em cada flor””, finaliza Luiz do Humaytá.

Em geral, a flora da Caatinga tem características peculiares, apresentando uma estrutura adaptada às condições áridas, por isso são chamadas xerófitas, o que as permite resistir ao clima quente e à pouca quantidade de água. 

São características como: folhas miúdas, cascas grossas, espinhos, raízes e troncos que acumulam água, que são estratégias tanto para evitar a evapotranspiração intensa quanto para possibilitar o armazenamento de água. As espécies conseguem, assim, lidar com os meses de seca, rebrotando completamente após as primeiras chuvas. Por isso, a vegetação da Caatinga tem aspectos bem diferentes durante o período seco e o chuvoso.

HISTÓRIA: Humaytá é uma palavra de origem indígena significa Pedra Preta. Em Curaçá, semiárido do norte da Bahia, a Fazenda Humaytá é possui criação de ovinos e gado nelore. Nela um sistema agroecológico, produção de orgânicos, e fontes de água chamam a atenção na região.

Neste período do ano os mandacarus florando é um espetáculo da natureza. "Mandacaru quando flora no sertão...é sinal de chuva".

Geólogo, aposentado da Petrobras desde 2016, o então funcionário público ganha o nome artístico da Fazenda Humaytá. Na Fazenda ele usa um sistema ecologicamente sustentável. 

Luiz do Humaytá avalia que é um erro ainda comum acreditar que a sustentabilidade representa somente a não degradação do meio ambiente. "A abrangência do termo sustentabilidade vai além, incorporando questões relacionadas à qualidade de vida, competitividade empresarial, tecnologias limpas, utilização racional dos recursos, responsabilidade social, questão cultural, entre outros.

Ainda segundo Luiz do Humaytá hoje a regra é muito clara; para ser sustentável, qualquer atividade precisa ser: “Economicamente viável, socialmente justa, culturalmente aceita e ecologicamente correta”. Discutindo essa “regra da sustentabilidade” observamos que ela se baseia na adoção de boas práticas socioambientais na agricultura, na pecuária e em todas as atividades rurais, visando garantir o bem-estar de toda a sociedade, além do equilíbrio entre produção, conservação dos bens naturais, questão econômica, turística e cultural.

"Com relação à preservação ambiental, vale ressaltar que 93% da área da fazenda é constituída de mata nativa, sendo composta por árvores chamadas de “nobres”, tais como umbuzeiros, umburanas, baraúnas centenárias, aroeiras, angicos e mandacarus, além das catingueiras e várias outras espécies arbustivas", revela Luiz. 

Os outros 7% da fazenda são de áreas trabalhadas para o suporte animal, mas mesmo nessas áreas as árvores nobres são preservadas. Portanto, a fazenda trabalha o tempo todo com o conceito de desenvolvimento sustentável.

Luiz Carlos Forbrig nasceu em Jabuticaba Velha, interior do Rio Grande do Sul. Filho de Guilhermina e Anoly. Com os pais desenvolveu a veia poética musical. A mãe puxava os cantos religiosos da Igreja Católica. O pai tocador de gaita de boca. Luiz aprendeu a tocar violão nas terras gaúchas.

O Nordeste Luiz conheceu devido o trabalho no sertão e a realidade foi tatuada do sol abrasador, da luz das caatingas, do calor contrastante do frio das terras do sul. E assim passou a cantar e fazer versos para o sertão, os sertões.

"O Sertão é dessas coisas que não tem meio termo ou você ama ou odeia. Eu me apaixonei pelo sertão. Primeiro pelo rio São Francisco e depois pela caatinga. Cheguei na região de Juazeiro, Petrolina e Curaça em 1979", explica.

Luiz decidiu morar definitivamente no sertão do Vale do São Francisco. Deixa a vida na capital Salvador, 'abandona a cidade grande",  onde fez vários shows e decide no 'meio da caatinga", viver o trabalho junto a agricultura e ao inseparável violão.

A história conta que em novembro de 2010, Luiz formou a Banda Forró Avulso, com o desafio de fazer o forró nordestino com uma pitada de modernidade: a gaita de boca no lugar da sanfona e o cajon no lugar da zabumba. Com este grupo fez carreira em Salvador tocando na noite baiana por seis anos.

A discografia consta seis CDs: 

2012 - CD ACÚSTICO. 2014 – CD PÉ DE CHÃO

2015 – LUIZ DO HUMAYTÁ CANTA MÚSICAS GAÚCHAS

2015 –FORRÓ AVULSO e LUIZ DO HUMAYTÁ - 5 ANOS DE ESTRADA

2017 – LUIZ DO HUMAYTÁ AVULSO

2019 – DECANTO O SERTÃO

2020 -CD GRAVADO AO VIVO NO TEATRO RAUL COELHO, EM CURAÇÁ.

2021-CD BOÊMIA CULT EM PRODUÇÃO

Luiz do Humaytá continua unindo em 2021 o empreendedorismo pela agricultura, a música e a poesia. É a travessia que une a paixão pelos ritmos, referência a Luiz Gonzaga, aos sertões, a caatinga. 

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SERTANEJOS COM CISTERNAS VAZIAS E SEM CHUVA AINDA PEDEM UM COPO DE ÁGUA POR AMOR DE DEUS


Programas de construção de cisternas e circulação de carros-pipa perdem verba do orçamento do Governo Federal. Populações do semiárido sofrem com abastecimento precário de água em mais um ano de pandemia Covid-19.

Neste último domingo (9), o jornalista NEY VITAL, percorreu trechos da zona rural do Norte da Bahia e constatou o desespero das famílias que vivem nas distantes localidades da zona rural e estão sem o abastecimento de água potável. 

Na comunidade da Fazenda Canabravinha, Curaçá, Bahia, este ano as cisternas continuam vazias. O agricultor Edvaldo Silva acusa  que "desde o ano passado não recebeu mais água da Operação Carro Pipa, coordenado pela Exército Brasileiro e a situação das famílias é de extrema calamidade.".

"Não temos um pingo de água nas cisternas veja aí. Tudo seco. Sem chuvas não captamos água. Sem água aumenta os problemas de doenças. Com a pandemia os serviços, trabalho são poucos, além do desemprego na região. Sem chuva, falta água. Os carros pipas deixaram de circular e entregar água", ressalta Edvaldo.

Explica-se: a cisterna é uma forma milenar de armazenar água das chuvas em regiões que não dispõem de fornecimento de água permanente. No semi-árido do Nordeste brasileiro, a cisterna tem sido uma das principais formas de captação e armazenamento da água da chuvas, todavia, os longos períodos de estiagem que ocorre na região a água das cisternas não têm sido suficiente para atender as necessidades das famílias rurais.

A agricultora Maria do Socorro Xavier, enviou uma carta ao Programa de Rádio, ao comunicador Geraldo José, de acordo com ela "é um grito de socorro para pedir ajuda na esperança de que as autoridades tomem conhecimento e garantam o bastecimento de água na região". Os moradores solicitam a perfuração de poços, visto que a construção de cisternas tem o objetivo de captar de água de chuva e há meses não chove e a tristeza é observar as cisternas vazias." 

No Povoador de São Bento, também existe a reclamação das cisternas sem água. "Aqui na verdade só vivemos em nome da fé. Só nos resta os pedaços de esperanças. A água é essencial principalmente em tempo de pandemia, onde higiene é tudo", diz em aflição a dona de casa Elizabete Ferreira.

Elizabete cita que são pouquissimas famílias que têm água no quintal de casa e algum meio para evitar a fome e garantir a permanência delas no campo em meio às atuais crises sanitária e econômica. 

Os versos da música "Chuva de Honestidade" do poeta cantador Flávio Leandro retrata os problemas que o povo do Nordeste ainda enfrenta em pleto século XXI: um desses problemas pode ser entendido como ambiental e o outro social.

A essência é mesmo o acesso à água potável. No quesito social, nos últimos anos, Programas do Governo Federal minguaram diante da "seca de recursos". Em 2019, o valor pago pelo Governo Federal ao programa das cisternas foi o menor desde o lançamento do projeto, 13,6 milhões de reais (14,7 milhões, em valores atualizados). 

Em 2020, o Governo Federal empenhou apenas 2,6 milhões de reais.  A Operação Carro-pipa, que já teve investimento de 1 bilhão de reais em 2017, sofre com a progressiva redução de orçamento, 793  mil reais em 2018, corte  de 25% com relação ao ano anterior. Em março desta ano 2021, a Operação esteve paralisada por falta de recursos, mas em abril os caminhões voltaram a circular.

Todavia até o momento os agricultores só ouviram essa informação no Rádio. "Na prática a situação é essa. Cisternas completamente vazias e a vida cada vez mais difícil", relata Maria do Socorro.

Em nota, o Ministério da Cidadania afirmou que estão previstos 61,2 milhões de reais para o programa das cisternas em 2021 e que “foi necessário instituir medidas de segurança em decorrência da pandemia do Covid-19, o que impactou no volume de entregas desde o ano passado (2020)”. 

A Prefeitura de Curaçá informou que continua cobrando das instâncias estadual e federal um aumento na oferta dos serviços de abastecimento, lembrando que neste mês de abril já houve uma melhora e tem pelo menos 11 carros pipas trabalhando, sendo 8 do exército e 3 do município. O Secretário de Agricultura, Ticiano, informou também que, em função desse abastecimento por carros pipas muita gente abandonou as calhas que colhem água da chuva, o que causa um certo prejuizo nesse abastecimento das cisternas. Estamos buscando conscientizar as pessoas que, independente desse abastecimento por Pipa, é preciso manter as calhas limpas e em boas condições para reter a água da chuva que tem caído periodicamente na região, lembrou. 

Sobre a Operação Carro-pipa, cujo nome oficial é no Programa Emergencial de Distribuição de Água, o Ministério do Desenvolvimento Regional, responsável pelo orçamento do programa, respondeu que “o retardo na aprovação do Projeto de Lei Orçamentária Anual 2021 (PLOA) pelo Congresso Nacional desencadeou a paralisação temporária do serviço”.

O Exército, responsável pela execução do projeto, disse que a distribuição de água já está normalizada nos 634 municípios do semiárido nordestino cobertos pelo programa.

Através de nota, o Escritório da Operação Carro do Comando Exército região Nordeste orientou  que "sobre a Fazenda Canabravinha, localizada em Curaçá Bahia "deve ser solicitada à Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil do município em questão, tendo em vista que é encargo do ente municipal a indicação das localidades, informando o número de pessoas a serem atendidas, os mananciais ou pontos de captação de água e as rotas a serem percorridas, tudo de acordo com a Portaria que regula a Operação".

A reportagem do BLOG NEY VITAL  enviou solicitação de informações para a Superintendência da Defesa Civil da Bahia, mas até o momento não obteve resposta. 

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QUINTETO VIOLADO COMPLETA 50 ANOS

Luiz Gonzaga, a principal referência da música pernambucana, foi uma espécie de padrinho de Quinteto Violado. Ao ouvir o arranjo do grupo para o clássico Asa branca, afirmou que aquela era a melhor leitura de sua obra. Gilberto Gil, que acabara de chegar do exílio em Londres, determinado pela ditadura militar, chamou aquela sonoridade de “free nordestino”. 

Com uma trajetória marcada por trabalhos relevantes, 56 discos lançados, vários prêmios conquistados e incontáveis turnês pelo Brasil e países da America Latina, Europa e África, o Quinteto Violado chega aos 50 anos em franca atividade.

Para dar início à celebração da data, lançou recentemente nas plataformas digitais, pela gravadora Atração Fonográfica, o single Tempo, composição de Dudu Alves, tecladista e diretor musical do Quinteto, que tem como companheiros Marcelo Melo (voz, violão e único remanescente da formação original), Ciano Alves (flauta), Sandro Lins (baixo) e Roberto Medeiros (bateria). Com produção de Pedro Francisco de Souza, a música, uma espécie de repente moderno, que busca valorizar a cultura popular da região e a identidade nordestina. Trecho da letra diz: “Era apenas os cinco rapazes/ E os meninos brincando ali/ E gritavam pro mundo ouvir/ Lá vem os violados/ Lá vem os violados...”

O relançamento pela Companhia Editora Pernambucana (Cepe) do livro Lá vem os Violados, do jornalista José Teles, também faz parte da comemoração do centenário do grupo, que tem gravado lives. Uma delas foi a 50 Anos do Quinteto Violado, contemplada pela Lei Aldir Blanc do estado de Pernambuco, apresentada em 29 de janeiro último, disponível no YouTube. Há ainda a promessa da produção de mais três singles e de um álbum de composições inéditas até o final do ano.

Desde, praticamente, o começo da carreira, o Quinteto Violado tem feito shows em Brasília. O primeiro deles, Berra boi, ocorreu em 1973, no Teatro da Escola Parque. Um outro, A feira, no ano seguinte, ocupou o ginásio de esportes do Colégio Marista. Na oportunidade, a cantora Elba Remalho (ainda desconhecida) era a convidada. As últimas apresentações foram no palco do Clube do Choro.

***Três perguntas // Marcelo Melo

*Na sua avaliação, qual foi a contribuição do Quinteto Violado para a música nordestina e brasileira como um todo?

Eu considero que foi importante, no sentido do comportamento musical, na leitura que a gente fez da música regional nordestina. A gente trouxe uma contribuição porque apresentou um realce diferenciado nos arranjos e agregando influências que tínhamos da música erudita, dos folguedos populares, da música dos cancioneiros, dos gêneros musicais dos ciclos culturais nordestinos.

**Que significado tem para o grupo a longevidade da trajetória artística?

Acho que a longevidade dessa trajetória aconteceu de forma natural, muito embora tenhamos perdido alguns dos integrantes. Inicialmente, Fernando, em 1985. Depois perdemos Toinho Alves, que partiu em 2008, vítima de um infarto fulminante. Mas mantivemos sempre o Quinteto seguindo a proposta que eu havia desenvolvido com Toinho. Agregamos dois Sobrinhos de Toinho, que são Ciano (flauta) e Roberto (bateria), além de Dudu Alves, filho de Toinho, e que hoje é o administrador da empresa que gere o grupo, e isso fez com que mantivéssemos a índole musical familiar, sem se deixar envelhecer, trazendo sempre dados novos, obedecendo sempre à proposta que trazemos desde o início da nossa formação, em 1971.

**O que Luiz Gonzaga representou para vocês?

Somos discípulos de Luiz Gonzaga, que chamamos de nossa Estrela Guia, o grande representante da música nordestina. Os arranjos que fizemos pra obra dele definiram a sonoridade do Quinteto Violado. A nossa leitura para Asa branca, que ele considerou o mais belo arranjo para sua obra, chamou a atenção de Gilberto Gil, levando-o a chamar nossa sonoridade de “free nordestino”. Assim, o Quinteto chega aos 50 anos elogiado por Gonzagão, Gilberto Gil, Caetano Veloso e por críticos.

*Três perguntas // Dudu Alves

-A letra de Tempo pode ser vista como um retrato multifacetado dos Violados?

Sim, sempre multifacetados. Fazemos a música do mundo sem perdermos a nossa identidade nordestina. Tempo é um repente moderno, com a nossa roupagem. Durante a gravação, em estúdio, a emoção tomou conta de todos por nos fazer voltar a 1971, quando fomos batizados de Quinteto Violado. Foi, de fato, um momento marcante, e que vem com um estilo moderno de gravação, sob a coordenação do nosso produtor, Pedro Francisco de Souza.

--Vai ser produzido um álbum comemorativo do cinquentenário ou a opção é o lançamento de singles?

Além de respeitarmos o momento, estamos antenados com o que está acontecendo com a música. CD não é mais usual, e a moda é lançar os singles. Nós e a nossa gravadora, a Atração Fonográfica, acordamos que, pelo menos neste momento, vamos seguir a onda e lançar singles a cada três meses. Mesmo sabendo do rumo que o lançamento das obras dos artistas seguiram, estamos incluindo uma proposta no Fundo de Cultura de Pernambuco para a realização de um álbum de inéditas e autorais do Quinteto. Se for aprovado, só será lançado no início do segundo semestre de 2022.

---Como driblar os problemas causados pela pandemia para celebrar essa data tão importante para o Quinteto?

Fomos, em 2020, pegos de surpresa. Tudo parou. Paramos uma turnê nacional em parceria com a Banda de Pau e Corda, não tivemos São João, e foi aí que tivemos de nos reinventar. Partimos para a gravação de clipes, a exemplo o de Asa Branca – A Voz do Nordeste, lançado no São João do ano passado, e que contou com as participações de Sando (nosso primeiro flautista), Elba Ramalho, Chico César, Lenine, Zeca Baleiro, Geraldo Azevedo. Fizemos outra live em comemoração dos 100 Anos de Zé Dantas, parceiro de Gonzaga, patrocinada pela Prefeitura de Carnaíba, terra natal do homenageado.

(Fonte: Irlam Rocha Lima-Correio Braziliense)

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POR FREI BETTO: RESTA-ME HUMANIDADE?

Todos os dias, na oração da manhã, me pergunto: resta-me humanidade?  Como posso aplicar, recluso em casa, que lá para morreram, por descaso do governo, mais de 400 mil pessoas no Brasil ? E mais de 14 milhões de infectados não sabem o futuro que os aguarda - se a cura, se as sequelas, se a morte.

O que faz meu grito ficar parado no ar, a gota d'água não entornar minha paciência, a esperança me fazer acreditar que serei poupado do genocídio? Como fazer parar a máquina da morte? Como dar um basta ao negacionismo que alimenta essa política necrófila que vitimiza, indiscriminadamente, ricos e pobres, idosos e jovens, portadores de comorbidades e atletas ativos?

Mais de 400 mil mortos! Não ouço os sinos tocarem por eles. Vejo apenas múltiplas mãos encharcadas de sangue se lavando, ponciopilatamente, na bacia do mais escancarado cinismo. A dor de mais de 400 mil famílias não dói em mim. O que me resta de humanidade?

Na  Guerra do Paraguai , o Brasil perdeu 50 mil combatentes. Em pouco mais de um ano deixamos a pandemia multiplicar esse número por oito. Porque?  Talvez por não presenciar o desespero de quem bate em vão as portas dos hospitais desprovidos de leitos, nem o indescritível sofrimento de quem, entubado e sem receber analgésicos, não conhece corpo como infinitas dores das torturas medievais.

Na  guerra do Afeganistão , ao longo de 14 anos (2001-2015), 149 mil vidas foram perdidas. Aqui, em 14 meses, esse número foi multiplicado por três. Como admitir tamanha mortandade? Por ter como causa um vírus invisível?

Não, o vírus não age sem que humanos o transmitam. O vírus é como uma bomba atômica jogada sobre Hiroshima e que ceifou 140 mil vidas. A bomba não viajou sozinha dos EUA ao Japão. Foi conduzida por uma aeronave B-29. Cada um de nós é um aeronave que transporta o vírus letal. Cada um de nós é potencialmente um míssil carregado de artefatos nucleares. Basta abrir a boca e como narinas para detonar os projéteis que haverão de semear a morte alheia.

Em 1912, o Titanic , navio invencível, foi vencido por um iceberg.  Morreram mais de 1.500 passageiros. Aqui no Brasil já afundaram 266 Titanic e ainda há quem não enxergue a cor rubra do mar.

As  quedas das Torres Gêmeas de Nova York soterraram 2.996 pessoas. O mundo parou, estupefato, frente à tamanha atrocidade. Até os religiosos religiosos suprimiram a palavra perdão. No Brasil já desabaram 134 Torres Gêmeas e ainda não foram apontados os responsáveis por esse terror.

Resta sim, humanidade, mas preciso beber no poço aberto por Santo Agostinho, o da indignação, para protestar, e o da justiça, para mudar esse estado de coisas.

* Por Frei Betto, para a Folha de São Paulo Link da matéria: https://outline.com/2tumYL

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RÁDIO MEC FM COMEMORA 38 ANOS DA TRANSMISSÃO DE PROGRAMA QUE APRESENTA MÚSICA CLÁSSICA

Arix e Zylian são duas crianças vindas do planeta Tal. Curiosas, elas têm a tarefa de estudar a música do planeta Terra e entender como um planeta tão elementar como o nosso consegue produzir uma música tão encantadora.  Para conseguir realizar essa tarefa, os dois pequenos extraterrestes passeiam pelo mundo em épocas diversas para conhecer os grandes nomes da música clássica mundial: Bach, Chopin, Ravel, Villa-Lobos.

Os dois são personagens do programa Blim-blem-blom, da Rádio MEC FM, que comemora 38 anos nesta segunda-feira (10).

“É importante que [as crianças] tenham esse contato desde a primeira infância, pois o caráter abstrato da música desenvolve muito a sensibilidade da criança. E ela precisa ter várias opções. A criança tem muito mais capacidade de absorção de estruturas complexas que os adultos. É o mesmo para o aprendizado de uma língua. Quanto mais nova, melhor”, revela o músico Luiz Augusto Rescala, idealizador do projeto do Blim-blem-blom. Assim como toda a programação da rádio, o foco do programa infantil é a música clássica.

“A recepção tem sido muito boa, temos tido um reflexo na audiência”, revela Rescala. Ele inclusive cita que, recentemente, recebeu uma série de desenhos de um pequeno ouvinte que, encantado com o programa, resolveu desenhar partituras e disse que quer ser maestro.

O ano era 1983, e a Rádio MEC AM fazia 60 anos. Em comemoração, foi criada uma rádio exclusivamente de música clássica, nos mesmos moldes das emissoras públicas internacionais como a BBC, em Londres; a RTP, em Portugal; e a RAI, na Itália: era a MEC FM.

A MEC FM é uma rádio de música clássica, com 80% da programação dedicada ao repertório que vai da música medieval à produção atual, brasileira e internacional. “Vamos de Mozart a Villa-Lobos, da Orquestra Filarmônica de Berlim a Orquestra Sinfônica Brasileira”, afirma o gerente da emissora, Thiago Regotto.

E a rádio tem colhido os frutos desse esforço todo: em março deste ano, registrou o melhor desempenho no número de ouvintes desde setembro de 2013: 5.430 ouvintes por minuto.  A estatística representa um aumento de 39% em comparação ao mesmo período de 2020. 

Uma dessas ouvintes é a aposentada Lylian Carneiro Oberlaender. A Rádio MEC faz parte da história dela. Primeiro com a MEC AM. 

“Era a única rádio que minha mãe permitia que fosse ligada na minha casa. E a Rádio MEC ficou gravada, marcada pra mim”, lembra ela aos risos. Segundo Lylian, a rádio sempre lhe dá a oportunidade de conhecer uma música nova. Ela diz estar ligada em toda a programação. De manhã até de noite. “Desde a hora em que eu acordo, a primeira coisa que eu faço é ligar a rádio. Até mais ou menos às 19h. Ligo às vezes de novo, mesmo se tiver vendo televisão eu deixo ligada para não perder”. Para a aposentada não há como comparar a MEC com outra rádio:

“A MEC FM é uma equipe de amigos que entra na minha casa”, diz Lylian Carneiro Oberlaender.

Desde sua existência, a MEC FM vem cumprindo o papel de veículo de comunicação pública, razão da existência da própria Empresa Brasil de Comunicação (EBC).  Um exemplo desse papel é outro programa da emissora: o Antena MEC: uma revista cultural diária que vai ao ar às 18h. 

De acordo com a coordenadora de Coprodução e Projetos Especiais da MEC FM, Adriana Ribeiro, a principal função do programa é dar espaço para instrumentistas, compositores, pesquisadores e produtores do universo da música de concerto.

“Há diversos profissionais e projetos que ficariam sem visibilidade não fosse esse espaço do Antena MEC. Nesse sentido, estamos cumprindo nosso papel como emissora pública, ao possibilitarmos a ampliação do alcance de projetos culturais relevantes que não tem vez em outros veículos”, afirma.

“A MEC FM faz a diferença. É um repertoório enorme e que não tem espaço nos outros ouvintes. Ela traz pro ouvinte uma escuta diferenciada que traz uma opção de universo valiosíssimo da música universal”, afirma. O repertório vai desde o canto gregoriano passando pela música colonial brasileira, pela música tradicional europeia e chegando à música clássica contemporânea nacional e internacional.

“Eu costumo dizer que a MEC FM é uma rádio que forma pela escuta. Então você aprende ouvindo”, conclui. (Fonte: Agencia Brasil)

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CANTOR E COMPOSITOR NETO ANDRADE LANÇA PROJETO EM DUETOS

Cantor Neto Andrade lança projeto "em Duetos" que contará com a participação de grandes nomes do autentico forró nordestino. O projeto consiste em lançar mensalmente uma faixa que serão disponibilizadas nas principais plataformas digitais.

O autêntico forró nordestino dita o ritmo do mais novo projeto do cantor e compositor Neto Andrade, intitulado "Neto Andrade em Duetos", nesta sexta, 14, nas principais plataformas de streaming como Spotify, Deezer, iTunes bem como em seu canal oficial no Youtube e no site www.suamusica.com.br/cantornetoandrade.

Os amantes do forró já podem fazer a pré-save para não perder nada do que virá e curtir as festas juninas em casa sem sair do clima.

O projeto é independente e no formato acústico, por isso dá para observar com mais facilidade a presença da sanfona, zabumba e do triângulo. E também do violão de 7 cordas, cavaquinho e da flauta, que dão um toque a mais nas canções, valorizando ainda mais a autêntica música nordestina. 

Para abrir o projeto a primeira faixa é um pout-porri de "Bichinho Danadinho" e "Bebê Chorão", músicas que marcaram a trajetória do maior grupo de forró raiz do país, o Trio Nordestino, que no último dia 5 de maio completou 64 anos de estrada. O cantor e compositor Targino Gondim também vai participar do projeto. 

"A ideia é lançar uma faixa por mês com a participação de grandes artistas do forró brasileiro, para fazer uma releitura de grandes canções que marcaram época em nosso forró raiz", afirmou Neto. 

Essa é a primeira vez que o cantor Neto Andrade lança um projeto exclusivamente voltado para o formato de streamings, interpretando músicas que já são de conhecimento do grande público, diferente dos 5 álbuns autorais lançados durante os 18 anos de carreira. 

Dono de uma voz forte e um timbre único que se destacam no cenário do forró, Neto Andrade vem ganhando espaço da mídia e do público, tendo o seu trabalho reconhecido, principalmente, nos estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e Bahia.  

Vale a pena conferir não somente o lançamento desse novo projeto bem como sua discografia. Ainda para este semestre Neto Andrade também está preparando um single que será lançado em todo o país pela Editora Wanner Chappel / Wanner Music. Diga-se de passagem uma canção belíssima de grande conhecimento do público em ritmos de xote.  

Redes sociais: facebook/cantornetoandrade e instagram/cantornetoandrade

(Fonte: Jornalista Ayslane Dantas)


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