Simplicidade e resiliência do sertanejo inspiram projeto Rumos

"- Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. Alvejei mira em árvores no quintal, no baixo do córrego." Assim começa um dos maiores clássicos da literatura brasileira, Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. A fala é do personagem Riobaldo, jagunço aposentado que inicia um diálogo com um interlocutor ao qual se sente inferior. Riobaldo se vê como “só um sertanejo, muito pobre coitado”, definindo-se quase como uma coisa sem valor, de pouca importância, uma nonada. 

A artista plástica Juliana Pessoa explica que, mais do que apenas o nome do seu projeto, nonada é o conceito por trás de toda a obra. Para ela, é da aparente simplicidade do sertanejo que nasce sua sabedoria. “Riobaldo inicia dizendo que não é nada importante, exatamente porque ele bem sabe que vai tratar de coisas sérias e grandes. Assim, nonada guarda o paradoxo de ser simultaneamente algo e também o seu oposto”, filosofa.

Foi a partir desse conceito que Juliana decidiu que a série de desenhos a ser desenvolvidos no projeto Nonada – aprovado pelo programa Rumos Itaú Cultural – seria feita à mão e com os materiais mais elementares, como grafite, carvão, argila, papel e lixa. “Diante da abundante proliferação de tecnologias de produção de imagem, o desenho guarda bem essa condição de nonada, de ser uma coisinha à toa, miserável, mas capaz de concentrar uma grande potência visual”, explica.

Nonada, na verdade, é um projeto em andamento e que já deu frutos. A primeira leva de desenhos foi exibida em uma exposição na Universidade Federal Fluminense (UFF), em 2018, e também no Complexo Cultural Teatro Deodoro, em Maceió (AL). As imagens foram inspiradas em fotografias que registraram o cangaço na virada do século XIX para o XX e, em especial, a Guerra de Canudos.

Para a próxima etapa, Juliana planeja uma residência artística no Parque Estadual de Canudos (BA), onde pretende explorar imageticamente outro clássico da literatura nacional que conta a história do massacre de Belo Monte – Os Sertões, de Euclides da Cunha. “Apesar de tudo que sofreram e principalmente por terem lutado valentemente até a morte, me impressiona a paixão daquele povo pobre, miserável, que se uniu em torno do sonho proposto por Antônio Conselheiro”, explica Juliana.

Durante a residência artística em Canudos, a artista estará acompanhada do orientador do projeto, o professor Fernando Pessoa, que vai realizar uma série de entrevistas com moradores da cidade, descendentes dos fundadores do primeiro arraial, além de professores e pesquisadores. 

O objetivo das entrevistas é traçar um paralelo entre o passado e o presente a partir das pessoas que guardam no próprio corpo o vigor do sangue e da memória desses homens e mulheres, que viveram e morreram em nome de Antônio Conselheiro, na defesa de seu Belo Monte.

Juliana Pessoa é formada em artes plásticas, com mestrado em filosofia, pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), onde atualmente também dá aula. 

Sua pesquisa se concentra na área do desenho, explorando iconografias do cangaço, de Belo Monte e do candomblé. Na área da filosofia, ela se dedica ao estudo de Nietzsche e Heidegger; na área da literatura brasileira, tem foco no sertão e em religiões de matriz africana.

Em 2015, realizou a sua primeira exposição, Obá: entre Deuses e Homens, no Museu Capixaba do Negro, em Vitória (ES). Em 2016, fez parte da primeira edição do projeto Cá entre Nós, na OÁ Galeria, também nessa cidade.

 Já no ano seguinte, participou do curso Procedência e Propriedade, ministrado pelo professor Charles Watson. Em 2018, além das duas primeiras exposições do projeto Nonada, participou da III Semana Brasileira de Sófia, na Bulgária, e da mostra 20/20, no Museu Vale, em Vila Velha (ES).

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Exposição Luiz Gonzaga 30 anos de Saudades é destaque na Biblioteca da Uneb, Campus III Juazeiro

A Biblioteca da Universidade do Estado da Bahia, Campus III, Juazeiro, Bahia, abriu ao público, a Exposição Luiz Gonzaga 30 anos de Saudades. A exposição acontece entre os dias 17 de junho a 02 de agosto, no horário das 7hs às 22hs. 

A Exposição Luiz Gonzaga 30 anos de Saudades é promovida pela Biblioteca do Campus III e tem como objetivo manter um diálogo com a comunidade acadêmica, alunos e público em geral provocando o interesse pela leitura e saberes.

A EXPOSIÇÃO do artista plástico Iranildo Moura Leal é composta por sete quadros com pinturas sobre tela e retrata Luiz Gonzaga, o Rei do Baião e paisagens tipicamente sertanejas. Para o artista plástico Iranildo Moura a arte não é profissão é sentimento.

 “É o desenvolvimento do interior que se torna universal e é como o amor ilimitado. Se a alma é arte então sou artista e agradeço a UNEB a oportunidade de mostrar o meu trabalho”, disse.

O bibliotecário e mestre em Ciência da Informação Regivaldo Silva (Régis) explica que as telas pintadas pelo artista plástico Iranildo Moura podem ser visitadas gratuitamente pelo público em geral.

“A proposta é trazer um pouco de conhecimento, cultura e arte para a UNEB. A Biblioteca produz  atividades além dos livros, da leitura que já oferecemos. Nosso objetivo é trazer histórias positivas do convívio com o sertão para que eles possam passar essas informações sobre os ícones da história a partir do Nordeste para a geração que hoje muitas vezes não conhece. Os filhos podem vir com os pais também. A ideia é conhecer os quadros", disse Regis.

Nascido em Petrolina Iranildo Moura teve a infância vivida na beira do Rio São Francisco.

Quando criança viveu em Casa Nova, Bahia. Ali entre os 8 anos e 12 anos conta que vivia olhando os barcos, os vapores que navegavam no rio São Francisco. "Entao comecei a pintar e fazer quadros. Expressar a natureza e a vida através da pintura", conta Iranildo.

Iranildo Moura foi homenageado no ano de 2012, durante festividades do Centenário de Luiz Gonzaga pela Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Através da EXPOSIÇÃO LUIZ GONZAGA 30 ANOS DE SAUDADE é possível uma viagem ao imaginário. Nele Luiz Gonzaga planta a sanfona entre nós, estampa a zabumba em nossos corpos, trancafia dentro de todos um triângulo e é imortalizado no registro de sua voz.

O visitante faz um passeio pela Fazenda Caiçara, local onde Luiz Gonzaga nasceu no dia 13 dezembro de 2012, no Povoado do Araripe, localizado a 12 km de Exu, Pernambuco. 

Dentro do seu matulão convivemos, bichos e coisas, aves e paisagens. Pela manhã, do seu chapéu, saltaram galos anunciando o dia, sabiás acalentando as horas, acauãs premeditando as tristezas, assuns-pretos assobiando as dores, vens-vens prenunciando amores.

Através dos quadros assistimos as cores da Casa onde morou o pai Januário, o tocador de 8 Baixos e Santana, a mãe cantadora das novenas. Já famoso um Luiz Gonzaga homenageando Lampião, seu ídolo. Um Lampião iluminando pela paz e poesia incapaz de cometer violência.

E por fim o Luiz Gonzaga e o Mandacaru, representando o verde e a resistência que sempre esteve estampado em seu peito abriganado o canto dolente e retorno dos vaqueiros mortos e a pabulagem dos boiadeiros vivos. 

Luiz Gonzaga morreu no dia 02 de agosto de 1989.

Ao completar 35 anos a UNEB traz a cultura,  as vozes do sertão e suas ladainhas e os benditos aninhadas por ali e aqui buscando eternidade. 
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Ministros da Agricultura e da Saúde vão explicar durante audiência a liberação de 211 agrotóxicos

Os ministros da Agricultura, Tereza Cristina, e da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, serão os próximos a serem sabatinados pela Câmara dos Deputados, em Brasília. 

Os dois confirmaram presença na Comissão de Defesa do Consumidor da casa após um requerimento de convocação do deputado federal pernambucano Felipe Carreras, do PSB. A audiência está confirmada para o dia 7 de agosto, logo na primeira semana após o recesso parlamentar. 

A intenção é que eles expliquem a liberação indiscriminada de 211 novos agrotóxicos apenas nos primeiros seis meses deste ano, como está sendo feita a fiscalização nas lavouras e quais os impactos na saúde da população. A expectativa é de um bom embate entre a bancada contra a utilização dos produtos e a bancada ruralista.

O número de liberações de agrotóxicos nos seis primeiros meses de 2019 já ultrapassa todo o ano de 2018. Além disso, o País segue totalmente na contramão da tendência mundial, que é diminuir cada vez mais a quantidade de agrotóxicos permitidos e suas utilizações. 

O caso do Brasil, inclusive, já se transformou em um problema acompanhado por todo o mundo, como confirma matéria do jornal francês Le Monde, na última semana, que afirmou “Ao liberar agrotóxicos, Brasil vai na contramão da tendência mundial”, lembrando ainda o caso que a Rússia bloqueou um carregamento de soja brasileiro por ter ultrapassado os limites autorizados de resíduos de glifosato.

“O que está acontecendo no Brasil é que estão colocando veneno na mesa das pessoas e o governo parece estar pedindo que coloquem cada vez mais, fechando os olhos para a fiscalização e dando mais subsídios para que essas substâncias atinjam mais pessoas. 

Matérias jornalísticas nos mostram todos os dias problemas de saúde provocados por estas substâncias. Pessoas estão morrendo e o governo quer liberar cada vez mais agrotóxicos. Isso não pode continuar desta forma”, argumentou o deputado Felipe Carreras.

Segundo levantamento realizado com base em dados do Ministério da Saúde, as notificações por intoxicação por agrotóxico dobraram desde 2009, passando de 7.001 para 14.664, em 2018. Apesar desses números, a Organização Mundial de Saúde estima que este índice pode ser até 50 vezes maior.

Na última semana, em audiência pública sobre Isenção Fiscal de Agrotóxicos, realizada em Brasília, foi afirmado que o incentivo aos agrotóxicos do Brasil pode superar a casa dos R$ 14 bilhões anualmente. Além disso, a cada US$1 gasto com defensivos agrícolas, é necessário um custo de até US$ 1,28 em tratamentos de intoxicação.

“Já foram registrados milhares de casos de intoxicação por agrotóxicos no País. São mais casos de câncer, doenças crônicas e malformações congênitas. No Ceará, por exemplo, a médica pesquisadora da Universidade Federal do Ceará, Ada Pontes, constatou que os agrotóxicos estão ligados diretamente aos casos de má formação e puberdade precoce em crianças. Este é apenas um caso de vários já apresentados por pesquisadores e pela imprensa. Se esses produtos estão fazendo tanto mal, estão onerando os cofres públicos e toda a população é contra, queremos saber o que explica essa quantidade de liberações”, finalizou Carreras.

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Luta contra a privatização da Chesf ganha frente parlamentar: energia não pode virar mercadoria

Foram lançadas nesta quarta-feira (3) cinco frentes parlamentares relacionadas ao setor elétrico: em Defesa da Eletrobrás e do Setor Elétrico, com Henrique Fontana na coordenação (PT-RS); em Defesa da Eletrosul, coordenada por Pedro Uczai (PT-SC); a Frente Parlamentar em Defesa do Setor Elétrico Brasileiro, coordenada por Erika Kokay (PT-DF); a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Eletronorte, com Zé Carlos (PT-MA) na coordenação e a Frente Parlamentar em Defesa da Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco), coordenada por Danilo Cabral (PSB-PE).

O evento foi um ato político para promover o conjunto de frentes parlamentares com uma causa comum: a luta contra a privatização do setor. Duas já haviam sido instaladas neste ano: a que defende o setor elétrico brasileiro, com 205 deputados, e da Chesf, com 213 deputados.

Segundo o deputado Pedro Uczai, a energia é um direito social e não pode virar mercadoria. Ele afirma que o setor elétrico é estratégico para a soberania nacional e a Eletrosul, para ele, começou a perder força quando a geração foi privatizada durante a gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso.

"Nós não admitiremos a privatização do sistema Eletrobrás. E, no caso da Eletrosul, é mais grave: eles querem incomporar a Eletrosul à CGTEE (Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica), cuja empresa é deficitária, mal administrada, e para criar uma perspectiva de incentivo tributário para depois privatizar."

A CGTEE, citada por Uczai, é uma das subsidiárias da Eletrobras, que pode ser incorporada à Eletrosul. A CGTEE surgiu da cisão da antiga Companhia Estadual de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul. Segundo o deputado, a primeira medida da frente, que tem mais de 220 deputados, é articular ações com as bancadas da região Sul e de Mato Grosso para evitar a incorporação da Eletrosul à CGTEE.

A frente será instalada na semana que vem, assim como a Frente Parlamentar em Defesa da Eletrobrás e do Setor Elétrico, que tem 210 assinaturas para adesão, e a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Eletronorte, que já tem a adesão de 232 deputados e 11 senadores. Zé Carlos, que coordena a da Eletronorte, diz que não basta trabalho de gabinete com a formalização das frentes.

"Nós temos que sair desta Casa e ir pras cidades, pros municípios, fazer a conscientização da sociedade sobre o que o governo está querendo. A luta não será ganha somente aqui no Congresso. Aqui é uma parte importante. Mas fundamentalmente ela será ganha nas ruas."

A Eletrobrás lucrou pouco mais de 13 bilhões de reais em 2018, em razão da redução de contratos da usina nuclear de Angra 3 e da venda de subsidiárias de distribuição de energia deficitárias. O valor de mercado do sistema Eletrobrás pode alcançar 400 bilhões de reais, segundo representantes das frentes parlamentares.
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MP pede explicações sobre as mortes de oito suspeitos de matar Policial Militar

O Ministério Público da Paraíba (MPPB) pedirá explicações sobre as mortes de oito suspeitos de envolvimento na morte de um policial militar em Pernambuco. Ao Correio, o promotor Ernani Lucas Nunes Menezes afirmou que se encontrará com o responsável pelo 24° Batalhão da Polícia Militar em Barra de São Miguel (PB), onde as mortes ocorreram.

O assassinato do PM ocorreu na segunda-feira (1º/7). No dia seguinte, oito pessoas suspeitas de envolvimento com o crime, incluindo um vereador pernambucano, foram mortas por policiais na cidade paraibana. De acordo com a Polícia Civil de Pernambuco, no momento em que a polícia localizou o grupo, os suspeitos reagiram e, na troca de tiros, acabaram mortos. Os mortos são seis homens e duas mulheres. A ação contou com 70 agentes dos dois estados.

Nas redes sociais, circulam vídeos e fotos que mostram a polícia carregando os corpos dos mortos pela cidade, expostos em carros comuns, e não do Instituto Médico Legal (IML). Ao longo do caminho, a população parabeniza a ação. A corporação alega que carregou os feridos para o pronto-socorro. 

De acordo com a polícia, no crime de segunda-feira, três dos acusados saíam de um mercadinho após assaltar o local, quando foram interceptados pela polícia. Na fuga, eles se esconderam em uma casa e alvejaram a viatura em que estavam dos PMs, matando um deles.

Em uma das portas do veículo, é possível contar mais de 40 buracos provocados pelos disparos, que seriam de uma espingarda calibre 12. O profissional que morreu foi identificado como o soldado do 24º Batalhão da Polícia Militar (BPM) André José da Silva. O outro, identificado como sargento Moacir Moreira da Silva, foi levado para a UPA de Santa Cruz do Capibaribe e está em estado estável.

Após o crime, os suspeitos fugiram e foram encontrados em Barra de São Miguel, no agreste paraibano. No momento em que a polícia localizou o grupo, os suspeitos teriam reagido com tiros. 

O vereador do município de Betânia (PE) Andson Berigue de Lima, conhecido como Nanaca, do PP, está entre os suspeitos mortos. De acordo com a polícia, ele teria ido resgatar o irmão, conhecido como Galego de Lena, possível participante no crime do dia anterior. 

A Prefeitura da cidade lamentou a morte do vereador, na quarta-feira (3/7), “Nanaca foi um grande parlamentar que muito contribuiu para a população e política do município”, diz o texto publicado em rede social. 
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Poluição: Grande quantidade de baronesas continua invadindo margens do rio São Francisco em Petrolina e Paulo Afonso

A grande quantidade de baronesas nas margens do Rio São Francisco estar diretamente relacionada a qualidade das águas do Velho Chico. A proliferação de macrófitas, as chamadas baronesas além de Petrolina, atinge a região de Paulo Afonso e Glória, municípios baianos.

A promotora do Ministério Público da Bahia (MPE/BA), Luciana Khoury, relatou sua preocupação com o problema, cujos impactos são sentidos na economia da região, na saúde pública e abastecimento humano. 

“A área conhecida como Prainha, em Paulo Afonso, tem um forte apelo turístico e após o aparecimento das baronesas, ficou esvaziada. Os prejuízos são relatados por comerciantes, pescadores e todos os que dependem de alguma forma da saúde do Rio São Francisco”, relatou Luciana.

Segundo ela, o MPE solicitou estudos de balneabilidade ao Instituto de Meio Ambiente da Bahia (Inema). Um dos motivos para a proliferação dos organismos está no lançamento de esgotos sem tratamento no rio. Para conscientizar a população sobre o problema, a promotora disse que o Ministério Público já realizou evento específico para esclarecer os efeitos do uso de agrotóxicos e tentar reduzir o uso do produto.

Ainda de acordo com Luciana Khoury, os pescadores pretendiam retirar as plantas por conta própria, mas foram orientados quanto ao impacto ambiental que isso provocaria. 

“O Inema nos orientou para a necessidade de elaboração de um plano de ação, de forma a promover a retirada dos produtos de forma paulatina. O material seria encaminhado para uma cooperativa, que faria uma compostagem, mas isso levará um certo tempo, pois o município de Paulo Afonso pediu, pelo menos, três semanas para elaborar o plano de ação e a cidade de Glória, já antecipou que não terá condições”, relatou a promotora.

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Rio São Francisco recebe poluição de mercúrio, chumbo e vários agrotóxicos que representam preocupação para a saúde humana, acusa professor da UFAL

"Encontramos no rio São Francisco metais pesados, que entram na cadeia alimentar das espécies e vão se acumulando, a exemplo de mercúrio e chumbo. Foi identificado o uso do Endosulfan, um inseticida altamente tóxico e que tem o uso proibido no Brasil. Também foram encontradas diversas espécies exóticas na região, o que demonstra a saúde debilitada do rio”.

A denúncia é do professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Emerson Soares. Ele apresentou o resultado da expedição científica realizada em outubro do ano passado, na região do Baixo São Francisco, entre a foz do rio, em Piaçabuçu e Traipu, municípios alagoanos. 

O relatório foi debatido durante a videoconferência da Agência Nacional de Águas (ANA) de segunda-feira (1º de julho) e discorreu sobre a qualidade das águas do Rio São Francisco. 

Emerson Soares explicou que os estudos foram feitos com base na ictiofauna, ou seja, as espécies de peixes, pois eles servem de base para diversos parâmetros. E os resultados foram preocupantes, segundo ele. 

Para demonstrar sua preocupação com os peixes que são nativos do rio e estão desaparecendo, o pesquisador relatou como piau e xaréu representavam, em 2012, cerca de 60% das espécies do rio e atualmente não constam, sequer, entre as dez mais do rio. 

Os agrotóxicos representam outra grande preocupação, tanto para a saúde do rio quanto para agricultores e pescadores da região do Baixo.

De acordo com o relato do professor na videoconferência, foi identificado o uso do Endosulfan, um inseticida altamente tóxico e que tem o uso proibido no Brasil. 

A presença do produto pode ser responsável por diversos efeitos, como depressão. Emerson Soares também falou da intrusão salina na foz do Velho Chico. “A intrusão salina está a 16 Km da foz”, disse. Em 2012, quando houve expedição semelhante, essa distância era de 12 Km.

O impacto desse cenário é que, de acordo com o pesquisador, 40% dos entrevistados no levantamento realizado, estariam com hipertensão. “E os agricultores apresentam problemas como depressão e distúrbios psicológicos. Isso, em virtude do uso indiscriminado de produtos, como agrotóxicos, conforme citado anteriormente, e formol”, finalizou.

Os poluentes mais comuns identificados na expedição científica foram fertilizantes agrícolas, esgotos domésticos e industriais, compostos orgânicos sintéticos, plásticos, petróleo e metais pesados.

Emerson Soares confirmou que deverá repetir o trabalho no próximo mês de novembro, o que permitirá comparar os resultados com o saldo do ano passado e levar consideração alguns aspectos, como o impacto dos planos de saneamento finalizados pelos municípios e o aumento da vazão defluente do rio na região.

O superintendente de Operações e Eventos Críticos da ANA, Joaquim Gondim, disse que o objetivo da apresentação tem mais o cunho motivacional, para que pessoas interessadas possam buscar mais informações. 

Ele sugeriu uma troca de informações com a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), cuja indicação da cunha salina segue outro padrão.

A próxima reunião acontece no dia 5 de agosto, a partir das 10h.

Fonte: CHBSF






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