MEMÓRIA: ZUZA HOMEM DE MELLO DEIXA O MAPA BEM ORQUESTRADO DA MÚSICA BRASILEIRA


Jornalista, escritor e professor doutor Emanuel Andrade, relembra a trajetória de Zuza Homem de Melo, que faleceu semana passada, e deixa um legado para a história da música. Confira:

A  memória  serve ao presente  - o que explica  em grande medida a relevância  que ela adquiriu  para além de círculos especializados. No mais, preservar a memória da cultura de um povo é mapear e enriquecer o patrimônio de suas linguagens. Quando o assunto é Música Popular Brasileira o primeiro nome que já está na história há mais de meio século chama-se Zuza Homem de Mello que saiu de cena da vida real esta semana. Talvez exista alguém que conheça música tanto quanto o jornalista e crítico que estava na ativa desde 1957, mas é bem difícil.

Zuza presenciou o surgimento de movimentos importantes que desenharam os trilhos da MPB como a Bossa Nova, a Jovem Guarda e a Tropicália. Agora imagine que ainda jovem quando foi estudar musicologia nos EUA, em  novembro de 1957, no Carnegie Hall, assistiu algo que sabe lá Deus que importância teve na vida dele: um espetáculo que uniu uma constelação de músicos formada pelo jovem Ray Charles, Dizzy Gillespie, Sonny Rollins, Chet Baker, Thelonius Monk, John Coltrane e, para terminar, Billie Holliday.

No Brasil, Zuza, mais que apaixonado por jazz, marcou a história da música brasileira por ajudar a lapidar e conceber trabalhos históricos ao lado de Elis Regina, Milton Nascimento e Gilberto Gil. Atuou na TV e no rádio chegando a apresentar o programa "Jazz Brasil", na TV Cultura. Não mais como instrumentista da noite, lançou-se como técnico de som, mas com um pensamento de captar também a alma dos programas e das plateias em um momento único da TV Record, em produções como O Fino da Bossa, Jovem Guarda e Bossaudade.

Há dois anos sua trajetória foi contada no documentário "Zuza Homem de Jazz", dirigido por Janaina Dalri que resgatou sua época morando nos EUA, para estudar na prestigiada escola Juilliard School. Zuza tinha um conhecido humor inteligente, sempre carregado de informações para cada interlocutor. "Para todos os efeitos eu tenho músicas nas veias", costumava se definir. O papel de pesquisador e de músico se misturava vez ou outra na rotina do Zuza escritor, jornalista, contrabaixista e técnico de som.

Em entrevista ao Itaú Cultural anos atrás afirmou que, antes de se profissionalizar no campo da pesquisa, tocava todas as músicas que ouvia na rádio como Luiz Gonzaga, Mário Reis, Ary Barroso e Dorival Caymmi. "Eram as músicas que fizeram minha cabeça. A minha grande universidade na música popular era ouvir rádio".

Quando voltou da temporada americana, a Bossa Nova o pegou da cabeça aos pés. Foi amigo de todos os seus integrantes, ouviu todos os discos, dirigiu shows e entrevistou o elenco "top" do movimento banquinho e violão. Para ele, João Gilberto era uma espécie de papa da batida bossanovista. Menos de uma semana antes de morrer, Zuza pôs ponto final na biografia que estava escrevendo sobre o baiano de Juazeiro(BA), assunto que o deixava emocionado.

Sempre que fazia audições do álbum Amoroso, que João lançou em 1977, dizia que não conseguia ouvi-lo sem ir às lágrimas. Quando os pais entenderam que não valia a pena insistir para que ele seguisse outro caminho foram direto ao assunto quando o jovem chegou em casa na madrugada após baladas musicais com um instrumento debaixo do braço:  "Se é assim, prepare-se. Você vai estudar".

Em sua trajetória, uma coisa certa era que ele não ouvia música só para ativar as emoções biológicas. A cada audição degustava, parava, analisava letra, arranjo, estilo, ritmo e tudo que esta arte possibilitou aos seus ouvidos dos mais apurados. "Meu papel é ensinar as pessoas a aprender a ouvir." Para ele, ouvir bem uma música, com tudo o que ela tinha a oferecer, era um ato que poderia salvar um dia, uma história, uma vida.

No contexto presente,  no qual o futuro deixou de representar a promessa de progresso, é coerente que se olhe para trás com avidez e compreensão do valor da memória que a cultura estabelece. A contribuição que Zuza Homem de Mello deixa tem o reforço de seus livros a exemplo de A Era dos Festivais - Uma Parábola( 2003), Eis Aqui os Bossa Nova(2008) Copacabana(2017); e em dois volumes, A Canção no Tempo, em parceria com Jairo Severiano. 

O depoimento do músico Egberto Gismont para imprensa fotografa bem o papel do pesquisador: "É estaca guardiã, solitária e feliz diante da preservação e respeito a nossa música, nossos músicos, nossos cantores e cantoras, compositores, arranjadores, cantadores de repentes, tocadores de pife, de sanfona, de tarol, de prato e faca raspada". 

*Coluna Texto ao Texto (Letras e sons) por Emanuel Andrade, jornalista, professor do curso de Jornalismo em Multimeios e Doutor em Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP).    


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BISPOS SAEM EM DEFESA DO RIO SÃO FRANCISCO

Bispos retomam tradição da Igreja brasileira e saem em defesa do Rio São Francisco. Os Bispos da Bacia do rio São Francisco (que inclui os estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Sergipe) lançam neste domingo (03),  uma nota em defesa do Velho Chico. Na nota consta a assinatura e apoio de Dom Frei Carlos Alberto Breis Pereira, bispo Diocesano de Juazeiro e Vice-Presidente do Regional NE 3 da CNBB.

Confira: 

“Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância.”

(João, 10,10)

Nós, bispos católicos da Bacia Hidrográfica do São Francisco, neste dia de São Francisco de Assis e do rio que recebeu seu nome há 519 anos, nos sentimos, mais uma vez, compelidos a nos pronunciar sobre a situação em que se encontram o Rio e seu Povo. A promessa de vida trazida por Jesus não nos permite calar.

Ao final de 2017 publicamos a “Carta da Lapa”, alertando para a necessidade de medidas de revitalização da Bacia Hidrográfica. Desde então, não só estas medidas não foram tomadas e nem se anunciam – e são cada vez mais urgentes, como a situação tem piorado e promete piorar ainda mais. Pelo menos três novas ameaças identificamos: 

A Usina Hidrelétrica – UHE Formoso. Esta nova usina está para ser construída na calha do rio, a 12 km a montante de Pirapora – MG, e alagar uma área de mais 32 mil hectares, em seis municípios, causando impactos ambientais e sociais desastrosos, que vão além do local e não estão sendo levados em conta. Os empreendedores e os governos federal e estadual aceleram o licenciamento da obra, em desrespeito às populações afetadas, entre as quais centenas de comunidades tradicionais ribeirinhas. 

Uma Usina Nuclear. Está para ser implantada às margens do reservatório da Barragem de Itaparica, a Usina Nuclear de Itacuruba – PE. Anunciada há tempos, sinais recentes de sua concretização inquietam ainda mais as comunidades locais, já sofridas com as consequências da barragem que os expulsou da beira do Rio em 1987/88. As águas do Rio utilizadas para o resfriamento das caldeiras da usina ficarão contaminadas por radiação e elevadas a altíssimas temperaturas. Além do grande desequilíbrio a causar nos ecossistemas da região e a jusante do Rio, os riscos tenebrosos de um desastre nuclear afetarão uma região ainda maior.

Instrução Normativa no 67. Preocupa-nos ainda esta Instrução Normativa de 3 de agosto de 2020, da Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União e da Secretaria Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados / Ministério da Economia, que trata da “demarcação de terrenos marginais, por meio da determinação da posição da Linha Média das Enchentes Ordinárias – LMEO e da Linha Limite dos Terrenos Marginais – LLTM” dos “lagos, rios e quaisquer correntes de água” federais. Chegam até nós apelos angustiados de comunidades tradicionais ribeirinhas do São Francisco, temerosas de que venham a perder para empreendedores privados as porções principais de seus territórios e o acesso ao Rio.

A produção de energia já compromete 70% da vazão do Rio São Francisco e é uma das principais causas de sua degradação. Não suportará estas novas agressões. É de se questionar o aumento incessante da demanda de energia elétrica e de novos territórios para produção, por um modelo de vida e civilização que está levando o planeta, nossa “Casa Comum”, à exaustão. As mudanças climáticas e as pandemias, cada vez mais intensas e rigorosas, que atingem sobretudo os mais pobres, estão aí a comprovar o fracasso do apregoado “desenvolvimento sustentável” ou de um pretenso “capitalismo verde”. Ao invés de serem manipuladas para o continuísmo do sistema, estão a exigir uma mudança radical dos rumos da humanidade, nos modos de produzir e consumir, em direção à “ecologia integral” que advogam, sensatamente, o Papa Francisco na “Laudato Si’” e o recente Sínodo da Amazônia.

A promessa de vida abundante anunciada por Jesus é nosso desafio e compromisso permanentes. Obriga-nos a esta denúncia e apelo. Às autoridades responsáveis em todos os níveis, pedimos encarecidamente que revejam suas decisões e medidas a cerca destes projetos, em vista do bem comum e da prioridade aos mais pobres, ao meioambiente, à vida, para além das pressões de interesses privados minoritários, agravantes da crise ecológica que a todos e tudo ameaça. À sociedade organizada, às pessoas de boa-vontade, sugerimos que tomem conhecimento destas situações e a defesa do bem maior, em apoio às comunidades afetadas, pressionando as autoridades. Às comunidades afetadas dizemos: fiquem firmes, defendam seus direitos e contem com nosso apoio!

Bacia do Rio São Francisco, 04 de outubro de 2020.

Dom João Justino de Medeiros Silva Arcebispo Metropolitano de Montes Claros – MG

Dom João Santos Cardoso Bispo Diocesano de Bom Jesus da Lapa – BA Presidente do Regional NE 3 da CNBB.

Dom Frei Carlos Alberto Breis Pereira, OFM Bispo Diocesano de Juazeiro – BA Vice-Presidente do Regional NE 3 da CNBB.

Dom Vitor Agnaldo de Menezes Bispo Diocesano de Propriá – SE Secretário do Regional NE 3 da CNBB.

Dom Roberto José da Silva Bispo Diocesano de Janaúba – MG

Dom José Moreira da Silva Bispo Diocesano de Januária – MG

Dom Tommaso Cascianelli, CP Bispo Diocesano de Irecê – BA

Dom Gabriele Marchesi Diocesano de Floresta – PE

Dom Frei Luiz Flávio Cappio, OFM Bispo Diocesano de Barra – BA

Foto: João Zinclar

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OS DESERTOS DE NOTÍCIA NOS MUNICÍPIOS E INFORMAÇÃO COM QUALIDADE EM TEMPOS DE ELEIÇÕES SÃO TEMAS DO WEBINÁRIO 'DESINFORMAÇÃO NO NORDESTE

Mais da metade dos municípios brasileiros são desertos de notícia conforme levantamento realizado pelo Atlas da Notícia, idealizado pelo Projor (Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo). 

Dentre as regiões no país que lidam com esses desertos, o Nordeste é um dos que mais enfrenta desafios e adversidades quanto à cobertura jornalista, principalmente de qualidade.

Diante disso, a ULEPICC-Brasil (Capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) e a COAR (1º projeto independente de fact-checking no Piauí) lançam de 6 a 9 de outubro de 2020, o Webinário “Desinformação no Nordeste: Desafios e oportunidades para o jornalismo”. O evento é totalmente gratuito e exibido na Plataforma Google Meet.

Para a abertura do evento será promovida a Aula Inaugural dia 6 de outubro, às 19h, e apresentada por Carlos Eduardo Franciscato, que é pós-doutor em Comunicação e professor titular da Universidade Federal de Sergipe (UFS). A partir do dia 7, o Webinário contará com mesas temáticas promovidas por pesquisadores e representantes de entidades do jornalismo regional e nacional.

Para os interessados, as inscrições poderão ser realizadas no seguinte link: https://forms.gle/7n87nyGbruBq9kRr5.

As mesas estão divididas por temas: 1 – O cenário do acesso à informação no Nordeste: desafios e oportunidades.

Sem meios oficiais confiáveis para se informar, nordestinos que convivem com desertos de notícias podem ficam mais suscetíveis a acreditarem em boatos, que muitas vezes não são verdadeiros. Diante cenário desafiador, o Webinário apresenta no dia 7 de outubro, a partir das 16h, a mesa composta pelos seguintes pesquisadores:

– Janaine Aires: Doutora em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É líder do EPA! – Grupo de Pesquisa em Economia Política do Audiovisual. Confira mais no Currículo Lattes da palestrante.

– Cristiane Portela: Doutora em Comunicação pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Piauí (PPGCOM/UFPI). Confira mais o Currículo Lattes da palestrante.

– Anderson Santos: Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade de Brasília (UnB). Presidente do Capítulo Brasil da União Latina da Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura (Ulepicc- Brasil). Confira mais no Currículo Lattes do palestrante.

Neste cenário repleto de informações fraudulentas, há também os desertos de notícias e os discursos de ódio que distanciam a população da liberdade de expressão e dos meios democráticos. Então, o que pode ser feito? E o que vem sendo feito no Nordeste para minimizar o volume dessas atrocidades? Essa aula ocorrerá no dia 8 de outubro, a partir das 19h, e contará com uma mesa formada pelos seguintes pesquisadores:

– José Maria da Silva Monteiro Filho: Doutor em Informática pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Tem experiência na área de Ciência da Computação com ênfase em Banco de Dados e Engenharia de Software. Confira mais no Currículo Lattes do palestrante.

– Paulo Fernando: Doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).Professor Associado II da Universidade Federal do Piauí, coordenador do Grupo de Pesquisa Jornalismo e Discursos (JORDIS) e diretor da Rádio Universitária desde 2013. Confira mais no Currículo Lattes do palestrante.

– Pedro Jorge Chaves Mourão: Doutorando em Sociologia pela Universidade Estadual do Ceará (UECE).Pesquisador do Laboratório Grupo de Estudos da Conjuntura e das Ideias Políticas (GECIP-UECE) e do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (LEPEM-UFC). Confira mais no Currículo Lattes do palestrante.

– Francisco Mesquita: Doutor em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Professor no Departamento de Ciências Sociais, nos programas de pós-graduação em Sociologia e gestão pública da UFPI. Confira mais no Currículo Lattes do palestrante.

– Francisco Laerte: Doutor em Comunicação e Cultura pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação na Universidade Federal do Piauí (UFPI)

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MORRE O PESQUISADOR MUSICAL, ZUZA HOMEM DE MELO, AOS 87 ANOS

A música brasileira perdeu neste domingo (4), o pesquisador musical Zuza Homem de Mello, aos 87 anos, vítima de um infarto agudo miocárdio. Ele faleceu enquanto dormia, em sua residência no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Por causa da pandemia do novo coronavírus. Familiares preferiram não revelar ao público em geral, o local do velório e sepultamento para que a cerimônia fúnebre seja restrita aos amigos mais próximos.

Zuza foi um dos mais estudiosos da música popular brasileira e havia finalizado na última terça-feira (29), uma biografia sobre João Gilberto, um dos ícones da MPB. Outra paixão que pulsava nas veias do musicólogo, era o jazz, estilo do qual também se tornou especialista. Neste gênero, Zuza dizia que para gostar de jazz era preciso conhecer a música porque o para se tocar este ritmo era preciso ter um conhecimento avançado para poder improvisar.

A rádio Senado destacou que O músico, jornalista e escritor Zuza Homem de Mello era um dos mais importantes pesquisadores de música do país, coordenou publicações como a Enciclopédia da Música Brasileira. Na semana passada, concluiu seu último trabalho: a biografia de João Gilberto 

Segundo a família, Zuza havia passado o sábado (3) comemorando com a mulher, Ercilia Lobo, seus novos projetos, como a biografia do músico João Gilberto, que havia finalizado recentemente, e a série "Muito Prazer Meu Primeiro Disco", com o Sesc São Paulo -o primeiro episódio, com Gilberto Gil, saiu neste sábado.

Nos anos 1950, Zuza, que era contrabaixista e amante do jazz, foi para os Estados Unidos estudar música em Massachusetts e em Nova York, onde frequentou clubes do gênero e assistiu de perto a apresentações de ícones como Duke Ellington, Billie Holiday, Miles Davis, Thelonious Monk e John Coltrane.

O musicólogo marcou a história da música nacional por trabalhos com nomes como Elis Regina, Milton Nascimento, Elizeth Cardoso e Jacob do Bandolim.

Ele também escreveu obras importantes sobre a música brasileira, dentre eles "A Era dos Festivais - Uma Parábola" (2003) e "Copacabana" (2017), além de publicar "Música com Z: artigos, reportagens e entrevistas" (2014), que reuniu textos escritos por ele entre 1957 e 2014.

Em 2019, o documentário Zuza Homem de Jazz, sobre sua trajetória como músico, técnico de som e pesquisador, foi lançado. Filmado em São Paulo, Rio de Janeiro e Nova York, tem direção de Janaína Dalri.

Segundo a família, o velório será restrito a família e amigos por causa da pandemia.

HISTÓRIA: Nascido em 1933, Zuza Homem de Mello usa os anos de vida como vantagem para acumular conhecimentos. O seu lado de jornalista, escritor e radialista se une ao de musicólogo e produtor para ser um dos maiores conhecedores atuais da música brasileira.

Zuza organizou o Festival de Verão do Guarujá, que teve a participação de artistas como Luiz Gonzaga, Raul Seixas e Djavan, e três edições do Festival Carrefour. Foi convidado para festivais internacionais nos Estados Unidos e na Europa, da França à Suíça. Produziu os shows de Milton Nascimento no Japão, em 1988, e diversos discos com nomes consagrados da MPB, como Elis Regina e Orlando Silva.

Nascido em 1933, Zuza Homem de Mello usa os anos de vida como vantagem para acumular conhecimentos. O seu lado de jornalista, escritor e radialista se une ao de musicólogo e produtor para ser um dos maiores conhecedores atuais da música brasileira.

Zuza organizou o Festival de Verão do Guarujá, que teve a participação de artistas como Luiz Gonzaga, Raul Seixas e Djavan, e três edições do Festival Carrefour. Foi convidado para festivais internacionais nos Estados Unidos e na Europa, da França à Suíça. Produziu os shows de Milton Nascimento no Japão, em 1988, e diversos discos com nomes consagrados da MPB, como Elis Regina e Orlando Silva.

Desdo o dia 24 de março desde ano, o radialista e crítico musical Zuza Homem de Mello apresentava o Programa o Playlist do Zuza na Rádio USP (93.7 FM), todas as sextas-feiras, às 17h.

Sem se apegar a temas ou gêneros musicais, o Playlist do Zuza discutia a música popular brasileira com base na experiência de mais de seis décadas de carreira do apresentador.

Para o comentarista, o diferencial do Playlist está na sua flexibilidade, capaz de incorporar a diversidade da música popular brasileira em sua programação. 

“A grande marca desse programa é exatamente essa ‘salada’, que não tem gênero nem tem preferência por nada. Nessas condições, o que acaba chamando atenção das pessoas é a surpresa, porque, depois de uma música lenta, como uma valsa, de repente vem algo atual, como o reggae, que não tem nada a ver com aquilo que estava tocando antes. Pode entrar tanto um samba da pesada quanto uma música instrumental de solo de piano”, explicava Zuza. 

Sua relação com o rádio começou aos 11 anos, como ouvinte, e só a partir da década de 1970 conseguiu se dedicar mais à profissão de radialista, com o Programa do Zuza — Para quem tem música nas veias. Antes disso, nos anos 50, Zuza foi contrabaixista, colunista e crítico de jornais e de revistas. Na década de 1960, produziu programas para a TV Record e, nos anos seguintes, atuou como produtor de festivais e discos.

Segundo o radialista, o que mudou dos seus primeiros anos de rádio até seu mais novo programa foram o seu traquejo e seu repertório, que aumentaram com os anos de trabalho. Além disso, Zuza acompanhou a mudança da transmissão de ondas AM para FM nas rádios, que, segundo ele, fez uma grande diferença na experiência do ouvinte que o acompanha até hoje. Para interagir com a programação, a audiência pode enviar e-mail para ouvinte@usp.br.

Após décadas de experiência, Zuza avalia que hoje faltam apresentadores que tenham noção de ritmo de programação nas rádios e que dominem o assunto sobre o qual comentam. 

“As pessoas se habituaram a ouvir música sem ouvir. E o Playlist do Zuza tem essa ideia, ele procura chamar as pessoas para ouvirem música. Não adianta deixá-la como fundo musical, enquanto a pessoa está fazendo alguma outra coisa. Ela deve estar ouvindo aquilo”, critica. “O apresentador precisa estar presente enquanto a música está tocando, ou ter conhecimento do que vai ser tocado, senão ele não participa do próprio programa.”



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PAPA FRANCISCO DEFENDE FRATERNIDADE CONTRA INJUSTIÇAS DO CAPITALISMO

O papa escolheu o dia dedicado a são Francisco de Assis, santo que inspirou o nome adotado por ele como pontífice, para publicar um chamado à fraternidade universal em que ataca as injustiças do capitalismo global, pede que os imigrantes sejam acolhidos e defende o diálogo entre religiões e culturas diferentes.

"Fratelli Tutti" ("Todos Irmãos", em italiano), a nova encíclica do papa Francisco, foi assinada por ele em Assis (cidade natal do santo, na Itália central) em 3 de outubro, data em que o fundador dos franciscanos morreu em 1226, e teve seu conteúdo divulgado no dia seguinte.

É a primeira vez que um desses documentos papais é assinado fora de Roma. Também foi a primeira vez que o papa Francisco saiu do Vaticano e da capital italiana desde o início da pandemia causada pelo novo coronavírus. Assis, normalmente cheia de peregrinos e turistas do mundo todo, estava quase vazia durante a visita do pontífice argentino, que celebrou uma missa para poucas pessoas na cripta onde são Francisco está enterrado e preferiu se manter em silêncio depois do rito.

O simbolismo da carreira do santo medieval está presente desde os primeiros momentos do pontificado de Jorge Bergoglio, guiando sua preocupação com o que chama de "uma Igreja pobre para os pobres" e com a preservação ambiental. O título do novo documento também veio de um dos textos do religioso, tal como aconteceu com "Laudato Si'", a encíclica "verde" do papa, publicada em 2015.

Logo no começo da nova missiva, no entanto, o papa decidiu destacar outro aspecto da vida de são Francisco: sua decisão de visitar pacificamente os muçulmanos do Egito e seu sultão, Malik-al-Kamil, numa época em que cristãos e seguidores do Islã guerreavam pelo controle da Terra Santa, durante as Cruzadas.

"É impressionante que, há oitocentos anos, Francisco recomende evitar toda forma de agressão ou contenda e também viver uma 'submissão' humilde e fraterna, mesmo com quem não partilhasse a sua fé", escreve o papa, numa provável referência ao próprio Islã, termo que etimologicamente significa algo como "submissão a Deus" em árabe. "Não fazia guerra dialética impondo doutrinas, mas comunicava o amor de Deus."

Além das ações do santo, outra inspiração para a encíclica, segundo o pontífice, foi a colaboração entre ele e o grande imã Ahmad Al-Tayyeb, clérigo da prestigiosa Universidade Al-Azhar, no Egito. Francisco e Al-Tayyeb assinaram juntos um documento sobre a fraternidade humana em Abu Dhabi, em fevereiro de 2019, e o religioso islâmico é citado diversas vezes ao longo da "Fratelli Tutti".

Em parte, a encíclica soa como um reconhecimento, por parte do papa, de que sua visão sobre o futuro da Igreja Católica e das relações internacionais tem sido rejeitada por boa parte do mundo nos últimos anos. Entusiasta da integração entre os países europeus, da busca de soluções diplomáticas para conflitos e do combate às mudanças climáticas, Francisco alerta que "a história dá sinais de regressão".

"Reacendem-se conflitos anacrônicos que se consideravam superados, ressurgem nacionalismos fechados, exacerbados, ressentidos e agressivos. Em vários países, uma certa noção de unidade do povo e da nação, penetrada por diferentes ideologias, cria novas formas de egoísmo e de perda do sentido social mascaradas por uma suposta defesa dos interesses nacionais", escreve o papa. "Frequentemente as vozes que se levantam em defesa do ambiente são silenciadas ou ridicularizadas, disfarçando de racionalidade o que não passa de interesses particulares."

Francisco atribui boa parte da culpa por esses retrocessos ao que costuma chamar de "cultura do descarte", um tipo de pensamento voltado apenas para a eficiência econômica e que tende a marginalizar os mais vulneráveis da sociedade, em especial os pobres, os que sofrem de alguma deficiência, os idosos e os jovens.

"A pandemia deixou a descoberto as nossas falsas seguranças. Ficou evidente a incapacidade de agir em conjunto. Apesar de estarmos superconectados, verificou-se uma fragmentação que tornou mais difícil resolver os problemas que nos afetam a todos. Se alguém pensa que se tratava apenas de fazer funcionar melhor o que já fazíamos, ou que a única lição a tirar é que devemos melhorar os sistemas e regras já existentes, está a negar a realidade", afirma o papa.

É preciso pensar num modelo alternativo de civilização que contrarie essa lógica, diz Francisco, para quem a maior inspiração deve vir da parábola do Bom Samaritano, contada por Jesus no Evangelho de Lucas. Na narrativa bíblica, um homem atacado e gravemente ferido por ladrões numa estrada é socorrido por um samaritano (etnia considerada desprezível pelos judeus do tempo de Cristo), enquanto um sacerdote e um levita, membros da elite religiosa de Jerusalém, passam pelo necessitado e nada fazem.


A história não apenas enfatiza a importância da solidariedade como também mostra que é preciso romper as barreiras de preconceito que separam as pessoas por raça, credo ou orientação política, como as que separavam judeus de samaritanos na época de Jesus, afirma Francisco.


Tal princípio tem de ser colocado em prática para acolher os imigrantes que estão em busca de uma vida melhor, segundo a encíclica. Ao mesmo tempo, o papa defende que não se deve conduzir ao apagamento das diferenças culturais ou religiosas, mas que fortalecer a identidade própria de cada cultura é um passo importante para o diálogo sadio com os outros e para o enriquecimento mútuo trazido pelo contato entre os povos.


Como em outras de suas pregações, Francisco alerta para o fato de que o mundo estaria vivendo uma "terceira guerra mundial por pedaços", considerando os muitos conflitos étnicos e religiosos de pequena escala que afligem o planeta. Diante dessa situação, ele propõe uma reformulação importante da doutrina católica sobre as chamadas "guerras justas", afirmando que o recurso à guerra praticamente não pode mais ser justificado hoje. Para ele, o mesmo vale para a pena de morte.


Vista em seu conjunto, a nova encíclica talvez seja o resumo mais claro dos caminhos propostos por Francisco ao catolicismo e à sociedade global. Diante de um mundo cada vez mais polarizado, o papa redobrou sua aposta no que chama de "cultura do encontro". Resta saber se ainda está em tempo de fazer a maré virar.

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ORAÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO EM TEMPOS DE POUCOS RIOS

 

Aderaldo Luciano, nascido em Areia, na Paraíba, é poeta pautado pela estética da poesia do povo. Estudioso da poesia e da música do Brasil profundo, é mestre e doutor em Ciência da Literatura, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Vive o projeto Roda de Cordel – leituras e estudos, intervenções de leitura de cordéis em escolas e comunidades rurais brasileiras. Autor dos livros O auto de Zé Limeira (Confraria do Vento, 2008), Apontamentos para uma história crítica do Cordel Brasileiro (Luzeiro/Adaga, 2012), Romance do Touro Contracordel (Adaga, 2017). Até junho de 2017 manteve uma coluna semanal no programa Sabadabadoo – A Gente Gosta de Sábado na Rádio Globo (Rio e São Paulo): o Cordel de Notícias. Agraciado com o Falcão de Ouro por sua contribuição à cultura no estado de Sergipe.

Escritor e contador de histórias foi assim que escutei e assim reproduzo: oração do rio São Francisco em tempos de poucos rios. Confira:

Os olhos dessas crianças nuas me espetam e essa população de rua dormindo pelas calçadas me joga contra o muro. 

Só uma coisa me alenta hoje: a saudade do meu santo rio. O Rio São Francisco, o Velho Chico, Chiquinho. Escuto o murmurar de suas verdes águas: — Deixai vir a mim as criaturas... E assim foi feito. Falar de desrespeito e depredação tornou-se obsoleto. Denunciar matanças e desmatamentos resultou nulo. Orar e orar. Pedir ao santo do seu nome a sua oração.

Lá do Cristo Redentor da cidade de Pão de Açúcar, nas Alagoas, um moleque triste escutou a confissão das águas. Segundo ele, o Velho Chico dizia:

“Ó, Senhor, criador das águas, benfeitor dos peixes, escultor de barrancas e protetor de homens fazei de mim bem mais que um instrumento de tua paz. Se paz não mais tenho faz-me levar um pouquinho aos que em mim confiam. Paz para as lavadeiras que, em Própria, choram a sua fome de pão. Que, em Brejo Grande, soltam lágrimas pelos filhos mortos no sul do país. Que, em Penedo, já perderam a fé de serem tratadas como gente sã.

Onde houver o ódio dos poderosos que eu leve o amor dos pequeninos. O amor dos que cavam a terra a plantam o aipim. Dos que cavam a terra e usam-na como cama e lençol para sempre. Dos que querem terra para suas mãos, para os seus grãos, para a sua sede. O amor que não é submisso, mas escravizado. O amor que tem coragem de um dia dizer não. Coragem diante das balas e das emboscadas, das más companhias e da solidão.

Onde houver a ofensa dos governos que eu leve o perdão dos aposentados e servidores públicos. O perdão, nunca a omissão. A luta, porque perdoar não requer calar. Perdoar não quer dizer parar. Como minhas águas, tantas e tantas vezes represadas, mas nunca paradas e que, quando em minha fúria, carregam muralhas, absorvem barreiras e escandalizam Três Marias, Xingó e Paulo Afonso.

Onde houver a discórdia dos que mandam que eu leve a união dos comandados. A suprema união dos que sonham com as mudanças, dos que querem quebrar hegemonias e oligarquias. A discórdia dos reis contra a união dos plebeus. Um povo unido é força de Deus, dizia o velho bendito e sejais bendito, Senhor. A união das águas, a união das lágrimas, a união do sangue e a união dos mesmos ideais.

Onde houver a dúvida dos que fraquejam, que eu leve a fé dos que constroem seu tempo. Na adversidade, meio ao deserto e ao clima árido, a fé dos que colhem uvas e mangas em minhas margens. Dos que colhem arroz em minhas várzeas, dos que criam peixes com minhas águas em açudes feitos. A fé dos xocós lá em Poço Redondo. A fé que cria cabras nos Escuriais. Dos que colhem cajus e criam gado em Barreiras e outros cafundós.

Onde houver o erro dos governantes que eu leve a verdade de Canudos. O bom senso dos conselheiros de encontro à insanidade dos totalitários. Os canhões abrindo fendas na cidade sitiada e a verdade expondo cada vez mais a ferida da loucura na caricatura da História. O confisco da poupança e o rombo na previdência. O fim da inflação e o pão escasso, o emprego rarefeito, a dignidade estuprada em cada lar de nordestinos.

Onde houver o desespero das crianças da Candelária que eu leve a esperança das mães de Acari. E aqui, Senhor, te peço com mais fé. A dor dos deserdados, dos que perderam seus pais, filhos ou irmãos, seja de fome, doença ou assassínio, inundai-os com as águas esmeraldas da justiça. A justiça da terra e dos céus. Pintai de verde o horizonte das famílias daqueles que foram jogados mortos em minhas águas. Eles não foram poucos.

Onde houver a tristeza dos solitários que eu leve a alegria das festas de São João. Solitário eu banho muitas terras e em todas, das Gerais, do Pernambuco, das Alagoas e do Sergipe, não há tristeza ao pé da fogueira, nas núpcias entre a concertina e o repente, entre a catira e o baião.. Das festas do Divino ao Maior São João do Mundo, deixai-me levar, Senhor, o sabor de minhas águas juninas e seus fogos de artifícios.

Onde houver as trevas da ignorância que eu leve a luz do conhecimento e da sabedoria. A escuridão dos homens dementes que teimam em querer ferir-me de morte seja massacrada pela luz de um futuro negro, sem água potável, sem terra e sem ar.. Dai-me esse poder, de entrar nas mentes e nos corações, de espraiar-me pelos mil recantos dos que querem mal à nossa casinha, nossa pequena Terra. O homem sábio seja sempre sábio e contamine os povos com ensinamentos de preservação.

Ó, Senhor, dai-me vocação para consolar os que se lamentam de má sorte. Fazei-me compreender porque tanto mal há nos corações. Sobretudo, Senhor, não autorizeis que eu deixe de ser o Rio São Francisco, que há tantos anos não foge do seu leito, espalha e espelha vida em abundância. Que, embora tenha dado, quase nada recebo, que perdoando sempre, continuo sendo morto enquanto todos pensam que serei eterno.”

Foi assim que escutei e assim reproduzo. (Foto: João Zinclar)

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DIA DO RIO SÃO FRANCISCO É COMEMORADO COM MOBILIZAÇÕES CONTRA INSTALAÇÕES DE USINAS NUCLEARES E HIDRELÉTRICAS NO RIO

Populações tradicionais, ambientalistas e ativistas da região da bacia do rio São Francisco comemoram neste domingo, 4 de outubro, dia do rio São Francisco, com muitas mobilizações e ações que têm o objetivo de celebrar a data, mas também de alertar para os perigos que ameaçam a permanência de um dos rios mais queridos e mais importantes do Brasil.

As mobilizações são iniciativas de dois coletivos de ativistas que têm o rio São Francisco como pauta, o Velho Chico Vive e a Articulação Popular São Francisco Vivo, e estão sendo realizadas durante toda a semana com ações nas redes sociais, mas também com atividades presenciais em mais de dez cidades espalhadas pelos estados de Minas Gerais, Bahia, Alagoas e Sergipe.

As atividades presenciais acontecerão de maneira cautelosa, para evitar aglomerações que coloquem a vida dos participantes em risco. Mas o espírito de alerta e visibilidade para os perigos que o rio São Francisco e as suas populações tradicionais correm, será mantido.

As mobilizações estão sendo motivadas pelas recentes ameaças de implantação da Usina Hidrelétrica (UHE) do Formoso em Pirapora (MG) e as movimentações para a instalação de uma Usina Nuclear em Itacuruba (PE), ambas na bacia do rio São Francisco. 

Populações tradicionais que vivem nas barrancas do Velho Chico e ambientalistas e ativistas estão apreensivos e reivindicam a não instalação dos empreendimentos. Uma terceira ameaça que entra na pauta de reivindicações e que afeta diretamente os povos e comunidades tradicionais da região é a Instrução Normativa 67, emitida pelo Ministério da Economia, e que muda o processo de regularização das Terras Públicas da União. 

“O nosso objetivo é chamar a atenção da opinião pública, mobilizar as vontades populares organizadas, para acionar as autoridades competentes, MPF, os órgãos estaduais, o judiciário, para que esses novos empreendimentos não sejam efetivados e não agridam mais a vida que já vai por um fio em toda a bacia do São Francisco”, explica um dos coordenadores da Articulação São Francisco Vivo, o sociólogo e coordenador da Comissão Pastoral da Terra Nacional, Ruben Siqueira.

A outra ameaça ao Velho Chico é a Usina Nuclear de Itacuruba, cidade localizada no sertão de Pernambuco, às margens da barragem de Itaparica. Apesar de não haver um anúncio oficial, declarações de integrantes do governo apontam que a usina deve ser construída em breve. “Se a construção de uma Usina Nuclear for concretizada, vai usar água do rio, da barragem, para resfriar as caldeiras daquelas chaleiras atômicas. A água contaminada por radiação e altíssimas temperaturas, praticamente inviabilizará toda a vida na região abaixo”, aponta Ruben.

Programação:

Dia 04 – Ação de postagem de vídeos nas páginas do @Velhochicovive

Dia 4 – 9h Barqueata em Pirapora com saída da Cachoeira do Formoso, local onde se pretende construir a barragem.

Dia 4 – 9h Live Abração no Rio São Francisco, organizada pelo Movimento Fé e Vida

Dia 5 – 10h Cortejo saindo do bairro Aparecida em Pirapora.

Dia 5 – o dia todo Mobilizações em toda a bacia

Dia 5 – 15h Tuitaço #BastadeUsinasNoVelhoChico

Dia 5 – 17h Grande Live com participação de todas as regiões

(Fonte: Velho Chico Vive e a Articulação Popular São Francisco Vivo-Foto: João Zinclar)

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