FALTA DE VACINA CONTRA SARAMPO NOS POSTOS DE SAÚDE DE JUAZEIRO PREOCUPA MÃES DE CRIANÇAS

A partir desta quinta-feira (22), as crianças de seis meses a menores de 1 ano devem ser vacinadas contra o sarampo em todo o país. A redação deste Blog NEY VITAL constatou que apesar da propaganda do Governo Federal falta a vacina nos Posto de Saúde do Angari e do bairro São Geraldo, em Juazeiro, Bahia.

Várias mães mostraram preocupação com a falta de vacina contra o sarampo. De acordo com informações da assessoria de imprensa, o Ministério da Saúde enviará 1,6 milhão de doses a mais para os estados. O objetivo é intensificar a vacinação desse público-alvo, que é mais suscetível a casos graves e óbitos. A medida é uma resposta imediata do ministério devido ao aumento de casos da doença.

Atendendo à recomendação do Ministério da Saúde (MS), a Secretaria de Saúde de Petrolina orienta pais e responsáveis por crianças na faixa-etária de seis meses a menores de um ano, que estejam com viagem marcada para algum município que apresente surto ativo de sarampo – nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Pará e Bahia – a vacinarem seus filhos contra a doença. A imunização deve acontecer num prazo máximo de 15 dias antes de viajar.

De acordo com a secretária executiva de Vigilância em Saúde, Marlene Leandro, todas as unidades básicas disponibilizam a vacina tríplice viral – que protege contra o sarampo, caxumba e rubéola – dentro do calendário nacional de vacinação. Ela ressalta que a iniciativa do Ministério é mais uma medida de segurança, com o objetivo de interromper a cadeia de transmissão do vírus do sarampo no país.

O Sarampo é uma doença infectocontagiosa grave causada por um vírus (Morbillivirus) que é transmitido pelas secreções respiratórias e provoca inflamação generalizada nos vasos sanguíneos.

Segundo o Ministério da Saúde, a vacinação é preventiva e deve alcançar 1,4 milhão de crianças, que não receberam a dose extra, chamada de dose zero, além das previstas no Calendário Nacional de Vacinação, aos 12 e 15 meses.

“Assim, além dessa dose que está sendo aplicada agora, os pais e responsáveis devem levar os filhos para tomar a vacina tríplice viral (D1) aos 12 meses de idade (1ª dose); e aos 15 meses (2ªdose) para tomar a vacina tetra viral ou a tríplice viral mais varicela, respeitando-se o intervalo de 30 dias entre as doses”, esclarece o ministério.
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CARNAVAL: GALO DA MADRUGADA VAI HOMENAGEAR XILOGRAVURA E CORDEL EM 2020

Em 2020, o Galo da Madrugada vai celebrar a cultura popular. Com o tema "Xilogravuras no cordel do frevo", a agremiação promete exaltar a arte da literatura de cordel, difundida no Agreste de Pernambuco. O artista J. Borges, um dos principais nomes da xilogravura e da arte do cordel, foi escolhido para representar os artesãos de todo o País no desfile, que, no próximo ano, acontece no dia 22 de fevereiro. O maior bloco de rua do mundo também passará a usar um selo de sustentabilidade.

As novidades foram anunciadas durante coletiva de imprensa nesta quarta-feira (21), na sede do Galo, no bairro de São José, Centro do Recife. O presidente do bloco, Rômulo Meneses, conta que a ideia de homenagear a xilogravura surgiu após uma visita à oficina de J. Borges, em Bezerros, no Agreste.  "É uma forma de dar um impulso a essas duas artes muito fortes no Nordeste e trazer o público para olhar essa cultura", afirma. 

Para marcar a homenagem, o xilógrafo J. Borges receberá o primeiro selo "Gigante Guardião da Cultura", que será entregue anualmente a profissionais que contribuem com a cultura local. Ele também fará ilustrações para a festa. "O desfile do Galo é um dos melhores do mundo e eu me sinto muito honrado. Participo do bloco desde os anos 80", recorda.
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RODA DE CONVERSA ABRE O I SEMINÁRIO DE FORMAÇÃO SINDICAL NO SERTÃO DA BAHIA E PERNAMBUCO

Uma série de Seminários de Formação Sindical no Sertão Pernambuco e Bahia- Sindicalismo no Brasil: história e desafios serão realizados entre os dias 24 de agosto e 07 de dezembro.

O tema O dilema da liberdade sindical dará início aos debates quando será realizado no Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe Regional do Sertão Médio São Francisco), a partir das 8h30, no sábado (24), uma roda de conversa. O Sintepe está localizado na Avenida Souza Filho, 798 – Centro, Petrolina.

O sindicalista Gilberto dos Santos Santana (Sindicato dos Eletricitários da Bahia) será um dos participantes do debate, que terá Erlon Alves (IFSERTÃO) como expositor, mediação de Queila Patricia Silva Santos (Unegro), debatedores Vanderlei Carvalho (Univasf), José Fernando Souto (Univasf).,

A ação tem como objetivo introduzir os participantes no estudo científico da história e desafios do sindicalismo brasileiro, com especial atenção a suas expressões no sindicalismo desenvolvido pelos trabalhadores e trabalhadoras na região sertaneja dos estados de Pernambuco e Bahia.

Poderão inscrever-se no evento professores (de quaisquer níveis de ensino), sindicalistas, estudantes (de quaisquer instituição de ensino) e interessados na temática. 

Os seminários serão realizados entre agosto e dezembro de 2019 (uma vez ao mês no sábado).
1º SEMINÁRIO – 24/08/2019: O dilema da liberdade sindical
2º SEMINÁRIO – 14/09/2019: A questão racial no universo sindical
3º SEMINÁRIO – 19/10/2019 : Juventude e sindicalismo
4º SEMINÁRIO – 09/11/2019: As primeiras mulheres sindicalistas da história brasileira e as questões de gênero no âmbito sindical
5º SEMINÁRIO – 07/12/2019: Organização das bases no trabalho sindical
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PESQUISADORES DA UNIVASF COORDENAM INVESTIGAÇÃO SOBRE MORTE DE ABELHAS NO VALE DO SÃO FRANCISCO

Pesquisadores do Centro de Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna), da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), estão investigando as possíveis causas de morte e desaparecimento de abelhas na região. 

A pesquisa foi motivada a partir de um inquérito, instaurado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), após criadores de abelha e produtores de mel relatarem que houve uma diminuição na ocorrência da espécie Apis mellifera na região, nos últimos anos, sem causa identificada. Para a realização do estudo, o Cemafauna conta com o apoio da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Cardiff, no País de Gales.

Para o estudo, o Cemafauna realizou a coleta de abelhas mortas e do mel produzido por essa espécie. “A pesquisa envolveu somente a Apis mellifera por ser a espécie de interesse dos apicultores que diagnosticaram o problema na região”, conta a coordenadora da pesquisa no Cemafauna, a bióloga Aline Andrade. Ela destaca que esta espécie é responsável por grande parte da polinização de frutos. “Embora seja exótica, ela tem ampla distribuição por todo o país, com importante papel ecossistêmico nos serviços de polinização e, consequentemente, na produção de frutos”, explica.

O material coletado foi enviado para a Universidade de São Paulo, para ser analisado por pesquisadores. Nas primeiras análises, foi identificada a presença de substâncias químicas nas cutículas (pele) das abelhas. Estas substâncias são encontradas em pesticidas utilizados nas lavouras agrícolas.

De acordo com Aline, a morte e o desaparecimento das abelhas pode ter origem em diversos fatores, como a mudança climática, o desmatamento da vegetação e até mesmo o uso de agrotóxicos nas plantações. Para uma análise mais detalhada, as amostras foram enviadas para os pesquisadores da Universidade de Cardiff. Esta etapa do estudo está prevista para ser concluída no final deste ano.

A bióloga do Cemafauna destaca a importância da Univasf para a realização da pesquisa. “A Universidade pode fornecer o conhecimento científico e contribuir para as tomadas de decisões para a manutenção e aumento das cadeias produtivas, tanto dos produtores de mel e outros produtos apícolas, assim como para produção agrícola”, observa ela.

O Cemafauna também atua em outros dois projetos que envolvem abelhas. O “SOS Resgate de Abelhas Africanizadas em Área Urbana” e o “Resgate de Abelhas sem Ferrão nas áreas do Projeto de Integração do Rio São Francisco”, que têm o objetivo de resgatar abelhas que estão expostas na cidade de Petrolina (PE) e em áreas do Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF).

Ascom Univasf
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NO SERTÃO 115 MUNICÍPIOS ESTÃO EM ESTADO DE EMERGÊNCIA DEVIDO A FALTA DE CHUVAS

O atual ciclo da seca que atinge o Nordeste e o interior de Pernambuco desde 2012 está menos intenso. De acordo com o novo Mapa do Monitor de Secas, publicado esta semana, áreas do Agreste e do Sertão que se encontravam em situação de seca extrema ou excepcional tiveram este ano um período de chuvas mais regular e agora apresentam uma estiagem de moderada a grave. 

A previsão é que o cenário se mantenha nos próximos meses. Apesar disso, continua em vigor o decreto de situação de emergência para 115 municípios das duas regiões.

Segundo boletim climático da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), em julho, choveu no Sertão pouco menos de 50 milímetros, quase o dobro do esperado para o mês. No período chuvoso da região, de janeiro a abril, o nível de precipitação registrada também foi mais alto que a média histórica, o que possibilitou a redução na intensidade da seca. 

De acordo com a meteorologista da Apac, Edvânia Santos, para medir o nível de seca de um lugar, são considerados diversos fatores. “A chuva é um dos indicadores, mas utilizamos também índices de seca e vegetação que colocamos no mapa e vemos se os impactos da seca aumentam ou diminuem em longo ou curto prazo”, detalha.

A intensidade e a duração da estiagem também dependem do período chuvoso. “Se o período de chuva for ruim, não enche reservatório, não tem lavoura e afeta a agricultura e a alimentação de animais. Então, quando chega o período de estiagem normal da região, isso tende a se agravar”, explica a meteorologista. 

Os dados aparecem um mês após o governo do estado ampliar de 62 para 63 o número de municípios do Agreste em situação de emergência por causa da estiagem. No Sertão, segundo a Coordenadoria de Defesa Civil (Codecipe), são 52 cidades, contempladas por decreto que vence em setembro. O subcoordenador do órgão, major George Vitoriano, diz que, apesar da redução na intensidade da seca, a medida segue em vigor.

“Estamos fazendo um levantamento nos municípios. Com base nisso é que verificamos se há caracterização da situação de emergência ou não. Com essa diminuição da seca, é possível que haja mudanças no próximo decreto, mas vamos ver outros fatores”, afirma. Dessa forma, para revogar a medida, é preciso ter um período mais prolongado de normalidade. “Deve ser o suficiente para que a região possa se restabelecer”, explica o major Vitoriano.
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A HISTÓRIA MOSTRA QUE NOS TEMPOS MAIS SOMBRIOS É SEMPRE A CULTURA QUE NOS SALVA

Apesar de oito meses do governo Bolsonaro, os alemães ainda lutam com o sentimento de consternação sobre a dinâmica insana que acometeu o Brasil. E, como a história já nos mostrou várias vezes, nos momentos de triunfo do mediano e do medíocre mostra-se propício o desmantelamento sistemático de tudo o que instiga a subjetividade. Nos tempos mais sombrios da história, é sempre a cultura que nos salva. 

Em maio passado, durante a palestra do escritor brasileiro Luiz Ruffato em Berlim, a cientista política Claudia Zilla, do Instituto Ciência e Política (SWP, na sigla em alemão), já havia atestado ao governo Bolsonaro “ferramentas fascistas”. A imprensa europeia, em peso, denomina o governo de “extremista de direita” e a galopante destruição da Amazônia é o assunto principal quando se fala de Brasil em 2019.

Naquela noite de domingo, 11 de agosto, na Filarmônica inaugurada em janeiro de 2017, apelidada de “Elphie” e que em dois anos já se tornou a maior atração de Hamburgo, podia-se claramente perceber uma eletricidade no ar, mesmo antes de ter início uma verdadeira peregrinação pelos incontáveis números de escada até chegar ao salão principal. Quanto mais perto do palco é o lugar, mais escadas você precisa subir, algo que ganha o cunho de uma peregrinação, que se executa com paciência para ver Gilberto Gil.

Ele voltou para a vida e traz no semblante uma serenidade de quem viu a morte de perto e até mesmo teve uma prosa com ela. Na abrangente turnê que fez pelo Velho Continente e em tempos que regem o ódio e o culto do mesmo, Gil trouxe serenidade, reflexão e uma postura esbanjando dignidade através da arte. Em nenhum momento ele se pronunciou politicamente num discurso acalorado ou até mesmo com qualquer pronunciamento, e o mais irônico de tudo é que sua passagem por Hamburgo não poderia ter sido mais política. Ele falou de sua perplexidade com o ódio nas redes depois de iniciar o show com a faixa carro-chefe do disco OK OK OK.

Le Grande Segneur no palco mais prestigioso e de ímpar relevância urbana cultural do norte da Alemanha teve sua presença sublinhada pelo Zeitgeist, no qual nada remete ao Brasil que fomos antes. Os alemães e os brasileiros foram lá para abraçar Gil e tudo o que ele representa. E o baiano mais cosmopolita do mundo não decepcionou.

Afago na alma: Há tempos, a vinda de artistas brasileiros à Alemanha era, em sua essência, um afago na saudade de quem vive na diáspora, para matar a saudade da terrinha e vê-los cantar as músicas que a gente quer ouvir. Nos últimos três anos, houve uma total mudança de paradigma. A apresentação de musicxs brasileirxs é, quase sempre, um evento político. O diferencial de Gil, além da bagagem musical inquestionável, é que ele foi ministro da Cultura e esse fato torna a sua presença ainda mais relevante.

Ao contrário do que se espera num ambiente elitista de uma Filarmônica, muitos brasileirxs conseguiram adquirir ingressos, se fazendo presentes em cores, idioma e posicionamento. Não faltou o burburinho em português pelos corredores, nem a bandeira verde e amarela e nem mesmo a faixa “Lula Livre”. Por nenhuma coincidência, as duas estavam lado a lado.

Meticuloso ritual
Antes do show, os músicos fazem fila para dar beijinho no mestre, que recebe o carinho dos súditos enfileirados. Isso pode-se ver num post no Instagram de Gil.

O aplauso inicial foi solícito e ainda manteve o protocolo na hora da entrada dos músicos. Alguns segundos depois, Gil – vestindo um blusão e calça de linho de cor bege, concebidos pela estilista Flavia Aranha – adentrou com passos largos e firmes o Olimpo da música erudita com seu violão debaixo do braço, como um trovador ou repentista e seu inseparável instrumento de trabalho. Interpretando a linguagem corporal, a postura de naturalidade foi uma dobradinha de um artista que se sente em casa nos principais palcos do mundo, mas também sabe que tem de ir aonde o povo está.

Gil recebeu aplausos calorosos, mas ainda engessados com a preocupação de pagar tributo ao mestre, mantendo um cerimonial. Ao meu lado estava o jornalista Markus Kritzokat, do jornal Die Welt (O Mundo), que não se continha de felicidade ao obter informações de insider, incluindo o significado do Dia dos Pais no Brasil, bem ao contrário do que significa na Alemanha. Aquele domingo na Filarmônica foi uma celebração da família Gil, que tinha quatro músicos da família no palco.

Quatro pedacinhos foi a segunda canção do repertório de vinte músicas. Depois da execução, Gil fez uma longa explicação sobre a homenagem à médica que “mandou seus colegas tirarem quatro pedacinhos do meu coração. Ainda bem, nada de um problema grave, só problemas normais”, revelou, arrecadando risos da plateia, ainda preocupada com o protocolo de reverência ao grande artista que veio de tão longe.

Antes de executar Yamandu, em homenagem ao compositor e guitarrista Yamandu Costa, nascido em Passo Fundo, sul do Brasil, Gil passou a resenha: “Essa música é em homenagem a um grande guitarrista do Sul. Ele é muito bom”. Mesmo que ninguém conheça esse nome, a plateia se deliciava com as explicações e detalhes de Gil. Detalhes, a paixão secreta dos alemães!

Depois veio a obra-prima na parceria de Gil e João Donato, Lugar Comum, que se mostra com a dinâmica de um bom vinho: quanto mais velho, melhor. O que viria na sequência foi a cereja do bolo e o momento mais sublime do show: a homenagem àquele que foi responsável por Gil ter largado o acordeão e se aventurado no violão depois de ouvir Chega de Saudade na rádio. João Gilberto. Seu discípulo delineou a importância do mestre da bossa nova em sua carreira e na de inúmeros artistas, citando alguns nomes, como os de Caetano Veloso, Carlinhos Lyra e Tom Jobim.

Depois de executar Drão, em voz calma e sem nenhuma pressa, ele explicou: “Fiz essa música para a minha segunda esposa. Mas a próxima (música) não é sobre minhas histórias, é sobre um outra pessoa”, e ratificava seu gesto esticando o braço e acenando com a mão. Foi nessa hora que o jornalista ao meu lado perguntou: “São quantas esposas, afinal?” “Acho que são três”, respondi. “O Google diz quatro”. “Então vai no Google”, retruquei.

O texto da composição dispensa análise, mas a interpretação de Gil de Se eu quiser falar com Deus me fez lutar com o impulso de chorar compulsivamente frente a tanta beleza somada à virtuosidade e ao delinear matemático das sílabas de uma língua de beleza de estontear os sentidos. Decerto que ter visto a morte de perto transforma a interpretação dessa música através da proximidade do tema que Gil delineou em várias entrevistas na TV.

A morte de João Gilberto, há pouco mais de um mês, parece ter ampliado a percepção da canção para o próprio artista e para os ouvidos de quem capta a sonoridade numa sala que se orgulha de ter a melhor acústica do mundo. Que a construção era para ter sido concluída em 2010 e que, ao invés de 789 milhões de euros, tenha custado de fato 866 milhões, são fatos facilmente esquecidos, mas a fatura fecha no concepção de construir “um templo cultural para todxs”.

Banda De Luxe
A meticulosidade dos arranjos alinhavados pelo diretor musical, Bem Gil, e a escolha dos músicos – especialmente Tiago Queiroz no sax (alto e barítono)/flauta e Diogo Gomes no trompete /flugelhorn – fazem uma dobradinha com super groove, incluindo coreografia!

Em dinâmica super bem alinhavada, o repertório foi mexendo com o público sério-über e preocupado com o tributo ao ilustre visitante. O primeiro ápice foi com Nossa Gente (Avisa lá). Os sisudos das primeiras filas, detentores dos ingressos mais caros, levantavam e sacolejavam anos de letargia corporal. Gilberto Gil também cura, minha gente!

Com Maracatu Atômico, de Jorge Mautner, e a linda homenagem ao grande Chico Science, Gil finalizou seu plano de transformar a Filarmônica num “caldeirão de bruxas”. Ele andava em passos largos ao redor da banda, acenava e instigava a dançar e bater palmas todas as esquinas do local. “Canta comigo, Hamburgo!”.

O ápice de uma noite que ficará na retina e nos ouvidos de todos que ali estavam foi com Toda menina baiana.

No camarim, Gil recebia algumas pessoas. Em volta, sempre os dois anjos da guarda: Gilda, a produtora, e Flora, a esposa e empresária de Gil. O visitante conversava, tirava selfies e, ao chegar a mim, ainda em consternação total do que acabara de ver, eu disse: “Você é mesmo uma pessoa muito abençoada para fazer os alemães ficarem dessa forma que acabamos de ver. Em décadas de Alemanha, eu nunca vi isso”. 

Gil expressou também sua surpresa, não escondendo a alegria pelo êxito. Também para a banda, que se confraternizou com brasileirxs ao lado do ônibus estacionado à beira do porto, Hamburgo foi muito especial, comparando com o resto da turnê. Entre todos os show de Gil que presenciei – nas areias da praia de Ipanema, no réveillon de Copacabana, em Mainz, em Munique, em Montreux e em Berlim -, esse foi o melhor. De todos.

O jornal esquerdista berlinense Die Taz titulou: “Energia contagiante vale mais do que remédio” (em tradução livre).
O jornal regional de Hamburgo publicou artigo com seguinte manchete: “Polonaise pelo grande salão – Defesa da arte”.
O jornal de centro-direita Die Welt (O mundo), cujo autor sentou ao meu lado direito, escreveu: “Com a mente clara e coração aberto”.

*Fatima Lacerda é carioca, radicada em Berlim desde 1988 e testemunha ocular da queda do Muro de Berlim. Formada em Letras (RJ), tem curso básico de Ciências Políticas pela Universidade Livre de Berlim e diploma de Gestora Cultural e de Mídia da Universidade Hanns Eisler, Berlim. Atua como jornalista freelancer para a imprensa brasileira e como curadora de filmes.
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EXPOSIÇÃO MUSEU HOMEM DO NORDESTE SEGUE ATÉ OUTUBRO EM PETROLINA

A caravana do Museu do Homem do Nordeste desembarcou pela primeira vez em Petrolina, no Sertão de Pernambuco. A exposição itinerante está aberta a visitação até o dia 11 de outubro na galeria de artes Ana das Carrancas, no Sesc de Petrolina. Estão expostas fotos, vídeos e objetos, que proporcionam ao visitante um mergulho nas obras do artista visual Jonathas de Andrade, que traz no sangue e na essência, a vontade de mostrar o poder e a identidade nordestina.

Muitos desses projetos já rodaram o mundo. “É um projeto meu que são os cartazes para o Homem do Nordeste, que eu pego emprestado o nome de um museu que existe em Recife desde 79, que é um museu clássico, com artefatos, criado pelo Gilberto Freire e crio outro museu, convidando trabalhadores pra pousar pra os cartazes do museu. E aí surge a obra cartazes, que tem são 77 cartazes, que estou trazendo um recorte pra Petrolina e com ela, eu entendi, que vários dos meus projetos que lidam sobre Nordeste, sobre aspectos do Nordeste, eles poderiam ser entendidos como um museu, ele mesmo”, explicou Jonathas.

Jonathas de Andrade escolheu a dedo os trabalhos expostos, suas experiências e vivências. “O nordeste sempre foi uma inspiração pra mim, mas eu trabalho entre a ficção e a realidade, e nessas estratégias, os projetos convidam o público pra pensar questões que às vezes passam batido no dia a dia. Aqui tem uma corrida de carroças que eu organizei em 2012 no recife, tem o filme Levante, que conta um pouco dessa história, tem o ABC da cana, que são fotografias com os trabalhadores da cana, que eu peço pra eles fazerem todo o alfabeto com formas da cana-de-açúcar e outros projetos”, contou.

Mais do que apenas contemplar e refletir sobre a essência das obras do Jonathas, o público vai poder também fazer parte literalmente da exposição. Quem quiser, vai poder manipular um quadro interativo com letrinhas magnéticas e registrar a presença através de uma selfie. “Minha ideia é que os trabalhos se aproximem das pessoas e que não seja nada como aquela arte, que a gente costuma ouvir falar, arte que a gente não entende”, ressaltou.
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