SEXTA EDIÇÃO DO FESTIVAL INTERNACIONAL DA SANFONA ACONTECE ENTRE OS DIAS 26 A 28 EM JUAZEIRO, BAHIA

O município de Juazeiro, Bahia sedia a sexta edição da VI edição do Festival Internacional da Sanfona, que será realizado entre os dias 26 e 28 de dezembro, no Centro de Cultura João Gilberto. Considerado o maior evento de acordeon da América Latina, o evento receberá, desta vez, sanfoneiros da Servia, Suíça e Chile, além dos instrumentistas brasileiros. 

Durante os três dias de evento, a cidade se transformará na capital da sanfona, com exposição de instrumentos novos e usados; montagem e afinação; aulas de sanfona 120 baixos; e workshops, além dos shows na arena do Centro de Cultura.

Este ano o festival apresenta na sexta (27) o show de Petar Maric (Sérvia). Jovem músico, premiado nas mais importantes competições de música. Além da música clássica e variada, o amplo repertório do artista oferece acordeon eletrônico e som eletrônico, apresentando o instrumento sob uma nova perspectiva. No sábado, a atração internacional será representada pelo Duo de Acordeon e o show “Dos Alpes aos Andes”, com Olivier Forel (Suíça) & Danilo Cruces (Chile), ancorados na sua própria cultura e, ao mesmo tempo, demonstrando a universalidade da linguagem musical, sua riqueza e originalidade.

Em relação às atrações nacionais, destaque para nomes como Ivan Greg, Silas França, Fernando Ávila, Raniel Pernalonga, Chico Chagas, Marciano Marçall, Targino Gondim e Quinteto Sanfônico do Brasil.

O evento é uma realização da Conspiradoria Projetos e Produções e Toca Pra Nós Dois Produções e Eventos Ltda e tem apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia.

PROGRAMAÇÃO VI Festival Internacional da Sanfona 26 a 28 de dezembro de 2019 
 9 horas: Exposição de sanfonas (novas, usadas, montagem, afinação) Marciano Marçall –Foyer
9 horas: Aulas de sanfona 120 baixos (com Chico Chagas) - Sala Multiuso
17 horas: Jam Sanfona Session - Foyer

WORKSHOPS - Sala Multiuso Quinta (26/12) - A partir das 15h Por Dentro do Fole – com Fernando Ávila

Sexta (27/12) - A partir das 15h Como nasceu o acordeon? Piano dos pobres ou órgão dos ricos? – com Olivier Forel & Danilo Cruces. Sábado (28/12) - A partir das 15h Acordeon & Tecnologia – com Petar Maric

SHOWS – ARENA Quinta (26/12) - A partir das 20h Ivan Greg Silas França Fernando Ávila

Sexta (27/12) - A partir das 20h Raniel Pernalonga Petar Maric (Sérvia) Chico Chagas

Sábado (28/12) - A partir das 20h Duo Internacional de Acordeon – “Dos Alpes aos Andes” com Olivier Forel (Suíça) & Danilo Cruces (Chile) Targino Gondim Chico Chagas Marciano Marçall

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VEJA COMO EVITAR BRIGAS COM A FAMÍLIA E AMIGOS NAS FESTAS DE FIM DE ANO

Uma pesquisa do Instituto Datafolha mostra que a polarização política, mesmo um ano depois da eleição presidencial, segue provocando rusgas nas relações pessoais. Segundo o levantamento, realizado entre 5 e 6 de dezembro com 2.948 pessoas em 176 cidades brasileiras, um (19%) a cada cinco brasileiros deixou de seguir ou bloqueou o perfil de um um amigo, familiar ou empresa por discordar de posições políticas. Além disso, uma (27%) a cada quatro pessoas saiu de algum grupo do WhatsApp para evitar discussões.

De acordo com o Datafolha, as respostas dos entrevistados referem-se a comportamentos adotados nos últimos 12 meses, entre as pessoas que tem conta em redes sociais, como Facebook, Instagram, Twitter e WhatsApp. Para 54% dos entrevistados, as novas mídias são importantes para fazer com que os políticos estejam atentos às discussões sociais.
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NATAL: PAPA FRANCISCO PEDE AMOR AO PRÓXIMO PARA MUDAR O MUNDO

O papa Francisco defendeu, nesta terça-feira (24/12), durante a missa de Natal o amor "incondicional" e "gratuito" ao próximo, inclusive diante das piores condutas como condição essencial para mudar o mundo e conquistar a paz.

"O Natal nos lembra que Deus continua amando cada homem, inclusive o pior", afirmou o papa argentino diante de milhares de fiéis reunidos na basílica de São Pedro para a missa do Galo, que celebra o nascimento de Jesus.  "Seu amor é incondicional" mesmo se "tiver ideias equivocadas", explicou o papa. "Ainda em nossos pecados continua nos amando. Seu amor não muda, não é exigente; é fiel, é paciente", acrescentou.

A missa de Natal celebra o nascimento de Jesus em Belém, segundo a tradição cristã. Embora nenhum texto do Novo Testamento indica o dia e a hora do nascimento, sua comemoração em 25 de dezembro foi escolhida no século IV, o que permitiu que a circuncisão de Jesus coincidisse com o dia 1 de janeiro.
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UNIVASF SELECIONA ESTAGIÁRIO NA ÁREA DE JORNALISMO PARA DIRETORIA DE ARTE, CULTURA E AÇÕES COMUNITÁRIAS

A Pró-Reitoria de Extensão (Proex) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) está com inscrições para o processo seletivo de uma vaga para estágio na Diretoria de Arte, Cultura e Ações Comunitárias (DACC). A vaga é destinada a estudantes do curso de Jornalismo. Os candidatos devem estar matriculados a partir do 4° período, já ter cursado a disciplina de Redação Jornalística I e estar cursando Fotografia. As inscrições podem ser realizadas até o dia 5 de janeiro de 2020.

Os interessados deverão enviar para o e-mail proex.dacc@univasf.edu.br os seguintes documentos em pdf: ficha de inscrição (ANEXO I do Edital Nº 04/2019); currículo atualizado; carta de Intenção com os objetivos do candidato para concorrer à vaga e histórico escolar da graduação. O estagiário deverá cumprir uma jornada de 20 horas semanais, no horário compatível ao do curso. O estágio tem a duração de um ano, com a bolsa de R$ 364,00 e auxílio transporte de R$ 132,00.

O processo seletivo acontecerá em duas etapas. A primeira, será a análise das documentações. Na segunda etapa, haverá avaliação prática, por meio de escrita de matéria jornalística e, também, entrevistas individuais com os candidatos que forem classificados na primeira fase. As entrevistas com os classificados serão realizadas no dia 9 de janeiro de 2020, na sala da DACC, localizada no 1º andar do prédio da Reitoria, Campus Sede, em Petrolina (PE). 

Os classificados receberão o e-mail de convocação para a entrevista. O resultado final será divulgado no dia 9 de janeiro, via e-mail, e o início das atividades está previsto para o dia 13 de janeiro.

Fonte: Ascom Univasf
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ARTE DE CELESTINO GOMES É UM DOS DESTAQUES NO AEROPORTO INTERNACIONAL DE PETROLINA

Celestino Gomes se destacou como pintor, escultor e escritor. Entre as imagens mais retratadas estão a vida dos sertanejos, mulheres, paisagens e festejos populares da região. Um dos quadros e consequentemente a arte de Celestino Gomes está presente numa das paredes do Aeroporto Internacional de Petrolina. 

O quadro leva o visitante a entender os conceitos de tempo e memória articulados por Celestino nas suas criações.

Celestino Gomes nasceu no município de Petrolina no ano de 1931 e faleceu aos 73 anos, deixando dois livros: ‘Da Roça a Roma’ e ’De Roma a Roça’, que narram descobertas feitas durante uma temporada na Europa, nas décadas de 60 e 70.

O funcionário público Josias Freire foi um dos que teve a atenção para o quadro. Segundo ele infelizmente ainda falta um "olhar mais especial da administração do Aeroporto para dá maior visibilidade ao quadro". 

"Não posso compreender uma obra de arte desta e deveria ser uma maior atração para que passa pela aeroporto, mas colocam uma especie de banca de vendas no local e acaba atrapalhando um olhar mais apurado para o quadro", reclama Josias 


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LEO RUGERO: SEU JANUÁRIO, TOCADOR DE OITO BAIXOS, PAI DE LUIZ GONZAGA

Pouco sabemos a respeito de Seu Januário, pai de Luiz Gonzaga e “vovô do baião”. José Januário dos Santos nasceu em Floresta, sertão de Pernambuco, no dia 25 de setembro de 1888, ano da Abolição da Escravatura. Alguns dizem que Januário não teria nascido em Floresta, mas em algum outro município dos arredores. Também não se sabe, ao certo, em que ano Januário chegou à Fazenda Araripe, nas terras pertences ao Coronel Manuel Aires de Alencar, filho de Gauder Maximiliano Alencar de Araripe, o Barão de Exu. 

Pelo que conta a história oral, esta palavra homônima do orixá africano, é uma corruptela de Ansú (?), grupo indígena que habitava a Serra do Araripe. Daí o nome daquele latifúndio pertencente ao Barão ter sido posteriormente batizado de Exu.

Januário trabalhava como agricultor e na confecção de couro. Não se sabe como Januário teria aprendido a tocar e afinar sanfona de oito baixos. Teria sido sozinho, isolado no sertão pernambucano? Alguns dizem que ele teria conhecido um mascate judeu na Chapada do Araripe.

Nas recordações de infância de Luiz Gonzaga, seu pai aparece como um sanfoneiro respeitado das redondezas. De forma mítica, Januário é apontado como o pioneiro da sanfona nordestina. Com certeza, haviam outros sanfoneiros, com seus solos de sanfona que talvez tenham sido levados para sempre no vento que sopra nas catingas, a espera de que alguma fotografia ou lembrança familiar seja encontrada para que a história possa ser reescrita. 

Se sabemos algo mais sobre Januário, isso se deve à Luiz Gonzaga. Graças às letras e narrativas de Gonzaga, conhecemos tão bem certos personagens e detalhes daquela região que muito provavelmente estariam esquecidos, ou, ao menos, escondidos por trás da espessa mato do cerrado.

A atuação profissional de Januário no contexto fonográfico foi errática, tendo ocorrido em 1955, na gravadora RCA-Victor, quando gravou dois discos de 78 rotações, acompanhado de sua prole. No selo dos discos, o velho sanfoneiro era apresentado como “Januário, seus filhos e sua sanfona de oito baixos”. Nestas gravações, podemos ouvir a “sanfona abençoada”, tal como se refere Luiz Gonzaga no xote “Januário vai tocar”. 

A letra autobiográfica, discursa sobre o papel social do sanfoneiro nos bailes interioranos e reforça a relação deste instrumento com o passado rural e as populações menos favorecidas economicamente: “a cidade te acha ruim, mas eu não acho".

Ai, ai, sanfona de oito baixos,
Do tempo que eu tocava na beira do riacho.
Ai, ai, sanfona de oito baixos,
A cidade te acha ruim, mas eu não acho

Lá na Taboca, no Baixio, lá no Granito,
Quando um cabra dá o grito: - Januário vai tocar!
Acaba feira, acaba jogo, acaba tudo,
Zé Carvalho Carrancudo tira a cota pra dançar.

Outra música gravada por Januário é o solo instrumental “Calango do Irineu”, que pode nos revelar um pouco da técnica e do estilo pessoal de Januário. Neste baião, está presente a 7a menor da escala maior, tão característica da música trazida por Luiz Gonzaga. Também estão as 3as paralelas e consecutivas, segundo o maestro Guerra-Peixe, uma reminiscência do gymel, uma técnica de harmonização medieval surgida na Inglaterra tão presente na música brasileira. Acima de tudo, nesta música encontramos aquele “tempero” que torna peculiar o estilo nordestino de tocar sanfona, que é facilmente perceptível ao primeiro toque, embora difícil de ser descrito em palavras.

Alguns anos antes, em 1950, Januário seria apresentado ao grande público, através do disco e do rádio, por seu filho, Luiz Gonzaga e o parceiro Humberto Teixeira, com o xote “Respeita Januário”. Numa narrativa metalingüística, Gonzaga descreve seu deslocamento de Exu, foragido de uma briga, da qual foi ameaçado de morte, e a longa epopéia que culmina com o retorno ao berço natal, já consagrado como Rei do Baião no Rio de Janeiro, então capital do Brasil. 

Escrito com tinturas épicas de uma saga nordestina, o relato de Gonzaga tornou-se maior e mais real do que a história literal, onde personagens ganham vida em diálogos que teriam sido inventados, mas que acabaram tomando vida própria e se eternizando de forma mítica na imaginação popular. Muito provavelmente, pela primeira vez, na história da canção popular urbana, se versava sobre a sanfona de oito baixos e o papel social do sanfoneiro no sertão nordestino. Outro aspecto salientado pela letra desta canção é a relação de constante recusa e desafio entre pai e filho que permeia a transmissão da herança cultural, que não é ensinada, mas é aprendida.

No ano de 1952, Luiz Gonzaga reuniu seu pai e seus irmãos, formando o conjunto “Os Sete Gonzagas”, que realizou apresentações inesquecíveis nas rádios Tupi, Tamoio e Nacional. Por sorte, estas gravações foram registradas em áudio, e podemos ouvir as performance de Januário ao vivo.

No entanto, Januário poderia ser aquele personagem da letra de Gilberto Gil para a melodia “Lamento Sertanejo” de Dominguinhos. Avesso à cidade grande, “por ser de lá do sertão, lá do roçado, lá do interior do mato, da catinga e do roçado”. Januário não se adaptou ao sitio dos Gonzaga em Santa Cruz da Serra, no Rio de Janeiro. Preferiu voltar a Serra do Araripe, entre a catinga e o roçado, na lavoura, tocando sanfona de oito baixos na beira do riacho.

No entanto, a despeito de sua atuação profissional em música ter sido tão breve e fugaz, sua herança foi transmitida através dos filhos; Luiz Gonzaga, Zé Gonzaga, Severino Januário e Chiquinha Gonzaga. Através deles, a música do velho Januário foi ressignificada ao contexto fonográfico, se entranhando na alma nordestina, como se fizesse parte da paisagem sertaneja, traduzindo em contornos melódicos a poética do sertão.

Januário veio a falecer aos 90 anos, em 11 de junho de 1978, em Exu. Salve Januário, pai de Luiz Gonzaga e pioneiro da sanfona de oito baixos na região Nordeste.

Fonte: Leo Rugero. Bacharel em violão clássico pelo Conservatório Brasileiro de Música e Mestre em Musicologia pela Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Léo Rugero, é hoje uma referência no Brasil quando o assunto é sanfona de oito baixos
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RIO SÃO FRANCISCO: SENHOR, CRIADOR DAS ÁGUAS E PROTETOR FAZEI DE MIM BEM MAIS QUE UM INSTRUMENTO DE TUA PAZ

O Rio São Francisco não nasce na Serra da Canastra. Digo isso porque a correria estressante das ruas me oprime. Os olhos dessas crianças nuas me espetam e essa população de rua dormindo pelas calçadas me joga contra o muro. 

Só uma coisa me alenta hoje: a saudade do meu santo rio. O Rio São Francisco, o Velho Chico, Chiquinho. Escuto o murmurar de suas verdes águas: — Deixai vir a mim as criaturas... E assim foi feito. Falar de desrespeito e depredação tornou-se obsoleto. Denunciar matanças e desmatamentos resultou nulo. Orar e orar. Pedir ao santo do seu nome a sua oração.

Lá do Cristo Redentor da cidade de Pão de Açúcar, nas Alagoas, um moleque triste escutou a confissão das águas. Segundo ele, o Velho Chico dizia:

“Ó, Senhor, criador das águas, benfeitor dos peixes, escultor de barrancas e protetor de homens fazei de mim bem mais que um instrumento de tua paz. Se paz não mais tenho faz-me levar um pouquinho aos que em mim confiam. Paz para as lavadeiras que, em Própria, choram a sua fome de pão. Que, em Brejo Grande, soltam lágrimas pelos filhos mortos no sul do país. Que, em Penedo, já perderam a fé de serem tratadas como gente sã.

Onde houver o ódio dos poderosos que eu leve o amor dos pequeninos. O amor dos que cavam a terra a plantam o aipim. Dos que cavam a terra e usam-na como cama e lençol para sempre. Dos que querem terra para suas mãos, para os seus grãos, para a sua sede. O amor que não é submisso, mas escravizado. O amor que tem coragem de um dia dizer não. Coragem diante das balas e das emboscadas, das más companhias e da solidão.

Onde houver a ofensa dos governos que eu leve o perdão dos aposentados e servidores públicos. O perdão, nunca a omissão. A luta, porque perdoar não requer calar. Perdoar não quer dizer parar. Como minhas águas, tantas e tantas vezes represadas, mas nunca paradas e que, quando em minha fúria, carregam muralhas, absorvem barreiras e escandalizam Três Marias, Xingó e Paulo Afonso.

Onde houver a discórdia dos que mandam que eu leve a união dos comandados. A suprema união dos que sonham com as mudanças, dos que querem quebrar hegemonias e oligarquias. A discórdia dos reis contra a união dos plebeus. Um povo unido é força de Deus, dizia o velho bendito e sejais bendito, Senhor. A união das águas, a união das lágrimas, a união do sangue e a união dos mesmos ideais.

Onde houver a dúvida dos que fraquejam, que eu leve a fé dos que constroem seu tempo. Na adversidade, meio ao deserto e ao clima árido, a fé dos que colhem uvas e mangas em minhas margens. Dos que colhem arroz em minhas várzeas, dos que criam peixes com minhas águas em açudes feitos. A fé dos xocós lá em Poço Redondo. A fé que cria cabras nos Escuriais. Dos que colhem cajus e criam gado em Barreiras e outros cafundós.

Onde houver o erro dos governantes que eu leve a verdade de Canudos. O bom senso dos conselheiros de encontro à insanidade dos totalitários. Os canhões abrindo fendas na cidade sitiada e a verdade expondo cada vez mais a ferida da loucura na caricatura da História. O confisco da poupança e o rombo na previdência. O fim da inflação e o pão escasso, o emprego rarefeito, a dignidade estuprada em cada lar de nordestinos.

Onde houver o desespero das crianças da Candelária que eu leve a esperança das mães de Acari. E aqui, Senhor, te peço com mais fé. A dor dos deserdados, dos que perderam seus pais, filhos ou irmãos, seja de fome, doença ou assassínio, inundai-os com as águas esmeraldas da justiça. A justiça da terra e dos céus. Pintai de verde o horizonte das famílias daqueles que foram jogados mortos em minhas águas. Eles não foram poucos.

Onde houver a tristeza dos solitários que eu leve a alegria das festas de São João. Solitário eu banho muitas terras e em todas, das Gerais, do Pernambuco, das Alagoas e do Sergipe, não há tristeza ao pé da fogueira, nas núpcias entre a concertina e o repente, entre a catira e o baião.. Das festas do Divino ao Maior São João do Mundo, deixai-me levar, Senhor, o sabor de minhas águas juninas e seus fogos de artifícios.

Onde houver as trevas da ignorância que eu leve a luz do conhecimento e da sabedoria. A escuridão dos homens dementes que teimam em querer ferir-me de morte seja massacrada pela luz de um futuro negro, sem água potável, sem terra e sem ar.. Dai-me esse poder, de entrar nas mentes e nos corações, de espraiar-me pelos mil recantos dos que querem mal à nossa casinha, nossa pequena Terra. O homem sábio seja sempre sábio e contamine os povos com ensinamentos de preservação.

Ó, Senhor, dai-me vocação para consolar os que se lamentam de má sorte. Fazei-me compreender porque tanto mal há nos corações. Sobretudo, Senhor, não autorizeis que eu deixe de ser o Rio São Francisco, que há tantos anos não foge do seu leito, espalha e espelha vida em abundância. Que, embora tenha dado, quase nada recebo, que perdoando sempre, continuo sendo morto enquanto todos pensam que serei eterno.”

Foi assim que escutei e assim reproduzo.

Fonte: Aderaldo Luciano é paraibano, nascido em Areia, professor doutor em Ciência da Literatura
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