NA TERRA DE LUIZ GONZAGA, A TERAPIA HOLÍSTICA DÁ O RITMO NA BUSCA DO CORPO E MENTE SAUDÁVEL

O caminho que liga Exu, Pernambuco ao Crato-Ceará é a via das escolhas, das encruzilhadas, da fé,  do trabalho, dons e saberes. As paisagens agem e ardem em eco.  Quais mãos trabalharam na confecção desse origami?

Nesta terça-feira, dia 21 de março, teve início um novo ciclo de todo planeta, o Sol em sua trajetória pelo zodíaco cruza a Linha do Equador Terrestre, e assinala o equinócio de outono no hemisfério sul, e o equinócio da primavera no hemisfério norte e marca a sua saída do signo de Peixes, o último do Zodíaco, para a entrada no de Áries, o primeiro. 

Os raios do Sol incidem nos hemisférios Norte e Sul de forma igual e o dia e a noite se equilibram, tendo 12 horas cada, daí o nome “equinócio”.

Este momento de harmonia da Natureza marca o início do Ano Novo Zodiacal, e é como se fosse um réveillon astrológico, ideal para começar uma nova fase.

Em Exu, não é só o ritmo e a harmonia de  Luiz Gonzaga que ecoam provocando saberes. Um dos exemplos de dedicação é o trabalho de Alvenir Peixoto. Ela é mãe e avó, filha de  Pedro Tenório de Alencar e Amélia Peixoto de Alencar.

Nasceu de batismo Alvenir Peixoto Tenório. Atualmente tem 62 anos, há 4 anos fechou um ciclo de  40 anos como educadora.  

"Nesse tempo, há  23 anos,  transmutei para Terapeuta Holística Integrativa, e  há 10 anos me fiz Artesã.  Arrisco-me  na poesia e  na contração de histórias", revela Alvenir, ressaltando que nasceu em um lar sertanejo, cujos valores foram transmitidos no cotidiano de maneira prática nas rodas de conversas motivadas por seu pai o seu avô materno.

"Honro a minha ancestralidade, honro meus pais pois sou parte do que recebi deles", diz Alvenir.

Esse ano Alvenir completa 30 anos de Práticas Integrativas Complementares e há 23 anos exerce, com honra, a missão  de auxiliar na saúde,  bem estar e felicidades  das pessoas como terapeuta.

Com Formação em Holística de Base, pela UNIPAZ-Recife , Alvernir é Reikiana,  shiatsuterapeuta, Psicopedagoga Clínica,  trabalha com Radiestesia, Cromoterapia,  Pêndulo,  Terapia Angelical,  Fitoterapia e audição terapêutica. 

Alvenir destaca os saberes. "Inserido na minha prática,  o conhecimento ancestral das meisinhas, (fitoterapia), dos escaldas pés, dos banhos de ervas,  de argilas fortalecem os saberes da nossa caatinga, da energia do sertanejo tão  elucidado na vasta obra de Luiz Gonzaga, nosso eterno  Rei do Baião".

De acordo com a terapeuta, os Saberes da Caatinga une benzedeiras(os), parteiras(os) e  raizeiras ( os) em prol da vida, da saúde  e do bem estar de todos que compartilham essa região, assim como a Chapada Nacional do Araripe  um cinturão de energia  que abraça a todos com sua generosa  riqueza energética e espiritual.

"Exu  tem como essência na sua formação a união dos povos tradicionais,  os índios Ançus,  os afro descendentes e o povo que veio de  Freixerio de Sotelo. Os Saberes espirituais estão presentes na formação de um povo. Acredito que não seja diferente de nossa Exu".

Ligia Peixoto Lino Araújo é filha de Alvenir. Apaixonada pela natureza e os elementos essenciais de quem busca qualidade de vida.  Todos os dias ela vai trabalhar na Budega, espaço e nome apropriado para uma das empresas pioneiras em vendas de itens para quem busca saúde para a mente e corpo.

No Brasil, em consonância com as recomendações da Organização Mundial da Saúde M, foi aprovada, desde 2006, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC), contemplando, entre outras, diretrizes e responsabilidades institucionais para implantação/adequação de ações e serviços de medicina tradicional chinesa/acupuntura, homeopatia, plantas medicinais e fitoterapia, além de instituir observatórios em saúde para o termalismo social/crenoterapia e para a medicina antroposófica no Sistema Único de Saúde (SUS).

A utilização da natureza para fins terapêuticos é tão antiga quanto a civilização humana e, por muito tempo, produtos minerais, de plantas e animais foram fundamentais para a área da saúde. Historicamente, as plantas medicinais são importantes como fitoterápicos e na descoberta de novos fármacos, estando no reino vegetal a maior contribuição de medicamentos.

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ESPIRITUALIDADE, ECOLOGIA, SUSTENTABILIDADE E O CUIDADO COM A MÃE TERRA SÃO TEMAS EM DISCUSSÃO NO VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL PADRE CÍCERO

O VI Simpósio Internacional Padre Cícero e I Simpósio Internacional de Religiões e Espiritualidades prossegue até o dia 23 de março.

Aberto oficialmente na noite deste domingo, 19, no auditório Beata Maria de Araújo, na Universidade Federal do Cariri (UFCA), o VI Simpósio Internacional Padre Cícero e I Simpósio Internacional de Religiões e Espiritualidades: Pluralismo Religioso e Cosmovisões no Nordeste. Juazeiro do Norte e o Cariri se tornam o epicentro dos debates sobre religiosidades e o Padre Cícero, com a presença de dezenas de estudiosos do Padre Cícero e das religiões de vários países. Os eventos de abertura contaram com apresentações culturais, a exemplo do Coco do Frei Damião, com a Mestra Marinês.

O simpósio está sendo realizado por meio de diversas parcerias, entre elas a UFCA e a Unileão. São homenageados grandes nomes que contribuíram ao longo dos anos para a pesquisa, o fortalecimento da historicidade em torno da religiosidade e do Padre Cícero, a exemplo da irmã Annette Dumoulin, religiosa da Congregação de Nossa Senhora (Cônegas de Santo Agostinho), que faleceu em 21 de maio de 2021, além dos pesquisadores Daniel Walker, Raimundo Araújo e Geraldo Barbosa, também falecidos.

O coordenador geral do evento, Océlio Teixeira de Souza, destacou os nomes que estão sendo homenageados e que contribuíram com a realização dos simpósios, ao longo das suas edições. Ele fez um breve retrospecto de todas as edições realizadas e as temáticas trabalhadas. A URCA chega a 6ª edição, com a ampliação dos debates e discussões.

Na programação do Simpósio, estão sendo tratados sete eixos temáticos, incluindo: EIXO 1 – Padre Cícero, Romarias e Catolicismos no Nordeste;

EIXO 2 – Protestantes e Evangélicos; EIXO 3 – Religiões Afro-Diaspóricas e Afro-Brasileiras; EIXO 4 – Cosmovisões Indígenas e a Luta pela Terra; EIXO 5 – Doutrinas Científico-Religiosas e Novas Espiritualidades; EIXO 6 – Espaço Público, Religião e Política e EIXO 7 – Espiritualidade, Ecologia e o Cuidado com a Mãe Terra.

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DIOCESE PUBLICA NOTA EM DEFESA DE COMUNIDADES ATINGIDAS POR MINERADORA

Após visita realizada no último sábado (18), a comunidades atingidas por uma empresa de mineração no interior de Sento Sé, o Bispo da Diocese de Juazeiro, Dom Beto Breis, publicou uma nota em defesa dos moradores.

Na nota, Dom Beto disse que foi às comunidades a fim de “escutar os gritos e as reivindicações dos que sofrem com os efeitos e impactos da presença da Empresa Tombador Iron Mineração Ltda. E com os temores do que poderá surgir ainda mais. Tal Empresa desde 2021 atua na extração e produção de granulado e finos de hematita (minério de ferro) de alto teor (67% Fe) numa pequena serra (Serra da Bicuda) distante 22 quilômetros da sede do município. Se São José sentiu-se impelido pelos sonhos que lhe indicavam as pro-vocações de Deus, são aqui os ‘pesadelos’ enfrentados por tantas famílias de 12 comunidades que nos interpelam e desafiam”.

Na visita, Dom Beto estava acompanho “por quem já apoia a luta e a resistências desses moradores: membros da Comissão Pastoral da Terra (CPT), pesquisadores/ professores da Fiocruz e da UNIVASF (Universidade Federal do Vale do São Francisco), Padre Claudimiro (vigário da Paróquia) e o seminarista Danilo”.

Segundo o bispo, “Importa ecoar seus gritos e lamúrias, pois não faltam os que lhe são indiferentes ou impõe ameaças de retaliações porque não permanecem calados e isolados. Fica evidente que as chagas profundas e extensas abertas por ocasião da construção da Barragem de Sobradinho permanecem dolorosas e são reabertas com força diante de outros empreendimentos em nome do ‘Desenvolvimento’ que exclui o respeito com a vida humana e o cuidado com a Criação”.

Confira o texto na íntegra 

ESCUTAR E CON-SENTIR

 + Dom Beto Breis, OFM

Bispo Diocesano de Juazeiro

No dia 18 de março, Véspera da Festa de São José, Padroeiro da Paróquia e do município

de Sento Sé, visitamos comunidades dessa extensa rede de comunidades para escutar os

gritos e as reivindicações dos que sofrem com os efeitos e impactos da presença da

Empresa Tombador Iron Mineração Ltda. E com os temores do que poderá surgir ainda

mais. Tal Empresa desde 2021 atua na extração e produção de granulado e finos de

hematita (minério de ferro) de alto teor (67% Fe) numa pequena serra (Serra da Bicuda)

distante 22 quilômetros da sede do município. Se São José sentiu-se impelido pelos

sonhos que lhe indicavam as pro-vocações de Deus, são aqui os “pesadelos” enfrentados

por tantas famílias de 12 comunidades que nos interpelam e desafiam. Fomos

acompanhados por quem já apoia a luta e a resistências desses moradores: membros da

Comissão Pastoral da Terra (CPT), pesquisadores/ professores da Fiocruz e da UNIVASF

(Universidade Federal do Vale do São Francisco), Padre Claudimiro (vigário da Paróquia)

e o seminarista Danilo.

Registro a seguir algumas falas, sinalizando entre aspas as que consegui anotar com

literalidade. Importa ecoar seus gritos e lamúrias, pois não faltam os que lhe são

indiferentes ou impõe ameaças de retaliações porque não permanecem calados e isolados.

Fica evidente que as chagas profundas e extensas abertas por ocasião da construção da

Barragem de Sobradinho permanecem dolorosas e são reabertas com força diante de

outros empreendimentos em nome do “Desenvolvimento” que exclui o respeito com a

vida humana e o cuidado com a Criação.

Infelizmente essa realidade não é isolada e única. Comunidades como Angico dos Dias,

em Campo Alegre de Lourdes, sofrem há anos com os desmandos da Mineradora Galvani.

E a CBPM1

já festeja os passos para uma Província Mineral que abrangerá grande parte

do território de nossa Diocese de Juazeiro. A propósito, temos informações de que o

Estado da Bahia se destaca na oportuna flexibilização das leis ambientais.

As frases e citações seguirão a ordem das exposições, sendo um primeiro grupo aquelas

acolhidas pela manhã, na Comunidade de Pascoal/Limoeiro, e, a seguir, aquelas na

Comunidade do Tombador (à tarde).

1 A Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) é a empresa de pesquisa e desenvolvimento do Estado

da Bahia, indutora destes processos no setor mineral do estado. Sua atuação é centrada na ampliação e

aprimoramento do conhecimento geológico do território baiano, na identificação e pesquisa de seus

recursos minerais e no fomento ao seu aproveitamento, atraindo, para este fim, a iniciativa privada.

Fundada em 18 de dezembro de 1972, a CBPM é reconhecidamente uma das mais dinâmicas empresas

no cenário da pesquisa mineral no Brasil. O acervo de dados e informações geológicas, geradas e

difundidas por ela ao longo da sua trajetória, contribuiu para tornar a Bahia um dos estados brasileiros

mais bem estudados e conhecidos geologicamente, pondo em destaque a grande diversidade de seus

ambientes geológicos, ricos em depósitos minerais.

(fonte: http://www.cbpm.ba.gov.br/institucional/missao-visao-valores/)

Do 2

PASCOAL/LIMOEIRO

 Sentimento de medo. “Parecia um boato” (a chegada da empresa mineradora), mas

o que “nossos pais passaram na época da construção da Barragem enfrentamos agora”.

“Tenho o sentimento de que somos invisíveis”. Estradas sem estruturas para caminhões

bitrens, que muitas vezes passam em comboio.

 “Moramos aqui há tantos anos e chegam se achando donos. Parece que os

inoportunos somos nós.... Não estou feliz no que é meu.... Nos documentos deles aqui

não tem ninguém. É o que somos para eles: ninguém”

 O líder da comunidade Ademir (falecido em 2015) já alertava os moradores

prevendo dores e sofrimentos “tapando as variantes”.

 Há indícios de que estão construindo uma barragem de rejeitos. Brumadinho e

Mariana servem de alerta para nós.

 “Prefiro acreditar no poder da união do povo. Meus pais perderam tudo com a

barragem. Não vamos desistir, pois eu quero viver aqui... Fé em Deus e no poder da luta

do povo. A gente quer ser feliz aqui”.

 “Daqui não saio” (idosa octogenária)

 “A gente vivia sossegado (pescando, tirando casca de angico…), mas hoje o

desassossego é grande”. Tenho um filho de oito anos: “queria que ele tivesse o sossego

que eu tive quando era criança...” (...) Os motoristas dos caminhões não nos respeitam.

 “Essa indignação minha vem desde quando era criança. Tinha oito anos na época

da construção da Barragem. A água do rio estava podre devido a tantas plantas e animais

mortos”. Água era inapropriada para consumo. Devia-se esperar alguém com canoa para

pegar agua corrente no meio do rio. “Mamãe fervia a água, mas tão grande era a sede que

a gente bebia a água assim mesmo, morna.”. Gosto horrível. “Chega hoje uma

mineradora…”. (...) “Onde Deus está? Porque tanta injustiça, tanta coisa errada? Até já

pedi perdão a Deus por isso. ”

 “Nossa luta não começou agora. No início ninguém acreditava”. Poucos se uniam.

Agora 90% da população acordou ...”A comunidade desperta agora”.

 “Sinto-me estranho na minha própria casa”. Sem segurança para ir de moto a

Sento Sé.

 “Muitos se acomodam diante das dificuldades e da força dessa Empresa. E o

desenvolvimento prometido não chega: “cadê os empregos? ”. Somos descartados. “Nada

do que foi prometido aconteceu de fato”. “A gente se fortalece com o apoio de quem não

é daqui”. “O povo da cidade julga e não acredita nas causas das comunidades. Dizem que

é ‘politicagem’”.

 “Estão nos expulsando” a partir do momento em que as famílias perdem os bichos

que criam e o que produzem” (por exemplo, acerolas).

 “A cada dia a indignação cresce mais. ” Pessoas da comunidade são manipuladas e

desconstruir não é fácil.

 Nos doze (12) dias (de manifestação) “ninguém veio” (Prefeita, vereadores...). “As

autoridades quando acordarão? ” “Também outras comunidades não acordaram ainda. ”

Do 3

“Não dá mais para aguentar”: poeira e explosões somos nós que enfrentamos. “Eles

(Mineradora) se acham donos”.

TOMBADOR

 Há quase 50 anos “a Chesf fez promessas, mas enganou e iludiu. Pessoas ficaram

sem casas... “Não somos animais, merecemos respeito”. (...) Hoje não temos mais

alegria”.

“Fomos surpreendidos pela gestão municipal, que não ouve as comunidades”.

 “Corremos o risco de morrer de silicose”

2=A estrada piorou muito depois que

chegou a Empresa” (lama ou poeira)

 Tomaram posse das nossas terras. “Pobres não têm vez, dizem as pessoas... Não

somos nada”

3-Medo dos rejeitos, que poderão “estrondar” no São Francisco. Montes altos de

terras surgidos recentemente indicam que tem barragem sendo feita. Pó de pedra nas

casas.... Estão desmatando. Por outro lado, “nenhum do povoado foi empregado... Para

nós, só prejuízo”.

 “Tenho medo de ter que sair daqui. Minha mãe morreu esperando indenização

da Chesf”. Quase meio século depois da Barragem de Sobradinho a maioria das pessoas

já morreu. A relocação das famílias é um trauma. Hoje chegam outros modelos de

desenvolvimento prontos. “Não respeitam as terras dos nossos antepassados”.

4-“Se alguém tira a vida do outro vai preso. E essas mineradoras? ”. A Empresa

Tombador Iron está em expansão.

5- “Jesus está no meio de nós. Ele está do lado dos pobres.

 Eles dizem que aqui não mora ninguém. Mas a gente produz, faz troca de

sementes...

 As manifestações que paralisaram a estrada foram 178 horas de um movimento

ordeiro, pacífico. Mas nenhuma autoridade apareceu. “Mas a luta não está perdida”.

 “Lembro-me da época da construção da Barragem, pois era criança: animais mortos

nas águas; nos colocaram na caatinga sem morada”. Barracas de lona preta.6

 “A Chesf jogou nós igual a porcos. Bolos de barro e lonas de galé”

Juazeiro, 20 de março de 2023

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BAHIA: RIO SALITRE, SECA E AMEAÇA SOBREVIVÊNCIA DE COMUNIDADES RURAIS

Cidadãos de comunidades próximas ao Rio Salitre, na região do Campo Formoso (407 km de Salvador), estão enfrentando dificuldades com a desertificação do rio.

No povoado da Lagoa Branca, os peixes endêmicos da região, como curimatá, mandi, dourado e piau-verdadeiro, não existem mais. Isso porque o trecho do rio, vizinho da localidade, secou.

A desertificação de Campo Formoso, atinge uma área de 80 km² onde residem centenas de famílias quilombolas, pequenos agricultores e comunidades tradicionais de fundo de pasto.

A degradação ambiental é marcada por solos improdutivos que obrigaram moradores a migrar. E o afluente do São Francisco não é o único exemplo do fenômeno. É o que aponta a reportagem da Folha de São Paulo.

Segundo a publicação, estudos apontam que ao menos seis comunidades rurais do chamado sertão do São Francisco estão com segurança hídrica e alimentar ameaçadas pela desertificação severa.

Uma das possíveis causas da seca do rio é a construção de 35 barragens na bacia hidrográfica do Médio Salitre. Outros indicativos para o dano a existência do rio é o desmatamento da caatinga, sobrepastoreio e agricultura irrigada incompatível com os limites naturais do bioma, dizem os pesquisadores.

"Em Campo Formoso, a desertificação cárstica é um fenômeno jovem, mas perigoso", explica Jémison Santos, professor da Uefs (Universidade Estadual de Feira de Santana).

O termo vem de "carste", um dano considerado irreversível que ocorre quando os ecossistemas tornam-se espécies de paisagens rochosas e desoladas. Um dos exemplos mais conhecidos no mundo são os desertos de Guangxi, na China.

"Funciona como uma espiral descendente. Um problema puxa outro e perde-se o controle do processo com a biota cada vez mais vulnerável", completa Santos, que estuda o carste na Bahia. No estado, há 289 áreas suscetíveis à desertificação.De acordo com dados do Sistema de Monitoramento e Alerta para a Cobertura Vegetal da Caatinga (Sima), da Universidade Federal de Alagoas, cerca de 13% da região Nordeste já está transformada em deserto.

O PAN-Brasil (Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca), principal iniciativa de enfrentamento da desertificação que o país já teve, está paralisado há 13 anos.

Procurado pela reportagem da Folha, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima informou que um novo plano será lançado em 2023. Segundo a pasta, ele incluirá ações relacionadas à agricultura resiliente ao clima, à agroecologia e à convivência com o semiárido.

"O problema é regional, mas o impacto é nacional. Se não resolver, vai piorar muito. O plano vai precisar ser repactuado", indica o pesquisador José Roberto de Lima, ex-coordenador do PAN-Brasil, no MMA.

Outra característica que se tornou presente na paisagem da região de Campo Formoso são as voçorocas, buracos que chegam a cinco metros de profundidade.

"Minha mãe comprou o sítio na década de 1990 e já tinha voçoroca, mas o problema só piorou. Depois, veio a algaroba. Sonho em ver o Salitre correr de novo, mas, antes de tudo, sonho em acabar com a algaroba", diz Joselina Pimentel, presidente da associação quilombola local. Foram mapeadas 734 linhas erosivas, entre sulcos, voçorocas e ravinas. (Folha S.Paulo)

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COMPOSITOR FERNANDO FILIZOLA MORRE AOS 76 ANOS. MÚSICO ERA UM DOS FUNDADORES DO QUINTETO VIOLADO

O músico e compositor Fernando Filizola, de 76 anos, morreu, na noite de domingo (19), em um hospital de Natal. Ele foi um dos fundadores do Quinteto Violado, grupo pernambucano formado em 1970 que apresentava temas do folclore nordestino.

Segundo companheiros do Quinteto Violado, Fernando Filizola estava internado dede a semana passada para se submeter a uma cirurgia no pulmão. Durante o procedimento, teve uma parada cardiorrespiratória e não resistiu.

O velório e enterro do compositor estão marcados para esta segunda (20), no Cemitério Morada da Paz, na cidade de Parnamirim (RN).

Nascido em Limoeiro, no Agreste de Pernambuco, Filzola foi o compositor de “Palavra acesa”, música que fez parte da trilha sonora da novela “Renascer”, da TV Globo (veja vídeo abaixo).

O músico deixou dois filhos e três netos. Nas redes sociais, Dudu Alves, integrante do Quinteto Violado, falou sobre a morte do companheiro de banda.

“Partiu o gênio da música e fica a sua obra. Obrigado pela sua contribuição na música e como pessoa. Meus sentimentos para a família”, escreveu.

Fernando Filizola participou do início do Quinteto Violado, banda com mais de 50 anos de história. Ele permaneceu no grupo de 1971 até 1984. "Foi um grande músico, que deu uma contribuição muito grande ao Quinteto", diz Marcelo Melo, outro membro-fundador.

Além deles, integravam o grupo Generino Luna (flauta), Luciano Pimentel (bateria), e Toinho Alves (contrabaixo). Fernando ficou conhecido como guitarrista do grupo da jovem guarda The Silver Jets, também formado por Reginaldo Rossi.

"Ele tinha uma técnica muito grande com guitarra, era muito musical. Também tinha uma ligação muito forte com a obra de Gonzaga. Começou a desafiar o trabalho com a viola, de fraseados, bem típicos da região Nordeste. Além disso, era bom em cena, aboiava".

Após a saída do Quinteto, Fernando foi morar no Rio de Grande do Norte, onde tentou uma carreira solo. Também mantinha outras atividades artísticas, como pintura e desenho. Ele também é compositor de músicas como "Palavra Acesa", que foi tema da novela Renascer (1993), "Mundão" e "Uma Noite de Festa Comigo."

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EXPOSIÇÃO ELAS EM FOCO PRESTA HOMENAGEM A PROFESSORA E ENGENHEIRA AGRONÔMA JANINE CRUZ

As profissionais da Engenharia, Agronomia e Geociências que estão conquistando seus espaços no mercado de trabalho, foram as grandes homenageadas do Comitê Mulher Pernambuco do Crea-PE, na segunda edição da exposição fotográfica “Elas em Foco”. 

A iniciativa, que retrata 20 mulheres, é mais uma ação do Crea-PE para celebrar o Dia Internacional da Mulher. A exposição foi inaugurada no hall do Conselho, onde permanece até o dia 31 de março.

Janine Souza da Cruz é professora do Cetep-SSF-Centro Territorial de Educação Profissional do Sertão do São Francisco. Engenheira Agronoma graduada na Universidade do Estado da Bahia, Campus III Juazeiro. É engenheira do trabalho e segurança e cursa especialização em Gestão do Agronegócio.

O presidente do Crea-PE, Adriano Lucena, abriu a exposição lembrando da importância da participação da mulher em todos os espaços. “A mulher tem que estar onde ela quiser”, afirmou Lucena, que também preside o Comitê Mulher Pernambuco. A coordenadora adjunta do Comitê, Giane Camara, ressaltou a importância de evidenciar as mulheres, em espaços como o Crea-PE.

As homenageadas destacaram a importância da iniciativa do Crea-PE e o orgulho de serem indicadas para participar da exposição. As profissionais representaram entidades de classe ligadas ao Sistema Confea/Crea, instituições de ensino e colaboradoras do Conselho. “É um momento para celebrar nossas vitórias, em uma das profissões consideradas mais masculinas”, afirmou a engenheira agrônoma Ceres Duarte Guedes Cabral de Almeida, representante da UFRPE.

Para marcar a homenagem do Crea-PE às profissionais retratadas na exposição fotográfica “Elas em Foco”, as participantes receberam certificados e brindes alusivos ao Dia Internacional da Mulher. O evento, que está na segunda edição, retratou 20 mulheres, seis a mais que na primeira mostra, que aconteceu em 2022. 

A primeira a receber o certificado foi a engenheira agrônoma Liliana de Almeida Ramos, profissional do Sistema Crea/Confea que representou as servidoras do Crea-PE.

 “Eu me sinto muito honrada em representar o grupo de funcionárias da casa, que se dedica aos normativos do Crea-PE”, afirmou. A engenheira de Pesca Magda Simone Leite Pereira agradeceu pelo espaço aberto pelo Crea-PE com a exposição e ressaltou que as mulheres devem ocupar todos os espaços também por merecimento.

Para a engenheira ambiental Carmem Carneiro, representante da AEAMBS, a homenagem do Conselho às profissionais da Engenharia, Agronomia e Geociências está em sintonia com a ODS 5 da Organização das Nações Unidas (ONU), que trata da importância da igualdade de gênero. 

As mulheres retratadas na exposição foram indicadas por entidades que têm representação no Conselho, instituições de ensino e pelo Crea-PE. A exposição fotográfica “Elas em Foco” ficará no hall do Conselho até o dia 31 de março.

Confira a lista das homenageadas:

Márcia Cristina de Souza Matos Carneiro (ABECA), Sheila Cavalcanti Pereira (ABENC), Carmem Carneiro Lima (AEAMBS), Magda Simone Leite Pereira Cruz (AEP-PE), Giane Maria de Lira (AESGA), Andrea Florêncio da Silva (AESPE), Lucila Ester Prado Borges (AGP), Olímpia Cássia de Sá Araújo (ANBEM), Janaína Teixeira da Silva (APEEF) Janine Souza da Cruz (ASSEA), Danusa Correia de Araújo (TESLA), Liliana de Almeida Ramos (CREA-PE), Isabelle M. J. Meunier (CTP), Priscilla Ferreira Martinelli (IBAPE), Cláudia Fernanda da Fonsêca Oliveira (MÚTUA-PE), Silvania Maria da Silva (SENGE), Macirleide Duarte dos Santos Moura (UFPE), Ceres Duarte Guedes Cabral de Almeida (UFRPE), Micaella Raíssa Falcão de Moura (UNICAP) e Maria da Conceição Justino de Andrade (UPE).

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A POLUIÇÃO LUMINOSA DAS GRANDES CIDADES AFETA, E MUITO, A OBSERVAÇÃO ASTRONÔMICA

A observação astronômica é uma tradição humana muito antiga, que remonta a cerca de 3 mil anos. Civilizações antigas, como os babilônios, assírios e egípcios,  já tinham um vasto conhecimento astronômico por conta dessa observação. Não apenas a possibilidade de maior conhecimento sobre o cosmos foi possível por meio dessa prática, como os calendários, mapas e relógios eram pautados pelos astros. Também é graças à orientação das estrelas, da Lua e do Sol que a navegação surgiu e que a época da melhor colheita e plantio era conhecida.

Ocorre, contudo, que a observação astronômica vem sendo prejudicada nas últimas décadas. Por conta da iluminação das ruas, prédios, casas, entre outros, as cidades sofrem hoje não apenas com a poluição atmosférica, como também com a luminosa. Estudos revelam que, de 2011 a 2021, a poluição luminosa aumentou 9,6% ao ano. Isso muda completamente a aparência do céu noturno. 

“A poluição luminosa é a incapacidade de ver o céu noturno como ele é naturalmente por causa da iluminação artificial das cidades, das casas e das ruas. Isso é bem comum na vida moderna, mas é algo que, se a gente for pensar na história da humanidade, é muito recente. Não tem mais do que um século, talvez menos que isso, na maioria dos lugares”, explica Roberto Dell’Aglio Dias da Costa, professor do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP. 

A pior forma de poluição luminosa é o skyglow, que são fótons emitidos, principalmente, por luzes da rua, entre outras fontes humanas de luz. É marcado pelo aumento da luz aparente no céu escuro e pode ser visto como um domo luminoso sobre as cidades, quando observado de longe. O que acontece é que esses fótons acabam se dispersando para a atmosfera. Os satélites e o lixo espacial em órbita também contribuem para a poluição luminosa, dificultando a observação astronômica das estrelas. 

As emissões de luz detectadas pelos satélites aumentaram de 1992 a 2017 em pelo menos 49%. Porém, esse número pode estar errado. Isso porque a medição da poluição atmosférica é feita a partir de um satélite chamado Visible Infrared Imaging Radiometer Suite (VIIRS), que não capta as frequências de luz azul, emitidas pelas luzes LED.

Para se ter uma ideia, o mercado global de LED cresceu de 1% em 2011 para 47% em 2019. Isso significa que a maioria das lâmpadas hoje são de LED, especialmente aquelas de rua. Assim, grande parte da poluição luminosa está sendo “subnotificada”.

O skyglow pode ser afetado pelo aparecimento de novas fontes de luz em um país, mais do que a troca de uma lâmpada por outra. O que mais impacta é o tanto de luz que acaba dispersando dos postes, ou da iluminação das casas e estabelecimentos que, ao invés de ser bem direcionada ao solo, por exemplo, acaba indo diretamente para o céu. 

Diferentemente de como acontecia em um passado remoto, hoje a observação astronômica não se refere exatamente à observação a olho nu, ou muito menos a alguém observando por um telescópio por horas a fio. Nos observatórios, imagens são capturadas a partir de intervalos de tempo de exposição às luzes dos astros. “O nosso olho não tem uma regulagem de tempo de exposição, então ele não serve para observações astronômicas profissionais modernas. Já serviu imensamente até meados do século 19; até a invenção da fotografia, em torno de 1840, todas as observações astronômicas eram feitas a olho nu. Porém, isso é passado, isso é história. Agora, os observatórios profissionais precisam de registradores de imagem, porque a maior parte da informação que vem de um alvo astronômico não vem na forma de uma imagem, você tem que decompor a luz nos seus componentes e observar o que se chama de espectro da luz”, explica Dell’Aglio.

Por isso, a observação astronômica fica comprometida: qualquer interferência de luz que não seja das estrelas e astros interfere na qualidade do espectro de luz a ser observado e estudado pelos astrônomos. Até mesmo a luz refletida em partículas de poeira das cidades pode interferir nessa observação. Esse é o motivo pelo qual os observatórios são construídos afastados das cidades. 

“A astronomia óptica depende, sim, de ter céus muito escuros, o mais escuro possível. Por isso, os observatórios astronômicos profissionais são sempre instalados em locais afastados da atividade humana, normalmente montanhas ou desertos, lugares mais retirados. Cada vez mais a poluição ótica [luminosa] começa a ser problema mesmo nos grandes observatórios astronômicos profissionais”, diz o professor. 

Além de prejudicar a astronomia, a poluição luminosa tem efeitos negativos sobre a vida humana e animal. Ela confunde o tempo circadiano, afeta a produção de melatonina, os padrões de migração – tartarugas, pássaros e insetos são atraídos pela luz, o que faz com que migrem fora do tempo certo ou se arrisquem em áreas iluminadas não naturalmente, mas artificialmente, podendo levá-los à morte. Também, os ecossistemas marinhos estão sendo alterados pela poluição.

Atualmente, mais de 80% da população é afetada pela poluição luminosa. Porém, algumas iniciativas estão tomando fôlego para melhorar isso. Em alguns lugares, como no Chile, Estados Unidos Continental e Havaí, já existem iniciativas para diminuir a iluminação perto dos observatórios. Reservas de céu escuro, assim como cidades que são adaptadas para isso – com o uso de iluminação pública adequada – também existem.

Uma das soluções, lembrada pelo professor, é a instalação de postes de luz que iluminem apenas a rua, não dispersando para o céu, e com pouca sobreposição de feixes de luz. Utilizar menos iluminação à noite também seria bom para diminuir a poluição luminosa. “Ter céu escuro não é só uma questão de fazer pesquisas de astronomia. Ter o céu escuro é poder acompanhar os ciclos naturais, o que faz parte da cultura, faz parte da educação, faz parte dessa nossa civilidade”, diz Dell’Aglio. 

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