"O ANO DE 2020 SERÁ DE MUITA CHUVA", DIZ AGRICULTOR E PROFETA DA CHUVA

Os profetas da chuva irão se reunir nesta sexta-feira, 20, e sábado, 21, para realizar previsões sobre a quadra chuvosa em 2020. 

O evento é promovido pelo campus de Tauá, Ceará em parceria com campus de Boa Viagem do IFCE, esta será a 4ª edição do Encontro dos Profetas da Chuva dos Inhamuns, uma parceria entre IFCE, a Universidade Estadual do Ceará (Uece) e a Prefeitura Municipal de Tauá.


Os profetas são moradores da zona rural que criam previsões a partir do que observam sobre a natureza. É levado em consideração a transformação na atmosfera e no ecossistema, além da posição dos astros. Geralmente, os profetas aprendem as técnicas de observação com os avós e outros familiares, que perpassam o talento por gerações.

"O próximo ano será de muita chuva". A profecia foi feita pelo agricultor Venceslau Batista, de 84 anos, que há décadas observa os sinais da natureza para saber se a pluviometria será generosa durante a quadra chuvosa, que se inicia em fevereiro e segue até março. Morador do Perímetro Irrigado Icó-Lima Campos, ele é conhecido como "profeta da chuva", nomenclatura dada ao sertanejo que faz previsões de tempo e de clima a partir de observações das mudanças do ecossistema, da atmosfera, dentre outros métodos tradicionais de previsão. 

"Aprendemos com nossos pais, avós e damos continuidade a essa tradição", explica. Os "profetas" observam alguns sinais da natureza que, segundo eles, indicam o volume da chuva. Um deles é a florada do juazeiro e da aroeira. Quando, nesta época do ano, as árvores estão com a copa cheia, é sinônimo de boas chuvas. "Encontrei um ninho de joão-de-barro com a entrada da casa virada para o poente e isso é bom", detalha o que ele acredita ser outro "sinal da natureza". "Nos anos anteriores eles faziam a abertura virada para o nascente, ou seja, era indicação de pouca chuva", complementa.

O agricultor aposentado, Francisco Dias, também faz previsões para o período de chuvas. O profeta costuma colocar pedras de sal sobre uma tábua na noite anterior ao dia dedicado à Santa Luzia, que foi festejado no último dia 13. São seis pedras e cada uma delas representa um mês do ano a partir de janeiro. "De março, abril e maio, as pedras ficaram úmidas, sinal de chuva nesses meses", ensinou. A próxima observação, explica Francisco, será a primeira lua cheia do ano. "Estou animado porque os tetéus não fizeram ninhos nas lagoas e é sinal que vem chuva no começo do ano".

Em Quixadá, no Sertão Central do Estado, os profetas também já iniciaram as observações. Assim como fez Francisco Dias, a professora aposentada Lurdinha Leite, também repousou pedras de sal sobre uma madeira na noite de 12 de dezembro. "As pedrinhas se desmancharam em todos os meses na tábua. Fiquei muito feliz. Vamos ter bom inverno, com a ajuda de Deus", comenta Lurdinha.

Essas previsões, segundo avaliam os profetas da chuva, não se trata "de fé", mas de "conhecimento sobre a natureza", conforme explica Francisco Leite, que também participa, ao lado de Lurdinha e outros observadores, de um encontro anual em Quixadá, realizado sempre no mês de dezembro. "Conhecer os sinais da natureza é uma questão de sobrevivência na caatinga", pontua ele, que, com 20 anos, é o profeta mais novo de Quixadá. O mesmo grupo vai se reunir no dia 10 de janeiro do próximo ano, para divulgar o prognóstico oficial para a quadra chuvosa de 2020. "Os indícios são bons, mas vamos esperar a barra da lua cheia de 2020 para confirmar", diz. Este encontro é considerado o maior do gênero no País.

O cenário de boas chuvas para o início do próximo ano no Ceará é corroborado pelo prognóstico divulgado por meteorologistas do Clima Tempo. De acordo com o especialista Filipe Pungirum, a previsão para "janeiro e fevereiro é de bastante chuva". Ele explica que a Zona de Convergência Intertropical (Zcit), que é o principal sistema indutor de chuva no norte do Nordeste, "está em posição favorável" para incidência pluviométrica durante estes dois meses. 

Outro fator observado por Pungirum é a ausência de atuação dos fenômenos El Niño e La Niña. "Essa neutralidade é um bom indicativo para ocorrência de chuvas no Ceará", avalia, ao prever que "a qualidade de chuva de 2020 vai ser melhor em comparação ao ano passado". Para dezembro, no entanto, o Clima Tempo prevê chuvas abaixo da média. Em janeiro, uma nova análise, para os meses de janeiro, fevereiro e março, será feita.

Já a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) não realiza prognóstico para os meses de dezembro e janeiro, período que corresponde à pré-estação chuvosa. No entanto, o órgão deve divulgar, em janeiro, a previsão para os meses de fevereiro, março, abril e maio.

Para os sertanejos, essa expectativa que gira em torno das chuvas de 2020, pode ser explicada através de números. Apesar de a pluviometria registrada, ao longo deste ano, estar 6% acima da média histórica, essas chuvas não foram suficientes para garantir recarga hídrica satisfatória à maioria dos açudes. (Fonte: Diário do Nordeste)

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PROJETO MANDALA AGROECOLÓGICA PROPÕE ALTERNATIVA DE PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL AOS AGRICULTORES FAMILIARES

Canteiros circulares em uma pequena área e em seu centro um galinheiro. O cultivo de diferentes espécies em equilíbrio, em um sistema que tem a capacidade de se autossustentar. Este é o projeto Mandala Agroecológica ou Projeto Agroecológico Integrado Sustentável (PAIS), desenvolvido no campus Petrolina Zona Rural do IF Sertão-PE, que já vem gerando resultados.

De acordo com o orientador do projeto, professor Amâncio Holanda, a ideia do PAIS é mostrar para pequenos produtores que é possível produzir a partir da mandala agroecológica, gerando alimentos saudáveis, sem o uso de agrotóxicos, que possam alimentar a família e também ser uma alternativa de fonte de renda, através do comércio de excedentes. 

“Acima de tudo é um projeto que visa a educação ambiental, porque há uma preocupação muito grande desse sistema com o meio ambiente. No sistema convencional, com o passar do tempo, a terra vai ficando cada vez mais cansada, pobre. Aqui é o contrário, a terra terá mais nutrientes, vai reter mais umidade e diminuir a evaporação”, explicou.

Ao longo de seis canteiros, dispostos de forma concêntrica, são cultivadas desde hortaliças, frutíferas, plantas medicinais até ornamentais. Implantado em março, o sistema já reúne pés de quiabo, cebolinha, mandioca, batata doce, abóbora, melancia, tomate, couve, alface, coentro, mamona, banana, coco, dentre outros. No centro do círculo, um galpão comporta galinhas poedeiras, que consomem alimentos do próprio sistema e têm liberdade para andar por piquetes instalados ao longo dos canteiros. “Tudo aqui é feito dentro do próprio sistema, eu não compro adubo, eu não uso agrotóxico, a gente não fala de pragas, doenças, ervas daninhas, tudo são seres vivos importantes para o meio que em algum momento se equilibra”, disse Amâncio.

O projeto conta com o trabalho do bolsista Lucas Marinho e de voluntários, como o estudante de Agronomia e um dos idealizadores da mandala, Ermeson Santos. “Este é um projeto promissor porque pode ser adaptado para várias realidades, principalmente para o pequeno produtor. Não é nada muito difícil, porque não são necessários muitos recursos. Nós buscamos sempre aproveitar de alguma forma o que a natureza nos dá”, afirmou Lucas.

Para Ermeson, o trabalho realizado já está dando resultados. “Além de trabalhar a questão da agroecologia, é uma mostra para o produtor que com pouco ele pode produzir muito, com boa qualidade e de forma sustentável”. 

O PAIS é aberto à visitação, que deve ser agendada através da Coordenação de Extensão do campus Petrolina Zona Rural. Para 2020, o professor Amâncio Holanda está planejando dias de campo com pequenos produtores. No momento, a área é um ambiente permanente para a realização de aulas práticas.

 Ines Guimaraes / Ascom IFSertão
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'BOLSONARO É MUITO IGNORANTE' PORQUE 'NÃO FOI ALFABETIZADO PELO MÉTODO PAULO FREIRE', DIZ FILHA DO EDUCADOR BRASILEIRO

Cristina Freire Heiniger, de 72 anos, filha do educador Paulo Freire, falou com a RFI com exclusividade sobre as críticas sistemáticas feitas pelo presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, ao educador. Nesta semana, o líder da extrema-direita do Brasil voltou a atacar “esse tal de Paulo Freire”, depois de chamá-lo de “energúmeno”. Para Bolsonaro, Freire é o responsável pela baixa qualidade da educação no Brasil. Ele relaciona as ideias do educador ao resultado do país no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), que nunca foi bom.

“Ele chamou meu pai de quê? De energúmeno? Que idiota. Talvez ele, simplesmente, não esteja sabendo que o método de alfabetização é para adultos. Se se trata de jovens e adolescentes, não se vai usar Paulo Freire. Ele é muito ignorante. Bastava que ele soubesse isso. É um método para alfabetizar. Nesse caso, o energúmeno é ele, o nosso presidente”, disse Heiniger, que mora em Genebra desde os 24 anos, quando o pai foi para a Suíça como exilado.

Ela diz que, para o gosto dela, Bolsonaro não deveria ter vencido as eleições presidenciais porque, segundo ela, não governa para o Brasil inteiro e “não representa todos os brasileiros, longe disso”. “Por isso, se permite, como o energúmeno que ele é, dizer o que diz do professor Paulo Freire”, reiterou, por telefone.

Perguntada pela RFI sobre as razões por trás das críticas sistemáticas do presidente ao educador, Heiniger disse, rindo, que é porque ele “não foi, justamente, alfabetizado pelo método Paulo Freire”. Também as classificou como “uma estupidez enorme”.

“Ele é um ignorante, analfabeto, em minha maneira de ver, no sentido de não ver a realidade tal qual. Ele, simplesmente, está atrasado demais da conta. A prova é que, hoje em dia, é vergonhoso dizer na Europa que você é brasileiro. A Europa está escandalizada com nosso presidente. Paulo Freire, sem nunca ter sido presidente porque — aliás, ele nunca quis — foi melhor educador do que ele, presidente. Isso não há dúvida”.

Na avaliação de Heiniger, o Brasil se dividiu entre os que estão com Bolsonaro e os que estão com Paulo Freire. “Quando se fala de Paulo Freire fora do Brasil, é só elogio. Quando se fala no Brasil – o próprio presidente e os que estão com ele —, só jogam m...! Pois, com muito prazer, eu chamo ele (Bolsonaro) de energúmeno, gostei. É difícil de pronunciar, mas ele também é um homem difícil de compreender devido a sua ignorância”, afirmou.

Heiniger não tem vontade de responder diretamente a Bolsonaro, porque “ele não merece que eu diga nada para ele”. “Eu o considero um ser humano. E já é muito. Não tenho a menor vontade de responder a ele. Nem ruim nem bom. Ignoro. E não só pelas coisas erradas e injustas sobre meu pai. Ele não merece meu comentário”, completa.

O fato de Bolsonaro citar tanto Paulo Freire tem o efeito contrário do esperado, na opinião dela. 

“Se ele fosse mais inteligente, não deveria fazer tanta balbúrdia, e esqueceríamos Paulo Freire, mas a atitude dele mostra a ignorância desse homem. Ele não percebe que está atiçando que se defenda Paulo Freire. Mas ele continua criticando, dizendo mentiras. Pelo amor de Deus, só com muita paciência. Esse presidente envergonha os brasileiros”, desabafou.

Fonte: Época
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FESTIVAL DE CINEMA NO INTERIOR EDIÇÃO ESPECIAL VELHO CHICO ACONTECE ENTRE OS DIAS 18 A 23 DE DEZEMBRO

O Sertão vive mais uma jornada cinematográfica com a realização do "Festival de Cinema no Interior - Edição Especial Velho Chico", a partir da próxima quarta-feira (18), das 14 às 18hs, em Petrolina. O evento se estenderá até a segunda-feira (23) incluindo outras cidades do Vale do São Francisco como Santa Maria da Boa Vista, Orocó, Petrolândia e Cabrobó.

Petrolina foi escolhida para a abertura do festival, onde ocorrerá a cerimônia de pré-lançamento dos filmes: "Jamakaru", "Rio Mar", "A Menina da Ilha", "O Menino que Tinha Medo do Rio", "Cantigas, o Sertão e suas Danças"*. As obras serão exibidas para os ribeirinhos por meio da Rede Orient Cinemas, no shopping da cidade e estará em cartaz para o público da região, a partir da quinta-feira (19).

O idealizador e diretor geral do Cinema no Interior, Marcos Carvalho, explica que todas as ficções foram roteirizadas, produzidas e protagonizadas pelos moradores dos municípios de Cabrobó, Santa Maria da Boa vista, Orocó e Petrolândia.

"Com o auxílio das oficinas formativas oferecidas pelo projeto Cinema no Interior, os ribeirinhos participaram de todo o processo de realização dos filmes, desde a elaboração do roteiro, composição do elenco e produção das obras", comenta Marcos Carvalho. Ele explica ainda que a proposta do Festival é despertar o interesse das comunidades interioranas em trabalhos de pesquisa audiovisual valorizando a própria região.

"A difusão do patrimônio cultural das cidades ribeirinhas sanfranciscanas e o incentivo na realização de novos projetos audiovisuais para a região compõem parte dos objetivos do Festival, que nesta edição de 2019 aborda diversos aspectos relacionados ao Velho Chico e ao meio ambiente", conclui Carvalho.

A programação do evento inclui a mostra itinerante "Cinema no Interior – Edição Especial Velho Chico" nas cidades ribeirinhas, além de mostra interna competitiva, premiações, homenagens e palestras. Haverá ainda, oficinas de "Roteiro para Cinema", "Elaboração de Projetos Audiovisuais", rodada de negócios e ações ecológicas com a arborização nas margens do rio São Francisco.

O "Cinema no Interior – Edição Especial Velho Chico" foi selecionado no edital do FUNCULTURA Audiovisual 2017/2018 e no edital Festivais SAV/Minc/2018, conquistando incentivos do Governo do Estado de Pernambuco, Funcultura e do Governo Federal, FSA/BRDE/ANCINE.

O projeto conta ainda com a parceria do Festival Internacional de Cinema de Contis (França),  Rede Orient Cinemas, TV Grande Rio, Nobile Suítes Del Rio Petrolina e das Prefeituras Municipais de Santa Maria da Boa Vista, Orocó, Cabrobó, Petrolândia e o apoio do população ribeirinha.

A venda dos ingressos será feita na bilheteria do Cine River.

Os interessados em participar das palestras, oficinas e em obter outras informações, devem entrar em contato pelo e-mail: festival@cinemanointerior.com.br  

Abertura: 18 de dezembro de 2019

Horário: das 14h às 18h

Local: Orient Cinema, River Shopping, Petrolina-PE

Mostra aberta ao público: a partir de 19 de dezembro de 2019,

*Venda de ingressos na bilheteria do cinema

Ascom Cinema no Interior
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SEXTA EDIÇÃO DO FESTIVAL INTERNACIONAL DA SANFONA ACONTECE ENTRE OS DIAS 26 A 28 DE DEZEMBRO

A VI edição do Festival Internacional da Sanfona, sediado em Juazeiro, no norte da Bahia, será realizado entre os dias 26 e 28 de dezembro. É um evento que reverencia a sanfona, mostrando toda sua beleza e importância, encerrando o ano com o melhor da sanfona do Brasil e do mundo.

O Festival que acontece no Centro de Cultura João Gilberto. Durante os três dias os visitantes poderão apreciar a exposição de sanfonas, terem aulas de sanfona 120 baixos, Jam Sanfona Session, participar de workshops e assistir a shows de vários artistas como: Ivan Greg, Fernando Ávila, Petar Maric (Sérvia), Chico Chagas, Olivier Forel (Suíça), Danilo Cruces (Chile), Targino Gondim e Quinteto Sanfônico do Brasil, dentre outros.

PROGRAMAÇÃO: VI Festival Internacional da Sanfona. 26 a 28 de dezembro de 2019

Quinta, sexta e sábado:
09 horas: Exposição de sanfonas (novas, usadas, montagem, afinação) Marciano Marçall -Foyer
09 horas: Aulas de sanfona 120 baixos (com Chico Chagas) - Sala Multiuso
17 horas: Jam Sanfona Session - Foyer

WORKSHOPS - Sala Multiuso 
Quinta (26/12) - A partir das 15h
Por Dentro do Fole – com Fernando Ávila

Sexta (27/12) - A partir das 15h
Como nasceu o acordeon? Piano dos pobres ou órgão dos ricos? – com Olivier Forel & Danilo Cruces

Sábado (28/12) - A partir das 15h
Acordeon & Tecnologia – com Petar Maric

SHOWS –  ARENA
Quinta (26/12) - A partir das 20h
Ivan Greg
Silas França
Fernando Ávila

Sexta (27/12) - A partir das 20h
Raniel Pernalonga
Petar Maric (Sérvia)
Chico Chagas

Sábado (28/12) - A partir das 20h
Duo Internacional de Acordeon – “Dos Alpes aos Andes” com Olivier Forel (Suíça) & Danilo Cruces (Chile)
Targino Gondim
Chico Chagas
Marciano Marçall
Quinteto Sanfônico do Brasil - Encerramento

Serviço:
VI Festival Internacional da Sanfona
Data: 26, 27 e 28/12/2019
Local: Centro de Cultura João Gilberto
Endereço: Rua José Petitinga, bairro Santo Antônio, Juazeiro, Bahia.

Fonte: Isabela Ornellas
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SEU LUIZ GONZAGA DO NASCIMENTO, O REI DO BAIÃO

Para além de um artista nordestino, Luiz Gonzaga foi cantador de todo um País, e como tal permanece trinta anos depois de sua morte. No último dia 13 de dezembro, se vivo estivesse, completaria 107 anos, e não por acaso, a data celebra, também, o Dia Nacional do Forró.

Como um dos gênios da Música Popular Brasileira, senão o maior deles, é indispensável e sempre será, trazê-lo à tona para reforçar a perenidade de sua obra e o peso trazido à identidade brasileira, urbanizando o xote, o xaxado e o baião quando de Exu, no Sertão pernambucano, propagou o Nordeste em prosa, versos e cantorias entremeadas às bonitezas e agruras inerentes à Região.

E nem é preciso tomar por base os números de sua trajetória, para se chegar à conclusão de que Luiz Gonzaga foi 'Rei', embora mereça ressalva citar a vendagem desenfreada dos seus 78rpm's e LP's a partir da década de 1940, com suas cantorias ressentidas e entoadas pelo pujante de uma voz sertaneja que bradava letras emprestadas de parceiros fieis como Zé Dantas, Humberto Teixeira, Zé Marcolino e João Silva, entre tantos outros compositores que assinaram as centenas de músicas gravadas por ele.

Luiz Gonzaga do Nascimento tem inteireza cultural incontestável e integra o imaginário do cancioneiro nacional, como artista cuja imensidão de legado, sob a regência de uma sanfona, percorre do instrumental a movimentos como a Tropicália e o Udigrudi.

O universo gonzagueano é vasto, imensurável, sem fim. Permanece intacto e ressoado, mesmo quando vem à tona em ritmos estilizados, universitários e ausentes da tríade sanfona, triângulo e zabumba, "Seu Luiz" se faz presente como referência maior, seja em releituras, shows ou rodas de diálogos, é lembrança incontroversa. É Luiz Gonzaga parte da alma brasileira.

Fonte: Folha de Pernambuco/Germana Macambira.
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EXPOSIÇÃO ROGAI POR NÓS DESTACA A FÉ DOS NORDESTINOS

O Nordeste é uma região onde se crê, e a fé do nordestino em Deus ajuda a explicar a forma como nos inserimos no mundo. Para falar de devoção e tentar entender um pouco mais como somos, a Arquidiocese de Olinda e Recife e a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) estão promovendo, em parceria, a exposição "Rogai por nós", que acontece, nos salões do Museu de Arte Sacra de Pernambuco (Maspe), no Alto da Sé, em Olinda. 

Quem visitar o espaço, até o mês de julho, vai se deparar com bibelôs de anjinhos, crucifixos, terços de madeira, imagens antigas e até saquinhos de São Cosme e São Damião. Ricos ou pobres, antigos ou atuais, todos representam a ligação com o Divino e estão expostos lado a lado, sem separação nem julgamentos. Afinal, como questiona Frei Rinaldo Pereira, diretor do Maspe, aos olhos de Nossa Senhora, haverá alguma diferença em relação ao valor das preces feitas diante de uma imagem barroca do século 17 e outra, de gesso, produzida na semana passada?

"Rogai por nós" mescla os acervos da Arquidiocese e do Museu do Homem do Nordeste (Muhne), uma das unidades de atuação da Fundaj, reforçando um dos propósitos da fundação: ocupar outros espaços e, assim, atingir novos públicos. A curadoria da mostra ficou a cargo da antropóloga Ciema Mello, que atua como museóloga do Muhne. Mas ela nega a autoria do projeto, explicando que uma grande equipe trabalhou conjuntamente.

"O Muhne é um museu de antropologia, e, portanto, sem ligações religiosas, mas damos muita atenção à forma como vivem aqueles que representamos. E o Nordeste seria incompreensível sem a presença de Deus, tão forte é a influência na vida das pessoas. Casa rica ou casa pobre, dificilmente você entra na morada de um nordestino e não encontra um pequeno oratório, seja uma imagem suntuosa, com resplendor e anel de prata, seja um santinho de papel comprado por cinquenta centavos", aponta Ciema.

Ela não quis dar detalhes acerca da quantidade das peças que compõem a mostra. "Isso não é relevante, o importante é a representação da fé, a devoção de quem reza. O fiel é íntimo dos santos, a quem pede pela cura da doença, por ajuda na solidão, pelo ingresso na Universidade, pela aquisição da casa própria e até para ganhar no bicho e poder comprar um botijão de gás", descreve.

Para Frei Rinaldo, que já promoveu diversas exposições de arte sacra no Maspe, o grande diferencial de "Rogai por nós" é justamente a parceria com a Fundaj. Ele ressalta que a mostra está estruturada de forma "muito provocativa". 

"As pessoas que vierem serão levadas a pensar, neste momento de mercado da fé onde há tantas propostas e tantas ofertas, se de fato a experiência de fé pode ser comprada ou adquirida a partir de um cheque que eu passo, ou se pode ser vivida como um dom de Deus", critica, fazendo alusão à exploração da boa fé praticada por alguns segmentos religiosos.

Para ele, a exposição revela um diálogo entre as raízes antropológicas e a experiência da fé verdadeira, daquela que "está perto do Sagrado, do transcendente que é inerente a cada pessoa" e não pode ser comprada, e sim "vivenciada e conquistada sem ser por meio de uma campanha de proselitismo". "Rogai por nós é uma expressão simples, mas que condensa todo o anseio de esperança na intercessão que aprendemos no seio de nossas famílias, no colo de nossos pais", finaliza.

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