PRIMEIRO EPISÓDIO DA WEBSÉRIE MANDINGA NA BEIRA DO RIO JÁ ESTÁ DISPONÍVEL NA INTERNET

A trajetória da capoeiragem na cidade de Juazeiro-BA, das rodas de rua dos anos 60 até as configurações dos dias atuais, contada a partir das experiências e vivências dos mestres Butica, Marreta e Deca. Essa é a proposta da websérie "Mandinga na Beira do Rio", que já está com seu primeiro episódio disponível no YouTube (https://bityli.com/yeTUb) e no Instagram do Projeto Malê (@projetomale), coletivo de educação artística nascido nas cidades ribeirinhas de Juazeiro-BA e Petrolina-PE.

"Nesse primeiro episódio, intitulado 'Nascido na beira do rio', trazemos a história de Mestre Butica, que dedicou parte de sua vida à capoeiragem. Ele conta sobre o início da sua trajetória na capoeira, por volta dos anos 60, como também da experiência em ter sido o primeiro mestre em Juazeiro", conta Mayane Santos, jornalista juazeirense que assina a direção e o roteiro da websérie.

No segundo episódio - "No passo da avenida" -, Mestre Marreta fala da participação dos capoeiras no carnaval juazeirense e nos desfiles das escolas de samba, e sobre o preconceito. O processo de formalização da capoeiragem, com a inserção do movimento nas academias, é tema do episódio três, "A 'evolução' da capoeira", com Mestre Deca. Por fim, os Mestres estarão reunidos em "A força dos antigos", numa conversa sobre a atuação do poder público junto às culturas populares. Esses próximos episódios serão liberados, respectivamente, em 27, 29 e 31 de julho, sempre às 20h.

"Mandinga na beira do rio" nasceu em 2019, a partir de diálogos realizados juntos à mestres antigos do município. À época, o Projeto Malê produziu um episódio piloto sobre a história do Mestre Botica, apesar dos escassos recursos que o coletivo tinha disponível. A produção, que é inédita na região do Vale do São Francisco, visa também contribuir para o registro da memória da capoeira local, já que há uma escassez de conteúdos que registrem a historicidade do movimento.

"A oralidade se mantém presente, mas até hoje não existe nenhum material audiovisual dessas figuras e várias outras que a gente buscou pesquisar. Priorizamos a questão da idade e partimos então desses três personagens mais antigos. Com a Aldir Blanc vimos a possibilidade de dar esse ponta pé com esses três nomes, mas deixando abertura para contar outras tantas histórias oriundas desses três personagens", contou João Borges, roteirista e responsável pela pesquisa histórica da capoeira em Juazeiro.

Produzida por meio de recursos do edital Prêmio de Cultura Lei Aldir Blanc - Culturas Identitárias, de Juazeiro-BA, a websérie "Mandinga na beira do rio", além de estar disponível nas plataformas digitais, também será distribuída nas escolas municipais da cidade, em respeito a Lei 10.639, que a partir de 2003 tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, mas que ainda é alvo de violações.

PROJETO: O Malê é um coletivo de educação artística, nascido nas cidades ribeirinhas de Juazeiro-BA e Petrolina-PE, e que tem, como orientação, os fundamentos da Capoeira Angola como meio de difusão do pensamento. Antes da pandemia da covid-19, o coletivo realizava treinos semanais pelos bairros periféricos de ambas as cidades e também no Arco da Ponte, estando no município de Juazeiro também com a única roda semanal de Capoeira Angola. O projeto age em conjunto com os núcleos, que desenvolvem atividades em suas respectivas áreas com o intuito de espalhar o corpo da Capoeira Angola nas periferias, estimulando-se com estudos da espiritualidade afro-brasileira e indígena como métodos de abordagem para o enfrentamento dos dilemas do dia a dia. (FONTE: Ascom/Thiago Santos)

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FLORESTA NACIONAL DO ARARIPE COMPLETA 75 ANOS

Primeira a ser instituída no Brasil, a Floresta Nacional do Araripe, no Ceará, é o cenário perfeito para quem gosta de natureza e de se aventurar em trilhas seja para pedalar, correr ou fazer caminhada. Com ventos gelados pela manhã, principalmente nessa época do ano, nada melhor que uma bebida quente como o chá de cambuí - fruta nativa da região - para aquecer do frio antes de enfrentar as trilhas.

A floresta completou neste ano 75 anos de criação. Além de Araripe, a unidade abrange também os municípios cearenses de Santana do Cariri, Crato, Barbalha, Missão Velha e Jardim.

Conhecedor da floresta por conviver nela há mais e 40 anos, mestre Galdino sabe bem onde encontrar os ingredientes para preparar o chá que ajuda amenizar o frio da manhã dos trilheiros. "Para quem não conhece o cambuí, ele é primo legítimo da jabuticaba, só que tem uma diferença, a jabuticaba nasce no galho e essa daqui bota na ponta da folha. A gente vai fazer um chá misto da folha do cambuí com a cidreira que já está um pouco domesticada também com a nossa Flona Araripe", explica.

Quem decide fazer a trilha a pé sente com mais intensidade o ar puro e a sensação térmica caindo a medida que caminha sob a sombra das árvores ao mesmo tempo em que desfruta da paisagem. É o caso da professora universitária Rosa Medeiros, veterana dos passeios no local.

Outros pontos muito buscados por quem frequenta a floresta são os mirantes. De um deles, visitados pela reportagem é possível avistar pelo menos quatro cidades da região do Cariri.

PRESERVAÇÃO: O responsável por cuidar dos mais de 38 mil hectares de verde é o Instituto Chico Mendes de biodiversidade do qual Flávia Domingos faz parte da equipe. De acordo com ela, é sempre uma surpresa positiva quando os turistas se deparam com a beleza cênica do lugar.

"Ninguém espera, quem é de fora, encontrar uma vegetação tão exuberante, e tão magnífica aqui nessa região, então causa estranheza, mas para os que são da região já estão acostumados com essa pérola que nós temos aqui no Cariri. Ao proteger essa área, a vegetação, nós estamos melhorando o clima, está prestando uma série de serviços ambientais, e um deles é a beleza cênica, preservada, e com acesso para todas as pessoas" afirma.

A mata preservada com fontes de água cristalina que jorra o ano todo, além de cascatas só completam a beleza da floresta classificada como um verdadeiro pulmão pelo secretário adjunto do Desenvolvimento Econômico e Turismo do Crato, Manoel Pedrosa.

"Aqui tem uma fauna e uma flora muito diversificada. "É um pulmão porque, pela localização dela, aqui é o início do Cariri, o início do Ceará, os rios nascem aqui: Rio Salgado, vai para o Jaguaribe, até o norte e Fortaleza, então por conta da altitude está sempre gerando uma condição climática melhor", finaliza.

O ponto de partida para a demarcação da floresta foi a Casa Sede, construída em 1946 às margens da CE-292, rodovia que liga o Ceará a Pernambuco. A ideia inicial era que o espaço servisse de apoio para o patrimônio verde.

O chefe do Núcleo de Gestão Integrada ICMBio no Araripe, Carlos Augusto Pinheiro, destaca a evolução da Floresta Nacional ao longo dos anos e como ela foi se aperfeiçoando, deixando de ser tão somente uma casa administrativa para se tornar ponto de pesquisas e monitoramento.

“Ao longo dos anos que eles foram se estruturando, então ela passou de ser a casa do chefe, casa administrativa, para ser um ponto de pesquisa, ponto de monitoramento nosso de prevenção de combate a incêndios florestais”, afirmou.

A Floresta do Araripe é administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e faz parte do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Snuc). De acordo com especialistas a floresta possui um dos últimos redutos de Mata Atlântica do Brasil. Além disso, abriga espécies raras da fauna e flora, a exemplo do Soldadinho-do-Araripe, ave em gravíssimo risco de extinção, que sobrevive na mata úmida no sopé da floresta.

Além de promover a proteção da floresta, o ICMBio também tem a missão de promover o turismo sustentável. Em tempos de pandemia, o contato com a natureza tem sido mais procurado. A preocupação do órgão é tentar manter o distanciamento para preservar a saúde dos visitantes.

"A gente pensa que faz parte da saúde mental e física poder estar desfrutando de um espaço desses. Mas isso tem que ser feito com todos os critérios, todos os cuidados. Não é porque estamos em espaços abertos que podemos abrir mão das máscaras, porque aqui tem outras pessoas visitando o espaço. Nós temos que ter cuidado com a fauna, não sabemos os efeitos desse vírus com a fauna local", diz Flávia Domingos, analista ambiental.

G1 ce Foto: Frederico Holanda Bastos

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MUSEU LUIZ GONZAGA, DISTRITO DE DOM QUINTINO PROMOVE LIVE NO DIA 02 DE AGOSTO


"Opa Pessoal! Nós do Museu Luiz Gonzaga, Distrito de Dom Quintino, Ceará estamos fazendo uma programação em homenagem aos 32 anos de Saudade do nosso Rei do Baião. E pra isso infelizmente temos gastos e com a Pandemia o Museu está fechado, com isso estamos fazendo uma vaquinha para arrecadar dinheiro para nossa live. Você pode nos Ajudar? qualquer quantia é super bem-vinda!  A chave PIX: museudeluizgonzagacrato@gmail.com

Um cheiro no coração de todos e MUITO OBRIGADO"!

Essa é a mensagem do criador, diretor presidente do Museu Luiz Gonzaga, Pedro Lucas Feitosa, 16 anos.  A live será realizada no dia 02 de agosto, às 18hs


A história do adolescente teve início em 2013, Pedro Lucas Feitosa, então com 8 anos, voltou encantado de uma visita que fizera ao Parque Asa Branca, o Museu do Gonzagão, em Exu, Pernambuco. Ao voltar para a sua casa, no Crato (Cariri cearense), Pedro Lucas já sabia como dar vazão à admiração que nutre por Luiz Gonzaga: ele criaria um museu dedicado ao Rei do Baião, na casa em que sua falecida bisavó morava, vizinha à dele.

A história virou realidade no distrito de Dom Quintino, a 26 km do centro do Crato,  Ceará, onde Pedro Lucas, montou o museu para contar a história de Luiz Gonzaga. O garoto teve inspiração de outros lugares artísticos. "Eu vi muita gente que queria conhecer a história dele, Luiz Gonzaga, logo vislumbrei criar um ponto turístico e eu criei o museu".

Segundo o avô, Antônio Feitosa, aos 5 anos o menino começou a ouvir as músicas de Luiz Gonzaga e se inspirou. A maior parte dos artigos do museu veio de doações de terceiros. "Eu postava na internet, o pessoal foi vendo e doando", diz o idealizador do museu.

A paixão pela música de Luiz Gonzaga foi concretizada quando numa festa de São João na escola, Pedro Lucas escutou “Numa Sala de Reboco”, letra de Zé Marcolino e ter gostado tanto da música que passou a cantá-la frequentemente. Uma tia dele viu o gosto pela música e presenteou-o com um CD de Luiz Gonzaga.

Atualmente, o Museu Luiz Gonzaga, está localizado na rua Rua Alto da Antena, no Distrito de Dom Quintino. O espaço já foi visitado por nomes como Chambinho do Acordeon, Targino Gondim e o pesquisador Paulo Vanderley, pesquisador da vida e obra de Luiz Gonzaga.

O Museu eúne objetos que recriam a época em que Gonzagão viveu. Pedro Lucas antes da pandemia guiava as visitas no local, contando a história de cada objeto do museu, função que divide com o primo, Caio Éverton. Além de vinis do artista, o museu exibe sanfonas, ferramentas de trabalho e utensílios, partes do universo cantado por Luiz Gonzaga.

Por toda a história é que Pedro Lucas, solicita aos amigos mais um incentivo. Para o futuro ele que ser um museólogo.

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É DOMINGUINHOS O MAIOR SANFONEIRO DO UNIVERSO

 

“Armaria, mãinha! Nãn! Quem é esse neném deitado em minha manjedourazinha?”

— É Dominguinhos, meu filho. O maior sanfoneiro do Universo. Fale baixo, Joshua, que ele precisa descansar. Fez uma viagem longa, está enfadado. Vá brincar com seus novos amigos, esse anjinhos que chegaram ainda há pouco da Palestina e das favelas pacificadas do Rio de Janeiro para a visita do Papa.

Nem bem falou Nossa Senhora, toda zelosa pelo sono do recém-chegado, e ouviu-se uma voz de trovão. Não era Deus.

— Acorda, seu Dominguinhos! Oxente! Amofinou-se, o homem? Acorda, seu Dominguinhos, que eu, Sivuca, Jackson do Pandeiro, Marinês e João do Vale queremos fazer um fuá com vosmicê.

Não era Deus. Era Luiz Gonzaga, quase Deus, já levantando o manto azul que Nossa Senhora havia colocado delicadamente sobre o corpo e a alma calma do sanfoneiro de Garanhuns, de Pernambuco, do Brasil, do Universo. E Nossa Senhora não teve nem tempo nem jeito de segurar os forrozeiros comandados pelo Rei do Baião, já tudo no pé da porta querendo dar as boas-vindas e tocar música boa com ele. E foi assim que Dominguinhos ressuscitou logo no primeiro dia. Pegou uma sanfona novinha trazida por Santa Luzia e está tocando e cantando com seus parceiros. A semana no céu agora não tem segunda, terça, quarta, quinta, sexta nem sábado. Todo dia é Dominguinhos. Dominguinhos vive, viva Osvaldinho do Acordeon! Dominguinhos vive, viva Camarão! Dominguinhos vive, viva Richard Galliano! Viva todos os sanfoneiros do mundo!

O mais universal dos acordeonistas vinha adoentado já há alguns anos, mas era só poder sair do hospital e já caía na estrada, ele mesmo dirigindo a caminhonete, revezando-se com um motorista. Gostava de dirigir, tinha medo de avião. E conhecia bem as estradas do Brasil. Era alguém estar perdido nas imensidões do Brasil e ligava pra ele. Bastava dizer onde estava e ele ensinava o melhor caminho para chegar. Uma espécie de Google Maps da música brasileira. Percorreu muito o nosso país. Primeiro com Luiz Gonzaga. Depois com Anastácia, Gilberto Gil, Gal Costa, fazendo o seu próprio trabalho solo.

Quando não estava na estrada, ou nos hospitais dos últimos tempos, enfiava-se em estúdios, onde quer que estivesse, para gravar, fazer participações em discos de iniciantes, desconhecidos, parceiros, gentes de outros estilos. Gostava de se misturar, de levar sua musicalidade única a todos os lugares, todos os sons, todos os sentidos. Talvez por isso mesmo tenha contagiado imensamente a música brasileira e influenciado praticamente todos os sanfoneiros seus contemporâneos e os que vieram depois dele. Se bem que, para ele, o tempo não parecia assim dividido em antes, durante e depois. Era como se vivesse num contínuo. Tudo sendo durante, como agora.

O acordeonista francês Richard Galliano chora de emoção no filme “Paraíba meu amor”, do diretor franco-suíço Bernard Robert-Charrue, ao encontrar-se pela primeira vez com Dominguinhos. Sempre que vinha ao Brasil, procurava os discos do sanfoneiro pernambucano em lojas e sebos. Era um ídolo, uma referência. No período em que Dominguinhos esteve enfermo, quando o hospital já não mais o devolveu para a amada estrada e aos estúdios, Richard Galliano fez uma música pra ele, uma linda melodia. 

Enquanto dormia Dominguinhos inspirou muitos outros artistas daqui e de alhures a compor pra ele, inspirados nele, canções de ninar, canções de acordar. Mas dessa vez ele só foi mesmo acordar no outro mundo, sob o manto azul da Santa, com a voz de trovão de Gonzagão e os resmungos do Menino Jesus por causa do empréstimo de sua manjedoura.

Dominguinhos vive, viva Dominguinhos!

(Texto: Francisco Cesar Gonçalves-Chico Cesar-cantor e compositor)

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MISSA VAQUEIRO SERRITA. A CULTURA VIVE NA FÉ TRABALHO E ESPERANÇAS

Compreender que a história vem se tecendo com a força da própria vida. E por isto, disse o cantador Virgilio Siqueira, daí não ser possível guardar na própria alma a transbordante força de uma causa. Daí não ser possível retornar, afinal, a gente nem sabe ao certo se de fato partiu algum dia...

“Tengo/legotengo/lengotengo/lengotengo … O vaqueiro nordestino/morre sem deixar tostão/o seu nome é esquecido/ nas quebradas do Sertão ...” Os versos ecoam pelo lugar, realçados pelo trote dos animais e o balançar natural dos chocalhos trazidos pelos donos, todos em silêncio. É música. É arte.

Cada arte emociona o ser humano e maneira diferente! Literatura, pintura e escultura nos prendem por um viés racional, já a música nos fisga pelo lado emocional. Ao ouvir música penetramos no mundo das emoções, viajamos sem fronteiras.

A viagem dessa vez é o destino Serrita, Pernambuco, município próximo a Exu, terra onde nasceu Luiz Gonzaga, ali no sítio Lages, um primo do Rei do Baião, no ano de 1951, Raimundo Jacó, homem simples, sertanejo autêntico, tendo por roupa gibão, chapéu de couro tombou assassinado.

Realizada anualmente sempre no quarto domingo do mês de julho, a Missa do Vaqueiro tem em suas origens uma história que foi consagrada na voz de Luiz Gonzaga e criada com os amigos Padre João Câncio e Pedro Bandeira, violeiro e o único que vive e participa da Missa. Pedro Bandeira atualmente mora em Juazeiro do Norte, Ceará.

Este ano a Missa do Vaqueiro de Serrita completa 50 anos. As celebrações serão virtuais devido ao decreto de pandemia que não permite aglomerações.

A música composta por Nelson Barbalho, ainda ecoa nos sertões brasileiros: Raimundo Jacó, um vaqueiro habilidoso na arte de aboiar. Reza a lenda que seu canto atraía o gado, mas atraía também a inveja de seus colegas de profissão, fato que culminou em sua morte numa emboscada. O fiel companheiro do vaqueiro na aboiada, um cachorro, velou o corpo do dono dia e noite, até morrer de fome e sede.

A história de coragem se transformou num mito do Sertão e três anos após o trágico fim, sua vida foi imortalizada pelo canto de Luiz Gonzaga. O Rei do Baião, que era primo de Jacó, transformou “A Morte do Vaqueiro” numa das mais conhecidas e emocionantes canções brasileiras. Luiz Gonzaga queria mais. Dessa forma, ele se juntou a João Câncio dos Santos, na época padre que ao ver a pobreza e as injustiças sociais cometidas contra os sertanejos passou a pregar a palavra de Deus vestido de gibão, para fazer do caso do vaqueiro Raimundo Jacó o mote para o ofício do trabalho e para a celebração da coragem.

Assim, em 1970, o Sítio Lajes, em Serrita, onde o corpo de Raimundo Jacó foi encontrado, recebe a primeira Missa do Vaqueiro. De acordo com a tradição, o início da celebração é dado com uma procissão de mil vaqueiros a cavalo, que levam, em honras a Raimundo Jacó, oferendas, como chapéu de couro, chicotes e berrantes, ao altar de pedra rústica em formato de ferradura. 

A missa, uma verdadeira romaria de renovação da fé, acontece sempre ao ar livre. A Missa do Vaqueiro enche os olhos e coração de alegria e reflexões. O poeta cantador de Viola, Pedro Bandeira se faz presente ao evento e o peso dos seus mais de 80 anos ilumina com uma mágica leveza rimas e versos nos improvisos da inteligência. Vaqueiros e suas mãos calejadas, rostos enrugados pelo sol iluminam almas.

Em Serrita ouvimos sanfonas tocando alto o forró e o baião. Corpo e espírito ali em comunhão. A música do Quinteto Violado, composto por Janduhy Filizola é fonte de emoção. A presença de Jesus Cristo está no pão, cuscuz, rapadura e queijo repartidos/divididos na liturgia da palavras.

Emoção! Forte Emoção é que sinto na Missa do Vaqueiro ao ouvir sanfona e violeiros:

“Quarta, quinta e sexta-feira/sábado terceiro de julho/Carro de boi e poeira/cerca, aveloz, pedregulho/Só quando o domingo passa/É que volta os viajantes aos seu locais primitivos/Deixa no caminho torto/ o chão de um vaqueiro morto úmido com lágrimas dos vivos.

E aqui um assunto místico: quando o gado passa diante do mourão onde se matou uma rês, ou está esticado um couro, é comum o gado bater as patas dianteiras no chão e chorar o sentimento pelo “irmao” morto. O boi derrama lágrimas e dá mugidos em tons graves e agudos, como só acontece nos sertões do Nordeste!

Assim eu escutei e aqui reproduzo...

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PROJETO DE LEI PROÍBE PLANTIO DE ÁRVORE NIM EM BOM JESUS DA LAPA, BAHIA

Um projeto chamou a atenção no municipio de Bom Jesus da Lapa, Bahia. A Câmara de vereadores aprovou lei que proíbe o cultivo da árvore Nim e ainda dispõe sobre “a proibição do plantio, cultivo, transporte e produção da espécie Nim, na área urbana e rural".

O projeto foi justificado através dos estudos científicos que apontam o efeito inseticida dessa espécie tem alto impacto sobre o equilíbrio ecológico local, principalmente na comunidade das abelhas. 

"Além disso descaracteriza o nosso bioma da Caatinga. Adote uma árvore natural do nosso bioma", diz projeto do vereador Leonel Cardoso, ressaltando que o Nim é muito mais prejudicial que benéfico e que o municipio deve realizar uma campanha de conscientização junto a população.

O engenheiro agrônomo, Lúcio Flávio Magalhães Cezar, atual Secretário Meio Ambiente, em contato com o BLOG NEY VITAL, disse que uma Cartilha está sendo elaborada e que o trabalho de diálogo junto a comunidade busca o resultado positivo para o meio ambiente.

Segundo o secretário, a opção para a substituição será lenta e gradual do Nim se dará a médio e longo prazo através do fornecimento de espécies nativas do bioma. Terá prioridade e será disponibilizada pela Secretaria do Meio Ambiente, como: Ipê do Brasil (cores variadas), Sibipiruna, Pau ferro, Pata de Vaca, Canafístula, Jacarandá (praças), Quaresmeira, Oiti (canteiros e praças), entre outras que não afetam construções e calçadas. Plantas ornamentais serão introduzidas e às plantas ornamentais em cores variadas darão um toque de beleza e leveza a cidade.

A arvore “nim” (nome científico: Azadirachta indica A. Juss.) é uma espécie exótica, originária da sul da Ásia. Na Índia, é bastante utilizada por adeptos da fitoterapia por possuir propriedades farmacológicas. A planta foi introduzida no Brasil na década de 1980, com o intuito de trabalhar como um pesticida em lavouras, mas se tornou uma planta com alto poder degradante. Tem sido bastante usada, especialmente na região do Vale do São Francisco no paisagismo urbano de ruas e calçadas.

Estudos científicos revelam que a árvore nim, representa uma ameaça. Ela tem se adaptado muito bem ao clima semiárido, respondendo bem até quando não recebe água regularmente. Isto se deve ao fato da árvore conseguir acessar a água do solo, com suas raízes profundas. Possui crescimento relativamente rápido, fornecendo sombra  com poucos meses após o plantio. O crescimento rápido têm convencido cada vez mais os moradores a plantarem o nim em suas calçadas.

Um dos principais problemas causados pelo nim é o efeito de seu principal princípio ativo: a Azadiractina. É uma substância comprovadamente inseticida. Possui ainda efeitos sobre a reprodução de insetos nativos, inibindo sua a reprodução. Particularmente, as abelhas nativas, que são de extrema importância na polinização e se adaptaram ao longo de milhões de anos a polinizarem as espécies vegetais nativas estão sendo dizimadas pela presença do nim.

Ano passado a reportagem do BLOG NEY VITAL, destacou que professora, engenheira agrônoma, Candida Beatriz, mestre e doutora em CiêncIas Agrárias e o alerta para os riscos, um dos principais: "não plantar Nim quando existe produção de mel de abelhas". A doutora aponta que o Nim pode prejudicar a polinização. 

Um dos maiores cuidados apontado pela doutora Candida é que o cultivo da espécie e sua proliferação podem provocar prejuízos a outras espécies vegetais e até animais, uma vez que possui também propriedades repelentes. "Tudo em excesso traz seus riscos e perigos. Portanto, o plantio em excesso da árvore Nim também pode causar inúmeros prejuízos", relata Candida.

Pesquisadores numa linha mais radical acusam que a ação do plantio agrava ainda mais o processo de desertificação no Nordeste e principalemte na Região do Semiarido. 

Evelline Lanzillotti, Biologa da Universidade Estadual do Ceará diz que proliferação da Especie no Estado trará grandes prejuízos ao meio ambiente e ao bioma em um futuro próximo, com base em cinco justificativas: "a espécie nim se alimenta dos microrganismos da terra, é repelente natural de proporções desastrosas para a fauna e a flora, tem poder extraordinário de reprodução que já está sem controle, é árvore invasora que já ocasiona danos na região."

Amplamente utilizada como alternativa para a arborização urbana e rural, a espécie foi dissiminada em vários municípios do Nordeste e agora, por ser extremamente invasora começa a preocupar ambientalistas. A preocupação é no sentido de evitar a proliferação, em vista dos danos ambientais já verificados na região. 

No início do ano 2000, Aveline Lanzillotti, bióloga que realizou pesquisas acerca da invasão de plantas exóticas quando atuava como professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece) na região dos Inhamuns, também chancela que o Nim assim como outras espécies (algaroba, sempreverde, entre outras) estão em quantidade excessiva na caatinga e invadem o bioma, competem com as nossas espécies e ganham cada vez mais espaço. 

"O Nim Propagam-se rápido e tem fácil poder de adaptação. Já podemos afirmar que o bioma caatinga está descaracterizado, especialmente no que se refere à flora", alerta da pesquisadora da Uece", declarou Eveline.

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TODOS OS DOMINGOS 8H PROGRAMA NAS ASAS DA ASA BRANCA-VIVA LUIZ GONZAGA E SEUS AMIGOS


Todos os domingos 8hs. www.radiocidadeam870.com.br

PROGRAMA NAS ASAS DA ASA BRANCA-VIVA LUIZ GONZAGA E SEUS AMIGOS: A cultura e a arte são notícia. A educação para a arte e a arte na educação. Estilos e ritmos musicais. Toda a diversidade e a riqueza da cultura. O Brasil e suas expressões de identidade nas ondas do Rádio. Rádio Cidade FM 95.7
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