PRIMEIRA AULA PRESENCIAL DO PROJETO DE EXTENSÃO DANÇA NO VELHO CHICO ACONTECE NESTE SÁBADO (19)

O projeto de extensão Dança no Velho Chico, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), que oferece aulas de dança de salão para a comunidade, entra numa nova fase e passa a atuar no formato presencial a partir deste mês. 

A primeira aula acontecerá neste sábado (19), às 15h, em frente à biblioteca do Campus Sede, em Petrolina (PE), e será ministrada pelos professores do projeto Geison de Souza Duarte e Tracy Nathalia Silva Torre, integrantes do grupo de dança Sertão Pé Quente. Esta aula, que está com as vagas esgotadas, irá reunir cerca de 40 casais para aprender os princípios do forró.

A atividade também marca o início das ações desse ano do projeto, uma iniciativa da Diretoria de Arte, Cultura e Ações Comunitárias (Dacc), vinculada à Pró-Reitoria de Extensão (Proex). Esta fase do projeto será dividida em temporadas, cada uma sobre um tipo diferente de dança de salão, a exemplo de salsa, samba e bolero. As aulas estão previstas para acontecer quinzenalmente e as inscrições para as próximas sessões serão divulgadas posteriormente. Será exigido dos participantes o comprovante de imunização contra a Covid-19 e o uso de máscara durante as atividades.

O projeto Dança no Velho Chico é coordenado pelo professor René Cordeiro e conta com a participação do servidor Thiê Gomes, técnico-administrativo em educação (TAE) da Dacc. A ação tem como objetivo criar um novo espaço de aprendizagem da dança de salão no Vale do São Francisco.

Em virtude da pandemia de Covid-19, as aulas do projeto, lançado em 2021, eram ministradas pelo canal da Dacc no YouTube, onde estão disponíveis as seis aulas já realizadas. Mais informações sobre esse projeto e outras ações da Dacc podem ser acessadas no Instagram.

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AS SEVERINAS LANÇAM CLIPE "NÃO TENHO MAIS NA SEXTA-FEIRA (18)

O clipe, com música autoral e inédita, vai estar disponível no canal da banda no YouTube. A letra aborda a história de quem desistiu de lutar contra o seu próprio sentimento, e a música, um forró leve e que convida à dança, são de Monique D'Angelo 

Celebrando o amor, o tempo das coisas e o fluxo da vida, As Severinas lançam, na próxima sexta-feira (18), o clipe "Não Tento Mais", no canal da banda no YouTube. A canção também estará disponível em todas as plataformas digitais de música na mesma data. 

As Severinas, após terem a sua trajetória artística premiada e reconhecida no festival Janeiro de Grandes Espetáculos, vão apresentar essa novidade e muitas outras ao longo de todo o ano de 2022.  O single "Não Tento Mais" é autoral e inédito, e o embalo desse forró vai convidar todo mundo a dançar juntinho.

Monique D'Angelo, que faz voz, declamações e sanfona em As Severinas, é o nome por trás da letra e da música que os fãs conhecerão na próxima sexta-feira (18). 

 "A construção dessa música foi no começo de 2018. Eu não parei para fazer a melodia e depois a letra, ou vice-versa, ela já veio construída. Eu só peguei o acordeon para pegar o tom que era adequado à minha voz. Foi quase de improviso, foi inteira", contou ela. "É um amor que acabou. A personagem está desistindo de tentar esquecer, saindo do processo de lutar contra algo que de fato ainda existe. Ela resolve continuar sentindo, sem lutar contra. Assim como Clarice Lispector traz no livro 'Água Viva', 'é só não lutar contra, é só deixar fluir'. Desejo que as pessoas sintam a canção como sendo delas", acrescentou Monique. 

Além de Monique D'Angelo e das integrantes de As Severinas Marília Correia (zabumba) e Isabelly Moreira (triângulo e declamações), a gravação do clipe contou ainda com a participação de Silvio Ferraz (sanfona) e Kleber Gomes (bateria). A direção, o roteiro e a produção ficaram por conta de Karl Marx. Kleber Gomes foi o responsável pela direção de fotografia, edição e finalização. 

As imagens de apoio e making-of são de Max Rodrigues; os figurinos, de Cida Souza; Roadie set, Diego Adones. A gravação do vídeo foi feita num cenário verde, na Casa Grande das Almas, em Triunfo, Pernambuco. As Severinas é grupo exclusivo da Agência Cultural de Produção e Criação.

HISTÓRIA - Mesclando música e poesia, e lembrando das raízes culturais do Sertão do Pajeú, o trio As Severinas surgiu com o intuito de difundir, com musicalidade, a força e a delicadeza feminina, mantendo a tradição do forró pé-de-serra, dando nova roupagem a cantigas, xotes e arrasta-pés. Formado por três jovens mulheres, o grupo traz Isabelly Moreira, no vocal, triângulo e declamações, Monique D'Ângelo, no vocal, sanfona e declamações, e Marília Correia, na zabumba. As Severinas se apresentam desde maio de 2011.

Em 2012 lançaram o primeiro CD, que leva o nome do grupo, com composições autorais e versões de músicas de Chico César e Vander Lee que conquistaram o público. Em 2016, o grupo lançou o seu segundo trabalho, intitulado "Tribos", com faixas autorais, parcerias e releituras de canções de artistas que influenciaram a formação musical do grupo, como Vital Farias, Zeto e Zé Marcolino. 

Em 2021, quando As Severinas completam 10 anos de estrada, foi lançado um documentário registrando a obra e a história do grupo, junto com um EP, denominado "Xamego de Fulô". O trabalho foi cem por cento composto por músicas inéditas, entre canções autorais e parcerias que registram a maturidade artística do grupo. Houve participações especiais que evidenciaram a relevância artística e cultural adquirida pela banda: Anastácia, Assisão, Quinteto Violado e Thais Nogueira, além da participação da percussionista Negadeza, foram alguns dos nomes presentes no trabalho.

Neste ano, As Severinas se apresentaram no Teatro do Parque, em Recife, e foram premiadas como "Destaque Trajetória em Música", pelo show "Xamego de Fulô" com o Prêmio JGE Copergás de Teatro, Dança, Circo e Música de Pernambuco 2022, realizado pelo 28º Janeiro de Grandes Espetáculos – Festival Internacional de Artes Cênicas e Música de Pernambuco, edição 2022.


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CULTURA GONZAGUEANA EM SALA DE AULA. MOÇÃO DE APLAUSOS É APROVADA

Foi aprovado por unanimidade nesta terça-feira (15), pela Câmara de Vereadores de Petrolina, Pernambuco, o requerimento da Moção de Aplausos para o professor Maiadson Vieira e diretoras Edmilza Marcelino e Lucélia Lima, da Escola Estadual São Vicente de Paula @esvpeexu, localizada na cidade de Exu, Pernambuco.

O professor Maiadson Vieira, diretoria e alunos ganharam repercussão nacional com a informação que na escola foi inserida na grade curricular a disciplina eletiva Cultura Gonzagueana.

O autor da proposta, o vereador Cesár Durando fez o requerimento à Mesa Diretora, que após cumprida as formalidades regimentais e Ouvido o plenário,seja consignou através da Casa Legislativa a MOÇÃO DE APLAUSOS ao Professor Maiadson Vieira e as diretoras, Edmilza Marcelino e Lucélia Lima, da Escola Estadual São Vicente de Paula (@esvpexu) na Cidade de Exú-PE. 

A justificativa da Moção de Aplausos é para a iniciativa de inserir uma nova disciplina eletiva para os alunos do 1º ano do novo ensino médio, falando da "CULTURA GONZAGUEANA", mostrando uma grande iniciativa cultural e sensibilidade com a preservação dos nossos verdadeiros valores Sertanejos e Nordestinos. Da decisão dessa Casa Legislativa, dê ciência ao professor e as diretoras.

A Moção de Aplauso é um instrumento de reconhecimento e estímulo a pessoas ou instituições que contribuem, seja de forma profissional ou voluntária, como forma de reconhecer e homenagear este trabalho, valorizando suas ações e a diferença que elas fazem no desenvolvimento econômico, social e cultural da cidade.

REVEJA REPORTAGEM: Luiz Gonzaga, o mestre da sanfona, um dia deixou o seu pé de serra e embrenhou-se pelos emaranhados da busca de seu sonho. O que foi o começo de uma grande empreitada, tornou-se uma desafiadora lição de vida e das vivências artísticas. Luiz Gonzaga, o maior ícone da cultura popular nordestina, também sonhava com os atos libertários da educação. O professor Maiadson Vieira é um exemplo desses caminhantes da cultura que buscam na educação o desenvolvimento humano e a promoção de um futuro melhor para os seus educandos.

Na Escola Estadual São Vicente de Paula (@esvpexu), o professor leciona a nova disciplina eletiva "Cultura Gonzagueana" para os alunos do 1° ano do Novo Ensino Médio, um fato histórico para a cidade do Gonzagão. 

A disciplina almeja proporcionar aos educandos o conhecimento acerca da cultura e da história local, fundamentando-se na história do maior ícone Exuense, Luiz Gonzaga do Nascimento. 

"Iniciativas como esta eletiva proporcionam a manutenção da cultura e da história local, valorizando as temáticas abordadas na obra do pernambucano do século, gerando assim, o sentimento de pertencimento dos alunos para com a cultura e a história local, promovendo ainda a democratização cultural e uma educação cultural efetiva para os educandos", revela o professor Maiadson. 

Nascido em Exu, Maiadson Vieira é um apaixonado conterrâneo de Luiz Gonzaga. Além disso, é professor há quase 10 anos, produtor cultural e ainda poeta. Graduado em Letras, ministra as disciplinas de Língua Inglesa e Portuguesa, e ainda lhe sobra tempo para falar de cultura e poesia com seus alunos.

Colecionando inúmeros eventos culturais em seu currículo, orgulha-se em dizer que "aprendeu sobre cultura convivendo com mestres e mestras da cultura, e fazedores desta". 

De acordo com Maiadson, "apesar dos tempos difíceis para a cultura, com essa inserção da disciplina eletiva, se realiza um sonho gigante dos artistas, em ter o Luiz Gonzaga sendo ensinado na escola pública como uma disciplina! Apesar de ser uma disciplina eletiva, a mesma quebra os muros da escola e introduz em sala de aula o autêntico poder da cultura popular! Seu Lua não é mais um tema transversal, é o conteúdo principal da minha disciplina". 

O projeto em andamento prevê visitas ao Parque Aza Branca/Museu Gonzagão, museus orgánicos do Cariri Cearense e produções culturais e vivências com os próprios alunos.

"Neste espaço sentimos a energia de Luiz Gonzaga! Os meus alunos recitaram uma produção minha pra começar com o pé direito nesse mundo da cultura e da poesia popular! Apesar dos pesares, seguimos bravamente resistindo! O projeto é um laboratório de edição de vídeo e roteirização, onde juntos, editamos com nossas próprias mãos o orgulho de sermos da terra de Luiz Gonzaga", finaliza  Maiadson Vieira.

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REDE DE DE ENSINO ESTADUAL DA BAHIA RECEBE SEIS MIL EXEMPLARES DO LIVRO TORTO ARADO

Com o poema "Mulata, já não aceito", a poetisa e quilombola Iris Neves abriu a cerimônia de lançamento, na rede estadual de ensino, da obra "Torto Arado", do escritor baiano Itamar Vieira Júnior, que participou do evento, ao lado do secretário estadual da Educação, Jerônimo Rodrigues, e da secretária de Promoção da Igualdade Racial, Fabya Reis, no auditório da Secretaria da Educação, em Salvador. O lançamento marcou a aquisição de seis mil exemplares do livro, que serão distribuídos para 1.137 unidades educacionais, em toda a Bahia.  

Torto Arado foi publicado pela editora Todavia, em 2019, e aborda temáticas como racismo e a escravidão no Brasil, vencendo, até aqui, três prêmios de literatura: Oceanos, Jabuti e Leya, este último, internacional, foi conquistado em Portugal. A proposta pedagógica, fundamentada na obra, possibilita aos estudantes do Ensino Fundamental e do Ensino Médio o conhecimento da própria história e cultura afro-brasileira, assim como o da luta e resistência dos seus ancestrais.  

O secretário Jerônimo Rodrigues destacou a importância da aquisição de obras literárias pela SEC e sobre o quanto os debates acerca dos temas, que atravessam as realidades de estudantes, são fundamentais para a formação de cidadãos. "Buscamos, cada vez mais, uma escola plural, em que todos os temas sejam respeitados e debatidos. O material será disponibilizado e orientaremos o seu uso para contextualizar com os movimentos quilombolas, indígenas e Movimento dos Sem Terra (MST), por exemplo", explicou o secretário da pasta.

O autor Itamar Vieira Júnior, que tem formação em Geografia, e doutorado em estudos Étnicos e Africanos pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), explicou o motivo de os temas expostos nos livros serem tão importantes para os estudantes e educadores. "Penso que o professor e o aluno podem usufruir dessa história e, a partir daí, pensar, quem sabe, uma história nova", pontuou o escritor, que também é autor do livro de contos 'Dias', além de 'A Oração do Carrasco' e 'Doramar ou a Odisseia'.

A obra dará suporte para que educadores e estudantes acessem saberes sobre o passado colonial e escravagista brasileiro; a realidade dos trabalhadores no sertão baiano; bem como a formação das comunidades quilombolas na Bahia. Torto Arado também trata sobre as relações de trabalho semi-escravagista; a discriminação racial; e a questão da terra, além de fortalecer as identidades e cultura dos povos e comunidades.

A poetisa Iris Neves, que é da comunidade quilombola de Lages dos Negros, e oriunda do Colégio Estadual Luis José dos Santos, depois de descer do palco, onde compartilhou um de seus poemas, refletiu sobre a iniciativa da SEC em tornar a obra Torto Arado parte da didática do ensino público. "Sinto na pele todos os dias o incômodo e a dor da escravidão nos dias atuais, e esta obra entrega o domínio e o nosso poder de viver hoje, com a postura e a força que os nossos ancestrais nos deixaram. Saber que os estudantes de hoje vão poder trabalhar na sala de aula os temas deste livro e passar isso adiante é uma sorte e um prazer muito grande". (Fonte: Fotos: Mateus Pereira/GOVBA)

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PAULO VANDERLEY E O LIVRO QUE TEM A FORÇA DA PALAVRA, SONS, CORES, SABORES E CHEIROS DE LUIZ GONZAGA

O livro Luiz Gonzaga 110 anos do Nascimento, de autoria de Paulo Vanderley, ilustração do Mestre Espedito Seleiro,  que será lançado este ano (2022), já tem a Força da Palavra, do Imaginário e das Realidades vividas por Luiz Gonzaga. Nesta segunda-feira, 14 de março, semana do Dia de São José, através da plataforma digital, ainda madrugada, tive a honra de contemplar uma mostra e amostra do que será o livro.

Espetacular. Emocionante. O livro é um aperto grandioso na Alma. Sentimento maior. É vitamina de tutano que revigora e faz viver! Trabalho de qualidade excelente. É fé vivida na Igreja São João Batista do Araripe, Fazenda Caiçara. O livro de Paulo Vanderley  É conhecimento cientifíco e conversa de meio de feira, com cheiro, sons e troca de saberes do povo. É ronco de chuva, fartura da sanfona dos 8 aos 120 baixos. É cheia do Rio Brígida soprado de vento Cantarino.

Os 110 anos do Nascimento é o livro certo e merecido para homenager o Mestre Lua, Rei do Baião, Xote, Forró, Xaxado e constelações terretres que iluminam a música brasileira e todos os gonzagueanos mundo afora que pesquisam, estudam e admiram Luiz Gonzaga. É um livro dos 110 anos de nascimento de Luiz Gonzaga, mas representa o mesmo andamento da harmonia, ritmo e melodia: é livro futurista. É livro dos 110, 150, 300 anos de nascimento de Luiz Gonzaga. Será eterno...

De acordo com Paulo Vanderley, o livro é escrito em primeira pessoa, com o próprio Rei do Baião contando sua história, a partir de uma intensa pesquisa em acervos de entrevistas. O projeto também será lançado em formato de áudio, narrado pelo próprio biografado a partir desse material.  Esta obra, o 110º aniversário de Luiz Gonzaga, também se transformará em um podcast e uma websérie, garantindo o caráter multimídia do livro.

"Dessa forma, o público conseguirá ter acesso ao conteúdo de parceiros musicais e os herdeiros de Gonzaga no forró em diversas plataformas".

Paulo Vanderley é pesquisador, criador e mantenedor do mais completo site de Luiz Gonzaga no Brasil www.luizluagonzaga.com.br, estes últimos meses tem dormido pouco. Madruga na busca da chegada da hora de lançar o livro. Antes tem que percorrer o caminho da busca de patrocinios...é uma luta, quase guerra para valorizar a Cultura Brasileira. 

Mas, guerreiro que é, Paulo Vanderley alcançará a Vitória.

A história conta que o despertar de Paulo Vanderley pela valorização dos costumes da cultura brasileira e especial o Nordeste e sua música começou na infância. Em 1989, na cidade de Exu, Pernambuco, o paraibano de Piancó, de apenas 9 anos, filmou o cortejo de sepultamento de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Na época a família de Paulo Vanderley morava em Exu. Paulo tem o privilégio de ter fotos ainda criança ao lado de Luiz Gonzaga.

Adolescente Paulo Vanderley passou a colecionar tudo relacionado à cultura gonzagueana e o melhor da música ao ritmo da sanfona, zabumba e triângulo. Paulo reúne coleção, a exemplo de Jackson do Pandeiro, Marinês, Dominguinhos. O cantor e compositor Gonzaguinha é um capítulo valioso na vida de Paulo.

“Sou da Paraíba, fui criado no sertão. Meu pai era funcionário do Banco do Brasil e, pelas andanças pelo banco, fomos parar em Exu, no Pernambuco, terra do seu Luiz Gonzaga. Ele era cliente do banco e foi assim que ele e meu pai se conheceram e ficaram amigos”, contou Paulo.

O Mestre Luiz Gonzaga e a sua voz em termos de qualidade de pesquisa deve muito a Paulo Vanderley. Na condição de pesquisador e jornalista, ouso em nome da cultura brasileira, e gonzagueana, antecipar um muito obrigado e Gratidão.

O site Luiz Lua Gonzaga foi idealizado e construído pelo colecionador Paulo Vanderley em 2004, carregando entrevistas, discos, digitalização de materiais gráficos e vários outros materiais sobre o legado do Rei do Baião. 

A iniciativa se tornou um dos principais meios de pesquisa sobre o músico de Exu, levando Paulo Vanderley a ser consultor em projetos como o Museu do Cais do Sertão e a cinebiografia de Gonzagão. O site Luiz Lua Gonzaga parte do projeto de seu criador em celebrar os 110 anos de seu ídolo, comemorados em 2022.

O site luizluagonzaga.com.br é sempre abastecido com uma infinidade de materiais que contam a trajetória de Luiz Gonzaga. Desde dezembro o site ganhou nova roupagem. E é um dos mais acessados em todo o Brasil. 

“Para nós, gonzaguianos, que admiramos tudo o que ele foi, é quase que um princípio propagar a vida e a obra dele. Apesar das dificuldades de trabalhar com cultura no Brasil, trazer mais pessoas para admirá-lo é o que nos anima, é o nosso combustível para fazer esse trabalho”, afirma Paulo. (Redação redeGN Texto Ney Vital Foto Reprodução)

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MARTINHO DA VILA LANÇA NOVO TRABALHO COM O TÍTULO: MISTURA

Com discografia que totaliza mais de 50 títulos, construída a partir do final dos anos 1960, Martinho da Vila segue com uma verve transbordante e incansável. Do alto de seus 84 anos, ele acaba de lançar um álbum cujo título é a síntese de sua proposta: Mistura homogênea.

Trata-se, como o próprio cantor e compositor aponta, de um trabalho que aglutina diversos convidados, das mais diferentes latitudes, e que cruza ritmos diversos, muitas referências, um espectro amplo de temáticas, crenças e perspectivas.

Ao longo de 13 faixas – que abarcam gêneros que vão do xote ao rap, passando, naturalmente, pelo samba – desfilam, como convidados de Martinho artistas como Teresa Cristina, Zeca Pagodinho, Xande de Pilares, Hamilton de Holanda e Djonga, entre outros. Comparecem, também seus filhos e netos, separadamente em algumas músicas e todos juntos em “Canta, canta, minha gente! A Vila é de Martinho”, samba-enredo que a Vila Isabel leva para a avenida no carnaval deste ano (remarcado para abril), em homenagem ao compositor.

“Eu tinha gravado quatro músicas; uma delas, que canto com a Teresa Cristina, é a ‘Unidos e misturados’, título sugerido pelo meu parceiro Zé Catimba. Esse nome me levou a pensar em mistura”, diz Martinho, sobre o título do disco, evocando memórias do início de sua vida profissional, antes de se tornar um músico conhecido, para explicar o conceito que orienta seu novo álbum: “Quando fiz o curso de auxiliar de química industrial no Senai, para me profissionalizar, tinha essa coisa da mistura homogênea, aquela que não se separa”.

CONVIDADOS: Sobre os convidados especiais, ele diz que boa parte veio por sugestão dos produtores do disco. “Quando delineei o que seria o disco e escolhi o repertório, mandei para o Celso Filho, um amigo que trabalha comigo, que cuida dos meus shows, e para meu filho Martinho Antônio, para eles assumirem a produção. Foram eles que deram a ideia dos convidados”, diz, acrescentando que alguns deles são velhos conhecidos, como Zeca Pagodinho.

Há, contudo, entre as participações, nomes aparentemente distantes do universo de Martinho – caso do mineiro Djonga. “Ele eu não conhecia. Fiz a música ‘Era de Aquarius’, e o Martinho Antônio falou que eu tinha que botar um rap ali no meio, para ficar uma mistura boa. Todo mundo começou a dar palpite e o meu neto Guido, que estava ouvindo a conversa, falou do Djonga. Algumas participações foram gravadas a distância, mas com ele foi junto no estúdio. Ficamos camaradas”, conta.

Martinho destaca que trabalhar cercado pela família — algo que ele faz de forma recorrente — o deixa mais confortável. “Gosto de ter os meus por perto; quase sempre tem um comigo no palco ou no estúdio. Dessa vez eu peguei e botei foi todo mundo, a prole toda”, destaca.

HOMENAGEM: Sobre o tributo que será prestado pela escola de samba da qual herdou o nome artístico e para a qual já compôs diversos sambas-enredo, ele diz ser uma coisa “fora de série”, uma honraria rara em vida. “Estou acostumado a fazer enredos, não a ser o enredo.” Martinho explica que essa homenagem estava prevista para o ano passado, mas ficou guardada, já que, devido à pandemia, em 2021 não teve carnaval.

“Até pensei que eles podiam mudar de ideia, escolher outro tema para este ano. Eu mesmo mudo de ideia quando estou com um projeto de disco e ele demora a acontecer. Mas não, o Edson Pereira, carnavalesco da escola, disse que está de pé, que vai acontecer.”

A história da Vila Isabel quase se confunde com sua própria trajetória. Martinho recorda que quando a escola ainda batalhava para se manter no primeiro grupo, várias pessoas foram convidadas para reforçar seu plantel – ele inclusive.

“Eu estava no começo da minha carreira, mas já era conhecido. O Miro, então presidente da escola, montou um time bom, chamou também o Ernesto, que era diretor de bateria do Salgueiro, e a partir dali a coisa deslanchou. A Vila, para mim, é como uma menina que adotei, ajudei a crescer e depois herdei o nome dela. Estou lá desde 1965, é muito tempo.”

NOVOS FORMATOS: Martinho afirma que Mistura homogênea é, possivelmente, o último trabalho que apresenta no formato de álbum. Para acompanhar as mudanças do mercado e as novas dinâmicas de consumo de música, ele diz que pensou em passar a lançar apenas singles. Paulo Junqueiro, presidente da Sony Music Brasil, gravadora que chancela seu trabalho, tem, no entanto, tentado dissuadi-lo.

“Quando falei dessa ideia, ele me disse: ‘Martinho, nada disso, você tem que gravar disco inteiro, porque fica mais legal, tem um conceito, e a gente pode lançar uma faixa a cada dois meses, como singles’. Gostei da ideia, porque, realmente, é um jeito de manter a coisa do conceito, que acho legal.”

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BRAULIO TAVARES, A SANFONA DE OITO BAIXOS E O CALDEIRÃO DE MITOS

O escritor, poeta, compositor, pesquisador e dramaturgo paraibano Bráulio Tavares publicou em seu blog, no ano de 2029, Blog Mundo Fantasmo, algumas cenas que provocaram composições de músicas.

Bráulio é um dos grandes nomes da literatura e possui em seu currículo diversos prêmios nacionais e internacionais, a exemplo do Jabuti, o APCA de Literatura, o Shell de Teatro e o Prêmio Caminho de Ficção Científica, recebido em Portugal. Também é compositor de diversas canções, a exemplo da música “Caldeirão dos Mitos”, eternizada na voz de Elba Ramalho. 

Em Junho de 2019, o jornalista Marcelo Abreu, Texto para Revista Continente, descreveu que "quem teve a oportunidade de ver a curta temporada de três shows de Braulio Tavares, em 1984, sozinho, acompanhado de um violão em um bar na Praça do Jacaré, em Olinda, não esquece o letrista inspiradíssimo que brincava com a tradição poética popular e com referências cultas e políticas. Tocava com a simplicidade de um menestrel cosmopolita para fazer uma música poética e engraçada, com um pé no regional e outro na contracultura, ainda em voga. Visto dessa maneira, Braulio seria facilmente encarado como a próxima sensação da MPB".

Confira: Tenho visto alguns livros muito interessantes em que compositores explicam como foram criadas algumas de suas canções mais conhecidas, o processo de composição, as circunstâncias, como foi gravada a música...

Tenho alguns volumes da série de Ruy Godinho Então, foi assim? e o livro de Paulo César Pinheiro Histórias das Minhas Canções (LeYa).

Pensei comigo: está aí um bom assunto para escrever de vez em quando, porque mesmo quando as músicas não sejam grande coisa (tem as que são, e as que não são), às vezes a história lança alguma luz sobre processos criativos em si, sobre o meio musical, sobre um momento da História, e tudo isso interessa.

Minha primeira música gravada foi “Caldeirão dos Mitos”, que Elba Ramalho incluiu no seu segundo disco, Capim do Vale (1980). Foi composta, como a maioria das músicas que faço sozinho, em duas fases: primeiro a melodia, depois a letra.

A melodia era muito antiga, era dos anos 1970, quando voltei de Belo Horizonte para Campina Grande e passava o dia inteiro pegado com o violão, redescobrindo o forró e a cantoria de viola. Se bem que essa melodia, especificamente, era anotada em meus caderninhos com o título provisório de “I wanna sing this all together”, verso que misteriosamente se transformou, anos depois, em “Eu vi o céu à meia-noite”.

Esse título não era pra valer, aliás era meio chupado de uma canção dos Rolling Stones, acho que em Their Satanic Majesties Request, mas na época em que fiz essa música eu ouvia muito umas bandas menores, que tocavam no rádio. Uma delas era o Mungo Jerry, com uma canção brincalhona e simpática chamada “In the Summertime”:

https://www.youtube.com/watch?v=fZWsGf0KgQw

Uma pessoa com o mais rudimentar conhecimento musical vai dizer que as duas músicas não têm nada a ver uma com a outra, e este é um dos mistérios da criação artística. Ela se dá por uma cadeia de associações de idéias com saltos tão grandes que na quarta ou quinta parada já não se tem a menor noção de como aquilo começou.

A única coisa clara para mim era que não haveria a tal “segunda parte”, que é uma coisa da MPB e da música fonográfica em geral. Eu queria o modelo da canção folk: estrofe musical única, com sucessivas letras nas mesmas notas. É o modelo “Asa Branca”, é o modelo que o folk-rock norte-americano, Bob Dylan à frente, empregava, bebendo nas canções irlandesas e escocesas trazidas pelos colonizadores.

No São João de 1978 eu morava em Salvador, e não tinha grana para ir passar a festa junina em Campina Grande. Me veio a idéia de fazer uma música falando em São João, mas a primeira frase que me veio à mente foi “o Apocalipse de São João”. (Olha aí como funcionam as associações de idéias!).

Essa imagem me trouxe à mente o céu pegando fogo, a qual de imediato me lembrou uma espécie de trocadilho que eu já tinha usado antes, em mais de um contexto: o fato de que “corisco” quer dizer relâmpago, e “lampião” quer dizer candeeiro, ou seja, duas coisas que produzem clarão dentro da noite. Estava pronta a primeira estrofe:

Eu vi o céu à meia-noite

se avermelhando num clarão

como o incêndio anunciado

no Apocalipse de São João

porém não era nada disso

era um corisco, era um Lampião.

O que faz o compositor preguiçoso? Exatamente o que eu fiz: pega a estrutura da primeira estrofe e a repete, com outros elementos, sem introduzir nenhum conceito novo. O conceito da canção (que eu poderia, se quisesse, ter expandido para 200 estrofes) era: “Eu vi uma coisa assim-assim; não era tal-e-tal-coisa da Bíblia; era tal-e-tal-coisa do Sertão”.

Claro que o conceito não é seguido de forma totalmente rígida, me permiti introduzir aqui e ali uns elementos destoantes (Inglaterra, Paris, Japão), mas é isso mesmo. O dono do poema é o poeta. Ele não precisa obedecer a regra nenhuma, nem mesmo a que ele acabou de criar. Georges Perec, um obsessivo criador de regras, pregava o conceito de “clinâmen”, e dizia: “Crie uma regra super rigorosa, e a obedeça da maneira mais fanática; depois, num ponto escolhido com cuidado, desobedeça essa regra. Produza voluntariamente uma exceção, num ponto onde seria facílimo ter continuado a fazer como antes.”

O primeiro título que dei à música depois de pronta, pegando como deixa a estrutura “eu vi isso, eu vi aquilo”, foi “Visão do Mundo”. Tá vendo como é bom continuar procurando uma segunda idéia?

Toquei essa música em público pela primeira vez em 1979, numa coletiva de compositores baianos no Teatro Castro Alves repleto, na qual entrei por obra e graça de Zelito Miranda, com quem eu estava compondo bastante na época. Eu não tinha coragem de subir no palco, mas ele praticamente me arrastou até o microfone e disse: “Vai, Galo, agora canta essa porra.”

Na primeira versão a música não tinha o “riff” entre as estrofes, que depois ficou característico, o “tãrãrã -- tãrãrã”. Este foi criado algum tempo depois, quando eu estava no Recife ensaiando para um show que fiz com outro parceiro, Zé Rocha. Ele gostava da música mas achava que era meio repetitiva (e é), era preciso dar uma encorpada nela com alguma coisa instrumental e diferente, já que a gente ia tocar com banda. E na hora mesmo do ensaio eu fiz o rasqueado veloz, 3+3 notas, que foi logo incorporado.

Cantei muito essa música em palco de bar e em mesa de bar. Em 1979, Elba Ramalho levou para a Bahia seu show Ave de Prata, no lançamento desse seu álbum de estréia, e se apresentou no Teatro Vila Velha, acompanhada pela Banda Rojão (Zé Américo, Guil Guimarães, Joca, Marcos Amma, Élber Bedaque).

Falou que queria gravar alguma coisa minha. Eu mostrei o “Caldeirão”, ela disse: “Me mande numa fita! É genial, vou gravar com certeza”. (Eu levaria alguns anos para perceber que ela diz isso com toda música minha, mas só grava de vez em quando.)

A música foi gravada para o segundo disco dela pela CBS, Capim do Vale (1980), e acabou sendo a música de abertura do Lado A, uma honra impensável para um compositor desconhecido que estava tendo uma canção gravada pela primeira vez. Ainda mais num disco que trazia Sivuca, Alceu Valença, Zé Ramalho, Pedro Osmar, Elomar...

Quando o disco saiu, toda vez que chegava gente querendo ouvir “o disco novo de Elba”, eu tirava o vinil de dentro da capa e checava toda vez o selo pra ver se meu nome continuava lá.

A  gravação de Elba produziu um arranjo perfeito, com levada de arrasta-pé (que eu chamo de “marcha-quadrilha”), e a ótima idéia de começar com a música “solta”, sem ritmo, somente voz e sanfona se erguendo lentamente em meio às percussões, e só depois a banda atacando completa no “tãrãrã -- tãrãrã”.  E no meio da canção, quando fala “Era um fole de 8 baixos a tocar numa noite de forró”, a intervenção agilíssima de Abdias.

Fonte: Mundo Fantasmo: Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.

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