A PARAÍBA NÃO CUIDA DE SEUS POETAS CORDELISTAS

A Paraíba não cuida de seus poetas cordelistas. A Paraíba não respeita os poetas do cordel. Mesmo sido nascido na Paraíba, o pai do cordel brasileiro, Leandro Gomes de Barros, sofre com a ignorância dos gestores culturais do estado. Raramente lembrado e nunca dimensionado, seu legado é imenso, mas o fato aqui trata de outros dois poetas dessa seara. 

Tenho certeza que o clássico do cordel, o mais abrangente é O Romance do Pavão Misterioso. Escrito por José Camelo de Melo Rezende, paraibano de Pilõezinho, antigo distrito de Guarabira, é uma obra das mais representativas de nossa poesia brasileira. Se tivesse nascido na França, Camelo seria cultuado como precursor da ficção científica com esse romance em versos. Mas nasceu na Paraíba e a Paraíba não honra esse filho. 

A história do Pavão que levantou voo na Grécia encanta, encantou e encantará as gerações. Já dialogou com a música, com o teatro, com o cinema, com as ciências, ensinou gente a ler e escrever, acalentou sonhos, acirrou disputas entre poetas, protagonizou, dentro e fora de seus textos, longas pendengas. Mas a Paraíba não cuida de seus poetas de cordel e abandona o próprio cordel ao limbo.

Se José Camelo foi pioneiro do romance em ficção, Manoel Camilo dos Santos foi o pensador. Viagem a São Saruê, clássico que apaixonou ativistas culturais em todas as esferas, é uma leitura nordestina do mito do El Dorado, uma lembrança da Terra Prometida, onde não haverá fome nem miséria. 

O texto de Camilo é grandioso e cresce em significados, materializa os anseios das gentes, sobretudo das gentes da seca e da treva brasileira da primeira metade do séc. XX. Quando Vladimir Carvalho roda seu filme-documentário inspirado no folheto e o intitula O País de São Saruê, apresenta a camada mais profunda da sociedade paraibana, soterrada sobre a beleza do poema inspirador. Causa estardalhaço a confusão gerada entre o folheto de Camilo, a utopia, e o filme de Carvalho, a realidade. 

Certo dia o escritor Orígenes Lessa se encontra com Manoel Camilo e fica abismado com a pobreza na qual vivia o poeta. A Estrella da Poesia, gráfica editora pertencente ao bardo, perdera a luz, tomada de treva e esquecimento. Camilo se torna personagem de um livro infantil de Orígenes. É a homenagem final ao poeta revolucionário das letras cordeliais. Mas a Paraíba não cuida dos seus poetas de cordel. Não existe São Saruê, nem o Pavão Misterioso voa, na Paraíba do Norte. (Fonte: professor Aderaldo Luciano-doutor em Ciência da Literatura)
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PASSADOS 10 ANOS DO INÍCIO DAS OBRAS DA TRANSPOSIÇÃO O RIO SÃO FRANCISCO SEGUE SEM A REVITALIZAÇÃO PROMETIDA

Passados 10 anos do início de suas obras, a transposição do São Francisco está praticamente concluída, teve obras entregues no mês passado, mas o rio segue longe de sua revitalização prometida e recebe diariamente toneladas de esgoto jogados por quase todas as cidades no seu percurso entre Minas Gerais e Alagoas. Segundo o CBHSF (Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco), dos 505 municípios que compõem a bacia, apenas um, Lagoa da Prata (MG), tem 100% do seu esgoto tratado. O município, por sinal, é apontado como modelo pelo comitê.

Logo quando o projeto foi lançado, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu que para cada real investido na obra, outro seria investido na revitalização. “Nós queremos revitalizar, recuperar as margens, as matas ciliares, fazer saneamento básico nas cidades para que não joguem dejetos no São Francisco, e começamos fazendo isso“, disse Lula, em 2009, durante o programa ‘Café com o Presidente’, em outubro de 2009.

Em agosto de 2016, o governo Michel Temer lançou um novo plano de revitalização, prometendo investir R$ 10 bilhões em obras até 2026. Procurada pela reportagem, a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba) informou que já implantou 89 sistemas de esgotamento sanitário, “que contemplam coleta e tratamento dos efluentes sanitários, em municípios integrantes da bacia hidrográfica do rio São Francisco, contudo não tem informação de quantos municípios tem tratamento de esgoto total“.

Para este ano, a companhia informou ter aprovados “aproximadamente R$ 38 milhões na LOA (Lei Orçamentária Anual) 2020” para esse tipo de obras.

ESGOTO: Mas as poucas obras de fato implementadas de saneamento não evitam uma contaminação diária do maior rio 100% nacional. “Esse retorno que prometeram ao São Francisco não foi dado. Infelizmente o programa de revitalização não foi feito. No saneamento, lançamos esgoto in natura no rio em quase todas as cidades“, afirma Maciel Oliveira, vice-presidente do CBHSF. Para a revitalização do rio, o comitê elaborou um plano com várias intervenções previstas em saneamento e recuperação hidroambiental.

“Precisaríamos, para resolver os problemas, de R$ 30 bilhões para a bacia”, revela Oliveira, contando que o comitê teve um encontro com a Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) para tratar de projetos no tratamento e espera contar com apoio do órgão federal.

Com a falta de participação do poder público, o comitê bancou com recursos próprios mais de 100 planos municipais de saneamento (premissa para poder receber recursos na área). “Sabemos que havia deficiência técnica e financeira, e decidimos custear para ajudar os municípios a receber as obras“, conta.

Para Oliveira, o comitê não espera soluções advindas por conta de um novo marco legal de saneamento. “O marco legal pode ajudar em algumas situações, mas depende muito da maneira como vai ser implementado. Pode demorar muitos anos, e precisamos retomar investimentos para tratar o esgoto e deixar de ter um rio poluído, causando problema de saúde pública“, alega.

A Codevasf afirma haver “previsão orçamentária de recursos na ordem R$ 540 milhões destinada a ações de saneamento (abastecimento de água e esgotamento sanitário) em municípios integrantes das bacias hidrográficas”.

POLUIÇÃO: O problema da poluição no rio está justamente em seu trecho final, entre Sergipe e Alagoas, que recebe todo o esgoto despejado ao longo do seu trajeto. Ao todo, 59 cidades ficam às margens do rio, sendo 16 delas entre Alagoas e Sergipe, onde está o chamado baixo São Francisco.

Em Piaçabuçu (AL), onde está a foz do rio, análises da qualidade da água apontam um índice superior a 8 NMP/ml de coliformes fecais (NMP quer dizer “número mais provável”). O ideal é que esse valor seja de no máximo 1, segundo resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente).

“Esse trecho representa apenas 5% da bacia. Mas parte dos dejetos que são retidos nas nove hidrelétricas que temos ao longo do rio é liberada quando tem o aumento de vazão. Os esgotos destas cidades rio acima se juntam com os do rio abaixo“, explica o pesquisador e professor Emerson Soares, do Centro de Ciências Agrárias da UFAL (Universidade Federal de Alagoas) e que coordena a expedição anual feita no São Francisco para avaliar os problemas da região.

Segundo as análises, todas as cidades do baixo São Francisco apresentam problemas com níveis acima de coliformes fecais. “Mas quanto mais descemos, vemos que mais contaminado fica. No estuário do São Francisco temos vários problemas“, explica.

MAIS CONTAMINAÇÃO: À beira do rio, diz Soares, vivem mais de um milhão de pessoas. “Além de saneamento básico precário, tem também o problema causado pelos agrotóxicos, ou dos metais pesados na água, efeitos da mineração em Minas e na Bahia“, conta. Ainda segundo o pesquisador, os efeitos negativos na água se refletem especialmente no estresse dos organismos que vivem no rio.

 “Os peixes são os primeiros a terem contato, mas eles se contaminam e passam para o homem. A gente observou na histologia desses organismos pesquisados, danos ao estômago, intestino, brânquias e fígado desses animais, e vai prejudicar não só eles, mas tornar impróprio para consumo humano“, pontua. (Fonte: UOL Carlos Madeiro UOL)
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MULTIARTISTA MARLUS DANIEL HOMENAGEIA JUAZEIRO POR SEUS 142 ANOS

O multiartista Marlus Daniel, que é artista plástico, ator e diretor teatral, reside as margens do Velho Chico há exatos 15 anos. 

O Juazeirense de coração, natural da cidade de Remanso, Bahia faz uma homenagem pra Juazeiro por ter sido tão bem acolhido e ter sido recebido de braços abertos, com uma série de novas pinturas sobre a cidade pelos seus 142 anos que ocorre no dia 15 de julho.

Sempre valorizando a caatinga, o sertão, o Vale do São Francisco, o Multiartista retrata principalmente as lendas, o folclore e a cultura ribeirinha, numa demonstração de amor à cidade, já que o mesmo acredita em que toda arte tem o poder de educar, de transformar, de crescer e de embelezar.  

Para conhecer as novas telas com a homenagem, visite no youtube essa demonstração de amor a Juazeiro no link: https://www.youtube.com/watch?v=Vm81hMYTg6I e desfrute de toda essa beleza.
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EM MEIO À COVID-19, VERBA DE OBRAS PARA SERTANEJO ARMAZENAR ÁGUA É REDUZIDA

Cinco vezes por semana, o agricultor Givanilson Ramos Pereira, 25, anda cerca de meia hora para chegar até o local mais próximo da sua casa com água, no município de Campo Formoso, semiárido baiano. "Para trazer a água, eu uso a carroça de mão", conta, explicando que não tem como se prevenir da covid-19. 

"Se ficar em casa não tem água nem para beber, quanto mais lavar as mãos", afirma. Cansado de esperar pela construção de um cisterna pelo poder público, ele decidiu, há um mês, começar a fazer um reservatório nos fundos de sua casa, com recursos próprios. "Acho que vou gastar uns 2.400 reais. É muito caro, mas já como me inscrevi [para receber o equipamento] e nunca tive resposta, prefiro fazer aos poucos do que ficar sem", diz.

No que depender de recursos federais, a espera de Givanilson e de outros milhares de sertanejos deve ser longa. O ritmo de construções do Programa Cisternas, do governo federal, caiu 78% na comparação a 2019 — ano que já havia registrado o menor número de equipamentos feitos desde o lançamento do programa, em 2003. As poucas obras que estão sendo feitas este ano, dizem estados e entidades, são de contratos antigos, e não há novos sendo assinados. Ou seja, a seguir assim, o ritmo deve ser menor a cada mês. 

A redução no número de cisternas construídas pelo programa federal vem caindo desde 2015, ainda no governo Dilma Rousseff. No primeiro semestre de 2020, a queda foi ainda maior. O Ministério da Cidadania informou ao UOL que foram construídas apenas 4.416 cisternas, o que dá uma média de 736 ao mês — no ano passado, essa média foi de 2.588; em 2014 (recorde do programa), de 12.426.

Na área rural do semiárido vivem hoje 1,7 milhão de famílias, ou 9,5 milhões de pessoas. Dessas, 1,3 milhão já têm cisternas, e a fila de espera hoje está estimada em 350 mil famílias, segundo a ASA (Articulação do Semiárido), rede formada por 3.000 organizações da sociedade civil na região. A entidade é a maior executora do programa na região, responsável por 600 mil das 1,3 milhão de cisternas no semiárido. As cisternas de primeira água são o principal equipamento para armazenamento das famílias no semiárido em períodos de seca. Elas são feitas de placas de concreto e têm capacidade para 16 mil litros. A água que enche o reservatório é captada por meio de calhas feitas no entorno do telhado da casa. Em épocas de estiagem, elas servem para receber água dos caminhões-pipa. Além desse tipo, existem ainda as cisternas escolares e de segunda água (maiores e destinadas para produção de alimentos) financiadas pelo programa, mas que existem em número bem inferior às de primeira água.


O secretário do Desenvolvimento Agrário do Ceará e presidente do Fórum Regional dos Secretários da Agricultura Familiar do Nordeste e Minas Gerais, Francisco de Assis Diniz, diz que, sem repasses do programa para cisternas, os estados da região estão apelando para outras alternativas de financiamento.

"A gente tem tido aqui no Ceará, por exemplo, um financiamento de cisternas via emenda feita por três deputados. Estamos recebendo agora R$ 28 milhões dessas emendas. No Ministério da Cidadania, não tivemos recursos disponibilizados no orçamento este ano. Essa falta de verbas para as cisternas ocorre em todos os demais estados do Nordeste. O que está sendo feito agora é ainda fruto de recursos dos orçamentos da Dilma e do presidente [Michel] Temer", afirma.

Com o corte de verbas, os estados da região estão se organizando para não acabar com a ideia de universalização de cisternas prevista para o semiárido. "Essa discussão tem sido feita pelos secretários para construir uma ação por dentro do Consórcio de Governadores do Nordeste com as bancadas federais", explica Diniz. Segundo Rafael Neves, coordenador dos programas de primeira água da ASA, os cortes que começaram em 2015, mas agora viraram uma escassez completa de dinheiro.

Neves lembra que as cisternas são fundamentais às famílias na luta contra a covid-19, já que elas garantem que o agricultor não saia de casa para buscar água. "Se tivesse desembolsado lá em janeiro, a gente podia enfrentar essa pandemia com mais famílias com cisternas. Veja a diferença que representa a uma família enfrentar essa situação tendo água em casa para lavar as mãos, para se alimentar, para produzir alimentos saudáveis. Iríamos garantir uma redução de mortes com ampliação de ação de água —coisa que a gente não teve", diz.

O maior temor vem justamente agora, com a interiorização da covid-19. "Vários estados estão enfrentando essa chegada do vírus no semiárido, e algumas organizações estão apelando porque essa é uma ação emergencial. A gente está pensando em protocolos para voltar uma ação de campo, para executar esse saldo, mas hoje não temos recurso novo para garantir mais cisternas", explica. (Fonte:  Carlos Madeiro Colaboração para UOL)
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A PARAÍBA NÃO CUIDA DE SEUS EMBOLADORES DE COCO

A Paraíba não cuida de seus emboladores de coco. A Paraíba não guarda os seus coquistas. Quando vim morar no Rio de Janeiro, em meados dos anos 80, vim também em busca das manifestações culturais do povo.

O Rio é um território onde abunda o povo em artes. No Largo da Carioca ouvi pela primeira vez duas mulheres coquistas num desafio malcriado, eram Lindalva e Terezinha que, ao som do pandeiro, cantavam coco e hipnotizavam a roda que as escutava. Nenhuma delas nasceu na Paraíba, mas quando se separaram, são irmãs, Terezinha foi cantar com Roque José pras bandas de Brasília e Lindalva radicou-se em Santa Rita e passou a cantar com Lavandeira do Norte, natural de Ingá. 

Mas a Paraíba não quer saber deles, aliás o coco de embolada talvez seja a última manifestação cultural na qual o gestor público de cultura pensa. Claro que quando os emboladores se apresentam, naquelas performances incluindo a plateia, todos se apaixonam. No entanto vivem sem qualquer fomento público para sua arte. Lindalva escolheu a Paraíba, Lavandeira nasceu na Paraíba. A Paraíba não os escolheu. A Paraíba não cuida deles.

Zé Batista apareceu várias e várias vezes na feira de Areia, a triste e acabrunhada cidade onde nasci. Espadaúdo, voz imensa, bom repente, boa língua, proseador e dono de simpatia, jogava versos como quem brinca. Os versos brotavam, mas geralmente chegava em Areia sem parceiro. Encontrou nosso amigo Salvador do Pandeiro, jovem e talentoso, mas ainda se iniciando nos versos. Zé Batista trazia a herança do seu pai Manoel Batista. Este para mim foi o maior embolador paraibano. Seus versos traziam a negritude, com motes, de puxar ou de fechar, originais que só ele os sabia construir. Manoel Batista e Zé Batista nunca foram cuidados pela Paraíba, nunca foram respeitados em seu ofício, nunca lhes foi respeitada a dignidade, tampouco a arte que perpetuavam. Esse disco cuja capa reproduzo na ilustração é um marco na embolada. Outros lembrarão de Geraldo Mousinho e Cachimbinho. Estes formam um outro capítulo. Por enquanto quero apenas afirmar que a Paraíba, e Areia, a cidade fatídica onde nasci, não cuidam de seus emboladores de coco. Não guardam seus coquistas. (*Aderaldo Luciano-professor doutor em Ciência da Literatura)
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JOQUINHA GONZAGA AGRADECE REALIZAÇÃO DE LIVE SOLIDÁRIA NA VARANDA DO REI, PARQUE ASA BRANCA

"É meu povo! Nossa live foi um sucesso, deu tudo certo graças a DEUS. Quero agradecer a toda equipe que nos ajudou na realização da live, a minha banda, os patrocinadores e aos gonzagueanos que curtiram nosso forró e fez a sua contribuição. Nosso QR code e o watsApp ((87)996770618 vai continuar disponível e em breve vamos postar um vídeo explicando direitinho para onde vai ser destinado os valores e os alimentos doados".

Este foi o agradecimento do sanfoneiro e cantor Joquinha Gonzaga que apresentou uma Live Solidária na "Varanda do Rei", no domingo 12 de julho, às 16hs, no canal YouTube Joquinha Gonzaga Oficial. A apresentação da Live foi de Sara Gonzaga, filha e produtora do cantor e de Fabiano.

A conta para doações continua ativa: Agência: 1059-6 e conta corrente 22951-2.

O empresário Italo Lino, do Grupo Lojas Neto Tintas, disse que a live foi a oportunidade dos gonzagueanos viverem algumas horas na Varanda do Rei, junto ao sobrinho de Luiz Gonzaga. "Joquinha é o fiel herdeiro musical da cultura gonzagueana que o todo o Brasil ama. A hora é de solidariedade. Se vivo fosse Luiz Gonzaga estaria contribuindo para que os irmãos da músicas pudesse atravessar este momento difícil. Se Deus quiser este momento vai passar".

Joquinha Gonzaga é o mais legítimo representante da arte musical de Luiz Gonzaga.  Ele é neto de Januário e sobrinho de Luiz Gonzaga. João Januário Maciel, o Joquinha Gonzaga é hoje um dos últimos descendentes vivos da família. Dos nove filhos de Santana e Januário, todos eles, ja "partiram para o Sertão da Eternidade".

Joquinha Gonzaga caminha para os 70 anos e reside atualmente em Exu, Pernambuco, no pé da serra do Araripe, como ele costuma dizer ao receber os amigos. Nesse contexto, a Live Solidária na Varanda do Rei vai proporcionar além de um encontro com os amigos, admiradores, pesquisadores da cultura mais brasileira, a oportunidade de ouvir o puxado do fole e a voz de Joquinha, com o seu canto, histórias e causos. 

No início deste ano a Câmara de Vereadores de Exu, encaminhou um projeto de apoio e solicitação do registro do cantor, compositor e sanfoneiro Joquinha Gonzaga, para ter o reconhecimento de Patrimônio Vivo da Cultura de Pernambuco.

Além de sobrinho do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, Joquinha é neto de Januário (afamado tocador de 8 Baixos) e ainda tem como tios os Mestres da Sanfona, Zé Gonzaga, Chiquinha Gonzaga (tocadora de sanfona 8 Baixos) e Severino Januário.

A justificativa para Joquinha ser reconhecido Patrimônio Vivo de Pernambuco é o valor do seu legado para as futuras gerações e a contribuição e tem o objetivo de que mantenham os saberes e fazeres da cultura da sanfona. 

Detalhe: Joquinha Gonzaga também é tocador de sanfona de 8 baixos, um instrumento quase em extinção no cenário cultural brasileiro e também por isto um dos aspectos que faz Joquinha merecedor da aprovação para assim poder se dedicar mais a aulas, oficinas e palestras sobre o tema sanfona de 8 Baixos.

Ao ser inserido oficialmente no programa Patrimônio Vivo na Política Cultural do Estado, Joquinha Gonzaga dará continuidade nas realizações de oficinas de transmissão de saberes, exposições, apresentações culturais, palestras, entre outras ações, que significam a apropriação simbólica e o uso sustentável dos recursos patrimoniais direcionados à preservação e ao desenvolvimento econômico, social e cultural brasileiro, do Estado e garantir a visibilidade de Exu, onde Luiz Gonzaga deixou um patrimônio do Parque Asa Branca, onde está o Museu Gonzagão.

Este ano, no mês de janeiro 2020, Joquinha Gonzaga participou do primeiro Festival Nacional de Música 'Canta Gonzagão’, em Exu, onde ministrou para as crianças e adolescentes do Projeto Asa Branca, uma oficina de Sanfona. Em Ouricuri, Pernambuco, também em Janeiro fez apresentação no Forró do Poeirão onde mostrou a arte de tocar sanfona de 8 Baixos, a famosa Pé de Bode.

Contato para shows de Joquinha Gonzaga: WhatsApp (87) 999955829 e (87)996770618.
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REVELANDO A HISTÓRIA: LUIZ GONZAGA NO TRIÂNGULO E O OLHAR DE UM MENINO QUE APONTAVA PARA O FUTURO

Já dizia o poeta: “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”. Na certeza dessa premissa, a possibilidade de revisitar um passado feliz, nem que seja em pensamento, é sempre uma experiência prazerosa. E a fotografia tem esse poder. Ao olhar para uma foto, riquezas de detalhes são observadas e, na nossa mente, uma cena é reconstruída.

Momentos históricos de Exu, Pernambuco, terra de Luiz Gonzaga em tempos de recursos digitais, facilidades de armazenamento estão ao alcance de um clique. Agora a internet oferece um acervo de milhares de fotos com uma riqueza de detalhes impressionante.

Puxe pela memória e recorde dez anos atrás! E se a década for de 70 e 80? Imagine as dificuldades de um registro fotográfico, um livro. 

Daí resiste a importância do escritor e memorialista Rafael Lima, autor do livro dedicado à cidade do Crato, Ceará, "o Rei do Baião e a princesa do Cariri, criador do programa Gonzaguear no YouTube, ter postado uma foto não digital que agora é histórica. O acervo fotográfico só faz sentido se ele tiver na mão de quem tem interesse na história e na cultura. Não adianta só guardar. Nós temos que guardar e dar a ver ao mesmo tempo.

Na foto postada por Rafael Lima existe um tesouro da história. Na Imagem o Rei do Baião, mostra a diversidade do talento, tocando triângulo. O ex-prefeito de Exu, José Peixoto de Alencar está no clique. Pela primeira vez, essas imagens estão na internet e isto faz muita diferença.

A foto revelou uma surpresa. Quem é o então menino? Uma criança e seu boné? Um olhar sério e de esperança registrado em um clique?

O jornalista Ney Vital, apresentador do Programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga e Seus Amigos, na Rádio Cidade Am e editor do BLOG NEY VITAL, conversou com o personagem da foto. A criança é atualmente José Carlos Pereira da Silva. No próximo mês de novembro ele completa 41 anos. Ele revela que aquele dia era comemorado o aniversário de dona Maria Vicente, na época 90 anos. Ela morreu aos 105 anos. 

O local onde a foto foi registrada é na Fazenda Araripe. Puxando pela memória ele diz que na época "a Fazenda Araripe era um local amado por Luiz Gonzaga. Todo o progresso ali de energia elétrica e água através de um poço que abastece colégio municipal, tudo foi Luiz Gonzaga que trouxe e para isto era festa", conta José Carlos.

Os traços familiares de José Carlos traz a riqueza de um patrimônio cultural que Exu possui. Ele é neto de José Praxedes dos Santos, seu Praxedes, antigo vaqueiro de Luiz Gonzaga e um dos guardiões da memória do Rei do Baião, personagem que sempre é encontrado no  Parque Asa Branca. José Carlos é neto pelo lado materno de seu Antonio Raimundo, líder da Banda de Pife, um patrimônio de Exu e das novenas da Igreja de São João Batista do Araripe.

Em tempos de poucos olhares e valorização  para o passado e história, a foto postada por Rafael Lima é uma espécie de flagrante jornalístico, um passeio pelo tempo em Exu, do Rei do Baião, estampando alegria para o povo que ele tanto amava. Na foto ficou registrado o orgulho de quem o levava e a curiosidade de quem conseguiu chegar bem perto da história tecida por sons e música.

O melhor de enxergar o passado e sua riqueza com tantos detalhes é notar muito mais semelhanças do que diferenças. Os brasileiros, sertanejos, gonzagueanos do passado tinham em comum com os de hoje, os que vivem o século 21: o olhar, um misto de curiosidade e esperança apontando para o futuro. (Texto jornalista Ney Vital)
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