ZECRINHA BATISTA E OS TONS MUSICAIS DA MÚSICA BRASILEIRA

José Batista da Silva Sobrinho, nasceu em Senhor do Bonfim, Estado da Bahia, em 02/02/51. É conhecido no meio artístico, Zecrinha Batista. Influenciado pela música de raíz, cresceu ouvindo Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Trio Nordestino, Beatles, Bach, Mozart, Beethoven, Tom Jobim, Nelson Gonçalves, João Gilberto, Orlando Dias, Marinês entre outros. 

Ele conta que com a mistura "Nâo houve indigestão, houve, sim, um tremendo estalo"! Percebeu que respirava e transpirava normalmente rock, chula, xaxado, baião, xote, côco, afoxé e outros gingados. Uma mistura de sanfona, flauta, pífano, zabumbas, triângulo, pandeiro, viola, agogô.

Por isto foi despertando em si o seu senso musical. Sua primeira apresentação como instrumentista aconteceu em festival estudantil de sua cidade no ano de 1965. Ponto de partida para sua formação de diversos conjuntos de bailes.

Já como guitarrista, tocou em diversos grupos até 1973. Ganhando festivais regionais, dedicou-se a compor músicas e a se apresentar em casas noturnas de shows. Em 1974 foi morar no Rio de Janeiro e mais tarde, participou na cidade de Osasco, em São Paulo, do festival regional. Retornou a Salvador em 1976, onde radicou-se até 1982.

Depois, numa volta ao Rio de Janeiro, passou dois anos tocando nas noites cariocas. Voltou para Salvador em 1984, participando do extinto Projeto Pixinguinha, como instrumentista na banda de Alcyvando Luz, ao lado de estrelas como Elizete Cardoso, Maria Alcina, Ataulfo Alves Júnior e Moreira da Silva. Em 1993 apresentou-se com o show Bicho da Seda na programação paralela do Festival de Inverno de Ouro Preto (MG).

Na discografia inclui dois LPs (Cavaleiro Azul, em 1986; e Bicho da Seda, em 1992) e quatro CDs (Janela de Trem, em 1997, Tecendo Cantos, em 2002, Aurora Instrumental, em 2003, e Coletânea, em 2004). Nos últimos anos, produziu os CDs de vários novos intérpretes de suas músicas, a exemplo de Binha Campello (Pensando em Você), Glória da Paz (Palavras Medidas) e Vanni (À Flor da Pele).

Aconteceu que Zecrinha nasceu nordestino, lá pelo norte da Bahia, onde cresceu feito árvore de raízes profundas, abriu os olhos e a boca para o mundo e na sequência, realiza-se, feito pedra rolante, bruxo discreto, autodidata trabalhando com presteza as suas composições.

Em 2013, iniciou o seu disco intitulado `` Água Filtrada´´ com 13 faixas, composições próprias, incluindo Rosa Amarela, Maneca, Zeca de Oselina e Novela das seis.

Zecrinha também gravou os CDs, Perfil de Cantos, Aió de Bugigangas, Água Filtrada e este ano de 2018, Ararinha Azul.

Algumas das músicas Zecrinha compôs em parceria com nomes como Nilton Freitas, Manuca Almeida, João Energia, Kaka Bahia, Cardan Dantas, Marcio Salgado, Gilberto Lima, Lúcia Prisco, Miguel Araujo, Mário Jambeiro, Neto Bala e Waldizio.

Várias das composições foram gravadas por outros cantores, exemplo, Ubiratan Ferraz, Wilson Aragão, Nilton Freitas, Claudio Barris, Renan Mendes, Débora, Glória da Paz, Binha Campello, Zeu Lobo, Vanni, Miguel Araujo, Eliude, Welligton Miranda, Cicinho de Assis, Marcus Canudos, Farias, Xisto, Clarissa Torres, entre outros.

Zecrinha é um artista sempre em busco do novo. É um estalo de talento. 

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DOMINGUINHOS, MARQUINHOS CAFÉ E DORGIVAL DANTAS NO TOM DA GRATIDÃO

"Deus criou o sonho para indicar o caminho aos homens quando eles não sabem ver o Futuro".

No próximo dia 12 de fevereiro o cantor e sanfoneiro Dominguinhos, completaria 79 anos de idade. Dominguinhos em vida fisica foi um exemplo de simplicidade e imensa gratidão. A melodia é a prece que o homem dirige a Deus (aqui concebido Força Luz Energia) e a harmonia é a resposta que Deus dá ao homem. Dominguinhos e Luiz Gonzaga agora são eternos na Alma.

Dominguinhos sempre foi grato ao pai Chicão, tocador de 8 Baixos e a sua mãe Mariinha. Pobres. Muito pobres. Diversas vezes choraram a falta de pão, alimentos em sua mesa familiar. Um dia tocando sanfona, na condição de pedir uma ajuda (em nome de Deus), Dominguinhos e família são atendidos, na verdade visto por uma voz forte: era Luiz Gonzaga, então Rei do Baião, que naquele dia estava em mais uma de suas viagens ao agreste de Garanhuns, Pernambuco. Neste encontro, Dominguinhos ainda uma criança. 

Luiz Gonzaga, Rei do Baião. Já havia colocado o Nordeste o mapa da Música Brasileira mais trazia na memória a fiel gratidão pelo pai, tocador de 8 Baixos, Januário, o afamado tocador da região da Chapada do Araripe.

A prece de Gratidão sempre foi uma forma usada por Dominguinhos. O sanfoneiro sempre foi grato a Luiz Gonzaga que no Rio de Janeiro, em 1954, os presenteou com uma sanfona e daí em diante nunca mais faltou o pão de cada dia na mesa de Dominguinhos, que partiu no ano de 2013, considerado o discípulo mais talentoso do mestre Luiz Gonzaga.

A maioria dos sanfoneiros são de origens humildes. Famílias de pequenos agricultores. Na grande maioria a herança musical vem dos próprios pais, tocadores de sanfona ou pandeiro. 

Um deles Marcos Antonio da Silva, em 1996, era Marquinhos do Acordeon,  depois de vários conselhos e aprendizado com o pai Antonio, também sanfoneiro ganha o  III Festival de Sanfoneiros de Caruaru, Pernambuco que foi tão importante naquele momento que só as bençãos de DEUS mesmo para explicar esse acontecimento. Marquinhos, o menino do acordeon contava com 16 anos de idade.

Marquinhos Café é hoje cantor, compositor e sanfoneiro profissional. Além de uma trajetória artística pelo Brasil e Nordeste, já fez apresentação na Europa, junto ao Quinteto Sanfônico do Brasil. Venceu Festivais de Sanfona. É consagrado. Da sua voz vem sempre a Gratidão que tem pelo pai e sua mãe e o Mestre Camarão e todos aqueles que contribuíram para o momento presente. 

"Eu estava com dois anos apenas aprendendo a sanfona e foi um momento mágico de Deus.. saí em jornais todos os jornais de caruaru e também na Televisão. O valor ganho foi de muita importância pra mim, pois corri pra casa pra ajudar meus pais pagar dívidas de casa pois meu Pai estava desempregado e esse dinheiro gastei todo pagando água, luz, botijão de Gás e o mais importante.. comprar comida pois estávamos muito precisados em um momento difícil e que DEUS abriu essa janela nesse momento. E assim segui minha estrada junto com eles até quando DEUS permitiu sempre com o pensamento de puxar minha sanfona e nao passarmos mais tantas privações. E tó aí na estrada com minha sanfona levando minha musica e minha história a frente com muita fé em DEUS".

O depoimento é compromissado com um mundo de Paz e Luz. O tom certo de um caminho justo e vencedor e certamente representa outras centenas de histórias de sanfoneiros. Veio a lembrança do compositor João do Vale. Jackson do Pandeiro que venceram a fome.

O sanfoneiro, cantor e compositor Dorgival Dantas, é um outro exemplo. Ele escapou da desnutrição (fome). A falta de condições financeiras "levou embora" sete dos seus dez irmãos. 

"Lembro de todas as cenas, meu pai fazendo os caixõezinhos, a gente indo pra Igreja, cantando: “Adeus meu pai, adeus minha mãe, adeus meus irmãos, até quando Deus quiser”. Mãe com o paninho no ombro, chorando até o cemitério. Isso por sete vezes", recorda. Aos 16 anos foi obrigado a deixar o seu pé de serra, a cidade de Olho D´Água do Borges, Rio Grande do Norte.

"Uma noite, a luz era da lamparina a gás e eu só dormia depois que tomava uma garapa, que era água com açúcar. Lembro que um dia não tinha açúcar e eu pedi para a minha mãe: “Faça sem açúcar mesmo”. E ela me trouxe um copo d´água. Eu tomei e dormi". 

O tempo passou. Tudo passa. Hoje Dorgival Dantas se considera um “caboclo feliz, um sanfoneiro realizado e um homem de dois corações. Ele explica: "um é o coração que nasceu dentro de mim e o segundo é a música", ressaltando a sua eterna gratidão a Luís Gonzaga, Marinês, Oswaldinho, Dominguinhos e Sebastião do Rojão".

Dorgival Dantas atualmente vive da sanfona e sempre agradece. Sua poesia chegou a ser cantada por Roberto Carlos...Ana Carolina, Fagner...


E é assim qual diz o poeta compositor Virgilio Siqueira, a vida vai se tecendo com a força da própria vida. Daí não ser possível guardar na própria Alma, a transbordante força de uma causa.


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SEM RECURSOS DO PODER PÚBLICO, O PARQUE ASA BRANCA/MUSEU GONZAGÃO, EM EXU, ENFRENTA PROBLEMAS

O roteiro turístico do Cariri é formado por riquezas históricas, cultura popular, religiosidade, belezas naturais, entre outros atrativos. Do outro lado da encantadora Chapada do Araripe está Exu, em Pernambuco, município que faz limite com o Crato, e onde há um repertório vasto de bens materiais e imateriais que tornam a ida à terra natal de Luiz Gonzaga quase que obrigatória para quem visita o Sul do Ceará. Em apenas uma hora de viagem, é possível conhecer a vida do 'Rei do Baião' e edificações valorosas para a memória do País. Porém, a falta de cuidado e o tempo ameaçam esses patrimônios.

O Parque Aza Branca - escrito com Z (o Z em asa foi intencional, para que levasse o Z de LuiZ e de GonZaga), faz parte de um complexo de edificações que conta a história de um dos mais importantes artistas populares do Nordeste. Lá, está a fazenda que o 'Velho Lua' construiu às margens do Açude Itamaragi e que, hoje, abriga seu museu e, também, o mausoléu onde o ícone do forró está enterrado ao lado da esposa, Helena Cavalcante, do pai, Januário dos Santos, da mãe, Ana Batista de Jesus, e do irmão, o instrumentista Severino Januário. O espaço foi idealizado pelo filho de Luiz Gonzaga, Gonzaguinha.

Com média de 25 mil visitantes por ano, o equipamento reúne objetos pessoais, certificados, títulos, medalhas, troféus e prêmios que Gonzaga recebeu ao longo da carreira. Além disso, possui algumas sanfonas que o acompanharam em momentos marcantes, como o que tocou na visita do Papa João Paulo II, a Fortaleza, em 1980, e o último instrumento que empunhou antes de morrer. Nesse complexo, está ainda uma pousada que Gonzagão ergueu para receber amigos e artistas, e a residência onde seu pai, Januário, morou.

Contudo, desde dezembro do ano passado, o andar superior da casa do 'Rei do Baião' está interditado por questões de segurança. Há rachaduras no assoalho e nas paredes. O pavimento possui três cômodos, incluindo o quarto onde o músico dormia.

O prédio é administrado pela Organização Não Governamental Aza Branca, que mantém a estrutura com a venda de produtos como chapéus, camisas, entre outros, e o ingresso do museu, que custa R$ 4 (meia) e R$ 8 (inteira). Segundo o presidente da instituição, Júnior Parente, o complexo se mantém sem apoio do poder público desde 2014. O custo mensal é de R$ 15 mil. Outra fonte de renda são as festas realizadas no espaço, principalmente em 2 de agosto, data da morte de Gonzaga, e 13 de dezembro, dia do seu nascimento. Os artistas cantam de graça pela memória do Rei do Baião. "A gente consegue se autossustentar com a lojinha e o museu, mas recuperar uma coisa histórica não dá", lamenta Parente.

Tombado em 2009 pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), como "Ambientes de Origem e Memória de Luiz Gonzaga", o Parque Aza Branca demanda aprovação do órgão estadual para qualquer tipo de intervenção.

Em nota, a Fundarpe enfatizou que a legislação estadual de tombamento prevê que tanto a posse quanto a manutenção permanecem sob a responsabilidade de quem possui a propriedade do imóvel. Por outro lado, ressaltou que o Governo de Pernambuco investe no Festival Viva Gonzagão, promovido pela Prefeitura de Exu. "Com o recurso, a Prefeitura fomenta o turismo local ofertando programação cultural gratuita em praça pública", explicou.

Fazenda Araripe: A 12 quilômetros do Parque Aza Branca, no distrito de Araripe, está a casa de taipa de Januário, onde Luiz Gonzaga morou antes de fugir, aos 17 anos, para Fortaleza para servir no Exército. Também tombada pela Fundarpe, a casa se mantém fechada, contrariando o objetivo pelo qual foi restaurada em 2011.

A casa é mantida pelos remanescentes da família Alencar, mas, segundo a própria comunidade, o poder público não valoriza, mesmo com o turismo aquecido, segundo a professora aposentada Amparo Alencar, que recebe os visitantes. "Semana passada, vieram pessoas de cinco estados e conversamos por duas horas. A gente faz o que pode. Tudo aqui é feito por nós", garante.

Antes do centenário de Luiz Gonzaga, em 2012, a casa de Januário, segundo Amparo, "estava praticamente no chão". A professora lembra que a Fundarpe enviou R$ 10 mil para restauração, mas o valor foi insuficiente. "Conseguimos com um amigo engenheiro fazer o projeto gratuito e ainda tiramos R$ 2 mil do bolso", completa Amparo.

Em nota, a Fundarpe disse que a proposta era que o local fosse adaptado para visitação pública. O último relatório feito sobre o imóvel, em 21 de novembro do ano passado, constatou a casa fechada. (Fonte: Diário da Região-Antonio Rodrigues)
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UNIVASF REALIZA O EVENTO SÁBADO (8) DE ARTE EM SÃO RAIMUNDO NONATO, PIAUÍ

Este sábado (8) será dia de fazer arte no Núcleo de Extensão da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em São Raimundo Nonato (PI). O evento Sábado de Arte tem como objetivo reunir pessoas interessadas em cultura popular, produções artísticas e musicais, através da junção dos projetos de extensão ‘O Som do Pensamento’ e ‘VÁRIA - Artes e Violas na Caatinga’. O evento é gratuito e vai acontecer a partir das 16h.

O Sábado de Arte será dividido em dois momentos. O primeiro será com o projeto O Som do Pensamento, conduzido pelo professor Joaquim Izidro, e que será uma roda de conversa com público e artistas para discutir sobre o que não é dito a respeito das composições musicais. A segunda parte será o projeto VÁRIA - Artes e Violas na Caatinga, coordenado pelo professor Rainer Miranda, e que promoverá um momento em que os artistas realizarão um pequeno concerto com violas. O Sábado de Arte conta com a participação dos artistas locais Agnaldo Ribeiro e Marinaldo Ribeiro.

O professor do Colegiado de Antropologia Rainer Miranda, diz que o Sábado de Arte é uma oportunidade para que a população prestigie e valorize a cultural local. “A região de São Raimundo Nonato é carente de ações e ocasiões culturais que não sejam eventos ligados a grandes shows de consumo e entretenimento. O Sábado de Arte é uma ação de participação cultural e de formação de público”, finaliza Miranda.  (Ascom Univasf)

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PEDRO BANDEIRA POETA CANTADOR DE VIOLA SERÁ HOMENAGEADO NOS 50 ANOS DA MISSA DO VAQUEIRO DE SERRITA

A Missa do Vaqueiro realizada no Sítio Lajes, na cidade de Serrita, Pernambuco completa este ano meio século. Ano passado 2019 foi celebrado 30 anos de morte do Padre João Câncio, ele juntamente com Luiz Gonzaga e o poeta Pedro Bandeira idealizaram e criaram a Missa do Vaqueiro de Serrita.

Este ano os organizadores da Missa do Vaqueiro de Serrita divulgaram os homenageados da edição especial em comemoração aos 50 anos do evento, que ocorre em julho: o vaqueiro Júlio Duqueira e o poeta violeiro Pedro Bandeira, único fundador da festividade vivo.

Pedro Bandeira ajudou padre João Câncio e Luiz Gonzaga a criar a Missa do Vaqueiro em Serrita em 1970, lançando um grito por justiça social no Sertão nordestino. Já o vaqueiro Júlio Duqueira sempre foi fiel ao padre, auxiliando no projeto de execução do evento.

Todos os anos o poeta e o vaqueiro participam da celebração no Parque Nacional do Vaqueiro.

Serrita, Pernambuco, está localizado próximo a Exu, terra onde nasceu Luiz Gonzaga, ali no sítio Lages, um primo do Rei do Baião, no ano de 1951, Raimundo Jacó, homem simples, sertanejo autêntico, tendo por roupa gibão, chapéu de couro tombou assassinado.

Logo os amigos abalados pela atrocidade criam a Missa do Vaqueiro. Luiz Gonzaga, Pedro Bandeira, João Cancio e João Bandeira usam a música para advertir sobre a natureza subversiva de um crime: desigualdade social, injustiça social.

Com a poesia do compositor Janduhy Finizola ao gosto do estilo e do povo desde 1971 é cantada a Missa do Vaqueiro, ato de Fé e Memória de Raimundo Jacó. Homenagem a todos vaqueiros que ocorre sempre no terceiro sábado do mês de julho.

Serrita durante um final de semana torna-se a Capital do Vaqueiro. Forró e uma gastronomia ao sabor do milho, umbuzada, queijo e carne de sol. Aproveito e saboreio uma lapada de cachaça com caju antes da missa iniciar.

Serrita enche os olhos e coração de alegria e reflexões. O poeta cantador de Viola se faz presente ao evento e o peso dos seus mais de 80 anos ilumina com uma mágica leveza rimas e versos nos improvisos da inteligência. Vaqueiros e suas mãos calejadas, rostos enrugados pelo sol iluminam almas.

Em Serrita ouvimos sanfonas tocando alto o forró e o baião. Corpo e espírito ali em comunhão. A música do Quinteto Violado é fonte de emoção. A presença de Jesus Cristo está no pão, cuscuz, rapadura e queijo repartidos/divididos na liturgia da palavras.

Emoção! Forte Emoção é que sinto na Missa do Vaqueiro ao ouvir sanfona e violeiros: “Quarta, quinta e sexta-feira/sábado terceiro de julho/Carro de boi e poeira/cerca, aveloz, pedregulho/Só quando o domingo passa/É que volta os viajantes aos seu locais primitivos/Deixa no caminho torto/ o chão de um vaqueiro morto úmido com lágrimas dos vivos.

Assim eu vi é assim que conto...
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RIO SÃO FRANCISCO: A GUERRA DAS ÁGUAS E SEDE. PEQUENOS AGRICULTORES SÃO PROIBIDOS DE USAR ÁGUA DO VELHO CHICO

O jornal O Estado de São Paulo começou, no dia 02 Fevereiro 2020, dia de Iemanjá, a Série de reportagens especiais com o título "Guerra das Águas, Sede Escassez e Mortes no Interior do Brasil. O texto de Patrik Camporez, fotos e vídeos de Dida Sampaio. Com 12% de toda a água doce do planeta, as 12 regiões hidrográficas brasileiras, como as bacias do Rio São Francisco, do Paraná e do Amazonas – a mais extensa do mundo –, registram o “boom” dos conflitos. Hoje, os rios nacionais são sugados três vezes mais do que há duas décadas.

A reportagem mostra a desigualdade entre ricos e pobres nas margens do Rio São Francisco nos canais de irrigação. Segundo a informação os “vigias da água” usam drones, três moto-patrulhas e uma viatura caracterizada para evitar a retirada de água de antigos canais do Rio São Francisco, 24 horas por dia. 
A criminalização de quem não tem água é um drama a mais no semiárido. 

Os vigias trabalham para uma firma de segurança que presta serviço à empresa Distrito de Irrigação Nilo Coelho (Dinc), uma terceirizada da estatal Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf). Os canais proibidos para boa parte dos moradores e sitiantes foram construídos ainda nos anos 1980 e 1990 para irrigar, especialmente, plantios de frutas para exportação.

A equipe de reportagem estava próxima do canal, em Petrolina, quando testemunhou o momento em que um morador se aproximou do curso com um balde e um barril, olhou para os lados e, mesmo demonstrando medo, tirou a água dali. Era Cosme Angelo, 26 anos, que dividiria o barril com 20 vizinhos.

Cosme se queixou de que a mesma água disponível à irrigação é proibida para os moradores. “É uma luta diária. Se eu for pegar água direto no rio, tenho que buscar a mais de 20 quilômetros, nas costas. Então, prefiro correr o risco de me verem e chamarem os vigias da água para fazer a ocorrência”, desabafou, ofegante.

Confiram reportagem Jornal Estadão. O texto de Patrik Camporez, fotos e vídeos de Dida Sampaio.

Nos últimos cinco anos, 63 mil boletins de ocorrência foram abertos em delegacias do País por causa de brigas por água. É o que mostra levantamento inédito do Estado. As desavenças envolvem hidrelétricas, companhias de abastecimento, comunidades tradicionais, fazendas, pequenas propriedades e indústrias. Há duelos também entre Estados – São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, se enfrentam no STF pelo Rio Paraíba do Sul.

Para detalhar esses conflitos, Patrik Camporez e Dida Sampaio percorreram áreas do Amazonas, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas, Pará, Paraíba, Pernambuco, São Paulo, Tocantins e Distrito Federal. E encontraram de poços guardados pelo Exército a lagos vigiados por escolta armada e canal cercado por muro.

É mais um tempo de tensão e sede no semiárido. Numa sala de 40 metros quadrados, decorada com monitores de alta resolução em um prédio no interior de Petrolina, em Pernambuco, o vigilante Flávio Silva tem uma visão ampla dos canais. Ele e outros sete colegas contam, ainda, com um drone, três moto-patrulhas e uma viatura caracterizada para evitar a retirada de água de antigos canais do Rio São Francisco, 24 horas por dia. A fiscalização irrita os sertanejos que não conseguem pagar licença de cerca de R$ 3 mil para abastecer seus sítios e casas.

Os “vigias da água” trabalham para uma firma de segurança que presta serviço à empresa Distrito de Irrigação Nilo Coelho (Dinc), uma terceirizada da estatal Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf). Os canais proibidos para boa parte dos moradores e sitiantes foram construídos ainda nos anos 1980 e 1990 para irrigar, especialmente, plantios de frutas para exportação.

Tudo indica que, a partir da entrega da nova transposição do rio, iniciada em 2007, as regras de distribuição também sejam proibitivas para os pequenos produtores. A preocupação tornou-se real com a decisão de prefeitos e governos estaduais de deslocarem vigilantes e policiais militares para os eixos, com o objetivo de vigiar onde a água começa a correr. O governo tem dado prioridade ao abastecimento humano e ainda não definiu como será a partilha para a irrigação.

Enquanto isso, os sertanejos se arriscam em retiradas clandestinas, numa disputa silenciosa com a firma terceirizada pela empresa Dinc. “Nossa presença intimida, mesmo a gente não sendo polícia”, disse o vigilante Flávio.

A criminalização de quem não tem água é um drama a mais no semiárido. A equipe de reportagem estava próxima do canal, em Petrolina, quando testemunhou o momento em que um morador se aproximou do curso com um balde e um barril, olhou para os lados e, mesmo demonstrando medo, tirou a água dali. Era Cosme Angelo, 26 anos, que dividiria o barril com 20 vizinhos.

Cosme se queixou de que a mesma água disponível à irrigação é proibida para os moradores. “É uma luta diária. Se eu for pegar água direto no rio, tenho que buscar a mais de 20 quilômetros, nas costas. Então, prefiro correr o risco de me verem e chamarem os vigias da água para fazer a ocorrência”, desabafou, ofegante.

Plantador de manga na zona rural de Petrolina, Francisco das Chagas Ferreira Garcia, o Tico Vaqueiro, migrou com a família de Exu para Petrolina há 23 anos.

A migração no rumo do rio provocou inchaço populacional e acirrou as disputas por água na área onde os exportadores de frutas se instalavam. O projeto do Distrito de Irrigação Nilo Coelho é administrado pela Codevasf. Tico Vaqueiro, 54 anos, só planta em metade dos 20 hectares de sua propriedade, pois não consegue elevar a conta de água, que já chega a R$ 4 mil. “As empresas conversam direto com o governo e conseguem mais água. Por outro lado, se um pequeno furar um cano e colocar uma bomba-sapo, vai preso”, disse.

O casal Rosa Maria dos Santos Landin, de 54 anos, e José Pedro Landin, de 56, não sabe de onde vai tirar água para matar a sede de 360 cabras. A menos de cem metros do sítio deles passa o Eixo Norte da nova transposição. O canal foi inaugurado no fim do governo Michel Temer, mas a água não atingiu volume para ser distribuída.

A obra ainda depende de estações de bombeamento e finalizações dos reservatórios. Rosa e José acreditaram que a água chegaria logo e investiram em plantio de lavoura e criação de cabras. Perderam dinheiro. Para manter os animais, a família sai em busca de garoba, uma planta que contém água.

De volta ao sítio, Rosa e José começaram a contagem das cabeças. Animais não têm retornado. Com o desmatamento da Caatinga, onças se aproximaram à procura de presas domésticas.

Como bichos têm caído no canal, de cinco metros de profundidade, e moradores e produtores retiram água sem autorização, o governo construiu um muro para impedir o acesso. “A água fica pertinho e não podemos tirar. Agora, fizeram essa parede aí”, reclamou Rosa. “Para a gente tomar banho, lavar roupa, saciar as cabras, tinha que ser essa aí mesmo. Com o muro, nem essa temos. Meu Deus do Céu!”

O pequeno produtor João de Deus Gonçalves, de 65 anos, costuma conferir, todos os dias, se a obra foi retomada. “Não tenho esperança de que a transposição vá funcionar. Ela anda um pouco para frente e se deteriora para trás”, disse. “Sempre tem bomba queimando, erro de engenharia.”

O Eixo Norte da transposição era para levar água de Cabrobó até o Ceará e o Rio Grande do Norte. A água, porém, não passou de Pernambuco – o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, prometeu que isso ocorrerá em breve. João de Deus testemunhou cada passo da obra, desde as primeiras “picadas” abertas no mato durante o governo Fernando Henrique Cardoso.

A nova transposição do Velho Chico foi licitada por R$ 4,5 bilhões, mas já consumiu, em 13 anos, R$ 10,8 bilhões. O governo Lula estimou que a conclusão dos dois eixos, Norte e Leste, ocorreria em 2012.

Agora, a gestão de Jair Bolsonaro promete finalizar a obra até o fim do mandato. No ano passado, o Ministério do Desenvolvimento Regional aplicou R$ 1,3 bilhão no projeto, com investimentos na manutenção e na pré-operação. 
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SETOR DE ÔRGANICOS FATURA R$4,6 BILHÕES; ALTA DE 15%

O setor de produtos orgânicos faturou R$ 4,6 bilhões no Brasil em 2019, segundo balanço da Organis, entidade setorial dos orgânicos, o que representa aumento de 15% em relação ao faturamento de 2018, quando o valor chegou a R$ 4 bilhões.

A entidade avalia que os números de exportação também foram bons para um ano de grande variação cambial: em torno de U$ 190 milhões (26 empresas associadas), alta de 5,5% em relação ao ano anterior (R$ 180 milhões).

“Nossa estimativa tem base no aumento de toda cadeia. A principal feira do setor de orgânicos, a BioBrazil, cresceu 33% em número de expositores. Tivemos muitos brasileiros visitando as principais feiras internacionais do setor, mais do que em outros anos, na busca por ideias e conceitos com potencial para ser trabalhados por aqui. Rompemos a barreira das 20 mil unidades produtivas e o varejo entendeu a importância do orgânico no portfólio dos saudáveis”, disse Clauber Cobi Cruz, diretor da Organis.

Para Cruz, o setor tem grande potencial de desenvolvimento. “Isso, se as condições econômicas tivessem sido favoráveis e se o consumidor já houvesse consolidado seu entendimento sobre o que é um produto orgânico”, avaliou. De acordo com o diretor, a tendência para este ano é positiva e ele estima que o mercado brasileiro de orgânicos deve crescer no mínimo 10%.

Uma tendência apontada pela Organis é o aumento da relevância da produção orgânica como parte da solução das questões ambientais.

O setor deverá atrair mais iniciativas, tanto públicas como privadas, que intensificarão as ações de fomento. “A experiência bem-sucedida de ver os orgânicos em movimento nos anima a manter o otimismo para 2020, que tende a se firmar como um ano de sistematização de informações da cadeia produtiva, da semente ao cliente”, disse Cruz. (Fonte: Agencia Brasil)
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