RÁDIO NACIONAL DA AMAZÔNIA COMPLETA 42 ANOS

Criada para integrar a Amazônia Legal ao restante do país, a Rádio Nacional da Amazônia completa neste domingo (1º) 42 anos. Para comemorar, os programas Natureza Viva (das 8h às 10h) e Ponto de Encontro (das 10h às 12h) recebem colegas de equipe e vozes sempre lembradas pelos ouvintes. Os demais programas da grade também prestam homenagem à emissora. Entre os funcionários, a data será comemorada com um café da manhã.

A Rádio Nacional da Amazônia iniciou suas transmissões em 1977 e desde então conecta gerações de ouvintes. São mais de quatro décadas de prestação de serviço público. “A Amazônia é a voz da floresta, une cantos, rituais, histórias de guerreiros e guerreiras. A rádio garante a manutenção da memória de uma Amazônia que precisa se manter de pé, ser valorizada e protegida”, destaca a apresentadora do programa Natureza Viva, Mara Régia, há 41 anos na emissora.

Quando criada, a Rádio Nacional da Amazônia veiculava programas que falavam do Brasil, da identidade nacional e da própria região, levando também recados e informações para a população, com pouco acesso a veículos de comunicação. A Nacional se tornou ponto de encontro e um espaço que permitia a interação entre famílias e comunidades separadas por longas distâncias. “Acredito que a grande conquista da rádio nesses 42 anos é permanecer com o seu objetivo inicial de integrar a floresta ao resto do país, mesmo na era da internet, mesmo diante desse mundo digital tão presente em nosso cotidiano. A rádio continua sendo um elo, uma ponte no meio da mata, que possibilita a comunicação para diversas pessoas nos mais variados lugares do nosso país”, afirma Ediléia Martins,  há seis anos locutora oficial do programa Nacional Jovem.

Hoje, a Rádio Nacional da Amazônia fortalece a conexão entre as comunidades da floresta, valorizando e divulgando a diversidade da região. “A rádio é a voz da Amazônia. A rádio é deles, são as ideias deles, o mundo deles, a forma de viver dessas pessoas. Muito do que vai ao ar na rádio é notícia que vem de lá pra cá, prezamos muito por isso”, explica Juliana Maya, apresentadora do Tarde Nacional e há 11 anos na emissora. 

O Tarde Nacional foi o primeiro na emissora a utilizar o whatsapp como ferramenta de comunicação instantânea com os ouvintes. As muitas mensagens recebidas pelo aplicativo mostram a relação emocional que a rádio desperta e que passa entre gerações. “É uma forma de transmissão de amor por meio da rádio. E ainda temos as pessoas que diariamente nos descobrem. É um crescimento coletivo, uma troca de realidades. A rádio é mais que especial, é necessária, é prestação de serviço”, resume Maya.

Serviço: É possível ouvir a Nacional da Amazônia pela internet, por aplicativo e pelo satélite, por meio de parabólica. O número de whatsapp da Nacional da Amazônia é: (61) 996741568

Fonte: EBC
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ARTIGO: ALCEU VALENÇA LEMBRA MOMENTOS COM JACKSON DO PANDEIRO

Conheci Jackson do Pandeiro em 1972, quando o convidei para cantar comigo e Geraldo Azevedo no Festival Internacional da Canção daquele ano. Eu havia composto Papagaio do futuro, que falava em metáforas sobre a crise do petróleo vivida no período e, por se tratar de uma embolada, achei que Jackson traria algo de especial à canção. Foi então que eu e Geraldo decidimos bater em sua porta, no subúrbio carioca de Invernada de Olaria.

Quem atendeu a porta foi o cunhado dele. Pedimos para chamá-lo e aguardamos do lado de fora. Pouco depois aparecia Jackson, com ar desconfiado e cara de poucos amigos. Ele não gostava nada de cabeludos, a quem associava ao pessoal da Jovem Guarda, movimento que, segundo ele, estava “acabando com a música brasileira”. Perguntou o que desejávamos, eu expliquei que havíamos inscrito uma música (Papagaio do futuro) no FIC e gostaríamos da participação dele. Ele estranhou: “Mas que tipo de música?”. Quando expliquei que era um coco, uma embolada, ele arregalou os olhos ainda desconfiado e me pediu que a cantasse. 

Eu bati palmas e fui: “Estou montado no futuro indicativo / já não corro mais perigo / nada tenho a declarar / terno de vidro costurado a parafuso / papagaio do futuro num para-raio ao luar”. Aos poucos, Jackson foi mudando de semblante. Entusiasmado, gritou para o povo de casa: “Venham ouvir isso aqui. Esses dois cabeludos não são cabras safados, não”. E foi assim que ele aceitou participar do festival conosco.

No dia da apresentação, no Maracanãzinho, as coisas não saíram como planejamos. Desde a passagem de som, Jackson alertava que havia uma grande distância no palco entre nós, os cantores, e o restante da banda, da qual fazia parte o futuro sambista Bezerra da Silva entre os percussionistas. Uma vez que o festival seria transmitido pela TV, fomos obrigados a seguir a orientação dos diretores quanto às nossas posições em cena. Na hora H, devido à distância, não conseguíamos escutar a banda, atravessamos muito, e acabamos eliminados.

Nos bastidores, depois da apresentação, Jackson estava inconsolável. Lembro dele queixando-se aos jornalistas, arrasado por termos atravessado: “Até o João Gilberto diz que eu sou o maior ritmo do Brasil”. Anos depois, em 1978, fui convidado para cantar ao lado do Jackson no Projeto Pixinguinha e percorremos juntos várias cidades do Brasil. Jackson foi, inclusive, quem me incentivou a cantar frevo, um gênero que eu até então evitava, por conta de toda a sua complexidade rítmica. Ele me dizia: “Pra cantar frevo, tem que ter queixada”, ou seja a capacidade de articular as palavras dentro da métrica. A partir de seu incentivo passei a cantar e compor frevos, alguns deles em parceria com Carlos Fernando, como Sou eu teu amor, lançado por Jackson em dueto com Gilberto Gil na série de discos Asas da América.

Em 1979, incompatibilizado com as gravadoras, decidi passar um ano de autoexílio fora do país. Numa noite fria em Paris, comecei a escutar alguns discos de Jackson que havia na casa em que eu estava hospedado. Inspirado por aquelas audições, e com muita saudade do Brasil, compus Coração bobo. Ao voltar ao país, convidei Jackson para cantar a música comigo no Festival da Tupi. 

Os versos originais eram: “o coração dos aflitos / explode dentro do peito”. Jackson propôs uma modificação decisiva na letra da canção: “Troque explode por pipoca”, sugeriu. E a música ficou: “o coração dos aflitos / pipoca dentro do peito”. Muito melhor!

Ensaiamos Coração bobo e fomos juntos para São Paulo onde interpretamos a canção no festival. Acabamos novamente eliminados, mas no dia seguinte fui convidado por Marco Mazola para ingressar na gravadora Ariola. Em poucos meses, saía o álbum Coração bobo, puxado pela música-título, que logo se tornaria meu primeiro grande sucesso nacional.

Fonte: Correio Braziliense

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MEGA-SENA PAGARÁ HOJE PRÊMIO DE R$ 47 MILHÕES

Neste sábado, a Mega-Sena, acumulada, sorteia o prêmio de R$ 47 milhões do concurso 2.184. Também hoje  (31), a Timemania, Dupla Sena e o Dia de Sorte podem pagar, juntos, R$ 5,9 milhões e a Loteria Federal pode premiar em R$ 500 mil.

Os sorteios serão realizados no Espaço Loterias Caixa, aberto ao público e localizado no Terminal Rodoviário Tietê, em São Paulo.

Aplicado na Poupança da Caixa, o prêmio da Mega-Sena, pode render aproximadamente R$ 174 mil por mês.

O valor é suficiente para adquirir 9 apartamentos de luxo no valor de R$ 5,22 milhões cada.

As apostas podem ser feitas até as 19h de hoje (horário de Brasília) em qualquer lotérica do país e também no Portal Loterias Online (www.loteriasonline.caixa.gov.br).

As informações são da Assessoria de Imprensa da Caixa.
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BRASIL CELEBRA 100 ANOS DE NASCIMENTO DO MESTRE DO RITMO: JACKSON DO PANDEIRO

Sábado (31), festeja-se uma grande data para a música do país, em especial aquela forjada no Nordeste: o centenário de Jackson do Pandeiro. Contudo, as homenagens não se esgotam com a passagem do aniversário do artista. Acompanhando a proposta do Conselho Universitário (Consuni) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), que instituiu 2019 como o Ano Cultural do Rei do Ritmo, a Instituição segue comemorando a efeméride com a execução de variadas atividades temáticas, através da Pró-Reitoria de Cultura (Procult).

O Centro Artístico Cultural, por exemplo, que anualmente efetua eventos de culminância das oficinas de Desenho e Pintura, Teatro Infantil, Teatro Adulto, Percussão, Ballet, Violão, Canto Coral, Acordeon, Sanfona de Oito Baixos, Dança de Salão, e Filarmônica, junto com os respectivos estudantes, já está preparando espetáculos que abrangem a vida e a obra do Rei do Ritmo.

O Grupo de Tradições Populares Acauã da Serra, proveniente da UEPB, também elaborou uma sequência de Coco tendo Jackson do Pandeiro como ponto de partida, conforme contou o diretor Agnaldo Barbosa. A coreografia é de Roberto Almeida, com canções de Zé Jack, segundo acrescentou.

“De setembro a novembro, a Procult desenvolve o 3° Encontro de Sanfoneiros e Tocadores de Fole de Oito Baixos e o carro chefe será Jackson”, afirmou o pró-reitor de Cultura da UEPB, José Cristóvão de Andrade. Ele lembrou que este ano inúmeras práticas capitaneadas pela Procult tiveram o artista como cerne, a exemplo do Bloco da Cinquentinha, do Forró da Resistência e do Cordel no Museu, além da exposição no Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) denominada “Jackson é Pop”. “São lançamentos de livros, cordéis, intervenções, diversas exibições artísticas, todas direcionadas a celebrar aquele que tanto orgulha a Paraíba e o Brasil. Elas congregam tanto a comunidade acadêmica quanto o público em geral”, destacou.

Andrade apontou, igualmente, eventos como o Festival de Artes e Participação Social (FARPAS), efetivado pelo Câmpus V, em João Pessoa e “O CH no Ritmo de Jackson do Pandeiro”, idealizado pelo Câmpus III, em Guarabira. “A Universidade aderiu completamente à ideia e as ações se multiplicam em todos os lugares onde ela está. Nossos artistas têm se empenhado, ensaiado, buscado músicas e inspiração no legado dele… É algo bonito de se ver. Ganham com isso todos aqueles que estão de alguma forma envolvidos com a UEPB e também o Estado inteiro é beneficiado por essa atitude louvável da Instituição, afinal nossos artistas devem ter o brilho sempre lustrado para que seu patrimônio criativo continue ecoando no nosso povo e influenciando as próximas gerações”, enfatizou.

O que sobre Jackson já se falou:
Conheça mais sobre o autor de “Sebastiana”, através de falas extraídas da biografia “Jackson do Pandeiro: O Rei do Ritmo”, de autoria de Antônio Vicente e de Fernando Moura, este último um dos curadores da área de Música do MAPP. Nas citações abaixo, artistas de renome discorrem sobre Jackson e arte dele.

“Ele era uma pessoa que estudava o que fazia. Ele não improvisava demais. Era cada coisa no seu lugar. Muito exigente. Um por um, cada músico que tocava ele sabia o que fazia e sabia o que queriam que fizessem. Era uma pessoa que tinha consciência de toda orquestração ao seu redor. Era um homem de orquestra. Para mim, ele foi um mestre”. [Geraldo Azevedo]
“Com Jackson, aprendi a dividir melhor, a cantar com mais ritmo, a valorizar as palavras, inflexões, a quebrar… Essa coisa do ritmo foi o convívio com Jackson. (…) Depois dele, comecei a cantar mais forró, porque antigamente eu pegava minha música e colocava muito rock dentro. Claro que era música de raiz, totalmente nordestina, mas os ataques e a bateria eram pesados demais, não cabendo muito suingue. A partir dele, veio o suingue da minha música”. [Alceu Valença]

“Logo que comecei a gravar, conheci o Jackson pessoalmente. Já era sua fã, desde os velhos tempos de forró em Campina Grande. Sabia da sua fama e ouvia suas músicas nos programas, no rádio em que meu pai mantinha ligado todo dia. Ele e Almira arrasavam. Adoro sua parceria com Rosil Cavalcanti. Bom, nos primeiros trabalhos como cantora, Jackson sempre comparecia. Tocava pandeiro em todos os forrós e me dava muitas dicas, sempre preocupado com o ritmo, como dividir, se tornando, enfim, um grande amigo. (…) Jackson, nosso pequeno grande gênio, era um homem muito simples, mas de força e caráter surpreendentes. Humilde no seu jeito de ser e compartilhar a vida e a música, não ostentava nenhuma vaidade ou egocentrismo. Era simples mesmo, normal, humano”. [Elba Ramalho]

“Eu estava acostumado a tocar com pandeiristas, mas com Jackson foi uma coisa diferente. Foi o primeiro pandeirista que realmente me impressionou”. [Sivuca]

“Ele é uma pessoa que vai estar eternamente na minha cabeça e na do povo brasileiro. Enquanto eu estiver vivo, vou levar o nome dele”. [Hermeto Pascoal]

“Jackson foi um cara que a natureza favoreceu, né? Ele ultrapassou a barreira do som. Eu nunca vi aquilo, não. Era um gênio, um fenômeno, ultrapassou o limite… E ele não gostava de humilhar ninguém, era um cara muito humilde, procurava ajudar a Deus e o mundo”. [Bezerra da Silva]
“Não conheci ninguém que tivesse o ritmo, a afinação, o carisma e a cara do Nordeste que ele tinha. Ele era muito nordestino. Demais”. [Chico Anísio]

“Excepcional e originalíssimo”. [João Gilberto]

“Aprendi muito com o jeito dele cantar. Foi um dos meus professores. (…) Tinha um suingue incrível”. [Gal Costa]

“Pela parte que me toca, por aquilo que o tropicalismo significava para mim, significou para mim, inclusive essa coisa de chamar a atenção para a discussão da música estrangeira em geral, essas coisas todas no Brasil, nesse sentido para mim, o Jackson poderia muito bem ser um pré-tropicalista”. [Gilberto Gil]

“Acredito que Jackson foi o mais tropicalista de todos os compositores de nossa MPB, porque não tinha medo das informações externas e, embora conhecesse muita coisa de música estrangeira, via sempre uma predominância da música brasileira sobre as outras. Para ele, o coco era uma espécie de célula-mãe de todos os outros ritmos”. [João Bosco].

Fonte: UEPB

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VI ENCONTRO NORDESTINO DE ARBORIZAÇÃO URBANA COMEÇA NESTE DOMINGO EM PETROLINA

Com a temática "Paisagismo e Ecologia – Tecnologias para Arborizar as Cidades do Semiárido", será realizado em Petrolina o VI Encontro Nordestino de Arborização Urbana (ENAU). A programação inicia na manhã deste domingo (1º), no Parque Josepha Coelho, com o Workshop de Escalada em Árvores e a distribuição de mudas de árvores nativas. A partir de segunda-feira (2) e até o dia 4 de setembro, toda a programação de minicursos, palestras, apresentação de trabalhos científicos e de extensão, premiações e lançamentos acontecerá na Fundação Nilo Coelho. 

O objetivo do ENAU é ampliar e despertar em toda a sociedade nordestina, com destaque para o Submédio São Francisco, o interesse pela recuperação, preservação e implantação de áreas verdes urbanas, indispensáveis para o bem-estar de todos. Entre os realizadores do evento, estão a Sociedade Internacional de Arboricultura, a Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, a Embrapa Semiárido, o IF Sertão-PE, a Univasf, a Uneb e a Prefeitura Municipal de Petrolina.

Concebido para atender a profissionais e estudantes de diferentes setores, lideranças da sociedade civil, pessoas da iniciativa pública e privada e demais interessados na temática, o evento será um marco na difusão de informações técnicas e novas possibilidades para a arborização das cidades. Mais informações podem ser conferidas no site do evento: http://enau2019.com.br.
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JACKSON DO PANDEIRO COMPLETA 100 ANOS NESTE SÁBADO (31)

Neste sábado, dia 31 de agosto, José Gomes Filho, que entrou para a história da música brasileira cantando, dançando e batucando em um pandeiro, com o nome Jackson — que tirou do ator e caubói Jack perrin, seu ídolo nos filmes de faroeste — completa 100 anos.

Discípulos como Gilberto Gil, Lenine, Alceu Valença e Geraldo Azevedo falam de sua importância e de como um menino pobre de Alagoa Grande, no brejo paraibano, conseguiu traduzir o Nordeste para o Brasil de forma semelhante ao que Dorival Caymmi fez em relação à Bahia.

"Jackson tocava no pandeiro dele qualquer música dos Beatles, fazendo na base um coco, e provava que, assim como o reggae, o coco tem essa capacidade de ter alma própria", descreve o pernambucano Lenine, que compôs “Jack soul brasileiro” em homenagem o mestre.

Mas o nome artístico que Jackson adotou não foi aprovado pela mãe, como revelado no livro O fole roncou! Uma história do forró (Editora Zahar), de Carlos Marcelo e Rosualdo Rodrigues. "Mas é isso mesmo... Eu batizo um filho com nome de José, e vem o diabo trocar o nome para um tal de Jack que eu não sei de onde saiu nem por onde entrou!", disse a mãe.

Criado em 2008, o Memorial Jackson do Pandeiro, em Alagoa Grande, Paraíba ocupa um casarão azul com janelões. O visitante encontra parte da discografia, instrumentos tocados ou fabricados por Jackson, o violão que ele tocou assinado por Juscelino Kubitschek, roupas da esposa Almira Calixto; fotos históricas, como o registro do encontro dele com Luiz Gonzaga, cordéis e revistas, recortes de jornais e vídeo contando a história dele.

Entre tantas preciosidades, o visitante pode ouvir o primeiro LP de Jackson, gravado em 1953 em 78 rotações, com os sucessos que apresentaram Jackson.

O disco na vitrola irradia a música de Jackson para todo o Brasil. "Pra gente é uma satisfação enorme saber que um filho de Alagoa Grande, que era negro, nasceu pobre lá no engenho, afastado até da cidade, conseguiu pelo seu talento e seu esforço mudar a música no mundo", analisa Marcelo Félix, secretário da Cultura e Turismo de Alagoa Grande. Jackson foi casado três vezes. A última esposa foi Nelza, que atualmente vive em João Pessoa.

Jackson viveu infância pobre, mas, desde muito cedo, se encontrou na música levado pelas mãos da mãe cantadora de coco. Depois da morte do pai, foi com a mãe para Campina Grande, em 1930, cidade economicamente pujante, no início do século 1920, pela exportação de algodão, o ouro branco. 

Antes de se tornar músico profissional, Jackson teve outras ocupações. Trabalhou com entregador de pão e ajudante em padaria. Quando decidiu se dedicar exclusivamente à música, teve oportunidade de tocar bateria, mas escolheu o pandeiro. "Baterista vou ser o segundo, o terceiro [instrumentista], eu quero ser o primeiro. E realmente ele conseguiu com o pandeiro", revela Fernando Moura.

O biógrafo lembra que, em Campina Grande, Jackson entrou em contato com a "sonoridade planetária". "Campina era muito pulsante economicamente, devido ao algodão. Então passava orquestras de todo o mundo por lá, big bands. Vinham para Recife, depois iam para Campina Grande. Ele participou de tudo isso, vivenciou e tocou", conta.

Depois, mudou-se para João Pessoa e conviveu na Rádio Tabajara com a geração herdeira de Severino Araújo, o grande maestro da Orquestra Tabajara. Jackson também foi para Recife para inaugurar a Rádio do Jornal do Commercio, em 1948. "Participou de diversos grupos, diversas formações. Montavam as orquestras e dividiam os grupos para os programas variados durante o dia. Era tudo ao vivo.

"Campina era muito pulsante economicamente, devido ao algodão. Então passava orquestras de todo o mundo por lá, big bands. Vinham para Recife, depois iam para Campina Grande. Ele participou de tudo isso, vivenciou e tocou"
Fernando Moura, coautor da biografia Jackson do Pandeiro: o rei do ritmo

Em 1953, lançou Sebastiana, até contrariado. Era uma revista de carnaval, ele queria cantar uma marchinha, um frevo. Mas o diretor do programa disse que estava com a intuição de que ele deveria cantar um coco, herança de sua mãe. Ele foi e cantou. Foi um tremendo sucesso. Ele escolheu na rádio uma atriz chamada Luíza de Oliveira. Na hora do a, e, i, o, u, y, ela deu uma umbigada nele e a plateia foi abaixo", recorda Fernando.

Jackson do Pandeiro esmaece a fronteira entre música regional e nacional com sucessos que foram muito populares. "Jackson pode ser percebido como figura que vai mesclar, amálgama mesmo, o que é música nacional e o que é música regional. Ele elucida, coloca as cartas na mesa: a cultura popular e a música popular não têm como ser cristalizadas em conceitos criados academicamente. Ela é múltipla, ela é caleidoscópica nesse sentido. Ela foge das categorias", afirma a pesquisadora Manuela Fonseca Ramos, que fez a dissertação "Na levada do pandeiro: a música de Jackson do pandeiro entre 1953 e 1967".

A trajetória e a obra de Jackson são apresentadas na exposição Jackson do Pandeiro – 100 anos, em exibição no Museu dos Três Pandeiros, um imponente prédio planejado por Oscar Niemeyer, em Campina Grande, Paraíba. As músicas dele encantam quem as ouve e a sua obra se apresenta por si só. No entanto, Jackson tem a seu favor defensores de peso. Músicos geniais tanto quanto ele devotam reconhecimento ao paraibano e destacam como foram influenciados por ele: João Gilberto (1931-2019), Gilberto Gil, Alceu Valença, Lenine e João Bosco, entre outros.

A lista é enorme. "Costumo dizer que todos os grandes gênios estão à frente do seu tempo. Geralmente, não são compreendidos no período em que estão. Eles têm olhar muito na frente", diz o músico e produtor Sandrinho Dupan, curador da exposição.

Jackson era artista inquieto: com obra vasta, gravou 435 músicas, passeou por 25 ritmos. "Era um artista inquieto em questão rítmica, mas essa inquietude é muito boa. Ele passeou desde ritmos como o twist, o samba – foram mais de 100, marchinhas de carnaval, maracatu, toadas. Ele deixou um legado muito grande", afirma. 

A versatilidade rítmica de Jackson, que encantou os expoentes da Tropicália, conquista novas gerações, que encontram no artista uma fonte sem-fim de possibilidades musicais. "Conquista primeiro pela questão da habilidade musical, a questão rítmica. Segundo pelos textos contemporâneos das letras sobre vários aspectos", afirma Sandrinho.

"O Jackson foi a figura mais completa trafegando pela música brasileira: tocou samba, twist, coco, forró, samba jazz, entre vários outros gêneros. Também tocou com Dominguinhos, Gal Costa", lembra 

Até os 35 anos Jackson não sabia ler nem escrever. Aprendeu com a segunda mulher, Almira. Mas era genial em termos musicais. Tocou diversos instrumentos e inovou na divisão rítmica. "João Bosco deu um exemplo bem feliz: falava, para o leigo entender, que o cantor normal era um passageiro que estava na estação. O trem chegava, ele entrava e seguia a viagem. Jackson era um passageiro que estava na estação. O trem chegava, ele entrava, mas, depois, ele estava dentro. Ele brincava com essa coisa de elasticidade do tempo. Conseguia deixar a coisa acelerar e depois pegar. Ele conseguia atrasar e depois chegar no tempo certo", explica Sandrinho.

Jackson buscava inspiração em múltiplas fontes e a religião era um manancial para ele. A sonoridade dos terreiros de candomblé ou a filosofia do Universo em desencanto. "A fase racional foi momento bem importante. Momento que teve interação maior com religiosidade, assim como Tim Maia e vários artistas no Brasil tiveram. Ele participou desse momento e podemos perceber nas letras: falava da salvação, mãe natureza. Fica bem evidente no disco Alegria minha gente, que também é título de uma música", diz Betinho Lucena, do grupo Os Fulanos.

Os afros batuques também aparecem na obra. "Jackson coloca os afro batuques. Pega totalmente o nosso som mais primitivo, a questão da África, tudo que envolveu os batuques", completa. Essa fase foi apresentada em show preparado por Cabruêra e Os Fulanos, que abriu o Festival de Inverno de Campina Grande, que, neste ano, homenageia o músico de Alagoa Grande.

Jackson e Luiz Gonzaga os dois reis:
A Região Nordeste deu à música brasileira Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, e Jackson do Pandeiro, o Rei dos Ritmos. Mas como foi a convivência entre dois reis nesse território? Como cada um participou da criação desse Nordeste imaginário? Há quem diga que não eram amigos. Mas a melhor posição sobre a relação dos dois é definida pelo secretário de Cultura e Turismo de Alagoa Grande – terra natal de Jackson –, Marcelo Félix: há um pouco de verdade e há um pouco de lenda sobre a desavença dos dois.

Carlos Marcelo e Rosualdo Rodrigues, em O fole roncou! Uma história do forró, narram o encontro de Jackson com Gonzaga no programa de rádio que Jackson apresentava com Adelzo Alves. O Rei do Baião chegou de maneira inesperada, trazendo frisson ao auditório, onde estavam Abdias, Zé Calixto, Nelza, Cícero e Tinda. O encontro foi descrito assim:

"Chegou para o operador de áudio e avisou:
– Bota todo bloco comercial pra frente e deixa o maior espaço para o Gonzaga.

Jackson então virou-se para Adelzon e perguntou:
– E quem é que vai apresentar Gonzaga?

– Você! Não te falei que o programa é teu e que eu sou só a escada? Eu só levanto a bola, você que faz gol!

Jackson demonstrou preocupação. Mas chamou o Rei do Baião, que, do alto de sua majestade, já entrou no ar munido de sua sanfona e gritando o nome do anfitrião:
– Jaaaaaackson!"
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MAIS DE 1300 HOMENS DO EXÉRCITO CONTRA AS QUEIMADAS NO SUL DO AMAZONAS, RONDONIA E ACRE

Mais de 1.300 homens do Exército participam, no Acre, Rondônia e Sul do Amazonas, da Operação Verde Brasil. O Comando Militar da Amazônia (CMA) deu início no último domingo, 25 de agosto, à operação que está distribuída entre duas forças-tarefas para conter as queimadas na Amazônia: uma voltada para Rondônia e Acre e outra para o Sul do Amazonas. Inicialmente, o Amapá, que compreende a área de atuação do comando, não é citado nas ações.

No momento, segundo o departamento de comunicação do CMA, todas as atenções estão voltadas para Rondônia, que sofre com os principais focos de incêndio na região amazônica. No Sul do Amazonas, que registra grande número de queimadas, as ações serão intensas ao longo da próxima semana.
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