COMO SEVERINO VIROU SIVUCA

Texto: Silvia Bessa, para o Diario de Pernambuco *

Na família de Severino, tinha lavradores, artesãos que curtiam couro para selar cavalos e uma turma grande de sapateiros. Música não se ouvia, até porque nem eletricidade havia. Por vezes, passava na beira da casa, lá em Itabaiana, na Paraíba, um sanfoneiro itinerante. Foi aí que Severino, um menino albino, viu aos nove anos uma sanfona. Aprendeu rápido. Aos 15 anos, veio ao Recife, meca de artistas em meados da década de 1940, destinado a bater à porta da Rádio Clube, a pioneira, sintonizada com o prefixo PRA-8. “Quero falar com seu PRA-8”, disse. Ainda era Severino.

“Eu fui lá numa quarta-feira. Na frente da rádio, havia uma salinha com um balcão e uma mesa de telefone com a telefonista que recebia recado. Era uma senhora meio gordinha, dona Eliodeth. Ela estava brincando com um gatinho. Pensei que ela fosse a dona do rádio porque no interior tem aquelas quitandas, bodegas com senhoras que ficavam na porta, esperando as pessoas pra comprar e geralmente fazendo crochê, brincando com gato. Eu cheguei e disse: “A senhora é a dona do rádio?”. Não era. Dona Eliodeth o encaminhou para a autoridade responsável: “Isso é com seu Nelson”. Severino queria tocar no show de calouros.

Seu Nelson era o maestro Nelson Ferreira - diretor musical da Rádio Clube, compositor, pianista, violinista e regente pernambucano respeitadíssimo, que logo propôs a Severino: “Quer tocar uma coisinha para mim?”. O rapazote estava com a sanfona debaixo do braço e começou um frevo chamado Mexe com tudo, de Levinho Ferreira.

O maestro ficou impressionado com a habilidade do jovem albino. “Ô, Antônio Maria!” - disse, referindo-se ao jornalista, compositor e grande cronista brasileiro - “vem ouvir uma coisa. Venha ver esse menino que chegou de Itabaiana”.

Severino ganhou muito mais que uma vaga no show de calouros. Depois que tocou Tico-tico no fubá a mil por hora, conquistou um programa inteirinho no dia seguinte. Quem fez a narrativa foi o próprio rapaz, mais de cinquenta anos depois, em entrevista concedida ao site http://gafieiras.com.br.

A incumbência de escrever o programa ficou com Antônio Maria. Nesse tempo, fazia-se três músicas e se tocava ao vivo, dentro de um quarto de hora, conta Severino no longo depoimento. Foi aí que Severino, em 1945, trocaria um nome próprio por apelido curto. “Seu nome, rapaz?”, perguntaram-lhe. Ele respondeu: Severino Dias de Oliveira. “Nelson Ferreira chegou junto a mim e disse: ‘Nós temos aqui um problema que precisamos resolver. O seu nome é nome de firma comercial de interior. Vamos simplificar. Que tal Sivuca?’ Eu disse: ‘Está bom, maestro, está bom’. A partir desse momento, eu passei a ser chamado de Sivuca”.

Uma semana depois, estreou na Festa da Mocidade, em Recife. “Aguardem, Sivuca!” , anunciava o locutor. “Mas eu havia esquecido que nome ele tinha me dado”.

Sivuca é um nome na história da música brasileira. Multi-instrumentista, ficou consagrado no mercado internacional pela habilidade única com o acordeon, que ele explicou ser a sanfona, apenas afrancesada. A sanfona, instrumento que ganha vida nas festas juninas no Nordeste.

Severino morreu em 2006, aos 76 anos, sendo Sivuca, como quis Nelson Ferreira e como propagou a Rádio Clube, emissora que o lançou para a fama.
Nenhum comentário

OUVINTE DE RÁDIO APESAR DA TECNOLOGIA CONTINUA ENVIANDO CARTAS PARA OS COMUNICADORES

Com as novas tecnologias que surgem a cada dia as cartas escritas à mão por uma pessoa podem resistir ao tempo tecnológico? A resposta é Sim. As cartas estão mais atuais do que se imagina. 

A prova disto é que em Petrolina, Pernambuco, a comunicadora Mayra Amariz do Programa Forró do Povo,  O Malhadão, transmitido na Rádio Grande Rio Am, recebe cartas dos ouvintes.

Mayra avalia, que isto se deve, certamente, ao respeito e modo de comunicar que seu pai Carlos Augusto, já falecido, deixou para os ouvintes. Carlos Augusto foi radialista, em 1962 um dos pioneiros da fundação da Rádio Emissora Rural e criador da Jecana do Capim-Corrida de Jegues, considerado uma  das principais audiências do Rádio na região do Vale do São Francisco.

"No programa usamos todos os recursos da tecnologia, mas a carta continua chegando no endereço da rádio. Isto até nos surpreende, emociona, pois significa que o ouvinte quer ser ouvido", explica Maira.

A carta foi bastante usado quando os  moradores, ouvintes de Rádio de regiões isoladas do Brasil, por exemplo, utilizam esse instrumento como um meio de comunicação onde a internet e a luz elétrica não chegaram e o rádio à pilha polarizava o poder de comunicação.

Atualmente, a modernidade presente na maioria das Rádios, usam internet, Ipads, wireless, notebooks, tablets e celulares com acesso à internet onde se buscam todos os tipos de informações instantâneas e para surpresa de muitos, a carta continua sendo o registro  do poder da comunicação feita pelos ouvintes.

O rádio está presente na vida pessoal do ouvinte, nos afazeres domésticos, no trabalho sem a necessidade de parar o que se está fazendo, pois a recepção é feita de uma maneira integral. Possui o poder de entreter, envolver e informar. 

O jornalista e pesquisador Ney Vital, avalia que  no Brasil, ainda hoje, existem comunidades que carecem de tecnologias para se comunicar. "Vivemos em sociedades complexas, que privilegiam a cultura do ver e o excesso de imagens, percebemos que o rádio participa da recuperação da sensorialidade dos corpos e ao enviar uma carta o ouvinte  representa o respeito da necessidade de se resgatar, valorizar a importância da cultura do ouvir e ser escutado".

Essa recepção é bastante importante nos dias atuais, já que o uso de comunicações mais sofisticadas como e-mails, mensagens de celular e redes sociais são vistos na cidade como indispensáveis, mas as cartas continuam fundamentais para a comunicação. 
Nenhum comentário

QUANDO O VERDE DOS TEUS ZÓIO SE ESPAIÁ NA PRANTAÇÃO

*Texto: Rangel Alves da Costa-Poço Redondo-Sergipe.

Luiz Gonzaga é bom demais de ouvir de qualquer jeito e a todo instante. Basta ecoar a sanfona do rei do baião e surgir aquele vozeirão primoroso, forte, ritmado, e então tudo se torna numa festa só. Não obstante a junção da sanfona e da voz, formando a mais plangente e autêntica musicalidade nordestina, ainda há em Luiz Gonzaga a plenitude da poesia.

Seja de sua autoria, coautoria ou de outros compositores, principalmente Humberto Teixeira, Zé Dantas, Onildo Almeida, Zé Marcolino, João Silva, Nélson Valença, João e Janduhy Finizola, dentre outros, na música de Luiz Gonzaga há uma poesia que vai muito além da cantoria tipicamente nordestina, ainda que esta também seja marcada pela beleza dos versos. Com o Rei do Baião, contudo, os versos são construídos como se para serem lidos e não cantados. Como consequência, muitas canções se assemelham a recitais melodiosos.

No Velho e Eterno Lua a canção não é somente para ouvir, mas, e acima de tudo, para viajar nos seus versos, nas suas estrofes tomadas de um sentimentalismo lírico tamanho que faz o bardo ajoelhar-se em comoção. Sim, a partir de coisas simples, tudo nascido para falar sobre a terra, sobre o homem, sobre os amores sertanejos e as lidas e sofrimentos do dia a dia. Após esse mote, após a primeira leva de inspiração, então uma asa branca começa a voar além das alturas, um forró de pé-de-serra se transforma em belo canto de saudade, um olhar para o céu numa noite junina logo se torna em celebração do amor. E o jiló? 

Quanta beleza nos versos de “Qui nem jiló”: “Se a gente lembra só por lembrar, o amor que a gente um dia perdeu, saudade inté que assim é bom pro cabra se convencer que é feliz sem saber, pois não sofreu. Porém se a gente vive a sonhar com alguém que se deseja rever, saudade, entonce aí é ruim, eu tiro isso por mim que vivo doido a sofrer. Ai quem me dera voltar pros braços do meu xodó saudade assim faz roer e amarga qui nem jiló...”.
 Esta canção de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira possui alguns dos versos mais bonitos do cancioneiro brasileiro. Disso não se pode duvidar ante a estrofe dizendo que “Se a gente lembra só por lembrar, o amor que a gente um dia perdeu, saudade inté que assim é bom pro cabra se convencer que é feliz sem saber, pois não sofreu...”.

Contudo, nada igual a uns poucos versos contidos numa estrofe da obra-prima que é Asa Branca: “Quando o verde dos teus zóio se espaiá na prantação...”. Mas antes de comentar, vejam mais isto, observem que maravilha e digam se é verdadeira poesia ou não? “Até mesmo a asa branca bateu asas do sertão, entonce eu disse adeus Rosinha, guarda contigo meu coração. E hoje longe muitas léguas, numa triste solidão, espero a chuva cair de novo pra eu vortá pro meu sertão. Quando o verde dos teus zóio se espaiá na prantação eu te asseguro não chore não viu, que eu vortarei viu, meu coração...”.

Irretocável é a letra de Asa Branca, porém, como dito, apenas em poucas palavras e a composição já se irradia de encantamento. Uma simples frase, mas tudo, inegavelmente tudo: “Quando o verde dos teus zóio se espaiá na prantação...”. Este quando o verde dos teus zóio se espaiá na prantação contém tamanha significação e simbologia que em nenhum outro momento musical brasileiro conseguiu alcançar. 

A ele somente comparado, a meu ver, aos versos contidos em Cafezal em Flor (composição de Luiz Carlos Paraná e sucesso na voz de Cascatinha e Inhana): “Era florada, lindo véu de branca renda se estendeu sobre a fazenda, igual a um manto nupcial, e de mãos dadas fomos juntos pela estrada toda branca e perfumada, pela flor do cafezal... Passa-se a noite vem o sol ardente bruto, morre a flor e nasce o fruto no lugar de cada flor. Passa-se o tempo em que a vida é todo encanto, morre o amor e nasce o pranto, fruto amargo de uma dor...”.

Citei mais versos de a Flor do Cafezal, é verdade. Contudo, não significa que apenas a frase citada de Asa Branca não seja ainda de maior profundidade. E assim por que este “Quando o verde dos teus zóio se espaiá na prantação...”, quer dizer quando a terra voltar a brotar, quer significar quando os pendões do milharal chamarem o retorno do amor distante, quer dizer que quando a esperança renascer dias melhores surgirão aos amores distantes, quer significar que da terra brotando e florescendo também o amor sendo fortalecido nos corações.

Se eu disser, pois, que quando o verde dos teus olhos se espalhar na plantação, eu também estarei dizendo que quando os campos novamente florirem eu voltarei. Eu voltarei viu, meu coração.

Fonte: Rangel Alves da Costa. Advogado e Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário

CENTRO CULTURAL MATINGUEIROS TERÁ NESTE SÁBADO (30), O FORRÓ DE SILAS FRANÇA, NO RALA BUCHO

O Centro Cultural Matingueiros, realiza no próximo sábado (30), a partir das 21hs, durante o Projeto Forró Criativo., o Rala Bucho com o cantor e sanfoneiro Silas França.

Silas França, tem 22 anos, acordeonista, ele integra uma nova geração de músicos. Nascido em Juazeiro, Bahia a música teve início muito cedo em sua vida."O meu pai Professor, e Pastor, também músico amador...me colocou gosto, desde cedo na arte. Antes de falar eu já solfejava", conta Silas.

Virtuoso e estudioso, dedicado e inspirado, Silas é capaz de com a mesma firmeza ter no repertório o melhor da música brasileira, jazz e forró. Apaixonado por música ele de forma autodidata, no início tocou violão, gaita de boca e outros instrumentos. "O Acordeon veio para derrubar tudo o que conhecia, entre os 13 e 14 anos de idade, para uma melhor comunicação musical também aderi ao forró, a música tradicional nordestina".

Silas revela que a  inspiração nos palcos e por onde anda se apresentando e fazendo palestras é em Luiz Gonzaga,  Sivuca, Oswaldinho do acordeon, Chiquinho do acordeon, Waldonys, mas de especial do Grande Dominguinhos.

Uma de suas grandes referências está no juazeirense João Gilberto. "Foi um grande amigo da minha família (Meu Avô e seus irmãos e irmãs) e para mim o que existe de mais "Brasil" para o mundo. Novos baianos, Dominguinhos, Armando Macedo, Luiz Gonzaga, Toninho ferragutti, Alexandro Kramer (Bêbe)...dentre vários mestres"

O músico aponta que gosta das possibilidades que a sanfona propõe. "É um instrumento riquíssimo e no meu caso é fácil se encontrar com as várias línguas dele. Minha família é de origem Italiana, isto me incentivou a pesquisa maior para com o instrumento, e junto as minhas referencias me encontro no mesmo contexto de pluralidade instrumental", finaliza Silas.

A sanfona é o principal instrumento das festas populares do mundo. Fascina pela sua sonoridade, pela diversidade de modelos e gêneros, mas seu encanto transcende o poder da música, porque desperta um afeto misterioso. 

Talvez pelo fato de ficar junto ao coração do sanfoneiro, ou, quem sabe, por ser um instrumento que é abraçado ao se tocar. Ou ainda, por ser um instrumento que respira. O fato é que a sanfona une as pessoas e é amada por todos os povos.

Silas é um exemplo e distribui o prazer de tocar na vida de viajante, qual os mestres Luiz Gonzaga e Dominguinhos.

O Forró Rala Bucho acontece no Centro Cultural Matingueiros, localizado na Rua José Rabelo Padilha, 821, na Petrolina Antiga.

Nenhum comentário

JOÃO GUIMARÃES ROSA UM COLECIONADOR DE PALAVRAS, ESCREVIA COM SAUDADE DO SERTÃO

"Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia"...

"Sou só um sertanejo, nessas altas ideias navego mal. Sou muito pobre coitado. Inveja minha pura é de uns conforme o senhor, com toda leitura e suma doutoração. Não é que esteja analfabeto. Soletrei, anos e meio, meante cartilha, memória e palmatória”.

A genialidade e as vivências de João Guimarães Rosa nos sertões do norte de Minas Gerais fizeram surgir preciosidades da literatura brasileira, como os trechos acima de Grande Sertão: Veredas, romance do autor, publicado em 1956. Ontem (27) foi celebrado 110 anos do nascimento de Guimarães Rosa que reproduziu a essência do sertanejo e eternizou o sertão em suas obras. Também escreveu o livro de contos Sagarana e o ciclo novelesco Corpo de Baile.

Contista, novelista, romancista e diplomata, Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo (MG) em 27 de junho de 1908, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ) em 19 de novembro de 1967. É um dos autores mais estudados e Grande Sertão: Veredas um dos livros mais importantes da literatura brasileira.

O Instituto de Estudos Brasileiros, da Universidade de São Paulo, possui um banco de dados bibliográficos dedicado exclusivamente a Rosa, com quase 5 mil registros.

“É um dos maiores artistas da palavra do país, leitor de dicionários, um colecionador de palavras e expressões, um estudioso de línguas”, define o professor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB), Gustavo de Castro e Silva, que faz um estudo biográfico aprofundado de Guimarães Rosa, para montar o perfil e uma linha do tempo da vida do autor.

Segundo o professor, era um homem muito voltado para a família e para o trabalho, que não gostava de ter a vida social exposta. Um mineiro quieto por natureza e introvertido. Amigo de Juscelino Kubitschek, Guimarães Rosa assinou muitos passaportes de judeus durante a segunda guerra mundial, para virem ao Brasil, enquanto era cônsul em Hamburgo, na Alemanha, de 1938 a 1942. “Foi um homem muito sensível”, disse o professor.

Castro e Silva conta que Grande Sertão: Veredas foi escrito de “supetão”, em apenas sete meses. “Ele foi um desdobramento de Corpo de Baile, era um conto desse livro e aí o conto foi crescendo e virou Grande Sertão: Veredas”, contou.

A narrativa é marcada por neologismos e regionalismos. “Ele inaugura um tipo de liberdade poética na literatura brasileira. Quando ele está na França, na Alemanha, ele não esquece Minas Gerais. A saudade de Minas Gerais é crucial para sua elevação, ele escrevia com saudade do sertão”, disse o professor.

Inspirada na obra de Guimarães Rosa, a Agência de Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Vale do Rio Urucuia desenvolve desde 2014 o projeto O Caminho do Sertão, que promove um mergulho socioambiental e literário no universo do escritor e no cerrado sertanejo.

Este ano, 57 pessoas foram selecionadas para a caminhada de 186 quilômetros pelos vales dos rios Urucuia e Carinhanha, entre os dias 7 e 15 de julho. A jornada, que começa em Sagarana (MG), percorre parte do caminho realizado pelo personagem Riobaldo e seu bando, figura central do livro Grande Sertão: Veredas, passando pelo platô Liso do Sussuarão, na Serra das Araras, e terminando em Chapada Gaúcha (MG).

O projeto Caminho do Sertão é colaborativo e conta com patrocínio da Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais, várias parcerias e uma campanha de financiamento coletivo, para quem quiser contribuir.
Nenhum comentário

POETA ZÉ MARCOLINO: SAUDADE IMPRUDENTE NUMA SALA DE REBOCO O MOVIMENTO CULTURAL DOS SERTÕES

"Quem, morrendo, deixa escrito um verso belo deixou mais ricos os céus e a terra e mais emotivamente misteriosa a razão de haver estrelas e gente". A frase de Fernando Pessoa traduz o sentimento que Zé Marcolino vive.

Zé Marcolino nasceu no dia 28 de junho de 1930. Portante se vivo (fisicamente) fosse, o Poeta completaria hoje 88 anos. No mistério do universo e das Leis da Natureza o poeta é Luz.

Pela sua importância na história da música brasileira, o Poeta Zé Marcolino, merecia mais de atenção das entidades culturais. Detalhe: os responsáveis pelo setor cultural de Juazeiro e Petrolina, em geral a falta de uma Política Cultural que deveria ser matriz de desenvolvimento no Brasil, principalmente no Nordeste,  esqueceram nos últimos 31 anos desde que Zé Marcolino "partiu para o sertão da eternidade" de valorizar os frutos produzidos pelo compositor. Zé Marcolino morou nos anos 70 em Juazeiro, onde foi comerciante. Juazeiro e Petrolina tem uma dívida com a memória de José Marcolino.

No dia 20 de setembro de 1987 a voz de José Marcolino Alves  silenciava por ocasião da morte causada de acidente de carro próximo a São José do Egito, Pernambuco. Em Sumé, na Paraíba, Zé Marcolino Venceu os obstáculos da vida simples e quando teve oportunidade mostrou ao então Rei do Baião Luiz Gonzaga, uma centena de baiões, forró e xotes, sambas de melhor qualidade.

No LP Ô Véio Macho, de 1962, Luiz Gonzaga interpretou as composições de José Marcolino: Sertão de aço, Serrote agudo, Pássaro carão, Matuto Aperriado, A Dança do Nicodemos e No Piancó. Luiz Gonzaga gravou Numa Sala de reboco, considerada uma das mais belas poesias, letras de Zé Marcolino.

A história conta que Zé Marcolino participou da turnê de divulgação do LP Veio Macho, viajando de Sul a Norte do País com Luiz Gonzaga, no entanto, a saudade da família e suas raízes sertanejas foram mais fortes. Depois de um show no Crato, Ceará,  ele tomou um ônibus até Campina Grande e de lá foi para Sumé, de onde fretou um táxi para a Prata, onde morava.

Com o sucesso de suas canções cantadas por vários artistas (Quinteto Violado, Assisão, Genival Lacerda, Ivan Ferraz, Dominguinhos, Fagner, Jorge de Altinho, Elba Ramalho, Mastruz com Leite e tantos outros nomes da música brasileira), é atualmente Zé Marcolino um dos mais talentosos compositores da música brasileira de todos os tempos.

Somente em 1983, produzido pelos integrantes do Quinteto Violado, Zé Marcolino lançou seu primeiro e único, hoje fora de catálogo, LP Sala de Reboco (pela Chantecler). Um disco que está merecendo uma reedição em CD, assim como também seu único livro, necessita uma reedição. No citado disco Véio Macho, com seis músicas de Marcolino, ele toca gongue. No LP A Triste Partida, Luiz Gonzaga gravou Cacimba Nova, Maribondo, Numa Sala de Reboco e Cantiga de Vem-vem.

Zé Marcolino morou em Juazeiro da Bahia e ficou até 1976, quando foi para Serra Talhada, Pernambuco. Inteligente, bem-humorado, observador,  Zé Marcolino tinha os versos nas veias como a caatinga do Sertão. Zé Marcolino casou com Maria do Carmo Alves no dia 30 de janeiro de 1951 com quem teve os filhos Maria de Fátima, José Anastácio, Maria Lúcia, José Ubirajara, José Walter, José Paulo e José Itagiba. Zé Paulo reside atualmente em Petrolina.
Nenhum comentário

AS PARÁBOLAS DE JESUS E A CASA ESPÍRITA SERÃO TEMAS DE ENCONTRO EM PETROLINA

Petrolina vai acolher os espíritas do Sertão de Pernambuco e demais localidades do Nordeste durante o INTECEPE 2018- Íntegração dos Centros Espíritas de Pernambuco. 

O tema do encontro será As parábolas de Jesus e a Casa Espírita. O evento contará com diversas oficinas. 

O encontro será nos dias 30 de junho e 1º de julho no Centro Espírita Deus, Cristo e Caridade, localizado na Praça Cabrobó, bairro Vila Eduardo.
Nenhum comentário

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial