Documentário "Lama" promete dar voz aos atingidos pelo crime da Vale em Brumadinho

Dirigido por Carlos Pronzato e Richardson Pontone, o documentário Lama - que tem lançamento previsto para a primeira semana de abril - pretende dar voz aos atingidos pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, no dia 25 de janeiro deste ano.

Filmado durante quinze dias, quase imediatamente após o desastre que tirou a vida de 308 pessoas, o intuito da obra, segundo Pontone, é “amplificar as vozes das pessoas que foram atingidas e principalmente deixar em evidência que esse desastre já estava em curso”. O diretor, que também é coordenador do curso de comunicação social da UFMG, disse que, desde o rompimento da barragem de Fundão, em 2015, acompanhava a situação da mineração no país.

“[O rompimento da barragem em Brumadinho] Aconteceu na sexta-feira, eu estava em Ouro Preto. Na segunda[-feira], eu fui para lá, começamos a fazer o filme na mesma semana”, conta. “[Ouvimos] pessoas que a imprensa não ouve: moradores, atingidos, lideranças ambientais e ex-funcionários da Vale, falando como a empresa operava na região".

Junto ao documentário, também está previsto o lançamento do site Lama: o Crime Vale no Brasil que será uma plataforma de monitoramento da mineração no país. Além do filme na íntegra, haverá mapa das barragens, conflitos e outras entrevistas que não entraram na edição final.

Quando perguntado sobre o aspecto mais marcante de sua produção, Richardson é taxativo: “A relação promíscua da mineração com esses territórios. Isso é o que ficou mais evidente. As famílias são reféns da mineração. O poder econômico toma conta de tudo: creche, escola, todo o equipamento público [com o qual] o Estado não arca, a Vale ‘dava’”, relata ele.

Lama será lançado na região do Córrego do Feijão - local do rompimento da barragem - na primeira semana de abril, ainda sem data definida. O filme também estará disponível para streaming e download.
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Em Exu, Pernambuco, terra de Luiz Gonzaga, agricultor dá exemplo de conviver sem uso de agrotóxicos

Através da produção agroecológica de plantas nativas da Serra dos Paus Dóias, em Exú (PE), terra de Luiz Gonzaga, rei do baião, é que a família Lermen tira seu sustento. 

Há mais de 20 anos chegaram da região sul do país, cujo clima é totalmente diferente, e se adaptaram à vida do semiárido nordestino, numa Área de Proteção Ambiental (APA), na Chapada do Araripe. Com uma propriedade de 12 hectares, cercada por cercas vivas de plantas típicas da região, cultivam frutos e flores que enchem suas vidas de orgulho e entusiasmo.

Agricultor florestal convicto, Vilmar Lermen, marido de Silvanete e pai de três filhos, se considera um experimentador. Atento aos movimentos da natureza, está sempre adaptando e ampliando sua plantação. Também militante, luta ativamente pelos direitos dos agricultores às políticas públicas. Parceiro da ONG Caatinga, que atua na região, tem diversos trabalhos na sua associação e participação no Conselho Municipal de Desenvolvimento de Exu (CMDER). 

“Nosso trabalho é baseado nos princípios da agroecologia, dentro do sistema agroflorestal. Produzimos as plantas anuais, como milho, feijão e a fava, as de ciclo mais intermediário, como a macaxeira e a mandioca, e as frutíferas nativas e exóticas ao bioma, como o caju, a manga e a goiaba. Mas temos um foco bastante grande em cima do cambuí, da murta, do maracujá, do jatobá, que são nativas. Tem as abelhas nativas e as africanizadas, de onde tiramos nossa produção”, explicou Vilmar.

Segundo ele, ao contrário do que muitos pensam, a chapada não é tão ruim para o cultivo. Por isso eles também trabalham com viveiro de mudas, que são comercializadas ou trocadas de acordo com a necessidade e a oportunidade. As hortaliças são utilizadas mais no consumo da família, exceto as suas sementes nativas cujo excedente é comercializado ou trocado. O tomate cereja às vezes tem uma produção maior em canteiro econômico. Tudo é aproveitado em sua propriedade, que é bastante diversificada.

Como a altitude da Chapada chega a quase mil metros, o clima é um pouco mais frio à noite, e devido ao sedimento poroso há dificuldade no armazenamento de água por causa da infiltração rápida. Então, sua agrofloresta às vezes sofre com o fenômeno chamado seca verde, como existe em outros ecossistemas dentro da caatinga e do semiárido. 

Alguns vizinhos têm feito experiências com o exemplo da sua agrofloresta. “Estamos preocupados com desmatamentos de quem cria gado e planta mandioca, porque criam áreas extensivamente abertas e faz com que o vento tenha força e possa provocar um mini tornado que já arrancou telhados. Dentro do contexto da agrofloresta, a gente planta as forrageiras, as melíferas, as adubadoras, para que haja uma constante reciclagem de nutrientes e tenha produção no inverno e no verão para as pessoas, os animais e o próprio solo”, disse. 

Muitos assessores técnicos, formados geralmente em agronomia, ajudam os agricultores a aperfeiçoar suas plantações. Esse é o caso de Giovanne Xenafonte, da ONG Caatinga, que atua na região do Araripe pernambucano.

Segundo ele, a experiência de Vilmar e tantos outros agricultores é o que dá sentido à ação dessas organizações. São exemplos vivos, complementa, de que é possível viver na região e conviver com o clima semiárido e períodos de seca.

“É possível produzir alimentos de qualidade, limpos de agrotóxicos e transgênicos, preservando o ambiente. Esses agricultores têm feito um trabalho que além de estudar, pesquisar, observar a natureza, de plantar e sustentar a sua família, passa para outras famílias agricultoras. Nosso papel enquanto técnico e organização é facilitar um pouco esses processos de intercâmbio de conhecimento e estimular outras descobertas”, afirmou.

O trabalho na chapada do Araripe com o sistema agroflorestal tem possibilitado várias reflexões, principalmente do ponto de vista técnico de como se comporta a região. Porque muitas vezes os agricultores derrubam e não dão o devido valor às plantas fundamentais para o equilíbrio ecológico do ambiente.

“É através desses exemplos que colocamos nos espaços políticas públicas. Dá credibilidade à Articulação Semiárido e tantas outras organizações que trabalham com famílias agricultoras. Hoje já tem no Araripe outra perspectiva de convivência com o semiárido e fortalecimento da agroecologia. Crescimento da agricultura familiar e valorização desse importante segmento da sociedade, tanto para alimentação quanto para a preservação do meio ambiente”, observa Xenafonte.

No caso de Vilmar, ele tem feito diversas experimentações há seis anos. Muitas delas foram aproveitadas, e outras estão em avaliação. Uma de suas constatações foi que se utilizava muita água, trabalho, energia e matéria orgânica para resultados às vezes ruins economicamente. Há também todo um trabalho de beleza cênica, segundo ele, pois a propriedade deve ser bonita e agradável de viver, além da produção econômica e nutricional da família.

“A gente vem testando, fazendo intercâmbios com as famílias, técnicos e estudantes. Fazemos capacitações em termos de recursos hídricos de forma integrada nos municípios da chapada, isso faz com que a gente acumule experiência e tenha uma produção no horizonte. Nem sempre é fácil, porque tem anos com o clima mais favorável tanto do ponto de vista das chuvas quanto da questão dos ventos e quantidade de radiação solar. Chegamos a perder 40% das plantas. Fomos adaptando e fazendo uma agricultura ecológica que pudesse ir de contraponto e como alternativa para um novo caminho para as famílias da região”, diz Vilmar.

Muitos agricultores que queimavam, usavam veneno, não preservavam as frutas nativas, que geram geléias, licores e vinhos, dentre outros produtos comercializáveis, hoje seguem o caminho agroecológico de Vilmar. Em todas as comunidades têm aqueles que são a favor e os que são contra essas perspectivas. Um dos desafios, segundo o agricultor, é incorporar a agroecologia como ciência nas escolas do campo.

“O trabalho com as crianças e a juventude para compreender esse processo das tecnologias, das políticas públicas, porque se não amanhã não adianta a gente ter energia, unidades de beneficiamento, feiras, tecnologias de armazenamento da água, se os jovens não ficarem no campo. Têm que ficar com acesso à informação, produção, trabalho, renda e qualidade de vida. Para participarem nas lutas, assumir as ONGs, as associações, conselhos, sindicatos, e por que não dizer a câmara de vereadores e as secretarias do município. Os agricultores devem ocupar esses espaços para transformação da sociedade que a gente precisa”, concluiu.

Não se deve diferenciar o conhecimento tradicional do técnico, pois, na avaliação de Xenafonte, o conhecimento é algo que se constrói junto. O problema, na sua visão, é que na prática isso não é tão fácil pois a formação acadêmica molda as pessoas na visão do agronegócio. Os estudantes passam por um processo que não ajuda a enxergar com bons olhos o saber tradicional dos agricultores, na sua opinião.

“Cada um tem os seus acúmulos, conhecimentos, que lhes traz ensinamentos e observações. A gente procura entender como isso está organizado e valoriza e visibiliza. Na nossa prática institucional e metodológica estamos sempre nos momentos de formação, intercâmbio, articulação”, ressaltou.

A preocupação das organizações é que muitos conhecimentos tracionais já foram perdidos por causa da “modernização”, e são saberes que apontam para soluções locais. Daí a necessidade de um amplo processo de sistematização de registro dessas experiências, que pela falta de estrutura ainda é muito limitado, pois são muito importantes para enfrentar futuras situações de estiagem, que certamente virão.

Fonte: Cáritas

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Pernambuco: Fundarpe promete liquidar dívida com artistas até o fim do ano

O presidente da Fundarpe, Marcelo Canuto declarou durante entrevista na Rádio Folha 96,7 FM, que a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco vai pagar a todos os artistas que está devendo até o fim de 2019.

O débito será zerado. É um compromisso do Governo do Estado.

“Nós já liquidamos o Carnaval todo do ano passado e estamos devendo, agora, o São João 2018. O nosso compromisso é, neste semestre, começarmos a liquidar o débito até o São João e terminar o ano de 2019 com essa questão de dívida equalizada, até por que nós estamos realizando novas despesas e então não podemos empurrar este, deste ano, para o próximo. Então, estamos tendo cuidado de fazer o calculo. A ideia é terminar dezembro com os débitos todos equalizados”, disse ele.

O grupo de artistas do Coletivo Pernambucano fez manifestos, ano passado, por conta do atraso do Estado em pagar os cachês do Carnaval 2018. A denúncia, assinada por seis grupos musicais e 11 artistas, reclamaram do “desrespeito e falta de compromisso” do governo estadual com classe dos artistas de Pernambuco. Através das redes sociais, eles demonstraram a insatisfação com os atrasos nos pagamentos adas apresentações.

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Serra da Fumaça, na Bahia, atrai turistas que desejam paz e aventura

Em Pindobaçú, no Piemonte da Diamantina (BA), fica a rara e fascinante Serra da Fumaça. Na chegada, chama a atenção os corredores de pedra, mas é o ecossistema preservado e generoso que mais impressiona por lá. O passeio nos leva a várias cachoeiras, sendo as mais famosas a Véu da Noiva, Sete Quedas e Poço das Estrelas, que é a maior. 

Mas para ir até lá, o aventureiro não pode se incomodar com a caminhada. São 130 km de Petrolina (PE) até o povoado de Lutanda, em Pindobaçú, e existem duas etapas no trajeto para chegar ao local. A primeira é a viagem de carro ou ônibus por uma rodovia convencional, que dura 2h30... Em seguida, vem o percurso pelo terreno elevado e íngreme. É na subida, com 1.300m de altura, que estão os trechos mais difíceis. Como recompensa para quem superou esses obstáculos, a natureza presenteia com um lindo cenário. 

A Serra da Fumaça abriga uma vegetação de campo rupestre, num ambiente de transição entre o cerrado, mata atlântica e a caatinga.  A formação de jardins naturais de bromélias, orquídeas e quaresmeiras se estendem sobre os afloramentos rochosos, muitos deles verticais. A trilha até as cachoeiras requer um pouco de equilíbrio, mas dá uma visão quase panorâmica da magnitude do lugar. 

Vale até atrasar um pouquinho o banho só para tirar um selfie na paisagem... E ao chegar às quedas d'água, o mochileiro se depara com uma vista facilmente descrita como paraíso. Não à toa, aventureiros novatos sempre se impressionam com a qualidade da água, as formações rochosas e a biodiversidade dali.  

Quem ficou interessado e deseja fazer o camping, precisa antes se organizar. O alto da serra é frio, com cerração (nevoeiro) quase todas as manhãs e longe da cidade. Segundo um dos guias, Mateus Ribeiro, que faz o trajeto mensalmente, o turista deve levar no mínimo alimentos racionados e não perecíveis, roupas leves e um casaco, barraca, cobertor, lanterna e um kit saúde.  

"Além disso, a gente acompanha o grupo com rádios sendo que ninguém pode andar sozinho. Damos todo suporte durante as três horas de subida, que, por ser cansativa, optamos por fazer na madrugada, quando é um período mais tranquilo", explica o condutor de uma outra equipe, Thiago Cordeiro. 

Lá praticamente não se vê as horas passarem e é necessário que os guias sigam um roteiro turístico. Quando a noite chega, um sarau em volta da fogueira torna-se ritual de socialização e o palco para shows de talento.  São pelo menos dois dias – partindo na sexta-feira à noite, com volta no domingo à tarde – distante da correria, do estresse, e mais próximo natureza.  

Todos os meses saem excursões de Petrolina e Juazeiro (BA) em direção à Serra da Fumaça. Não tem um dia específico nem limitação de visitas. Depende apenas da demanda. Na cidade pernambucana, a viagem é organizada pelo grupo 'Aventureiros do Vale' (integrado por Mateus Ribeiro) e do lado baiano, a equipe Adventure Valetur (Thiago Cordeiro) promove a partida. Na última trilha, no início do mês, 76 pessoas fizeram o camping.
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No Dia de São José, 19 de março, agricultores renovam esperanças por chuvas

A data 19 de março, é celebrado o Dia de São José, santo padroeiro do estado do Ceará.  São José é um santo popular da Igreja Católica, marido de Maria, mãe de Jesus Cristo e considerado o protetor da família, da Igreja e o padroeiro dos trabalhadores. 

A data carrega um significado especial para o sertanejo nordestino. Segundo a tradição, caso chova no dia 19 de março, é sinal de que o ano será de muita chuva, garantindo a safra e a mesa farta. 

O dia 19 de março é feriado em todos os municípios do Ceará.

Para especialistas, a falta de chuva, trata-se de uma “injustiça hídrica” que só será revertida quando o governo priorizar a destinação da água à população – e não aos setores produtivos. 

Apesar das dificuldades devido à escassez de água e do acesso desigual ao recurso, a segurança hídrica é apenas um dos pontos importantes para que o sertanejo crie raízes e permaneça no semiárido

Para o professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece) Alexandra Costa, entretanto, a desigual distribuição da água – feita também a favor da indústria – é uma “injustiça hídrica”, principalmente em um estado de clima semiárido.

“É um absurdo você usar água do semiárido, na quantidade que é usada no Ceará, para a fruticultura irrigada. O primeiro discurso é sobre a produção de alimentos, mas quem produz os alimentos que nós consumimos são os pequenos agricultores, que não têm acesso à irrigação”, critica Costa que é PhD em ciências atmosféricas.
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José Urbano: a Saudade chamada Ludugero e Otrope

Era 14 de março de 1970, há poucos minutos antes de pousar no aeroporto de Belém, no estado do Pará, o avião que conduzia Luiz Jacinto e Irandi Costa, respectivamente, Ludugero e Otrope, mergulhou na Baía de Guajará Mirim mergulhando o Brasil inteiro em saudades eternas. 

Filho de Caruaru, gigantes do humor puro, refinado, nordestino , personagens criados por Luiz Queiroga, fizeram rir o Brasil, seja pela TV Tupi canal 6, seja no rádio, teatros ou em discos. 

O coronel iletrado, porém sábio, audacioso, decidido, apaixonado pela Felomena, sempre em companhia do seu polido secretário Otrope, viveram momentos de pura alegria, registrados em 6 LPS, misto de causos e forrós recheados de irreverência. Obrigado, Jacinto, Irandi e Queiroga, pela marca de qualidade impressa com letras de ouro no humor nordestino, com a qualidade 100% caruaruense. 

A idolatrada Felomena, a filha Trubana, o jumento Zé Fernando, o cachorro Clemente Mitrovsky, vira latas com nome russo, o vocabulário aneurestemico ou mordido do poico fazem parte do universo Ludugeriano. 

Valeu muito a passagem no planeta azul. A vida se perpetua, no infinito da eternidade. Valiosas lembranças e sinceros aplausos. Na foto, minha coleção de discos, presente da minha esposa!

*Fonte: Professor José Urbano

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Armas, violência e ódio: o perfil dos assassinos de Suzano nas redes sociais

Ainda não se sabe o que motivou Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25, a matar pelo menos 10 pessoas na manhã desta quarta-feira em massacre na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, interior de São Paulo. Muito pouco se sabe sobre quem eram os assassinos – mas vestígios deixados em suas redes sociais dão algumas pistas. 

O mais novo, que se identificava nas redes como “Guilherme Alan” e se declarava “fã de armas” e apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PSL), era o mais ativo e constantemente publicava no Facebook. Guilherme chegou a postar, momentos antes do ataque, quase 30 fotos vestido com os trajes e o revólver .38 que usou durante o crime na manhã de hoje.

O jovem costumava interagir bastante com páginas que faziam propaganda pró-armamento no Brasil, entre elas a “Portal Armas de Fogo” e “Eu Amo Armas”. Outro assunto que ele costumava comentar era sobre política. O apoio dele a Jair Bolsonaro e o ódio a grupos de esquerda marcam grande parte da atuação on-line dele.

Apesar do amor pelas armas de fogo, grande parte das publicações de Guilherme não fugia do que se espera de alguém da idade dele: comentava sobre as séries que assistia, sobre esportes, videogames e música. O perfil de Guilherme, que em grande parte era público, foi deletado na tarde de hoje. 

Luiz Henrique, por outro lado, era mais reservado nas redes sociais e quase não se tem informações públicas sobre ele. Há uma foto no perfil, na qual três soldados aparecem, e outras cinco  publicadas por ele, apenas. São elas: duas insígnias, uma da Alemanha e uma da Rússia, uma imagem do fuzil russo AK-47 e duas fotos de divulgação de jogos de tiro. Há ainda uma fotografia que estampava a capa do Facebook dele: um desenho de um revólver .38, mesmo modelo usado no massacre – no lugar de munição a arma dispara pessoas, que fogem das balas. O perfil dele também foi deletado após o crime.

Até o momento estão confirmadas dez mortes: cinco alunos do ensino médio, dois funcionários da escola Raul Brasil, o tio de um dos atiradores e os dois assassinos que suicidaram. Além disso, há oito feridos. 

Durante o resgate das vítimas, além dos bombeiros, o Helicóptero Águia, da Polícia Militar, e equipes do Samu foram acionados. Equipes do Corpo de Bombeiros de Mogi das Cruzes foram chamadas para dar apoio às 9h50.

Os dois adolescentes que invadiram a escola para cometer o crime se mataram na sequência. O coronel Salles, da Polícia Militar, disse que, antes de entrar na escola, os dois atiradores dispararam contra o proprietário de um lava rápido que fica em frente à escola. Neste momento, o homem está passando por cirurgia na Santa Casa de Suzano.

O coronel Salles informou ainda que os atiradores entraram na escola na hora do intervalo. Um deles usava máscara de caveira e luvas. Primeiro, eles atiraram em uma coordenadora pedagógica e em uma supervisora. Depois, se dirigiram ao pátio, onde atingiram alunos de ensino médio. Depois seguiram para um centro de línguas.

O atentado causou caos e pânico. Imagens gravadas dentro da escola logo depois do atentado mostram os estudantes correndo, se deparando com os corpos no chão e gritando em desespero. Eles pularam o muro da escola e procuraram abrigo no comércio da região.  

A professora Sandra Perez falou sobre o ataque. "Foi às 9h30. Ouvimos disparos. Estava na sala de aula, na hora do intervalo. Pensei que fossem bombas. Quando eu percebi que eram tiros fiquei lá. Só saí quando os policiais chegaram, 20 minutos depois", contou. 

Na mochila dos atiradores havia três coquetéis molotov, duas bestas (lança-seta) e um revólver 38. Uma terceira mochila foi encontrada com uma espécie de bomba, de acordo com informações do Major Caruso, subcomandante do 32.º Batalhão com sede em Suzano.

A polícia está fazendo uma varredura na escola porque foram encontrados artefatos com aparência similar a de explosivos. 

"A preocupação neste momento é desmantelar os artefatos explosivos, prestar socorro às vítimas e atender às famílias", disse o coronel Salles. A área no entorno da escola está isolada por risco de haver explosivos.

Por volta das 11h20 desta quarta-feira, 13, peritos já estavam dentro da a Escola Estadual Raul Brasil. Em nota, a Prefeitura de Suzano informou que o Pronto Socorro Municipal já recebeu crianças com ferimentos leves e os feridos com maior gravidade estão sendo encaminhados ao Hospital Luzia de Pinho Melo, em Mogi das Cruzes, e ao Hospital Santa Marcelina, em Itaquaquecetuba.

O governador João Doria (PSDB), assim que foi informado do ocorrido, cancelou a agenda oficial e se dirigiu ao local para acompanhar o trabalho de resgate e atendimento aos feridos. "Ao chegar (...) fiquei consternado, chocado. Nunca tinha visto uma cena igual na minha vida”, disse João Doria. Segundo ele, as estruturas dos hospitais foram mobilizadas para receber as vítimas e o governo também vai encaminhar estrutura psicológica para os estudantes e familiares das vítimas. 

Ainda segundo o governador de São Paulo, às 14h, a Polícia Militar vai divulgar a lista de nomes das vítimas e as informações que já foram apuradas.

Fonte: Estado de Minas


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