“Rejeitos da barragem da Vale chegarão ao Rio São Francisco de qualquer forma”, afirma especialista

Os rejeitos de minério de ferro da Barragem 1 da Mina Feijão, em Brumadinho, Minas Gerais, “chegarão até a Bacia do Rio São Francisco de qualquer forma”. 

A afirmação foi dada pelo geólogo e professor doutor em Geografia Física da Universidade Federal do Ceará (UFC), Jeovah Meireles, em entrevista exclusiva à Agência Eco Nordeste. A barragem, que pertence à mineradora brasileira Vale, rompeu no início da tarde desta sexta-feira (25), deixando, a princípio, cerca de 400 funcionários desaparecidos, casas soterradas, além de destruição da fauna e da flora da região.

Até o início da madrugada de sábado (26), nove mortes foram registradas pelo Corpo de Bombeiros. Eles disseram, depois, que ainda não é possível calcular o número de mortos, porque mais corpos estão sendo encontrados. Neste sábado, um ônibus soterrado com funcionários da Vale foi encontrado. O último balanço divulgado aponta que mais de 100 pessoas ilhadas foram resgatadas.

“A lama contaminada com minério de ferro já atingiu o Rio Paraopeba, que deságua no Rio São Francisco. Então, mesmo que eles tentem conter o seguimento da lama de rejeitos na barragem da Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo, quando houver precipitações acima da média na região, a barragem vai precisar sangrar e os rejeitos vão sair misturados à água. E essa água vai seguir o fluxo do rio, que deságua no São Francisco e em outros, até chegar ao mar. A contaminação irá se espalhar”, explica o professor. 

A Agência Nacional de Águas (ANA) informou que a Usina de Retiro Baixo será utilizada para tentar amortecer os rejeitos da Mina Feijão.

Além disso, a ANA comunicou que a “onda de rejeitos” levará de três a quatro dias para chegar à Hidrelétrica de Retiro Baixo – distante 300 Km do local do rompimento da barragem da Mina Feijão. Diante dos danos ainda incalculáveis causados tanto à população de Minas Gerais quanto aos seus ecossistemas, a Justiça estadual determinou o bloqueio de R$ 1 bilhão da Vale. O valor será destinado para dar suporte às vítimas e reduzir as consequências do desastre.

Ainda segundo Meireles, a tragédia em Brumadinho é um crime ambiental, porque poderia ter sido evitada e causa danos socioeconômicos e ao meio ambiente inestimáveis.

“Uma barragem é uma obra de engenharia e carece de monitoramento e acompanhamento sistemático, assim como a bacia hidrográfica acima dela, para que sejam realizadas manutenções. As mudanças na bacia geram tensões nas paredes da barragem, como uma maior vazão do rio, por exemplo, o que pode levar a infiltrações”, enfatiza.

Fonte: Eco Nordeste Alessandra Castro
Nenhum comentário

Rejeito de Brumadinho deve chegar à hidrelétrica de Furnas nesta segunda-feira 28

A estatal Furnas, do grupo Eletrobras, monitora a chegada dos rejeitos da barragem de Brumadinho (MG) em sua hidrelétrica Retiro Baixo, que funciona no Rio Paraopeba, afluente de Rio São Francisco, podendo comprometer as operações da usina.

O gestor ambiental, especialista em recursos hídricos, saneamento e residência agrária em tecnologias sociais e sustentabilidade, Almacks Luiz Silva, avalia que "ainda é pré-maturo falar sobre o real risco que o rio São Francisco corre. O Rio Paraobepa desagua no rio São Francisco e o impacto contaminantes é muito pesado".

Segundo a Agencia Nacional de Água (ANA), "estima-se que essa onda atingirá a usina nesta segunda-feira 28".

O Rio Paraopeba faz parte da bacia do Rio São Francisco. A hidrelétrica Retiro Baixo está localizada entre os municípios mineiros de Curvelo e Pompeu. 

Por meio de nota, a ANA informou que está em constante comunicação com os órgãos e autoridades federais e estaduais, inclusive no âmbito de recente Acordo de Cooperação sobre Segurança de Barragens, que está permitindo troca facilitada e mais rápida de dados sobre a situação no local do evento. 

"A ANA está monitorando a onda de rejeito e coordenando ações para manutenção do abastecimento de água e sua qualidade para as cidades que captam água ao longo do Rio Paraopeba", declarou.

Foto: Corpo Bombeiros MG

Nenhum comentário

MST celebra 35 anos e reafirma luta por reforma agrária e alimentos saudáveis

O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) celebrou neste final de semana seus 35 anos de existência em encontro com 400 militantes na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema (SP).

“Não vamos abrir mão de continuar em luta. Ocupando terra, dialogando com a sociedade, defendendo os direitos da classe trabalhadora e produzindo alimentos saudáveis”, afirmou o representante da direção nacional do MST, João Pedro Stédile, que ressaltou a disposição de toda a militância do movimento de seguir em resistência e em luta permanente.

O ato político contou com a presença de parlamentares, representantes de movimentos populares, professores universitários e amigos e amigas da organização, e reafirmou em toda sua mística a disposição dos Sem Terra em todo o país de seguir na construção da resistência, que possa avançar na construção do projeto de Reforma Agrária Popular e de um novo modelo de sociedade.

Moisés Borges, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) reforçou o legado do MST na luta no país. “São 35 anos de história, 35 anos de luta, de organização e de exemplo para os movimentos populares, nessa capacidade incrível de se reinventar. Esse exemplo é o que faz com que a gente acredite que esse cenário político que vivemos hoje, será derrotado por nós”, disse.

Participaram ainda do ato político Rui Falcão, do Partido dos Trabalhadores (PT), Walter Sorrentino, do PCdoB, Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), representação do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Levante Popular da Juventude, Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), além de parlamentares do PT e PCdoB.

Crianças, jovens, homens, mulheres, sujeitos da diversidade sexual, negros e negras, referendando a identidade Sem Terra, de punhos erguidos, bandeiras tremulando no alto e ferramentas de trabalho em mãos, fizeram ecoar juntos e juntas a mensagem da resistência daqueles e daquelas que amam a revolução.

“O MST surge numa década de grandes mudanças, década em que em conjunto nós conseguimos derrotar a ditadura e agora, 35 anos depois, nos deparamos com outro tipo de ditadura. Uma ditadura que não coloca tanques e fuzis na rua, mas se associa com a mídia, com o judiciário e com o grande capital para retirar direitos do povo”, disse.

“O MST foi e segue sendo importante nessa trajetória e temos toda a disposição de lutarmos juntos nas ruas, no parlamento, em unidade, para que a gente possa trazer de volta ao Brasil a democracia e os direitos”, concluiu.

O ato marcou a entrega da Menção Honrosa da Assembleia Legislativa do Paraná em homenagem aos 35 anos do MST, entregue pelo Deputado Estadual Professor Lemos (PT) ao conjunto do Movimento, destacando o papel do MST na luta pela terra no Paraná e em todo o país.

Durante o ato, o MST lançou a “Carta ao Povo Brasileiro”, abordando a posição do Movimento na atual conjuntura política brasileira e internacional. “Lutaremos pela democracia, pela justiça, pela igualdade, pela defesa dos bens da natureza, pela democratização da terra e pela produção de alimentos saudáveis para alimentar o povo brasileiro”, destacou trecho da carta.
Nenhum comentário

Em oração do Angelus, Papa cita vítimas da tragédia de Brumadinho

Após a oração do Angelus de hoje (27), no Lar do Bom Samaritano Juaz Díaz, na Cidade do Panamá, o Papa Francisco lembrou as vítimas do rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), no início da tarde de sexta-feira (25). Pelo menos, 37 pessoas morreram.

O Pontífice citou também a tragédia ocorrida no estado mexicano de Hidalgo, onde a explosão de um oleoduto perfurado ilegalmente mantou até o momento 114 pessoas.

“Desejo expressar meus sentimentos de pesar pelas tragédias que atingiram os estados de Minas Gerais, no Brasil, e Hidalgo, no México. Confio à misericórdia de Deus todas as pessoas falecidas. Ao mesmo tempo, rezo pelos feridos e expresso meu afeto e proximidade espiritual a seus familiares e a toda a população. ”

A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) também manifestou sua solidariedade para com as vítimas de Brumadinho. Em nota divulgada nesse sábado (26), os bispos destacam que aquela tragédia recente e semelhante quando houve rompimento de outra barragem em Mariana (MG) ensinou muito pouco.

“As famílias e as comunidades esperam da parte do Executivo rigor na fiscalização, do Legislativo, responsabilidade ética de rever o projeto do Código de Mineração, e do Judiciário, agilidade e justiça“, destaca o texto.

A CNBB manifesta estar unida também com toda a família arquidiocesana de Belo Horizonte e reforça o pedido do arcebispo dom Walmor Oliveira: “É urgência minimizar a dor dos atingidos por mais esse desastre ambiental, sem se esquecer de acompanhar, de perto, a atuação das autoridades, na apuração dos responsáveis por mais um triste e lamentável episódio, chaga aberta no coração de Minas Gerais”.

“[A CNBB] oferece orações ao Senhor da Vida em favor das famílias, das comunidades da Arquidiocese de Belo Horizonte, atingidas pelo rompimento da barragem da mineradora Vale. Convidamos cada pessoa cristã a se associar aos irmãos e irmãs que sofrem com a perda de seus entes queridos e de seus bens", diz a entidade.

*Rádio Vaticano
Nenhum comentário

Brumadinho: Maioria dos corpos pode nunca ser encontrada, diz equipe que participa de resgate

A equipe dos Anjos do Asfalto que participa do resgate das vítimas do desastre de Brumadinho diz que, embora a quantidade de lama seja menor que a de Mariana, as condições são mais difíceis e perigosas. Muitas das vitimas, talvez a maioria, poderão nunca ser encontradas.

A lama do rejeito do Corrego do Feijao é mais fluida que a de Mariana e impede que as equipes de resgate possam trabalhar nas zonas mais afetadas, o meio do mar de lama, a chamada zona quente. É mais fluida porque a barragem tinha mais água. Isso a torna altamente instável, explica o resgatista Eduardo Pedrosa.

O resgatista Edmar Freitas explica que ela afunda sob o peso das pessoas e as suga completamente. Algumas áreas tem vários pontos com mais de dez metros de profundidade de lama. Só bombeiros com auxílio de helicópteros conseguem ter acesso ao meio do mar de lama.

Pedrosa diz que é elevado o risco de uma segunda barragem estourar , principalmente devido às chuvas. Também pode se romper um bolsão de rejeito no meio do rio.

Os Anjos do Asfalto também destacam o drama dos animais. Há um número imenso de vacas, caes, cavalos e capivaras presos em agonia na lama. Caes já foram resgatados de casas isoladas no meio da lama, sem que tenha sido achado sinal dos donos.

"A situação é muito difícil e extremamente perigosa. Apelamos que as pessoas não se aproximem da lama nem tentem fazer resgates por conta própria", diz Freitas.

*O Globo  Ana Lucia Azevedo *Enviada especial
Nenhum comentário

Ambientalistas dizem que a onda de rejeitos da barragem de Brumadinho pode chegar ao Rio São Francisco

Técnicos avaliam a extensão do dano ambiental provocado pelo rompimento da barragem em Brumadinho, Minas Gerais.

A quantidade de rejeito que desceu a serra é impressionante: cerca de 12 milhões de metros cúbicos. A lama vazou da barragem 1 do complexo da Vale conhecido como Mina Córrego do Feijão. O primeiro impacto foi nas dependências da mineradora. Escritórios e um refeitório onde havia centenas de funcionários foram soterrados.

A lama espessa também fechou estradas e foi parar dentro do Rio Paraopeba, que abastece um terço da Região Metropolitana de Belo Horizonte. 

“Nós temos os impactos químicos dos metais que vão sedimentar, que vão se incorporar ao solo, aos fundos dos rios. Vai acabar impactando todo o ecossistema, ou seja, as próprias características biológicas do ecossistema, os peixes de vida superior”, explica Antônio Eduardo Giasante, professor de engenharia hídrica da Universidade Mackenzie.

Ambientalistas dizem que a onda de rejeitos pode chegar ao Rio São Francisco, que além de Minas Gerais passa por outros quatro estados: Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. 

Além da tragédia humana, os reflexos ambientais também causam angústia nos moradores, especialmente aos que estão na beira do Rio Paraopeba. O aposentado José Moreira, de 61 anos, expressou preocupação com contaminação e possíveis enchentes. 

“A gente já espera as contaminações que vão vir pela frente. Os pés de goiaba acabaram, os peixes todos acabaram. Não existe mais peixe no Rio Paraopeba. Agora, o futuro que vai dizer. A sensação é de destruição”, lamentou. 

“Esse barulho que estamos ouvindo agora, desde o rompimento, só aparecia quando estava chovendo, porque aí o Rio Paraopeba sobe. Meu medo agora é dar enchente, porque vai assorear o rio. Com essa lama, vai gerar doenças, principalmente as de rato, que são as mais perigosas”, complementou o fazendeiro, preocupado com o futuro.

Antes de cair no Velho Chico, a onda de rejeitos passaria pelas barragens de duas usinas hidrelétricas: a de Retiro Baixo e a de Três Marias, na região central de Minas. A Agência Nacional de Águas (ANA) informou que a lama pode poluir 300 quilômetros de rios.

“A contaminação já existe, é o grau de contaminação que precisa ser avaliado. É preciso que se avalie a extensão dos danos, o volume de rejeitos e que medidas serão adotadas para retirada desses rejeitos”, afirma Carlos Rittl, diretor-executivo do Observatório do Clima.

O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, disse que a barragem estava inativa desde 2015 e que o material não deve se deslocar muito. 

“Os técnicos estão me explicando é que como esta barragem estava inativa, o material que estava dentro dela vai secando e consequentemente o rompimento levou a espalhar um líquido, mas com uma concentração maior de terra seca, o que faz com que ela não tenha grande potencial de andar. Eu creio que o risco ambiental, nesse caso, vai ser bem menor que o de Mariana”, diz o presidente da Vale.

Fonte: Estado de Minas Foto: Corpo Bombeiros MG
Nenhum comentário

Barragem de Rejeito de Jacobina, avaliada com alto potencial de dano será monitorada

O monitoramento das barragens de rejeitos que existem na Bahia será intensificado, devido ao alerta provocado pela tragédia de Brumadinho (MG), ocorrido na sexta-feira (25). A informação é da gerência da Agência Nacional de Mineração na Bahia (ANM).

Conforme Cláudio da Cruz Lima, gerente regional da ANM na Bahia, no estado baiano são 14 barragens de rejeitos minerais, sendo que quatro delas podem representar algum risco.

"As barragens que têm mais alto potencial de dano são as localizadas em Jacobina (2), Santa Luz (1) e Itagibá (1), mas elas estão sendo monitoradas, inclusive presencialmente, e as empresas estão cumprindo os condicionantes impostos pela ANM. Apesar disso, a gente vai intensificar o monitoramento das barragens, e, a partir desta semana vamos fazer uma reunião para retraçar os planos de monitoramento das barragens aqui na Bahia", completou Lima.

A Bahia não tem registro de acidentes com barragens de rejeitos. A intensificação do monitoramento das unidades é uma medida preventiva, afirmou o gerente da ANM no estado.

Almacks Luiz Silva agente da CPT, graduado em Gestão Ambiental com especialização em Recursos Hídricos, Saneamento e Residência Agrária em Tecnologias Sociais e Sustentáveis no Semiarido, nas redes sociais aponta que a segunda barragem de rejeito de Jacobina, tem um talude (paredão) de 55 (cinquenta e cinco) metros de altura e capacidade para 13 (treze) milhões de toneladas de material e uma área de 34 (trinta e quatro) hectares.

A barragem ainda tem um potencial de 33,9 milhões de toneladas de material para ser processado, 

Almacks explica que risco é a função que associa a probabilidade de ocorrência de um evento indesejado com a gravidade das consequências deste evento, caso ele venha ocorrer.
Nenhum comentário

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial