SEGUNDA PARCELA DE VALE-ALIMENTAÇÃO PARA ALUNOS DA BAHIA SERÁ PAGA DIA 8 DE JUNHO, DIZ GOVERNADOR

Mais uma vez, os 800 mil alunos da rede estadual de ensino vão ter direito ao auxílio de R$ 55 do vale-alimentação. 

O governador Rui Costa fez o anúncio do pagamento de mais uma parcela do benefício estudantil durante uma transmissão nas redes sociais, no início da noite desta sexta-feira (29). 

Os estudantes poderão utilizar a quantia exclusivamente para comprar itens do gênero alimentício em qualquer mercado instalado na Bahia a partir do dia 8 de junho, quando o valor será depositado pelo Estado. 

Para pagar a nova parcela do benefício, o governo estadual investirá R$ 44 milhões, mesmo montante do primeiro pagamento feito aos estudantes, em 20 de abril, como destacou o governador. 

“Vamos concluir a entrega dos cartões já nessa próxima semana, para que o pagamento da segunda parcela seja feito direta e integralmente por meio do cartão. Portanto, quem ainda não recebeu o cartão deve entrar em contato com a escola o quanto antes já que não será possível ter acesso ao benefício indo diretamente aos mercados, como ocorreu no primeiro pagamento”, alertou. 

"Não vai ter mais credenciamento em supermercado. Vamos depositar no cartão que já está de posse dos alunos. Os que não pegaram [o cartão] ainda, ligam para a escola. É o segundo apoio aos jovens matriculados na rede estadual e, com isso, continuar ajudando", continuou o governador. (Fonte: Ascom Governo da Bahia)

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UNIVASF: REITOR PRO TEMPORE ABANDONA REUNIÃO, FECHA LINK E DEIXA CONSELHO UNIVERSITÁRIO INDIGNADO

O professor Paulo Cesar Fagundes Neves que exerce o cargo de reitor pro tempore (temporário) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), através de uma Medida Provisória que trata sobre o processo de escolha de dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) no caso específico da Univasf, a designação de reitor pro tempore ocorre em virtude do pedido de suspensão da lista tríplice à Reitoria da Univasf, "aprontou mais um ato que deixou a comunidade acadêmica perplexa".

Durante reunião com o Conselho Universitário (Conuni), o reitor pro tempore "se retirou da sessão de transmissão, sem ao menos pedir licença". A ação foi considerada uma falta de respeito com os conselheiros que participavam da reunião. A saída abrupta, segundo informações, aconteceu logo após, a aprovação da pauta sobre a transmissão via TV Caatinga das reuniões. "O reitor pro tempore fechou o link, mesmo com a sala virtual com amplo quorum".

O argumento usado pelo reitor pro tempore é que "tinha um compromisso". O Conselho Universitário é considerado o órgão máximo deliberativo. O atual reitor pro tempore vem recebendo diversas críticas da comunidade também estudantil e funcionários, desde assumiu o cargo, motivada por ação judicial.

A ação foi movida por uma das chapas que concorreu aos cargos de reitor e vice-reitor para o mandato 2020-2024, na consulta informal junto à comunidade acadêmica e à lista tríplice, tendo o Conuni indicado à Reitoria o nome do professor Telio Leite, em primeiro lugar, e dos professores Ricardo Santana e Michelle Christini, em segundo e terceiro, respectivamente.

Recentemente em meio à crise pelo novo coronavírus e sob comando interino de um reitor pró tempore (temporário), o Coronel Heitor Bezerra Leite foi nomeado Gerente administrativo do Hospital Universitário (Univasf). 

A nomeação foi publicada no Diário Oficial do dia 18 de maio e assinada pelo presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, general  da reseva do Exército Oswaldo Ferreira.

Vinculada ao Ministério da Educação e Cultura, a Ebserh administra cerca 40 hospitais universitários. Oswaldo Ferreira comandou, ao lado de Augusto Heleno, atual ministro do Gabinete de Segurança Institucional, o bunker dos generais que montou o plano de campanha de Jair Bolsonaro. Chegou a ser convidado a ser ministro da Infraestrutura, mas não aceitou e teria indicado Tarcísio Freitas.

Heitor Leite (Coronel Leite) é ex-secretário de educação de Petrolina, ex-comandante do 72º Batalhão de Infantaria Motorizado do Exército, foi candidato a deputado estadual, pelo PP, mas deixou a legenda em novembro do ano passado, para ingressar no Aliança pelo Brasil, que luta contra o tempo para ser registrado.

Pelas redes sociais a nomeação recebeu críticas. "Univasf: Democracia e Resistência. Um espaço a serviço da luta por uma Univasf democrática e que resiste ao golpe e ao saque que atualmente está submetida. Militarização e ideologização das instituições. É curioso como nossa instituição tem analogias com o governo federal... o gestor e seu militar.... apesar do discurso dizer uma coisa.. a Univasf é intensamente ideologizada e se distancia das competências técnicas".

ENTENDA: 
O Ministério da Educação (MEC) publicou no Diário Oficial a portaria nº 384, de 9 de abril de 2020 que designa o professor Paulo Cesar Fagundes Neves para o cargo de reitor pro tempore da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). O ato ampara-se na Medida Provisória nº 914/2019 que trata sobre o processo de escolha de dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes).

No caso específico da Univasf, a designação de reitor pro tempore ocorre em virtude do pedido de suspensão da lista tríplice à Reitoria da Univasf, elaborada pelo Conselho Universitário (Conuni), em novembro passado, e que está sub judice por decisão liminar do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5).

A liminar é motivada por ação judicial  movida por uma das chapas que concorreu aos cargos de reitor e vice-reitor para o mandato 2020-2024, na consulta informal junto à comunidade acadêmica e à lista tríplice, tendo o Conuni indicado à Reitoria o nome do professor Telio Leite, em primeiro lugar, e dos professores Ricardo Santana e Michelle Christini, em segundo e terceiro, respectivamente.

Em recurso apresentado por um dos citados no processo judicial em curso, o professor Telio Leite e reitor em exercício, afirma a regularidade da formação da lista tríplice elaborada pelo Conuni. Telio Leite foi vice-reitor da Univasf em dois mandatos, 2012-2016 e 2016-2020, na gestão de Julianeli Tolentino.


Uma vez que o processo sucessório definitivo ainda aguarda a definição da lista tríplice encaminhada ao MEC, o cargo de dirigente da Univasf passou a ser exercido pelo reitor pro tempore professor Paulo Cesar Fagundes Neves.


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CANTOR GENIVAL LACERDA RECEBE ALTA E DEIXA HOSPITAL APÓS SOFRER ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

Internado no Hospital de Ávila, no Recife, desde o dia 25 de maio, quando sofreu um  acidente vascular encefálico (AVE) do tipo isquêmico (clique aqui), Genival Lacerda recebeu alta hospitalar nesta sexta-feira (29).

De acordo com o boletim médico, o músico “evoluiu durante todo este internamento com estabilidade clínica e neurológica” e deixa a unidade de saúde “consciente, orientado, mobilizando os 4 membros simetricamente”. 

A recomendação é que ele mantenha o tratamento com uso regular das medicações prescritas e siga controlando fatores de risco associados, como hipertensão arterial e diabetes melitus. O médico orienta ainda que Genival Lacerda dê seguimento ao tratamento ambulatorial, “principalmente com a cardiologia e neurologia”. 

Genival Lacerda, cuja característica é bom o bom humor foi durante a fase de internamento assediado por fãs que trabalham no hospital D’Ávila, no bairro da Madalena, no Recife.

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ESTUDO MOSTRA QUE PRECONCEITOS INTERFERE NA PERCEPÇÃO DO MIGRANTE NORDESTINO

Pesquisa realizada pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP mostra que a palavra “nordestino” está impregnada de preconceito e de construções sociais que levam alguns brasileiros de outros Estados a enxergarem os migrantes do Nordeste como “seres inferiores” – crença totalmente infundada e que remete aos piores episódios de perseguição da história, tendo por base a ideologia eugenista de que supostamente a biologia poderia selecionar os “melhores” membros da raça humana.

Expressões como “cabeça chata”, designação para má aparência; “baiano” ou “paraíba”, indicativos de que alguém fez algo errado; e “mulher macho”, para mulheres paraibanas ou nordestinas, que seriam desprovidas de uma idealizada “feminilidade”, são algumas das condenáveis alcunhas que lhes atribuem valor negativo nas metrópoles do Sul e Sudeste. A pesquisa propõe uma reflexão sobre o assunto e a desconstrução dessa percepção generalista do migrante do Nordeste, fato que dificulta ainda mais a vida desse povo que muitas vezes deixou sua terra em busca de uma vida melhor.

“As migrações não devem ser estudadas apenas de um ponto de vista ou por uma via homogeneizadora porque os fluxos migratórios são sempre complexos, heterogêneos e diversos”, afirma ao Jornal da USP a pesquisadora Valéria B. Magalhães, coordenadora do Grupo de Estudo e Pesquisa em História Oral e Memória da EACH e autora de um levantamento feito a partir de pesquisas  sobre o tema, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). No levantamento, Valéria priorizou pesquisas feitas com entrevistas em profundidade, em especial as de história oral, método que vem estudando há vários anos. Segunda a pesquisadora, as entrevistas de história oral ajudam a detectar com mais precisão a complexa realidade social dos migrantes.

Segundo a pesquisadora, visões generalistas colocam no mesmo grupo dos “aqueles nordestinos”, de maneira pejorativa, todos que vieram do Piauí, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe e Bahia. Quando o fato é que “cada um desses povos traz consigo a história e a cultura peculiar de sua região”, diz.

Valéria afirma que o preconceito não acontece somente nas relações sociais do local de destino dos migrantes e dos encontros cotidianos privados, mas é reforçado por declarações ofensivas e xenofóbicas de alguns políticos que acabam por legitimar atitudes de preconceito. 

A pesquisadora lembra da visita que o presidente Jair Bolsonaro fez à Bahia, em 2019, para inauguração de uma usina em Sobradinho. Em vídeo gravado junto com um deputado o presidente justifica o aumento de sua frequência de suas viagens à Bahia: “Segunda vez que vem à Bahia, várias vezes já no Nordeste, cê tá virando um cabra da peste?”, pergunta o deputado no vídeo. “Só tá faltando crescer um pouquinho minha cabeça”, responde Bolsonaro, rindo. 

A frase se refere ao estereótipo de que o nordestino tem a “cabeça grande e chata”. Para a pesquisadora, o fato de as declarações virem do presidente só piora a situação porque ele acaba legitimando e estimulando comportamentos xenófobos da sociedade mais ampla.

Saindo da esfera pública para a privada, o estereótipo construído em torno do migrante dessas regiões brasileiras é o de um ser humano inferior, ignorante, feio e sem capacidade de exercer atividades laborais intelectualizadas. Nas grandes cidades, sobram para eles os trabalhos informais, os serviços domésticos, a fábrica e a construção civil. Segundo a pesquisadora, o preconceito pode ser percebido em todo lugar, mas foi nos bairros da Zona Leste paulistana que o estudo se debruçou e trouxe mais detalhes sobre o assunto.(Fonte: Jornal da USP Por Ivanir Ferreira)

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PROFESSORES DO CETEP SERTÃO DO SÃO FRANCISCO E ALUNOS INTERAGEM EM AULAS VIRTUAIS DURANTE PERÍODO DA PANDEMIA

Alunos da rede pública de todo o Brasil vivem a sensação de que 2020 será um ano perdido em suas trajetórias escolares. 

As aulas na Bahia estão suspensas por decreto do Governo do Estado e serão repostas, a partir da elaboração de um novo calendário escolar. A medida visa o isolamento social para conter a disseminação do novo Coronavírus no Estado. Desde o mês de abril uma portaria publicada pelo governo federal retirou a obrigatoriedade de dias letivos, mas manteve as horas mínimas em 2020.

Professores e estudantes relatam o drama da falta de estrutura necessárias para oferecer o conteúdo remoto. Quando não estão totalmente sem conexão, alunos e mestres recorrem ao improviso de aulas via redes sociais, por exemplo.

Em Juazeiro, Bahia, os professores do Centro Territorial de Educação do Sertão do São Francisco (CETEP) dão uma amostra da força de vontade e compromisso com o ensino e educação. Os coordenadores pedagógicos orientam e incentivam os professores a utilizarem as ferramentas virtuais e aplicativos que tem permitido a comunicação com os alunos.

Os professores tem contato com os alunos por diversos meios possíveis no momento e mantem as orientações necessárias e incentivo para o aprendizado.

A coordenação pedagógica do CETEP é formada pelas professoras Neila Cristina Ramos e Rosineide Carvalho. Neila, avalia que o processo não é fácil mas o vínculo, a rotina dos alunos tem sido mantidos. "Nossos recursos são escassos. Mas temos realizado um serviço e o professor dentro de suas habilidades tem buscado criar meios do contato virtual com alunos. Desse modo alguns professores tem realizado até videoconferências", disse Neila.

Um exemplo é a turma do curso Técnico em Agroecologia. O professor Luan Vitor Pereira, engenheiro agrônomo e mestrando em engenharia agrícola na Universidade Federal do Vale do São Francisco, é um dos que já enviou material da disciplina em Introdução a Agroecologia e Permacultura no WhatsApp para a turma de introdução a agroecologia e permacultura. Uma das salas de aulas criadas foi através do google.

Outro exemplo é da professora, também engenheira agrônoma, Janine Sousa Cruz, pós-graduanda que tem dialogado com os alunos através dos meios digitais.  "Tudo é muito novo e precisamos neste momento nos reinventar".

A professora Itala Gomes, formada em engenharia agronômica e mestrado na área de horticultura irrigada, avalia que é um desafio necessário. Já são dois meses sem aulas presenciais  e agora é a hora dos alunos rever todo o conteúdo já trabalhado e continuar  com o hábito da leitura focando sempre os estudos e conhecimentos", disse Itala.

Apesar do retrato da desigualdade na educação pública do Brasil durante a pandemia de Covid-19 ser desanimador, o exemplo é positivo.  Muitos alunos em contato com a reportagem do BLOG NEY VITAL, relatam que é uma questão de alfabetização digital. E que eles também muitas vezes não têm internet nem computador para estudar a distância. "É um exemplo válido e também a constatação de um alto grau de envolvimento. Os gestores e professores estão na luta, literalmente. Trabalhando muito e com muita pressão. Infelizmente muitos alunos não tem acesso a internet e daí surgem as dificuldades", diz a estudante Maria Raimunda Soares Silva. 


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ORQUESTRA CRIANÇA CIDADÃ É RECONHECIDA COMO PATRIMÔNIO IMATERIAL E REALIZA LIVE

Uma sessão virtual da Assembleia Legislativa de Pernambuco no ínicio deste mês aprovou, por unanimidade, um projeto para o governo estadual conceder o registro de Patrimônio Cultural Imaterial do Estado de Pernambuco à Orquestra Criança Cidadã. Desde 2006, a orquestra contribui para a formação musical, artística e cultural de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social no estado. O projeto é coordenado pela Associação Beneficente Criança Cidadã (ABCC) e atualmente atende 405 jovens divididos nos núcleos do Coque, no Recife, de Ipojuca e Igarassu.

"A outorga representa muito para a orquestra, é mais um conhecimento que recebemos. Transmite ânimo, força e vigor para todos os que trabalham nesse projeto”, agradeceu o juiz João Targino, idealizador da OCC, em entrevista por telefone. 

A data da cerimônia de oficialização do registro ainda será marcada. Como forma também de celebrar a conquista, o grupo promove um recital online nesta quarta-feira (27), às 20h, no Instagram (@criancacidada). A apresentação será com os professores Robson Gomes (trompa), Cláudia Pinto (clarinete), Eneyda Rodrigues (flauta transversal) e Érico Veríssimo (trompete). O repertório incluirá composições nacionais e internacionais.

Em 14 anos, a orquestra recebeu mais de 30 prêmios, chegando a ser mencionada pela Organização das Nações Unidas como uma boa prática de inclusão social em 2010. O dia 31 de outubro de 2014 foi um marco para a entidade e 43 músicos do grupo. Na Sala Clementina, no Vaticano, eles se apresentaram para o Papa Francisco. O concerto fez parte da 16ª Conferência Internacional da Fraternidade Católica.

Há cinco anos, a OCC se tornou a primeira escola de música das Américas e a segunda do mundo a fazer parte do Programa de Escolas Associadas da Unesco. “Enfrentamos diversas dificuldades, mas temos imensos motivos para estarmos felizes, visto que conseguimos transformar a vida dos jovens que já passaram pelo projeto. Apesar de todos os eméritos, o troféu diário é a transformação”, diz Targino.

Mesmo com as conquistas, Targino está preocupado com a situação financeira do projeto devido à profunda crise econômica que o país enfrenta com a pandemia. De acordo com ele, a orquestra tem recursos para sobreviver até novembro.

“A maior parte da nossa receita vem através da Lei de Incentivo à Cultura, que está diretamente ligada com o lucro real das empresas. Não sabemos até quando a pandemia vai durar e, diante do cenário, creio que pouquíssimas empresas nesse país darão o lucro real no final do ano após os balanços. Se não existe lucro real, não existe destinação à Lei Rouanet. É um cenário muito preocupante para a instituição, assim como é para as empresas.”

No repertório da live de hoje da orquestra, três músicas brasileiras integram a parte reservada ao clarinete: Melodia (de Osvaldo Lacerda), Aboio ao sol (Laila Campelo) e Brincando com o clarinete (Lourival Oliveira). Na trompa, serão executados solos do segundo movimento da Sinfonia nº 5, de Tchaikovsky, e do primeiro movimento do Concerto nº 3 para trompa e orquestra, de Mozart. 

Na flauta transversal, os espectadores vão apreciar Syrinx, de Claude Debussy, e, no trompete, uma parte solo do Concerto para trompete e orquestra, de Johann Nepomuk Hummel. 

“Além de o projeto sempre divulgar as ações e os resultados dos alunos e suas apresentações, também é muito importante mostrar os professores, quem são e o que tocam. Afinal, por trás do aluno, há o professor, e isso precisa ser compartilhado”, diz Robson Gomes, professor de trompa.
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PAPA FRANCISCO: UM BRANDO PELA NOSSA IRMÃ, A MÃE TERRA

Em nossos dias quando se fala de ecologia e de cuidado como meio ambiente a figura de São Francisco é sempre lembrada e acenada. Mas é sempre bom ressaltar que a ação ecológica que se inspira no Irmão de Assis precisa ir além de atividades pontuais como reciclar materiais, plantar árvores e flores, bem como lutar pela preservação de determinadas espécies ameaçadas.  É preciso mudar o jeito de viver e con-viver, de olhar e de se relacionar. 

Urge denunciar um modelo econômico e social que privilegia poucos em detrimento de graves impactos sociais e ecológicos. A revolucionária Encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco, que nestes dias completou cinco anos, acolhe e recolhe as intuições do Pobrezinho e as grandes inquietações dos homens e mulheres do nosso tempo e desta Casa Comum, acenando que tudo está interligado e que as grandes questões sociais estão profundamente relacionadas às interpelações ecológicas. Uma ecologia integral, que exige um processo comum de conversão de mentalidade e de ações cotidianas.

A partir de sua profunda e original experiência da paternidade de Deus e de uma vivência surpreendente e inaudita da dimensão horizontal dessa fé, Francisco não se colocava acima das outras obras da Criação, mas ao lado delas, consciente de que este planeta é a grande Casa que o Pai terno e amoroso preparou para todos. Compreendia que somos todos irmãos e irmãs nesta casa comum e o ser humano é chamado a ser o lugar-tenente de Deus no seu cuidado e preservação. Dominar não é antropocentricamente subjugar todos os seres ao bel-prazer de interesses e ambições des-medidos, mas manter a casa (domus) habitável e acolhedora.

Se o Cântico das Criaturas, composto por Francisco já cego dos olhos e na proximidade da Irmã Morte Corporal, expressa de forma estupenda essa reconciliação e interação com a natureza, os primeiros biógrafos do Santo atestam como Francisco em todas as criaturas reconhecia as marcas indeléveis do Criador e se confraternizava com todas elas, sem desejo de posse e sem atitude depredatória. 

O Irmão Universal, que acolhe e reverencia indistintamente a todos, é também o irmão cósmico, que não se define pelo que o diferencia das demais obras geradas pelo Artista Divino, mas pelo que com elas possui em comum, numa grande con-fraternização. Boaventura de Bagnoreggio, um dos seus primeiros biógrafos, chega a afirmar que Francisco reconhecia nas coisas belas o Belo por excelência, a fonte e origem de tudo o que existe nesse espaço vital que é a Terra. Os elementos da natureza tornam-se memória ex-plícita do seu Autor e daí sua contemplação e reverência como possibilidade de comunhão e celebração com Ele.

Essa compreensão franciscana repercutiu fortemente em Giotto (1266-1337), iniciador da linguagem artística ocidental, precursor do Renascimento e bastante ligado aos frades menores de Florença. O primeiro grande ciclo giottesco é justamente o de Assis (Basílica de São Francisco) e nestes afrescos é evidente a conclusão de que o pintor bebeu nas fontes do Poverello e de seus sequazes a percepção absolutamente realista do sagrado e positiva da realidade circundante. 

Rompendo o rigor do dourado bizantino, a Criação (céu esplendidamente azul, cascatas, árvores, montanhas da verde e bela Úmbria, etc) passa a ser compreendida como caminho, e não obstáculo para se adentrar no Mistério. Beleza e verdade, sem dualismos, pois tudo o que provém da Fonte da Vida é epifânico e diáfano (manifestação) de sua Bondade e presença.

Com o Francisco de Roma em sua inovadora Laudato Si’, é oportuno olhar para Francisco de Assis neste tempo de aquecimento global, exclusão social gritante  e outros tantos efeitos do des-cuidado humano com a Mãe-Terra, Casa Comum. Deixemo-nos impactar pelo seu atualíssimo testemunho para sermos, também nós, profetas da vida e defensores da criação, num modo radicalmente novo de viver e con-viver com os irmãos e irmãs que partilham conosco esse habitat comum ainda tão belo e encantador.

+ Beto Breis, ofm-Bispo de Juazeiro, Bahia
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