HÁ 25 ANOS, DATA DE MASSACRE DE ELDORADO MOTIVA MOBILIZAÇÃO NO CAMPO

Há exatos 25 anos, em 17 de abril de 1996, uma quarta-feira, centenas de trabalhadores rurais acampavam com suas famílias no local conhecido como curva do S, na atual BR-155, município de Eldorado dos Carajás, região sudeste do Pará, quando foram cercados por policiais militares vindos do quartel de Parauapebas, de um lado, e do batalhão de Marabá, pelo outro.

O plano dos trabalhadores era marchar até Belém para reivindicar a desapropriação da Fazenda Macaxeira, no município vizinho de Curianópolis, apontada como improdutiva pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Naquele dia específico, com poucos alimentos para seguir viagem, eles decidiram bloquear a estrada em protesto. Por determinação do governo estadual, a Polícia Militar foi então enviada para liberar a via.

“Ficamos no fogo cruzado, bala de um lado, bala de outro, muito mato pra gente poder correr”, conta Maria Zelzuita, de 56 anos, sobrevivente do massacre de Eldorado dos Carajás. Ela disse à Agência Brasil que, ao virar para trás, antes de fugir, viu uma companheira de marcha com o maxilar sangrando: ao gritar "reforma agrária", a mulher teria sido atingida por tiros.

A ação policial resultou em 19 mortos, alguns com característica de execução, segundo laudos oficiais posteriores. Outras 79 pessoas ficaram feridas, duas das quais acabariam morrendo no hospital. Registradas pelo cinegrafista Raimundo Osvaldo Araújo, da TV Liberal, imagens do massacre mostraram os trabalhadores rurais reagindo com foices e facões enquanto eram alvejados. Ao fundo, podia-se ouvir o apelo da repórter Marisa Romão, que aos gritos de “tem mulheres e crianças” tentou pedir aos policiais que parassem de atirar. 

A comoção dentro e fora do país foi tamanha que o 17 de abril se tornou o Dia Internacional de Luta Camponesa. Todos os anos, desde o massacre, a Via Campesina, união camponesa internacional composta por 182 movimentos sociais, promove na data uma mobilização global. Neste ano, no contexto da pandemia de covid-19, o tema escolhido foi a defesa da soberania alimentar, com eventos previstos em dezenas de países.

“O massacre do Eldorado dos Carajás foi o primeiro grande momento de popularização da questão agrária”, frisa João Paulo Rodrigues, integrante da direção nacional do MST. No Brasil, o 17 de abril impulsionou mobilizações que historicamente já eram realizadas no mês pelo movimento. Nos últimos 25 anos, a data foi marcada por marchas, bloqueios e ocupações de terras consideradas improdutivas.

É no aniversário do massacre que o movimento “dialoga com a sociedade as bandeiras da reforma agrária popular, as bandeiras da produção, as bandeiras de uma sociedade mais justa e igualitária”, disse Marina dos Santos, também da direção nacional do MST. Desde o ano passado, contudo, no contexto da pandemia de covid-19, a orientação é evitar aglomerações e “focar nas ações de solidariedade”, afirmou ela.

Para este sábado, estão programados atos de doação de alimentos em todos os estados. Desde o início da pandemia, o movimento afirma ter doado mais de 4 mil toneladas de comida para combater a insegurança alimentar, sobretudo em periferias de regiões metropolitanas.

Outra parte da programação do 17 de abril migrou para a internet. O ato solene que costumava ocorrer todos os anos na curva do S, onde o “monumento das castanheiras queimadas” marca o ponto exato do massacre, neste ano voltará a ser realizado somente de modo virtual, com uma transmissão ao vivo pelas redes sociais.

“Neste ano de pandemia estamos em casa, mas o povo não tá calado, o movimento não tá calado”, assegurou a sobrevivente Maria Zelzuíta, que até hoje mora no assentamento 17 de abril, a pouco mais de 18 km da curva do S. Assim como faz há 25 anos, ela afirmou que irá ao local, mesmo que sozinha, para prestar homenagem às vítimas do massacre que, assim como ela, “tinham o sonho de uma terra, tinham um sonho de trabalhar”.

Passados 25 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, o advogado José Batista Afonso, que atua em nome da Comissão Pastoral da Terra (CPT) no sudeste do Pará, frisa que a violência na disputa pela terra segue bastante presente na região. “Aqui não passa um ano sem ter assassinato de camponeses”, afirmou ele à Agência Brasil.

“Continua tendo uma concentração muito grande de conflitos sem solução. Nós temos mais de 200 fazendas em situação de conflito pelo domínio da área. Tem fazendeiros, grileiros, madeireiros e, no meio, mais ou menos 16 mil famílias de trabalhadores rurais”, disse o advogado. 

Uma das razões para a continuidade das mortes é a impunidade, avalia a CPT. Segundo levantamento da entidade, que é ligada à Igreja Católica e também a outras denominações religiosas, de 1.468 assassinatos no campo, somente 117 foram analisados por algum juiz, de qualquer instância, entre os anos de 1985 e 2018.

Nesse quesito, mesmo tendo resultado em duas condenações, Eldorado dos Carajás ainda costuma ser citada como exemplo de impunidade. Para os movimentos sociais, a investigação do caso falhou por não ter individualizado as condutas dos policiais envolvidos e ter poupado a cúpula do governo do Pará. “Quantos realmente apertaram o gatilho e foram responsáveis pelas mortes? Além dos executores, quem é que determinou [a operação]?”, indagou José Batista Afonso. “Essa investigação não chegou nesse nível nunca”, afirmou ele.

O julgamento do caso levou quase duas décadas até que se esgotassem todos os recursos possíveis. Dos 155 policiais que tiveram participação no episódio, somente dois foram condenados: o major José Maria de Oliveira, comandante da operação, com pena de 158 anos e 4 meses de prisão; e o coronel Mário Colares Pantoja, comandante do batalhão de Marabá, com pena de 228 anos de prisão. Ambos foram presos em 2012, 16 anos após o massacre.

Pantoja, que após ser beneficiado por um habeas corpus cumpria prisão domiciliar, morreu em novembro do ano passado, vítima de covid-19.

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TARGINO GONDIM LAMENTA CENÁRIO DIANTE DO SEGUNDO ANO DE FESTEJOS JUNINOS CANCELADO

“Mais arrasadora do que essa situação, somente as mais de 360 mil mortes dos brasileiros”. Com estas palavras Adelmário Coelho classificou o momento vivido pelos forrozeiros na Bahia, diante da pandemia do novo coronavírus, que já se arrasta por mais de um ano e paralisa todo o setor de eventos e entretenimento até os dias de hoje.

A frase clichê de que o setor cultural foi o primeiro a parar e será o último a retomar as atividades já é uma realidade compreendida por todos, tanto artistas quanto pelo poder público, mas os trabalhadores do ramo seguem em busca de soluções, ainda que paliativas. 

No caso dos forrozeiros, o drama pode ser ainda mais profundo, pois a perspectiva real é de que as festas juninas sejam canceladas pelo segundo ano consecutivo. Sem vacinação suficiente e com números de mortes e infecções ainda altos, dez prefeituras baianas já anunciaram que não realizarão os festejos, enquanto outras aguardam para bater o martelo.

Targino Gondim, por sua vez, classificou como “aterrador” o cenário, diante do segundo ano de São João cancelado. “Existem muitos, inúmeros artistas no Brasil todo e aqui na Bahia, que já sofrem durante esse tempo todo sem nenhum pouco de receita, só pedindo ajuda e sendo ajudado de diversas formas, mas sem nenhum tipo de dignidade, sem condição de exercer seu trabalho, sua profissão. E agora com essa notícia de cancelamento de São João, isso é horrendo”, avalia o forrozeiro. 

O músico conta que durante o período de “zero receita”, as transmissões online têm sido uma alternativa para continuar divulgando suas músicas. 

“É também uma forma de estar ajudando as pessoas com esse novo formato que se desenhou de ter que ficar mais em casa, de não poder sair, sem aglomeração. A gente vai ajudando para que as pessoas possam também sobreviver a tudo isso”, acrescenta o artista, que planeja para maio, junho e julho alguns shows virtuais com banda, para que possa criar alguma receita. Dentre os eventos online confirmados por ele estão as lives de Dia dos Namorados e de São João.

Um tanto quanto otimista, Targino diz ainda torcer para que a vacinação “venha com toda força” em 2021 e que a vida seja retomada com mais tranquilidade. “O coronavírus veio pra ficar essa certeza de que a gente precisa muito um do outro, que a gente precisa viver pensando sempre no próximo, e que a gente tem que se apegar menos à mesquinhez, a um pensamento único”, pondera. 

O governador Rui Costa, por sua vez, também se mostrou pouco otimista com relação ao evento nos moldes convencionais em 2021, mas ainda não descartou a possibilidade da Bahia permitir festas fora de época mais adiante. 

“Estamos chegando no meio do mês de abril e a essa altura não vejo horizonte de possibilidade de termos a festa de São João no período tradicional da festa. Eventualmente se for fazer alguma coisa fora de época para compensar a ausência do São João pode até ser no segundo semestre. Mas agora em junho acho muito difícil. Não vai ter ambiente sanitário para isso”, justificou.

Em entrevista ao Bahia Notícias, um grupo de forrozeiros comentou o panorama do setor, falou sobre o que tem sido feito para manter viva essa expressão cultural durante a pandemia, deu sugestões para ajudar os artistas e trabalhadores envolvidos na área, além de cobrar “sensibilidade” do poder público na implementação de políticas compensatórias.

Conhecido como o “rei do forró temperado”, Zelito Miranda não tem medo de criar e se adaptar. Apesar do susto e de toda a carga negativa que a pandemia traz consigo, o artista revela que redescobriu o poder das redes, ainda que financeiramente elas não deem um retorno significativo. “O susto em 2020 foi uma coisa meio doida, porque foi abrupto, chegou em cima e a gente teve que se reinventar. E essa reinvenção aconteceu virtualmente”, conta o músico. “Foi compensatório do ponto de vista do prazer de tocar, mas não é a mesma coisa de você estar em um palco”, salienta.

Resignado sobre a impossibilidade da realização das tradicionais festas no período junino, ele revelou que pretende fazer um show de São João online. “Ano passado eu fiz algumas lives, com nome Arraiá do Rei, e eu vou repetir esse ano. Eu quero, inclusive, que isso vire um projeto virtual nosso para o mês de junho. Quando acabar tudo - com fé em Deus tudo acaba logo -, eu quero manter, porque descobri uma coisa interessante que estava alí do nosso lado, as redes sociais e a internet, que a gente usava para divulgação só”, diz o artista.

Zelito lembra que depois do primeiro baque, no ano passado, chegou a acreditar que a pandemia não se estenderia por tanto tempo, mas a esperança foi se desfazendo, ao passo que o vírus se propagava e a vacinação não. “Chegou em outubro e a gente teve aquela baixa da pandemia, até ali a gente ainda estava com uma luz no fundo do túnel que as coisas se transformariam, que a gente resgataria rapidamente essa coisa do mercado do São João. Só que chegou o Carnaval e não teve, aí o olhar já ficou mais embaçado”, relata. 

Diante do cenário, em 2020 ele revela que cancelou diversos trabalhos, a exemplo do tradicional Forró do Parque, realizado há 11 anos em Salvador, e que este ano ele pretende fazer uma versão virtual no mês de junho, “só pra não passar em branco”.


Isolado em casa e na incerteza sobre o futuro, Zelito Miranda diz que não nutre mais expectativas sobre haver ou não os festejos juninos em 2021, mas destaca a decepção pela falta de apoio aos artistas, sobretudo aqueles ligados às tradições juninas. 

“Está havendo um grande descaso com a cultura de todos os lados. Eu não imaginei que os nossos governantes ficassem tão apáticos perante a parte cultural”, diz o músico, destacando a importância do São João, enquanto patrimônio do Nordeste e do Brasil. “Tem raiz, tem um cabedal, tem uma história pra contar. É uma festa completa, tem tudo, comida, bebida, reza, santo, novena... O ciclo junino é muito rico culturalmente”, pontua. 

Ainda neste sentido, ele compreende a gravidade da pandemia e a necessidade de obedecer aos protocolos estabelecidos pela comunidade científica, mas cobra ações efetivas para apoiar os profissionais do setor. 

“Nós vamos torcer e pedir juízo a esses governantes, que eles deem atenção a essa questão, porque, claro e evidente, a gente não pode passar dois anos de São João sem faturamento, sem trabalhar. Tudo bem, a gente segura um ano, um ano e meio, mas acredito que ninguém aguenta mais. A real é essa, está barra pesada”, declara o forrozeiro, que admite uma solução a partir da adaptação das festas para o online. “Eu acho que tem que ter esse mundo virtual e o Estado e as prefeituras não podem mais ficar esperando para entrar nesse mundo virtual, porque é a arma que nós temos nesse momento”, afirma. 

Enfático, Zelito lança questionamentos: “Esse ano o bicho já começou a pegar pra todo mundo, porque você já vai para dois anos sem faturamento. Imagine se Deus o livre essa pandemia atravessa 2022, e aí? Vai ser extinta a profissão de ator? Vai ser extinta a profissão de cantor? Vão ser extintas as profissões que mexem com plateia, com o público? É uma coisa que a gente tem que ter um pensamento, está na hora de todo mundo pensar sobre isso”. 

TRIO NORDESTINO: Nem mesmo o legado de 62 anos de trabalho blindou o Trio Nordestino da crise causada pela pandemia da Covid-19. Sem poder realizar shows, o grupo tem se mantido com os frutos da longa carreira, mas ainda assim precisou apertar os cintos. 

“Graças a Deus, a gente tinha outras rendas de composições, de gravações, acessos de Youtube, Spotify, e isso ajudou a gente a chegar até aqui. E a questão da nossa banda, os meninos também souberam se virar em questão de auxílio emergencial, Lei Aldir Blanc, então, claro que ficou ruim, mas deu para segurar. O impacto foi ruim, a gente teve que reduzir os custos ao mínimo possível, e não digo só com relação à banda, mas a questão familiar também. Esse ano que passou realmente foi muito difícil”, conta o empresário do grupo, Carlos Santana, conhecido como Coroneto por ser neto de Coroné, um dos fundadores do Trio Nordestino.

Na avaliação dele, a pandemia, que foi um baque na carreira do trio e chegou a atrapalhar o lançamento de um projeto em homenagem a Gilberto Gil, é o “maior acontecimento negativo na carreira de todo mundo”. Coroneto contou ainda que no início acreditou que o problema não se arrastaria por tanto tempo, mas, ao ver a segunda onda, percebeu estar equivocado. “Entrou a pandemia e a gente ficou ‘ah, daqui a pouco passa’, mas a coisa foi se agravando, e você sabe que o artista, por mais que você tenha reserva, o que tira e não repõe uma hora acaba”, pontua. 

Sobre a possibilidade de, neste ano, as tradicionais festas juninas serem realizadas, ele, que já integrou o Trio Nordestino, disse não existir esperança, sobretudo por conta do processo lento de vacinação. “Então eu acho que São João mesmo, presencial, igual a gente costumava fazer, não vai ter”, opina, revelando que apesar do revés, neste ano, diferente de 2020, o Trio Nordestino tem recebido convites para fazer lives para empresas. “Então, alguma movimentação vai ter. Igual ao ano passado, que foi zerado, com certeza não fica”, revela.

“Graças a Deus, a carreira do Trio é cheia de sucessos, eu acho que não existe uma banda de forró que nunca tocou o Trio Nordestino. E isso nos dá uma bagagem musical e cultural muito grande pra que realmente aconteçam coisas bacanas com a gente. Pelo fato da gente ter 62 anos e ter prestígio no meio do forró, pra gente fica um pouco mais fácil, ou menos pior. Mas a luta é diária pra conseguir alguma coisa”, conclui Coroneto, que aposta na esperança de que a vacina chegue e em breve o grupo possa voltar a fazer o que sempre fez: “levar alegria pro povo”. 

ADELMARIO COELHO: Para Adelmario Coelho, um dos principais motivos do agravamento da pandemia e a consequente crise que tem abatido o setor cultural é a má gestão do governo Bolsonaro. 

“Nós estamos aqui, infelizmente, por falta da liderança nacional. Podíamos estar em um outro patamar de imunização. Agora é o mundo que precisa de vacina e o Brasil imaginava que somente fosse ele que podia pegar vacina ali rapidinho. Não vai acontecer isso. São 8 bilhões de pessoas do planeta que precisam de vacina e quem se antecipou a isso, quem correu e acreditou na ciência - que deve ser por aí - evidentemente que está levando vantagem. Nós estamos vendo aí países na frente, quase que com sua população imunizada, e nós estamos chegando agora quase a 10%, com 210 milhões faltando ser vacinadas, é brincadeira isso? Então, o caminho a ser perseguido ainda é com muita luta, não tenha dúvida”, avalia o forrozeiro.

Sensibilizado com a conjuntura sanitária do país e também com a derrocada da economia criativa, ele disse a frase que abre a matéria: “Só mais arrasadora do que essa situação [dos forrozeiros], somente as mais de 350 mil mortes dos brasileiros. Com certeza é uma dor imensurável”. Segundo o músico, além de triste, o cenário de dois anos sem festas juninas é “devastador”.  

Na sua visão, é compreensível o cancelamento do evento, pois defende a ciência e vê como “nenhum pouco razoável” fazer aglomerações em um momento crítico. Apesar disso, ele destaca a necessidade de viabilizar alternativas. 

“Já vi aqui que já temos ratificado pelos prefeitos mais de 10 cidades que já cancelaram [as festas juninas] vendo esse cenário. Isso traz uma tristeza muito grande. Compreendemos, mas, evidentemente, sentimos, porque essa decisão afeta dramaticamente toda essa população que vive essencialmente desse período. O forró, por mais que a gente tente quebrar a sazonalidade, ainda é uma festa sazonal. E as festas juninas - Santo Antônio, São Pedro e São João -, digamos assim, são o ápice da sobrevivência dos seus defensores”, pontua.

Diante da importância desta manifestação cultural, Adelmario diz torcer para que prefeitos e governador viabilizem a realização do evento, ainda que em outro momento. 

“Esperamos que haja essa sensibilidade da gestão pública de contemplar - pelo motivo justificado do vírus nesses dois anos nas datas tradicionais - um evento fora da época. É preciso que seja feito isso, porque imagine aí você esperar 2022 apenas pra você ter uma festa que lhe dá sustentação financeira para o ano todo, é muito complicado”, diz o músico, salientando, no entanto, que tudo seja feito de forma prudente e responsável. 

"Pode ter certeza que a classe forrozeira também não quer isso, quer fazer a coisa com segurança”, afirma.

“Mesmo que não seja na dimensão do mês tradicional de junho, com as três festas, que se faça alguma coisa para dar oportunidade e pelo menos um alívio nessa cadeia produtiva, seja em setembro ou outubro. Acho que nada disso vai ferir absolutamente nada. É preciso que seja feita alguma coisa e não esperar 2022, porque tem gente passando fome aí”, reitera o artista, que só em junho de 2020 precisou cancelar mais de 30 shows e atualmente vive de reservas financeiras construídas ao longo de 27 anos de carreira artística, além da poupança adquirida com o trabalho anterior no Polo Petroquímico.

Sem novas receitas, Adelmario Coelho fala da dificuldade de amparar os mais de 40 pais de família que integram sua equipe.

 “É muito difícil, porque onde você não irriga, a fonte seca”, diz o músico, revelando que tem feito um “esforço muito grande” para, diante do cenário, ajudar seus funcionários. 

“Evidentemente que fizemos ajustes, tivemos que também tirar pessoas, porque não temos de onde, financeiramente, contrapor uma normalidade. Realmente somos impactados diretamente e aí ficamos impotentes”, conta o forrozeiro, que descarta as apresentações virtuais como alternativa. “Porque as lives não nos trazem rentabilidade, eu tive que investir pra poder fazer, pra poder dialogar com meu público. É muito importante falar com eles [os fãs], mas financeiramente, pelo contrário, eu tive que bancar para que fossem viabilizadas as lives”, lamenta. A reportagem é de Camile Amine, Bahia Noticias

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EMBRAPA: AGRICULTURA DEVE SE PREPARAR PARA POSSÍVEL FALTA DE ÁGUA NO FUTURO"

As questões climáticas são fundamentais quando se fala de agricultura e devem se tornar ainda mais primordiais em um futuro não muito distante. É o que afirma o pesquisador Carlos Pacheco, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), nesta sexta-feira (16/4), em entrevista ao CB.Agro, programa realizado em parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília.

“Vários trabalhos têm apontado para o território brasileiro um aumento generalizado da temperatura média do país em todas as regiões, em todas as épocas do ano. Com relação a disponibilidade de água, a precipitação deve ser concentrada durante o verão em todas as regiões brasileiras, e deve se observar uma redução muito expressiva dessa ocorrência de chuvas em outras épocas do ano sobretudo no inverno e na primavera”, diz o pesquisador da Embrapa.

A Política Nacional de Recursos Hídricos prevê como prioridade, em caso de escassez, o consumo humano e a dessedentação de animais. A agricultura, como maior consumidora de água dentro das atividades econômicas, deve se preparar para uma possível falta de água no futuro e procurar alternativas para economizar no uso do bem, pontua Pacheco.

“Trabalhamos no sentido de buscar sistemas de produção que consumam menos água, por exemplo, sistemas de irrigação, como gotejamento, que reduzem a necessidade de água para produção de alimentos, o cultivo em ambiente protegido por meio de hidroponia, que tem o potencial de reduzir em 90% a quantidade de água utilizada”, explica o pesquisador.

: Cerca de 12% da disponibilidade de água doce do mundo estão concentrados em território brasileiro, o que pode ter gerado uma cultura no país de que a água seria sempre abundante. Porém, destaca o especialista, não é bem assim. Segundo ele, muitas regiões não têm acesso ao saneamento básico, por exemplo, e muitas pessoas já sofrem com a escassez de água.

“A distribuição de água no território brasileiro é muito desigual. Se nós observarmos a distribuição dos recursos hídricos no Brasil, 80% estão concentrados na região amazônica, que abriga 20% da população brasileira; enquanto os outros 20% estão distribuídos pelo restante do país, que abriga 80% da população”.

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NASCEM OS PRIMEIROS FILHOTES DE CASAL DA ARARINHA AZUL EM CURAÇÁ BAHIA

No meio inúmeras notícias tristes a reportagem do BLOG NEY VITAL obteve uma informação que veio provocar esperanças ao meio ambiente. No último sábado, dia 11 de abril nasceu o primeiro filhote de ararinha-azul na Caatinga, de um casal jovem no Centro de Reprodução da ACTP, no Refúgio de Vida Silvestre da Ararinha Azul. Segundo informações, a Ararinha Azul foi deixada com  os pais, que ainda inexperientes, não conseguiram criá-lo. 

O segundo filhote deste casal nasceu no dia 13 de abril e está sendo criado na mão. O par fez postura de 4 ovos, sendo 2 deles férteis.

"O nascimento de ararinhas-azuis não era registrado na região há mais de 30 anos. Ainda em cativeiro, esta ararinha integrará um grupo de soltura em breve", segundo informações postadas cedidas pela ACTP. A foto é de Cromwell Purchase.

De acordo com o site do ICMIBIO (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), a ararinha-azul é considerada uma das espécies de aves mais ameaçadas do mundo. Endêmica de uma pequena região no semiárido, o último indivíduo selvagem desapareceu da Caatinga baiana em outubro de 2000, o que levou a espécie a ser classificada como Criticamente em Perigo (CR), possivelmente Extinta na Natureza (EW). Desde 2000, os poucos exemplares que restaram em coleções particulares vêm sendo usados para reproduzir a espécie em cativeiro. A espécie foi descoberta no início do século 19 pelo naturalista alemão Johann Baptist von Spix.

A reintrodução das ararinhas-azuis no seu bioma de origem é um processo previsto pelo Plano de Ação Nacional (PAN) da Ararinha-Azul em conjunto com organizações internacionais que detinham grande parte das aves em cativeiro. No primeiro ciclo do PAN, dentre outros resultados, o principal foi a multiplicação de animais em cativeiro para aumentar a variabilidade genéticas das aves. Agora, no segundo ciclo, o objetivo esperado é realizar a soltura de algumas ararinhas-azuis com as maracanãs.

As ações de conservação, previstas no PAN, culminaram na criação de duas Unidades de Conservação (UCs) em 2018: Refúgio de Vida Silvestre e a Área de Proteção Ambiental – APA da Ararinha Azul. O objetivo de criação das unidades de conservação é uma estratégia de proteção das amostras do bioma Caatinga, especialmente os fragmentos florestais de mata ciliar e de savana estépica relevantes para o ciclo de vida da ararinha-azul.

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MATA ATLÂNTICA É O BIOMA COM MAIOR CAPTAÇÃO DE ÁGUA DO PAÍS, REVELA PESQUISA


A Mata Atlântica, que em 2010 representava 42% da retirada de água do país, passou a 39% em 2017. Este bioma concentra grande parte da população brasileira e, mesmo com a redução, apresenta a maior captação de água do país, com destaque para o abastecimento urbano.

Os dados constam do estudo Contas de Ecossistemas: Condição dos Corpos Hídricos, divulgado hoje (15), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Tanto em 2010 quanto em 2017, a segunda maior captação foi observada no Cerrado, que passou de 20% da retirada de água do país para 23%. O Cerrado apresentou a maior taxa de crescimento de retirada de água, que se deu principalmente para a irrigação e expansão agrícola.

Em terceiro lugar, vem o Pampa, que manteve a taxa de 17% de captação de água em 2010 e 2017. Este bioma, por sua vez, tem grande participação na agricultura irrigada no país, com destaque para o cultivo de arroz.

A agricultura irrigada foi a principal responsável pela retirada direta de água, seguida do abastecimento humano urbano, indústria de transformação, abastecimento animal, termoeletricidade, abastecimento humano rural e mineração.

Em média, verificou-se que, em cada um dos biomas Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Pampa, 25% da água captada foram para fins de irrigação da agricultura em 2010, sendo que esse resultado não mudou significativamente em 2017.

Em relação ao segundo principal uso da água no país, o abastecimento humano urbano, cerca de 64% da captação de água destinada para essa finalidade ocorreram no bioma Mata Atlântica em 2010 e 2017.

A maior parcela de água captada para abastecimento animal ocorreu no Cerrado em 2010 e 2017: 33% da água captada para essa finalidade no país foram realizadas nesse bioma devido à atividade agropecuária na região.

O risco de extinção das espécies aquáticas avaliadas incidia mais sobre a fauna (vertebrados, na maioria) e a flora da Mata Atlântica, num total de 360 espécies ameaçadas. Em seguida, vinham o Cerrado (216) e a Amazônia (104). Já o maior percentual de vertebrados ameaçados estava na Mata Atlântica (11,3%), com Cerrado (9,1%) e o Pampa (7,8%) em seguida.

O IBGE também divulgou hoje a publicação Contas de Ecossistemas: Produtos Florestais Não Madeireiros. O estudo apresenta dados analisados entre 2006 e 2016.

A Amazônia e o Cerrado são os biomas com a maior variedade dos dez produtos florestais não madeireiros pesquisados: açaí (extraído e plantado), látex coagulado (extraído e plantado), erva mate (extraída e plantada), palmito (extraído e plantado), castanha-do-pará, pequi (fruto e amêndoa), babaçu, carnaúba (cera e pó), jaborandi e piaçava.

Os maiores aumentos na produção foram do açaí extraído (113%), da erva mate cultivada (45%) e extraída (51%) e do palmito cultivado (60%). Com forte valorização no mercado nacional e internacional, o açaí teve aumento de 113% na quantidade extraída, saindo de 101,3 mil toneladas em 2006 para 215,4 mil toneladas, em 2016.

Na Mata Atlântica, destaca-se a produção de 347 mil toneladas de erva mate extraída e, na Amazônia, a extração de açaí (215 mil toneladas).

Esses dois estudos compõem o Sistema de Contas Econômicas Ambientais, que seguem as recomendações das Nações Unidas para promover a integração dos benefícios gerados pela natureza ao Sistema de Contas Nacionais do IBGE. 

Os dados são experimentais e estão em fase de teste e avaliação. Segundo o instituto, sua publicação pretende incluir a sociedade no processo de desenvolvimento desses indicadores desde os estágios iniciais.

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CONSUMO EXCESSIVO DE VITAMINAS PREOCUPA ESPECIALISTAS

Durante a pandemia do novo coronavírus, um assunto ganhou destaque: a suplementação de nutrientes, em especial das vitaminas D e C,  supostamente para evitar a covid-19. O cenário vem preocupando as autoridades de saúde, que alertam para os prejuízos da ingestão excessiva dessas substâncias. 

Conforme adianta Helio Vannucchi, professor titular sênior da Divisão de Nutrologia do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, além dos riscos do consumo descontrolado, “ao que se conhece atualmente, nenhuma vitamina tem ação de tratamento ou prevenção na pandemia por covid-19”. 

A vitamina D, já relacionada com a melhora da resposta imunológica, quando ingerida em excesso “pode causar aumento exagerado de íons de cálcio” que, depositados nas artérias e em órgãos como o rim, causam “lesões permanentes”;  por isso, seu uso “não está inteiramente aceito”, conta Vannucchi.

 O indivíduo intoxicado por esse nutriente em excesso pode apresentar sintomas como náuseas, vômitos e aumento da pressão arterial. Segundo o especialista, é recomendado o consumo de 600 unidades internacionais diárias do nutriente, através de fontes alimentares, e 800 unidades para idosos e gestantes. Além disso, 15 minutos de exposição solar diariamente são suficiente para o organismo absorver a quantidade necessária de vitamina D.

A vitamina C, que também já foi especulada na prevenção do novo coronavírus, também tem eficácia descartada. Em excesso, a vitamina pode causar diarreia e, cronicamente, causar cálculos urinários. Nesse sentido, o professor lança um alerta à população: a suplementação vitamínica deve ser realizada apenas diante do diagnóstico clínico de deficiência, necessitando confirmação de “dosagens em laboratório”. 

É que cada nutriente deve ser absorvido pelo organismo em uma quantidade específica; quando um “limite superior” é ultrapassado, “a continuidade de ingestão em maiores doses pode provocar a hipervitaminose”, adianta o professor.Vannucchi ainda informa que a intoxicação vitamínica acontece mais facilmente com as vitaminas lipossolúveis, A, D, E e K, que se dissolvem em gorduras, sendo seus excessos de difícil eliminação pelo organismo. Assim, como cada nutriente tem funções distintas,  excesso de cada um provoca consequências diferentes. Enquanto megadoses de vitamina E podem levar a fenômenos hemorrágicos e ao aumento da mortalidade no longo prazo, a vitamina K está ligada à “coagulação sanguínea”, afirma o especialista.

Já a vitamina A, conhecida por beneficiar a visão, pode causar “problemas neurológicos semelhantes à meningite e cefaleia intensa”, quando administrada em excesso, além de oferecer risco teratogênico (malformação do feto) para gestantes. Segundo Vannucchi, as hipervitaminoses mais graves são causadas pelas vitaminas A, D, E e C.

O procedimento para lidar com a intoxicação de vitaminas difere entre cada grupo de nutrientes. No caso dos hidrossolúveis (que se dissolvem em água), vitaminas B1, B2, B3, B6, B9, B12, o ácido pantotênico e a vitamina C, basta interromper a administração dos nutrientes, sem grandes problemas, pois seu excesso é excretado pelos rins e pela urina.

Já no caso dos lipossolúveis, além de suspender a ingestão das vitaminas, é preciso saber que “pode demorar semanas ou meses para retornar à normalidade” e, “enquanto isso, nada pode ser feito”. Ácido pantotênico e biotina, do grupo de vitaminas do complexo B, são nutrientes que não apresentam relatos de efeitos colaterais.

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DOUTOR EM MÚSICA CLIMÉRIO DE OLIVEIRA PARTICIPA DO DEBATE SOBRE A RADIOGRAFIA DO FORRÓ

Para apresentar uma radiografia de Luiz Gonzaga e do Forró,  o doutor em música pela Unirio Climério de Oliveira é convidado do Cais do Sertão na faixa Conexão Cais. Autor de uma pesquisa de doutorado em que esmiúça o legado do Rei do Baião, Climério conversa com o pedagogo e educador do Cais Sandro Santos. A live será nesta quinta-feira (15), pelo Instagram @caisdosertao, a partir das 17h.

"Debater o legado social e musical de Luiz Gonzaga é sempre uma prioridade na nossa programação online. No mês de aniversário do museu, reforçamos a nossa admiração pelo artista e a importância de existir uma instituição cultural como o Cais situada no coração do Recife", comenta a coordenadora de Conteúdo do Cais, Clarice Andrade.

Mediado pelo pedagogo e educador do Cais Sandro Santos, o bate-papo vai trazer à tona o legado do forró na formação da música brasileira e a jornada sociocultural de Gonzagão. A live também foca a carreira acadêmica e o nascimento da Associação Respeita Januário, da qual Climério é membro-fundador.

PROGRAMAÇÃO MENSAL: O mês de abril contará com mais uma Conexão Cais. No dia 29, a faixa recebe o trio As Januárias, que reflete sobre o forró, o xaxado, o baião e a receptividade dos gêneros no mercado fonográfico. A conversa contará com mediação do músico-educador Diogo do Monte.

A celebração do aniversário do centro cultural contará também com um webinário, que promete refletir sobre o papel dos museus no século 21. Transmitida ao vivo e via canal do YouTube do museu, a roda de conversa contará com a participação do arquiteto responsável pelo projeto da sede do Cais, Marcelo Ferraz; e outros convidados: o professor titular do Programa de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Luiz Amorim e a doutoranda em Desenvolvimento Urbano/Arquitetura (UFPE) Lívia Nóbrega. Será no dia 20 de abril, às 20h, com mediação do vice-chefe do Departamento de Antropologia e Museologia (DAM), da UFPE, Hugo Menezes.

O Cais do Sertão segue fechado para visitação presencial, em respeito às medidas de controle ao novo coronavírus determinadas pelo Governo de Pernambuco.

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