SEMINÁRIO ANTONIO CONSELHEIRO 190 AOS DE MEMÓRIA ACONTECE EM SALVADOR E CANUDOS

O centenário da morte de Antônio Conselheiro (1997) e da destruição de Canudos traz um paradoxo. Euclides da Cunha inseriu a guerra na memória coletiva, ao apresentar, em "Os Sertões", a visão de um país fraturado por mundos culturais conflitantes.

Historiadores e antropólogos se afastaram, porém, nas últimas décadas da interpretação de Euclides, criticado por sua avaliação negativa do movimento religioso e da atuação de seu líder, Antônio Conselheiro, que morreu em 22 de setembro de 1897, provavelmente em decorrência de um ferimento na perna, causado por estilhaços de bomba.

Euclides criou um retrato sombrio do Conselheiro como personagem trágico, guiado por forças obscuras, que o levaram à loucura e ao conflito com a Igreja e o governo.
Enfatizou o caráter sebastianista e messiânico de Canudos, cujos habitantes acreditariam no retorno mágico do rei português d. Sebastião, desaparecido no século 16, que voltaria para derrotar as forças da República e restaurar a monarquia.

Baseou-se nos poemas populares e nas profecias apocalípticas, encontrados nas ruínas da cidade, que julgou refletirem a pregação do Conselheiro. Explicou assim alguns dos aspectos misteriosos da guerra, como a luta quase suicida dos conselheiristas, ou a migração para Canudos em pleno conflito.

Para o pesquisador baiano José Calasans, começou a surgir a partir dos anos 50 um outro Canudos, diferente daquele criado por Euclides. Esse Canudos não-euclidiano se formou a partir da coleta dos testemunhos de sobreviventes e da revisão dos documentos sobre a guerra. O escritor paulista Ataliba Nogueira contribuiu para tal virada, ao divulgar, em 1974, os escritos do líder da comunidade em "Antônio Conselheiro e Canudos", que acaba de ser relançado pela editora Atlas.

Os sermões de Antônio Vicente Mendes Maciel, o Conselheiro, mostram um líder religioso muito diferente do fanático místico retratado por Euclides. Revelam um sertanejo letrado, cujas concepções políticas e religiosas se vinculavam a um catolicismo devocional, frequente entre os pregadores leigos do nordeste. Seu profetismo, com o ideal de martírio e o desejo de salvação, não continha, ao contrário do que Euclides supôs, crenças sebastianistas ou esperanças milenaristas na criação do paraíso na Terra.

Antônio Conselheiro começou a pregar por volta de 1870 pelo interior do Nordeste e a organizar mutirões para a construção de igrejas e cemitérios. Foi proibido de pronunciar sermões pela Igreja em 1882. Seus conflitos com a ordem estabelecida se agravaram com a proclamação da República. Conselheiro se opunha ao novo regime, que fizera a separação entre Estado e Igreja e introduzira o casamento civil.

Após tomar parte em rebelião contra a cobrança de impostos, fixou-se com seus seguidores em 1893 na região de Canudos, às margens do rio Vaza-Barris, no nordeste da Bahia. Criou Belo Monte como refúgio sagrado contra as secas da região e as leis seculares da República. Baseada na agricultura de subsistência e na criação de bodes para a produção de couros, a comunidade teve um crescimento extraordinário e atingiu uma população estimada entre 10 mil e 25 mil habitantes, criando tensão com os proprietários de terras.

O atraso na entrega de madeira, comprada em Juazeiro para a construção de uma igreja, foi o estopim de um conflito armado, que se estendeu por quase um ano, de 6 de novembro de 1896 a 5 de outubro de 1897. Quatro expedições militares foram enviadas contra Canudos e 5.000 soldados morreram nos combates.

Vitoriosas, as tropas da República se vingaram das derrotas sofridas. Prisioneiros foram executados e mulheres estupradas. As ruínas da cidade foram totalmente queimadas. O Exército cumpria as determinações do presidente Prudente de Morais, que declarara: "Em Canudos não ficará pedra sobre pedra, para que não mais possa se reproduzir aquela cidadela maldita".

Fonte: Roberto Ventura é professor de teoria literária na USP e autor de "Estilo Tropical" (Companhia das Letras); prepara uma biografia de Euclides da Cunha.

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ARTIGO: O SER TÃO PATATIVA DO ASSARÉ

5 de março de 2020 comemora-se os 111 anos de nascimento do maior poeta popular do Brasil: Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré. Para comemorar esta data, o Governador Camilo Santana sancionou em 2018 duas importantes leis de valorização da obra e da vida do poeta. A Lei nº 16.510/2018 que inclui a “Festa de Patativa do Assaré” (no dia 5 de março, em Assaré) no calendário oficial do Turismo e Cultura do Estado em parceria com a Prefeitura Municipal de Assaré e a Lei nº 16.511/2018 que cria a “Comenda Patativa do Assaré”, destinada a agraciar pessoas que tenham prestado ou prestem notórios serviços em prol do desenvolvimento da cultura popular e tradicional brasileira.

Na data de hoje estamos celebrando a vida e a obra de Patativa em sua cidade natal, realizando a entrega da Comenda e lançando o livro “O melhor de Patativa do Assaré”, organizado pelo professor Gilmar de Carvalho. Os agraciados da Comenda neste ano foram o cineasta Rosemberg Cariry; o pesquisador e jornalista Gilmar de Carvalho; a cordelista Josenir Lacerda; o cantor e compositor Raimundo Fagner; e o pesquisador e escritor Oswald Barroso.

O livro “O melhor do Patativa do Assaré”, editado pelas Secretarias da Cultura e da Educação do Estado do Ceará em parceria com a Fundação Instituto Patativa do Assaré e organizado pelo professor Gilmar será distribuído em escolas, bibliotecas, dentre outros espaços educativos e culturais. Mas o objetivo é estabelecer o contato e o tato de crianças e jovens, de professores e estudantes com a obra de Patativa do Assaré para que possam ler em voz alta e com o coração livre a sua poesia que diz tanto da gente por estar tanto em nós.

Patativa do Assaré é um intérprete do sertão e do sertanejo. O sertão está dentro de Patativa e ele dentro do sertão. Atravessa e é atravessado pelo sertão. Toda sua obra é uma travessia sertaneja de tradução e de criação literária de seu chão e de seu lugar no Brasil a partir do sertão caririense, cearense e nordestino. O sertão é sua geografia e seu tempo. O sertão é o seu grande livro aberto.

Patativa do Assaré é um clássico. E como tal, sempre o estaremos lendo e relendo-o, revistando-o e redescobrindo sua obra porque ela já faz parte de nosso inconsciente coletivo, de nossa memória social, de nossa identidade e patrimônio cultural. (Fonte: Fabiano dos Santos Piúba Autor do livro Patativa do Assaré – o poeta passarinho. Editora Demócrito Rocha).

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NOVAS TECNOLOGIAS COMO SUPORTES DO TEXTO NO MUNDO DAS LINGUAGENS LÍQUIDAS É TEMA DO 5º CLISERTÃO

Os poetas Antônio Francisco (Mossoró – RN), Chico Pedrosa (Paraíba) e Geraldo do Norte; a autora Luna Vitrolira (Recife); professor doutor Aderaldo Luciano, o escritor e jornalista Enzo Mangueira (Argentina), Mónica García (Chile) e Amado Ortiz (Paraguai), além de Sírio Possenti e João Wanderley Gerald, ambos pesquisadores renomados da Unicamp. Estas são apenas algumas das atrações confirmadas para a 5ª edição do Congresso Internacional do Livro, Leitura e Literatura no Sertão (Clisertão), que a Universidade de Pernambuco (UPE), Campus Petrolina, em parceria com a Prefeitura de Petrolina, vai realizar no município de 4 a 9 de maio próximo.

A programação com apresentações musicais, mesas redondas, exposições artísticas, feira de livros, visitas técnicas, exibições de filmes e conferências acontecerá no próprio campus da UPE com ações distribuídas em várias partes da cidade.

Na sexta-feira, 8 o professor, doutor em Ciência da Literatura, Aderaldo Luciano, às 16h20 faz Conferência: Erros, Equívocos, Enganos e Falácias sobre o Cordel Brasileiro. 

A grande novidade nesta edição fica por conta da realização do I Simpósio Internacional sobre Língua, linguagem, Literatura e Discurso do Vale do São Francisco, que vai trazer ao município nomes como o professor Dr. Philipe Joron, da Universidade Paul Valéry, de Montpellier – França.

Com o tema 'Novas Tecnologias como Suportes do Texto no Mundo das Linguagens Líquidas', o evento, segundo o coordenador, Genivaldo Nascimento, está inscrevendo os trabalhos até o dia 21 de março. "Juntos, estudantes, professores, escritores e pesquisadores nacionais e internacionais, iremos vivenciar um intercâmbio acadêmico com muita troca de conhecimentos e discussões acerca do universo literário", ressaltou, lembrando ainda que o Clisertão já é considerado o maior e mais importante encontro da área do livro do sertão pernambucano.

O Clisertão de 2020 contará com o apoio da Agrovale, Plenus Colégio e Curso, Secretaria de Cultura de Pernambuco/Fundarpe, Criatur, Clas Comunicação e Marketing, Curso de Redação Contexto, Facepe, Facape e Editora Vecchio.

A programação completa, com locais e horários detalhados, pode ser encontrada no site da UPE: https://clisertao.wixsite.com/congresso.    Dúvidas ou mais informações também através do email:clisertao@yahoo.com. (Fonte: Class Comunicação&Marketing)





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CURAÇÁ: 52 ARARINHAS AZUIS INICIAM QUARENTENA E FASE DE ADAPTAÇÃO À CAATINGA

O último dia 3 de março foi um dia histórico para a comunidade do município de Curaçá, Bahia. Conforme mostrado neste BLOG NEY VITAL, cinquenta e dois exemplares de ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) retornaram ao seu lar: a caatinga baiana. 

As aves vieram da Alemanha, por meio da organização não-governamental alemã Association for the Conservation of Threatened Parrots (ACTP) que, em parceria com o Governo Federal (representado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e Ministério do Meio Ambiente), repatriou as aves para o Brasil.

As aves chegaram em um voo fretado vindo da Alemanha e desembarcaram em Petrolina (PE).  A próxima etapa será a quarentena das aves no Refúgio de Vida Silvestre Ararinha Azul, unidade de conservação que foi criada em 2018 especialmente para receber e proteger as aves. 

Elas ficarão num Centro criado especialmente para elas, com 30 hectares. A quarentena, que durará 21 dias, é um período de observação para verificar e garantir a saúde das aves. O analista ambiental do ICMBio, Ugo Vercillo, explica que qualquer transferência de um animal traz risco de saúde sanitária, pois eles trazem potenciais patógenos de um lugar para o outro. Por causa de uma questão de segurança, apenas um número muito restrito de pessoas poderá ter contato com as ararinhas-azuis.

Após a quarentena, a equipe de especialistas começa a etapa de adaptação. Como sempre viveram em cativeiro, as ararinhas-azuis vão passar por um período de “testes”. No Centro, as aves vão aprender e desenvolver habilidades básicas para que possam sobreviver sozinhas. Inicialmente, suas aves-irmãs, as maracanãs, devem ser soltas juntas a um grupo inicial de ararinhas-azuis para que estas possam aprender com as maracanãs a como sobreviver na natureza.

Não se via uma ararinha-azul pelos céus do sertão nordestino desde 2000, quando o último espécime, um macho, desapareceu. Desde a década de 80, são feitos esforços para conservar a espécie, focados especialmente na última população selvagem conhecida, que residia nos arredores de Curaçá.
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PARAÍBA FESTEJA OS 90 ANOS DO COMPOSITOR ANTONIO BARROS

A Rádio Tabajara lança uma programação especial, ao longo deste mês de março, para celebrar a grande obra e os 90 anos de Antônio Barros - a se completar no dia 11 de março -. Os programetes, com exibição diária, apresentarão uma música por dia, com ficha técnica e algumas curiosidades. Esses especiais podem ser conferidos em duas edições, às 10h e às 17 horas, na programação da Rádio Tabajara FM 105,5.

De algumas décadas pra cá a dupla Antônio Barros e Cecéu é responsável por algumas centenas dos maiores forrós, xaxados e todo o balanço deste ritmo, que faz a alegria do São João nordestino. A programação especial será um mergulho na obra dos compositores de clássicos imortais como Forró N 1 “e haja fun, haja fun, haja fun, forró com esse fole é forró n 1”; Óia eu aqui de novo, Xaxando; Bate Coração “oi Tum Tum, bate coração”, Homem com H “nunca vi rastro de cobra, nem couro de lobisomem, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come...”; Procurando Tu; Proibido Cochilar; Forró do Xenhenhém...

São mais de 700 músicas gravadas, talvez 100 sucessos, mais umas 200 inéditas. Canções gravadas por ilustres como Luiz Gonzaga, Gilberto Gil, Alcione, Elba Ramalho, Ney Matogrosso, Jackson do Pandeiro, Genival Lacerda, Flávio José, entre outros.

Na programação especial da Rádio Tabajara, além das tradicionais execuções dos clássicos da dupla, os programetes para exibição diária, acontecem durante este mês apresentando uma música por dia, com ficha técnica e algumas curiosidades.

Os especiais podem ser conferidos em duas edições, às 10h e às 17 horas. A missão nobre de prestar reverência ao mestre Antonio Barros coube a dois talentosos forrozeiros da nova geração: Betinho Lucena, do ‘Os Fulano’ e Nívea Maria, do Trio Maria Sem Vergonha são os apresentadores desta deliciosa viagem pelo universo balançado de Antonio Barros e Cecéu. (Fonte: Rádio Tabajara PB)

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ECONOMIA SOLIDÁRIA MOSTRA VIABILIDADE E SUSTENTABILIDADE DOS EMPREENDIMENTOS

No próximo Dia do Trabalhador (1º de maio) merece uma reflexão sobre novos caminhos de impulso ao desenvolvimento socioeconômico na Bahia, no que tange à economia solidária, estratégia eficaz no enfrentamento das crises que acometem a economia globalizada, onde dois terços das pessoas ainda vivem no limiar da pobreza.

"O mercado formal não resolve tudo. Por isso é preciso termos políticas públicas sociais ativadas, onde a inclusão social seja uma meta e a melhoria da qualidade de vida uma nova realidade. Enquanto no plano nacional assistimos ao desmonte de programas sociais vitais para a população, na Bahia, fazemos diferente".

O governo do Estado, através da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte-Setre, destinou mais de RS 19 milhões para serem aplicados entre  2019 e 2020 nos Centros Públicos de Economia Solidária (Cesol), mantidos pela Setre, nos municípios de Salvador, Lauro de Freitas, Cruz das Almas, Guanambi, Itabuna, Pintadas, Juazeiro, Irecê, Monte Santo, Nilo Peçanha, Serrinha, Piatã e Vitória da Conquista.

O governo da Bahia é pioneiro e exemplo no Brasil em promoção de apoio e fomento à economia solidária. Já investiu R$ 55.804.325,00 (de 2015 a 2018), através da Setre, na implantação e manutenção dos Centros Públicos de Economia Solidária e por meio de financiamentos na promoção do comércio justo, na formação de redes e organização de catadores de materiais recicláveis ou de empreendimentos com matriz africana, entre outros projetos. 

De 2015 a 2018, os centros atenderam 2.270 empreendimentos. São mais de 10 mil famílias empreendedoras e 40 mil pessoas beneficiadas.

Os Centros Públicos de Economia Solidária são referências nas comunidades, conhecidos como Cesol: espaço multifuncional, centro aglutinador de oportunidades de geração de renda, fortalecimento e promoção do trabalho coletivo. Oferecem qualificação profissional e assistência técnica, microcrédito, apoio à comercialização, além da distribuição de insumos e equipamentos.

A economia solidária consolidou-se nos últimos anos como uma das principais alternativas de combate à exclusão social. Assume um valor e significado renovados, em face da conjuntura de recessão econômica e social que afeta o país e acima de tudo o trabalhador e a trabalhadora.

As iniciativas solidárias de trabalho surgem como respostas alternativas à marginalização e descompromisso crescente dos mercados, em um cenário agravado pela ausência de políticas públicas que estimulem este universo.

O setor ocupa atualmente mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais mais de 60% são mulheres, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Praticam a economia do compartilhamento, do cooperativismo, da solidariedade, da coletividade e da igualdade, do desenvolvimento humano e responsabilidade social.

A economia solidária torna-se, portanto, ainda mais relevante diante da realidade de crise socioeconômica brasileira. Urge, pois, incrementá-la ainda mais, energizando-a através de políticas públicas direcionadas especificamente a este universo.

A Economia Solidária promove condições ideais para que a economia solidária possa ampliar-se, contribuir com a inclusão social e, mesmo numa sociedade altamente competitiva e discriminatória, gerar mais emprego e renda, sobretudo, proporcionar uma vida mais digna para todos.

Em Juazeiro, Bahia duas empresas atuam com a Economia Solidária: Central da Caatinga (Central de Comercialização das Cooperativas da Caatinga). A Central da Caatinga é resultado de um processo de organização e valorização das atividades produtivas de diversos agricultores familiares. 

O Empório da Caatinga é um espaço comercial estratégico,  especializado na diversidade de produtos da agricultura familiar e da agrobiodiversidade brasileira, em especial do semiárido baiano. Esta iniciativa da Central de Comercialização das Cooperativas da Caatinga (Central da Caatinga), possibilita a visibilidade não só dos produtos das cooperativas filiadas mas também de outros empreendimentos que compartilham dos mesmos propósitos e interesses.

Os  participantes são selecionados levando em consideração os métodos de produção agroecológica, adoção das boas práticas de segurança alimentar, comercialização solidária, gestão coletiva e preservação ambiental. O endereço é Praça Aprígio Duarte Filho. Centro Juazeiro Bahia.

Já o Centro Público de Economia Solidária com sede no município de Juazeiro e é formado por uma equipe multidisciplinar, com serviços e atividades que envolvem assistências técnicas específicas.  Cesol atende cerca de 150 Empreendimentos da Economia Solidária nas áreas de artesanato, beneficiamento do leite e da mandioca, da agricultura familiar, e serviços através de uma gestão coletiva. O espaço é aberto a todo o público, de segunda a sexta, das 9h às 18h, e no sábado das 9h às 12h. Cesol está localizada na Rua Canafístula 148, bairro Centenário.

Ultima pesquisa foram identificados cerca de 20 mil empreendimentos em 2.274 municípios envolvendo mais de 2 milhões de pessoas. Cerca de sessenta porcento dos empreendimentos tem relação ou participam de movimentos populares.
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MÚSICAS COM O TEMA ARARINHA AZUL CONSCIENTIZAM E ENCHEM DE ESPERANÇA POPULAÇÃO DE CURAÇÁ, BAHIA

Qual é o canto da liberdade? Na semana do retorno das ararinhas-azuis para “casa”, fruto da transferência de 52 indivíduos trazidos da Alemanha para o nordeste brasileiro, os sertanejos mostram como é possível conscientizar com arte.

Músicas, criadas desde a extinção da ave na natureza, se tornaram hinos das comunidades de Curaçá, cidade do sertão da Bahia, uma das áreas onde a ararinha vivia. Como forma de clamar pelo retorno das aves, as canções foram passadas de geração em geração, e transformaram jovens em ambientalistas e praticantes da conservação.

A iniciativa tem as mãos de Fernando Ferreira, funcionário público da cidade de Curaçá, orientador de produção cultural e organizador de oficinas voluntárias para a comunidade. Ele, que não é nativo do município, veio de Barbalha (CE), mas fez da cidade baiana sua morada, há 25 anos.

Enquanto Fernando ali se fixava ao final dos anos 90, observava que as raras ararinhas-azuis estavam cada vez mais “sumidas”. Elas, que eram as donas do ambiente. “Eu descobri e fui me interessando pela luta e pela ação dos pesquisadores com relação à ararinha-azul e fui fazendo muitos trabalhos voluntários”, comenta.

Como Curaçá é uma cidade muito rica culturalmente, em 2000 (o mesmo ano em que a espécie foi dada como extinta na natureza) foi implantado um projeto que Fernando ajudou a idealizar. Com teatro, música, dança e educação ambiental, a proposta era cativar os jovens da comunidade para as artes e para o conhecimento da natureza.

“Nesse ano eu decidi criar a música ‘Brincadeira de Araras’. Ela tornou-se um hino que alimentava a esperança do retorno das ararinhas”, relembra. Em um vídeo recente e emocionante, crianças de Curaçá ensaiam a canção para apresentá-la no momento da chegada das ararinhas, estrofes que nunca pareceram fazer tanto sentido.

O orientador cultural explica que as ararinhas-azuis têm uma relação muito forte com as maracanãs-verdadeiras (espécie quase ameaçada). Nos anos 90, quando expedições encontraram uma única ararinha-azul na natureza, ela se relacionava com essas parentes, o que até alimentava as esperanças de reprodução de um híbrido. O fato não ocorreu, mas Fernando idealizou na música o momento em que as maracanãs clamavam pelo retorno das “amigas de voo”.

As produções culturais não pararam por aí. “Em 2016, ouvimos histórias de pessoas que haviam visto um vulto da ararinha na Caatinga. Alguns não acreditavam, mas eu acredito que a natureza dava o seu recado. Então, conversando com amigos, decidimos escrever a canção ‘Esperança Azul’”, conta o artista.

Com o município de Curaçá em festa pelo retorno das ararinhas, Fernando comemora também o atendimento que presta a cerca de 40 crianças, através das oficinas culturais. “Eu vejo a arte como um veículo de transformação e o meu trabalho com ela uma missão. Eu acredito em Deus e a principal obra Dele é a natureza, por consequência, eu acredito nela e sou um defensor”. (Fonte: Gabriela Brumatti, Terra da Gente-G1)
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