ELEITO BOLSONARO JÁ ANUNCIA QUATRO MINISTROS

A definição do ministério do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) deverá se acelerar nos próximos dias, mas os primeiros nomes foram confirmados hoje por ele. No poderoso ministério da Fazenda, que poderá ser renomeado para Economia, figura desde o início o economista Paulo Guedes. Para a estratégica Casa Civil, foi escolhido o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS). E para o Ministério da Defesa, a escolha recaiu sobre o general reformado Augusto Heleno.
O economista Paulo Guedes, que comanda o núcleo econômico da campanha do candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, fala à imprensa.
Paulo Guedes comandará o Ministério da Fazenda - Ferrnando Frazão/Agência Brasil
Na pasta de Ciência e Tecnologia, o astronauta brasileiro Marcos Pontes, que é tenente-coronel da Aeronaútica, também foi confirmado por Bolsonaro e ele próprio admitiu que aceitaria a missão. 
A meta máxima de 15 ministérios, por exemplo, já não é uma certeza. A primeira polêmica surgiu com a tão anunciada e propagada pelo candidato fusão entre as pastas da Agricultura e Meio Ambiente. Após receber visitas de empresários, exportadores, e de representantes do agronegócio, ficou claro que é preciso analisar eventuais prejuízos na economia internacional com as possíveis mudanças. Hoje, o principal discurso de Bolsonaro é afirmar que irá ouvir e avaliar todas as vertentes políticas e econômicas antes de tomar qualquer decisão.  
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BRASILEIROS VÃO ÀS URNAS PARA ESCOLHER O PRESIDENTE DA REPÚBLICA NESTE DOMINGO 28

Divididos entre bolsonaristas e petistas, os brasileiros vão às urnas neste domingo (28) para escolher o presidente da República que assumirá o comando da nação a partir de 1º de janeiro de 2019. Estão aptos a votar 147.306.275 eleitores residentes no país e no exterior. Desse total, 77.339.897 são mulheres (52,5%) e 69.902.977 são homens (47,45%).

Neste ano, 6.280 eleitores solicitaram a inclusão do nome social no título e no caderno de votação. O nome social é a identificação declarada por transexuais e travestis, opção reconhecida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em março deste ano.

A realização do segundo turno de votação mobiliza cerca de 2 milhões de pessoas. Esse contingente inclui 15,4 mil servidores da Justiça Eleitoral, 2.645 juízes eleitorais, 378 desembargadores (incluindo os substitutos) e de 14 ministros do TSE (incluindo os substitutos). Estarão à disposição da Justiça Eleitoral, no Brasil e no exterior, 1.817.996 mesários.
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ROSA WEBER PEDE QUE ELEITOR NÃO DEIXE QUE NADA TUMULTUE SEU VOTO

Em pronunciamento para redes de rádio e TV, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Rosa Weber, defendeu a segurança do sistema de votação e pediu que os eleitores votem com paz e tranquilidade e que nada "tumultue" suas escolhas. A ministra fez pronunciamento às vésperas da votação deste domingo (28), como ocorreu no 1º turno. 

Rosa Weber defendeu a atuação do TSE na apuração de denúncias de problemas na votação do 1º turno e informou que as urnas com problemas foram encaminhadas para auditoria realizada em parceria com a Polícia Federal, o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil. A partir das análises, acrescentou, não foi encontrado qualquer indício de fraude.   

A presidente da Corte repetiu o discurso do pronunciamento anterior lembrando que o sistema de votação é seguro, auditável e que desde o início da sua implantação, em 1996, não houve episódio de problema na totalização.

Quanto às demais denúncias, disse que tanto as ações judiciais quanto questionamentos no âmbito administrativo estão sendo apurados. Mas justificou o fato de não ter havido decisão até o momento pelo que chamou de “observação ao tempo necessário à resposta institucional responsável” e “respeito ao devido processo legal”.

A presidente defendeu a atuação da Justiça Eleitoral afirmando que a desinformação de proliferação massiva e instantânea foi combatida com “informação séria e objetiva”. Ela citou como medidas as campanhas de esclarecimentos aos eleitores. O TSE foi alvo de críticas sobre a atuação diante da avalanche de notícias falsas nestas eleições,

E mencionou que a atuação de pessoas e grupos para desacreditar o sistema de votação está sendo investigada. “A Justiça Eleitoral está a adotar todas as providências necessárias à investigação e responsabilização daqueles que atacam a própria democracia”.
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NEY VITAL SACODE O FORRÓ COM BOM JORNALISMO TODO DOMINGO NA RÁDIO EMISSORA RURAL

O rádio continua sendo o principal veículo de comunicação do Brasil. Aliado a rede de computadores está cada vez mais forte e potente. Na rádio Emissora Rural, Petrolina, Pernambuco, o jornalista Ney Vital apresenta o Programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga, todos os domingos, a partir das 7hs da manhã.

Ao sintonizar o Programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga, o ouvinte está antenado com o que existe de Contemporâneo, Moderno, Dinâmico no Jornalismo e Identidade Cultural.

O programa é transmitido também via internet www.am730.com.br e segue uma trilogia amparada na cultura, cidadania e informação. "É a forma. O roteiro concreto para contar a história da música brasileira a partir da voz e sanfona de Luiz Gonzaga e seus seguidores", explica Ney Vital. 

O programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga é um projeto que teve início em 1990, numa rádio localizada em Araruna, Paraíba. "Em agosto de 1989 Luiz Gonzaga, o  Rei do Baião fez a passagem e então, na oportunidade, o hoje professor doutor em Ciência da literatura, Aderaldo Luciano fez o convite para participar de um programa de rádio. E até hoje continuo neste bom combate". 

O programa evoluiu para a forma de espaço reservado à cultura mais brasileira, universal, autêntica, descortinando um mar e sertões  de ritmos variados e amparado na infinita capacidade criadora da cultura e educação.

Também por este motivo no programa o sucesso pré-fabricado não toca e o modismo de mau gosto passa longe. "Existe uma desordem, inversão de valores no jornalismo e na qualidade das músicas apresentadas no rádio e meios de comunicação", avalia Ney Vital que recebeu o titulo Amigo Gonzagueano Orgulho de Caruaru recentemente em evento realizado no Espaço Cultural Asa Branca. e o Troféu Viva Dominguinhos em Garanhuns.

Ney Vital usa a credibilidade e experiência de 28 anos atuando no rádio e tv. Nas filiadas do Globo TV Grande Rio e  TV São Francisco onde foi um dos produtores do Globo Rural, teve exibido reportagens sobre Missa do Vaqueiro de Serrita, festa aniversário de Luiz Gonzaga e dos 500 anos do Rio São Francisco.

Formado em Jornalismo e com Pós-Graduação em Ensino de Comunicação Social pela UNEB/Universidade Federal do Rio Grande do Norte faz do programa um dos primeiros colocados na audiência do Vale do São Francisco, segundo as pesquisas.

"O programa incentiva o ouvinte a buscar qualidade de vida. É um diálogo danado de arretado. As novas ferramentas da comunicação permitem ficarmos cada vez mais próximo das pessoas, através desse mundo mágico e transformador que é a sintonia via rádio", finalizou Ney Vital.
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ALDY CARVALHO DÁ NÓ QUE NINGUÉM JAMAIS DESATA

Os textos poético-lítero-musicais trazidos no Cd SerTão andante (2018) por Aldy Carvalho e seus parceiros são para ouvir e ler em geminada complementação. Decodificar essa poesia é deparar com “Canção marinheira” (Aldy Carvalho), que traz versos como “No mar deixei barco a vela/Pronto para navegar”. 

Quem é o marinheiro, senão o que vive as experiências do desafio ao mar? Desses portos vem, todavia, a dura marca a que um eu lírico refere com doído peito: “Saudade vem de longe/Quero saber como estás”, para, em seguida, reafirmar seus desejos: “O coração aflito/Busca o teu por companheiro”, e de seus afetos: “[Quero] Sentir o teu perfume/Quero te beijar”.

Em “Com certeza” (Nildo Freitas), há o redivivo canto às crenças, aos saberes do sertanejo a pressentir as chuvas boas, de esperança, de fartura, apontadas nos versos “Cheiro de vento norte/Parece que vai chover/Molhar o solo duro/Ter o que comer”. 

O medo, àquele das sombras noturnas da gameleira a que a gente antiga não atravessava, desenha o mapa das superstições caatingueiras: “Medo da gameleira/São coisas lá do sertão”. Do amor? Faz-se presente nos versos “Moça namoradeira/ Corisco e Lampião”. Emblemáticos, não? Sim, porque moças namoradeiras são para os homens de fogo! 

Em “Estilhaços”, vitrais de versos se esbandalham: “Um pé de milho/Uma rosa ao vento/Um relógio parado/Um trem dando partida/Almas perdidas/ Uma vida vadia/O reflexo do espelho/Um cão ladino/Um grito desesperado” que remetem a um quê de poesia simbolista e a uma tessitura em que vários planos se sobrepõem ao modo Cubista de Picassos sertanejos. 

A impressão que se tem é a de que João Joaquim de Carvalho e Aldy, pai e filho, respectivamente, ao escreverem idearam amigável certame entre dois andantes a encurtar a estrada em passatempo de jogos de palavras  montadas ao acaso.

Em “Veios d’água” (Aldy Carvalho, Crica Carvalho, Fabiane Carvalho), uma trinca de Carvalho, assinala esperança e alegria no tocante às águas que batizam esses sertões: “Basta um fio cristalino/Que a natureza faz florescer”, seguidos de tom profético a nos alertar a omissão: “E se o rio secar/Que será, será, que será?” Por fim, o reconhecimento da terra-irmã que nos abençoa com o cotidianar dessas águas de tantos afluentes: “Meu velho Chico mina de minas, Minas Gerais”. 

Massangana é termo que nos foi possivelmente legado por filhos de Angola, nossos irmãos de ébano para cá trazidos, e significa confluência, foz, lugar onde dois rios se juntam num só. “Massangana” (Aldy Carvalho) é harmonioso instrumental dedicado a Luciano Peixinho, (Tv Grande Rio – Petrolina) a quem o “Cavaleiro das Léguas” cognomina “poeta das imagens sanfransciscanas e do semiárido denso e belo”, em justo preito a este que faz com suas câmeras dois rios confluírem: o das águas, o São Francisco, e o de palavras/versos de tantos cantadores/poetas deste Sertão que Deus arquitetou. 

Ouçamos “Martelo tirano”, “Jornada” “Maria”, “Redemoinho”, entre outras canções aqui apresentadas, e concluamos: em nosso país há poetas e músicos de primeira grandeza.  Aldy Carvalho, poeta e cantador, é brilho no constelado céu deste SerTão andante.  

Fonte: Pedro Pernambuco professor*

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ESPECIALISTA FAZ PALESTRA EM PETROLINA E ANUNCIA FIM DA ESTIAGEM PROLONGADA NO NORDESTE

Nos próximos 10 anos, ao contrário do que diz a mídia sobre o aquecimento global produzido pelo homem, os controladores do clima (o sol e os oceanos) apontam para um resfriamento que deve durar até cerca de 2030, o que significa, entre outros fatores, o fim do ciclo da estiagem prolongada com a chegada de chuvas regulares no Nordeste.

Esta foi uma das boas novas anunciadas pelo professor e pesquisador da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Luiz Carlos Molion, durante palestra realizada na noite desta quarta-feira (24), em Petrolina – PE. Convidado pelo Sindicato dos Produtores Rurais do município, o PhD em Meteorologia e pós-doutor em Hidrologia de Florestas fez um diagnóstico dos últimos 180 dias com relação a produção agrícola regional e apresentou as perspectivas para o inverno 2018/2019.

Considerado a maior autoridade em matéria de meteorologia da América Latina, o professor Molion falou também sobre o Rio São Francisco e fez um alerta: "a situação do rio está muito ruim em todos os aspectos". Depois de mostrar um mapa que fez comparando os anos de 1997 a 2016 com o período anterior, de 1978 a 1996, o cientista disparou.

"Tivemos uma redução da ordem de 150 milímetros por ano no chamado Alto São Francisco (que corresponde da nascente até Pirapora – MG), essa redução equivale a uma vazão de 500 metros cúbicos por segundo, o que quer dizer que há 30 anos o rio tinha uma vazão de 3.200 metros cúbicos por segundo, lá em Xingó, e hoje tá reduzida para 2.300", lamentou.

Depois de lembrar ainda que a 'usina de Xingó foi construída para ter 10 geradores, só instalaram seis e hoje só tem um funcionando', o professor concluiu a palestra falando sobre novos modelos de energia solar e do projeto de Transposição do Rio São Francisco, onde defendeu a integração das bacias do São Francisco e Tocantins.

O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina (SPR), Jailson Lira, encerrou o encontro destacando a importância dos temas abordados e agradeceu as parcerias da Ubyfol e Agropodas. Na oportunidade também foi apresentado o novo site do Sindicato (SPR): www.sprpetrolina.com.br.

Fonte: Class e Marketing
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GARANTIR ACESSO À ÁGUA DE QUALIDADE É UM DOS PRINCIPAIS DESAFIOS PARA OS PRÓXIMOS GESTORES DO BRASIL

Garantir o acesso à água de qualidade a todos os brasileiros é um dos principais desafios para os próximos gestores do país. Culturalmente tratado como um bem infinito, a água é um dos recursos naturais que mais tem dado sinais de que não subsistirá por muito tempo às intervenções humanas no meio ambiente e às mudanças do clima.

Em várias regiões do país, já são sentidos diferentes impactos, como escassez, desaparecimento de nascentes e rios, aumento da poluição da água. Os especialistas alertam que os problemas podem se agravar se não forem tomadas medidas urgentes e se a sociedade não mudar sua percepção e comportamento em relação aos recursos naturais.

O Brasil tem 12 regiões hidrográficas que passam por diferentes desafios para manter sua disponibilidade e qualidade hídrica. Mapeamento do Ministério do Meio Ambiente mostra que, nas bacias que abrangem a Região Norte, o impacto vem principalmente da expansão da geração de energia hidrelétrica. Na Região Centro-Oeste, é a expansão da fronteira agrícola que mais desafia a conservação dos recursos hídricos. As regiões Sul e Nordeste enfrentam déficit hídrico e a Região Sudeste apresenta também o problema da poluição hídrica.

Em nível global, o desafio é conter o aumento da temperatura do clima, fator que gera ondas de calor e extremos de seca que afetam a disponibilidade de água. O relatório especial do Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas, das Nações Unidas, divulgado recentemente, mostra que, se a temperatura global subir acima de 1,5°C, em todo o mundo mais de 350 milhões de pessoas ficarão expostas até 2050 a períodos severos de seca.

“As gerações mais antigas foram criadas com o mito do país riquíssimo em água, que água seria um problema crônico, histórico, só no Nordeste, no semiárido. Obviamente, desde 2013, na primeira crise que a gente teve, o apagão, que na verdade foi um “secão”, porque não foi resultado só de uma questão elétrica, ficou claro que o Sudeste e o Centro-Oeste têm problemas concretos, intensificados nos últimos dois anos, de disponibilidade de água”, destacou Ricardo Novaes, especialista em Recursos Hídricos do WWF-Brasil.

O pesquisador explica que a crise resulta também da falta de adequada gestão do uso da água, sobretudo em períodos de estiagem -  tendência que deve se manter tendo em vista o baixo índice de precipitação registrado no início desta primavera.

“Temos indicativos de que há um risco de, no próximo verão, ou talvez no outro ano, termos novamente um quadro muito complicado em São Paulo, talvez em todo o Sudeste. Os reservatórios estão com níveis abaixo do que estavam há dois anos,  antes da crise de 2014 e 15”, afirmou.

Depois da grave crise hídrica de 2015 que afetou a população de São Paulo, os moradores do Distrito Federal (DF) também passaram pelo primeiro racionamento nos últimos 30 anos devido à falta de água nas principais bacias que abastecem a região. Por mais de um ano, os moradores da capital do país tiveram que se adaptar a um rodízio de dias sem água devido ao esgotamento dos reservatórios das principais bacias que abastecem a cidade.

Na área rural, o governo do DF decretou estado de emergência agrícola. Na época, foi estimado um prejuízo de R$ 116 milhões com a redução de 70% na produção de milho, segundo estudo da Secretaria do Meio Ambiente do DF.

Os especialistas apontam que uma das principais causas para a crise hídrica é o uso inadequado do solo. No Centro-Oeste, por exemplo, estão concentradas as nascentes de rios importantes do país, devido a sua localização no Planalto Central. Conhecida como berço das águas, a região tem vegetação de Cerrado, bioma que ocupa mais de 20% do território e atualmente é um dos principais pontos de expansão da agropecuária, atividade que usa cerca de 70% da água consumida no país.

Como consequência do avanço da fronteira agrícola, o Cerrado já tem praticamente metade de sua área totalmente devastada. Os efeitos da ausência da vegetação nativa para proteger o solo já são percebidos principalmente na diminuição da vazão dos rios e na escassez de água para abastecimento urbano.

Segundo a coordenadora do programa Cerrado e Caatinga do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), Isabel Figueiredo, que integra a Rede Cerrado, o desmatamento acelerado está impactando tanto a frequência de chuvas, que vem diminuindo nos últimos cinco anos na região, quanto na capacidade do solo de absorver e armazenar a água no subsolo e devolvê-la para os rios.

“A mudança do uso da terra tem alterado demais o ciclo da água e faz com que a gente tenha menos água nos rios, os rios muito assoreados e menor disponibilidade de chuva. Então, o ciclo da água está num pequeno colapso”, afirmou Isabel.

Projeções do Painel Brasileiro de Mudança Climática (PBMC) apontam que nas próximas três décadas o bioma do Cerrado poderá ter aumento de 1°C na temperatura superficial com diminuição percentual entre 10% a 20% da chuva.

“A contribuição do Cerrado para as bacias hidrográficas importantes do Brasil, como São Francisco, Tocantins, por exemplo, vai diminuir muito, se esse processo de desmatamento continuar nesse nível”, completou.

A especialista lembra ainda que o desmatamento do Cerrado não afeta somente as comunidades locais, que já relatam dificuldades para plantar, mas também outras regiões. “Os biomas e ecossistemas brasileiros estão todos interligados. O desmatamento do Cerrado afeta a chuva que cai em São Paulo, o desmatamento na Amazônia afeta a chuva que cai aqui no Cerrado”, explica.

O desafio de garantir o funcionamento do ciclo hidrológico natural também tem impacto na manutenção dos aquíferos subterrâneos. Os pesquisadores lamentam que o assunto não tenha destaque no debate público e na agenda eleitoral e alertam que, para evitar a próxima crise, é necessário criar um modelo de gestão das águas subterrâneas.

Outro problema que leva à escassez de água é a estrutura precária de saneamento. Considerando as metas estabelecidas pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Nações Unidas, do qual o Brasil é signatário, uma das principais preocupações com relação à água é garantir a universalização do saneamento.

Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), mais de 35 milhões de pessoas ainda não têm acesso à água tratada no Brasil e o sistema de abastecimento de água potável gera 37% de perdas, em média. A falta de tratamento do esgoto compromete mais de 110 mil quilômetros dos rios brasileiros que recebem os dejetos.

A agência estima que, para regularizar a situação, seriam necessários pelo menos R$ 150 bilhões de investimentos em coleta e tratamento de esgotos até 2035.

“Um objetivo absolutamente fundamental, mas que vai exigir um nível de investimento, comprometimento de agentes públicos e desenvolvimento de tecnologias - e não estamos vendo energia sendo colocada pra atingir isso. E não adianta você investir em saneamento e ter de buscar água cada vez mais longe, por causa do desmatamento”, criticou Novaes.

Doutor em ecologia e autor de vários livros sobre educação ambiental, Genebaldo Freire destaca que todos estes problemas só serão resolvidos quando os governos e sociedade mudarem sua percepção sobre a importância dos recursos naturais para a sobrevivência humana.

“Nós estamos vivendo uma falha de percepção e temos algumas evidências objetivas que comprovam isso: nós dependemos de água pra tudo e qual é o nosso comportamento? Desperdício, consumismo, poluição e desmatamento, e isso tudo numa pressa danada, com uma população que cresce em 75 milhões de pessoas a cada ano no mundo”, constata.

Segundo o professor, não há lugar seguro no planeta e, além da falta de percepção, há uma absoluta falta de governança na gestão da água. O escritor também critica a indiferença e incapacidade da classe política em lidar com o tema da educação ambiental.

“A história dos problemas ambientais passa por essa falha de percepção por várias razões: conveniência, ignorância ou apatia. Todo o processo de educação ambiental hoje tem de estar obrigatoriamente centrado na ampliação da percepção, senão não vai mudar coisa alguma”, avalia Freire.

O professor ressalta que vários colapsos já estão ocorrendo devido à grande pressão da população mundial de sete bilhões de pessoas sobre os sistemas naturais, que estão assumindo “configurações diferentes das que nós estamos acostumados para neutralizar nossas ações”.

Para evitar o agravamento da situação, é necessária uma evolução do ponto de visto ético e moral e não somente científico e tecnológico. “A mudança do clima é a maior falha de mercado da espécie humana, porque é algo em que a inteligência estratégica de sobrevivência do ser humano não funcionou e continua errando de forma insistente. E qual a consequência disso? E você ter o crescimento de conflitos que já estão estabelecidos, como disputa por água, energia e espaço, aumento de refugiados”, comenta.

Fonte: Marcello Casal jr/Agência Brasil/Agência Brasi
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